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Aforas da Cidade do Porto - Paço dos Arcanjos

Raphael.viana


-Sabe, meu tio... A vida de casado dessa vez está mais tranquila do que da primeira vez. Sissi é gentil, amorosa, uma boa esposa. Demos sorte, amamos-nos muito, e ela já espera um filho meu. Mas nos últimos dias ela parece preocupada. Acho que é com a idade de seus pais, e a saúde de Abelhinha. Em breve, quero levá-la de volta para o Porto. Quero construir uma casa por lá para vivermos. Quero começar uma nova oficina. Nada de bom vem de isolar-se e sumir, quando isso não é uma necessidade.

Esperava que Yochanan pegasse no ar e revelasse mais algo de seu sumiço, enquanto chegavam próximo ao Paço, e os homens de Azure que acampavam faziam continências ao Prior.

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Baronete da Casa do Infantado
Sissiedelweiss
Sissi chegou ao Casarão...

-Celly!! Celly!!!

Nisso Madalena, ainda com Miguel nos braços se aproxima..


-Senhora, a menina Celly pegou seu cavalo e partiu.. Só aceitou a companhia de Carlos, que pegou um de seus cavalos...

-Que pena.. Ainda bem que Carlos foi com ela.. O pai de Celly, o Prior, voltou.. São muitas emoções para ela.. Muito obrigada por me avisar Madalena. Temos de ficar de prontidão, pois os soldados e o Prior voltaram.. Temos de arrumar comida e bebida para todos, e além disso, lugares para eles dormirem..

Sissi pensava muito em Celly.. Queria estar com ela neste momento difícil.. mas o Paço tinha que voltar a sua ordem..

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Yochanan


- Ahh então é isso. - disse baixinho para si mesmo, ao escutar as boas novas da gravidez de Sissi. - Fazes bem em pensar no bem estar de vossa senhora esposa sobrinho. Nestes dias turbulentos e ante a tempestade que se aproxima - e seu olhar se perdeu no horizonte celeste como se realmente pudesse enxergar as nuvens da tormenta se formando nos céus. - são nestes dias em que a família é o que mais importa. Lembre-se disso sobrinho. - E respirando profundamente ele disse - Há muitos sacrifícios que fazemos por aqueles a quem amamos. Alguns que jamais pensamos que alguma vez faríamos. - ele diz pensativo, olhando ao longe dois cavalos cruzarem os portões do Paço.

Os dois homens já chegavam perto da porta da villa, quando Yochanan disse: - Quando parti lhe deixei um presente... - ele fez uma pausa para que Raphael pudesse falar.

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Raphael.viana


-Quando parti lhe deixei um presente...

-Sim, senhor meu tio. - levantou o punho direito, mostrando o anel. - Este, eu mantenho em meu poder desde então. O outro, está aos cuidados de Sissi. Eu tentei abrir todas as portas, gavetas e baús que encontrei. Mas acho que não estava pensando certo, então deixei com minha esposa que sua mente calma e leve procurasse por mim.

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Baronete da Casa do Infantado
Yochanan


Hmm. - disse pensativo. - Diz-me sobrinho, ainda cultivas a arte do jogo de xadrez? - ele perguntou abrindo a porta e entrando na villa e sem dar muito tempo para que Raphael respondesse completou - Talvez sejas indulgente com este velho e me acompanhe em uma partida. Há muito tempo não jogo.

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Raphael.viana


Há muito que Raphael não jogava xadrez. A "guerra sobre a mesa" fora um de seus jogos preferidos de outrora. Tivera até mesmo uma mesa com peças de madeira ricamente detalhadas, anos atrás.

-Meu tio, ficarei feliz em acompanhá-lo.

Fizeram-se os preparativos para a partida, na biblioteca. Reis, bispos e cavaleiros cercavam-se pelas torres e eram defendidos pela hoste de oito peões. Raphael notara que não haveria mais nenhuma conversa ali sobre o que acabara de acontecer, então decidiu mudar de assunto.

-Com o teu retorno, meu tio, sinto que é a minha hora de deixar o Paço dos Arcanjos. Preciso voltar ao Porto. Sissi está grávida, não faz bem estar tão longe de cuidados, e ainda tem a preocupação com seus pais.

Moveu o peão da torre mais uma casa à frente, e prosseguiu.

-Adquiri à Casa do Povo um terreno próximo à Sé, para levantar uma casa. Pensava em fazer isso apenas daqui a alguns meses, quando meu filho já tivesse nascido, mas tua chegada abriu-me uma luz.

Uma pausa para o movimento do tio, e concluiu.

-Neste pedaço de tempo que andamos, decidi que vou à Braga com Sissi, faremos negócio, colheremos e compraremos um bom estoque de frutas, fará bem para nós dois um pouco de sossego. Quando retornarmos, será direto para a nova casa.

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Baronete da Casa do Infantado
Yochanan


-Meu tio, ficarei feliz em acompanhá-lo.

Yochanan sorriu discretamente ante a resposta do sobrinho, e ambos se encaminharam à biblioteca onde foram feitos os preparativos para a partida. Peças brancas e negras se alinhavam a cada lado do tabuleiro, dois exércitos prontos para se enfrentar em um jogo eterno onde as peças guerreavam em uma guerra que para elas era sem fim, reiniciando a cada nova partida.

A partida tem inicio, junto a um novo assunto.

-Com o teu retorno, meu tio, sinto que é a minha hora de deixar o Paço dos Arcanjos. Preciso voltar ao Porto. Sissi está grávida, não faz bem estar tão longe de cuidados, e ainda tem a preocupação com seus pais. - disse John, e o velho apenas assentiu. Havia decidido que primeiro deixaria que John falasse tudo o que quisesse, e só quando ele houvesse revelado seus planos ele lhe contaria sobre os seus. Ele movera o peão da torre.

-Adquiri à Casa do Povo um terreno próximo à Sé, para levantar uma casa. Pensava em fazer isso apenas daqui a alguns meses, quando meu filho já tivesse nascido, mas tua chegada abriu-me uma luz. - John disse, e o patriarca dos Viana sorriu e moveu um de seus peões por sua vez, dizendo - Bem bem, isso é bom.

-Neste pedaço de tempo que andamos, decidi que vou à Braga com Sissi, faremos negócio, colheremos e compraremos um bom estoque de frutas, fará bem para nós dois um pouco de sossego. Quando retornarmos, será direto para a nova casa.

Yochanan sorriu. - Meu sobrinho, há muito tempo começaste a trilhar um caminho, e foi sobre uma mesa como esta que começaram as tuas lições. Te lembras delas? - ele não esperou que John respondera - Antes de minha partida lhe liberei de teu voto para com a Ordem, agora lhe pergunto, é teu desejo retornar? Não forçarei vossa decisão, pois a Ordem como a conhecestes já não existirá neste novo mundo que alvoreceu. Neste novo mundo não há lugar para a Ordem, e como muitas vezes no passado, ela deverá renascer ou desaparecerá no esquecimento. Agora possuis a chave, deseja conhecer a Porta?

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Raphael.viana


-Antes de minha partida lhe liberei de teu voto para com a Ordem, agora lhe pergunto, é teu desejo retornar? Não forçarei vossa decisão, pois a Ordem como a conhecestes já não existirá neste novo mundo que alvoreceu. Neste novo mundo não há lugar para a Ordem, e como muitas vezes no passado, ela deverá renascer ou desaparecerá no esquecimento. Agora possuis a chave, deseja conhecer a Porta?

Atento às palavras de Yochanan, tocou a peça errada. Em vez do cavalo que iniciaria um ataque, tocou o bispo do Rei. Aquilo complicaria e muito sua estratégia no jogo. Mas "pièce touchée, pièce jouée", então moveu o bispo apenas uma casa para a direita, para a frente do cavalo do Rei.

-Meu tio, creio que posso dizer que nos últimos tempos mudei. Agora tenho uma esposa e finalmente colocarei um filho nesse mundo. Os efeitos da cruel investida contra mim ainda se fazem sentir, e sigo reiniciando minha vida, da melhor forma possível. Quero retornar às fileiras, sempre o quis. Quantas vezes não quis arriar a águia e hastear a cruz de azure no mastro que está ali fora? No entanto, agora, nessa nova vida que estou levando, preciso de um tempo para pensar. Tenho de discutir com Sissi. Minha vida já não é apenas minha, e acho que compreendes.

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Baronete da Casa do Infantado
Yochanan


- Perfeitamente meu sobrinho, deves realmente conversar destes assuntos com vossa senhora esposa. Por sinal muito belo o anel que ela levava. Muito belo realmente. - Disse Yoch, um comentário sem importância, ou talvez não. Haveria ali algo mais? Uma dúvida que as vezes as palavras do Prior deixa em seus interlocutores. - Irei à habitação de banho, peça a alguém que me leve um pouco de água, desejo refrescar-me antes da ceia. - Ele concluiu se levantando sem tocar no tabuleiro. Já haveria mais tempo para retomar o jogo.

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Madalena
Madalena ia a biblioteca, para avisar os senhores que a ceia estaria pronta logo. Encontra sua senhora, Sissi, próxima a porta, mas sem entrar como se ouvisse a conversa. Em voz baixa, pergunta a senhora:

-Senhora, o que faz aqui? disse Madalena.

-Vim perguntar se eles queriam algo, um vinho ou outra coisa.. Quando ia bater a porta ouvi meu nome.. terminei de ouvir a conversa.. mas vamos, antes que nos achem nesta porta com cara de bobas...


As duas mulheres retiram-se silenciosamente. Madalena, sem entender nada e Sissi pensando em muitas coisas....
Yochanan


Várias semanas haviam se passado já desde o retorno do Prior dos Azure ao Paço dos Arcanjos. Raphael juntamente com a esposa Sissi e alguns dos criados que os acompanhavam, haviam retornado à cidade do Porto onde o jovem casal havia decidido residir.

O Viana agora preparava-se para partir novamente, desta vez em direção ao Palácio Real uma vez que a rainha, sua irmã, havia decidido incorporá-lo ao Governo Real como Príncipe Real. Uma decisão que apear de já haver sido oficializada, seria anunciada apenas dali a alguns dias após a desta surpresa planejada para Beatrix.

Os Azure já não mais existiam, a decisão do Prior de acabar com a Ordem havia sido tomada já há muitos meses. Para impedir que as propriedades e segredos da Ordem caíssem em mãos erradas o Prior dividiu-as entre os mais valerosos colaboradores da Ordem, para que fossem seus guardiões e protetores, preservando seus mistérios até o dia que fosse necessário que ressurgissem para uma vez mais defender o Equilíbrio.

Sedes foram criadas em todo o mundo conhecido, e nelas seriam guardados os saberes da Ordem. Pelos seguintes anos os últimos Azure percorreriam o mundo recuperando os vestígios que sobreviveram à Queda da Grande Sociedade, um período devastador que culminou com o fim dos Azure, mas também com o fim da ameaça dos Agentes do Desequilíbrio, ao menos por enquanto.

Novos desafios surgiriam, disso Yochanan estava seguro, e por isso criou as Sedes, como faróis que guiarão aos defensores do Equilíbrio que surgirão nos anos vindouros pela tempestade do caos da Luz e das Sombras até o Equilíbrio. Mas naqueles dias o Equilíbrio estava seguro, momentos de paz em uma guerra interminável, e com essa sensação de paz o Viana deixou atrás os portões do Paço dos Arcanjos, adiante a estrada ao Paço da Ribeira antecipava uma viajem tranquila.

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Yochanan


Chovia. Do lado de fora do coche que avançava a grande velocidade a água castigava cavalos e cocheiro desde que cruzaram o Douro, as gotas repicavam no teto enquanto Yochanan buscava manter Beatrix confortável dentro do veículo saltitante com cada buraco e pedra da estrada.

Um grito do cocheiro lhe chamou a atenção. - Estamos chegando vossa alteza!

- Já estamos perto Beatrix, resista um pouco mais. - Ele disse limpando o suor que pontilhava a face da Algrave. Ela resistia.

Quando já estavam mais próximos ao Paço e a luz sobre os muros mostravam as silhuetas dos guardas o Viana colocou a cabeça para fora da janela recortada na porta e coberta por uma cortina. - Abram os portões e enviem o Maese Asa para a Villa!

Sua voz cortou a noite e antes que o coche alcançasse os portões estes já estavam se abrindo tendo o cocheiro apenas que reduzir a velocidade dos cavalos sem ter que detê-los até terem cruzado o arco da muralha. No interior tochas acesas iluminavam o caminho e sua luz cruzava a intervalos a janela semi coberta. O coche se deteve aos poucos, parando finalmente frente a um pequeno grupo de pessoas que aguardavam aos pés da escalinata que dava à Villa, centro do Paço dos Arcanjos.

Com cuidado desceram Beatrix do coche e a carregaram para dentro da Villa. Maese Asa, discípulo de Maese Teodoro, havia assumido suas funções no Paço, e já estava a velar pela jovem não bem ela foi retirada do coche. Beatrix estava nas melhores mãos que ele poderia conseguir-lhe e agora nada mais ele poderia fazer pela saúde da velha amiga.

Sua atenção agora recaia em Marih, tomando-a no colo, carregou-a pelos degraus da Villa até uma das câmaras, e ali repousou o corpo da irmã sobre uma cama com dossel. Fechou as cortinas do dossel, e ajoelhou-se ao lado do corpo coberto pelo tecido fino. Ficou em silêncio por alguns momentos, encomendando a alma da irmã aos céus.

Levantando-se, saiu do quarto. Naquela mesma noite ele mesmo prepararia o corpo da irmã para que se mantenha intacto até o funeral e enviaria cartas aos parentes avisando-os do ocorrido. Mas naquele momento ele precisava se limpar e purificar antes de iniciar os rituais.

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Beatrix_algrave


Aquela foi uma viagem difícil para Beatrix. Além da dor que atormentava seu corpo havia a tristeza em saber que sua amiga havia morrido e ela não pudera fazer nada. Nem ela nem Fitz, nem nenhum dos súditos e amigos poderiam imaginar que aquela que deveria ser uma noite leve e alegre iria se transformar em algo lúgubre e cheio de tristeza.

Às vezes ela ouvia a voz de Yochanan falando com ela no coche, tentando dar-lhe ânimo para viver, insuflando esperanças de que ela resistiria. Ele que deveria estar ainda mais triste que ela, pois perdera uma irmã. Beatrix sentiu o velho prior limpando gentilmente seu rosto marcado pelo suor, enquanto a chuva castigava a estrada rústica e lamacenta.

O que acalmava sua alma e lhe dava forças para resistir era pensar naqueles que amava. Ela pensava em Fitz e ansiava que ele estivesse bem. Esperava ver novamente o rosto do seu esposo querido e abraçá-lo. Pensou também nos seus filhos e quase a dor se esvaiu novamente. Esse alivio veio com um novo desfalecimento, o que foi bom, pois desacordada ela descansava e a dor não a perturbava tanto.

Quando abriu os olhos novamente, ela viu que estava na carruagem com Yochanan e lembrou-se de tudo novamente. Ela queria despertar daquele sonho mal, mas não havia jeito. Não havia despertar que mudasse o que acontecera, pois era tudo real.
Quando ouviu a voz do prior dizendo que estavam perto, por um momento ela pensou ter visto e ouvido seu irmão William, seu irmão tão querido. A parca luz de um raio riscando o céu, mostrou que ela se enganara.

Felizmente, quando chegaram ao Paço a chuva terminava. Ela ouviu o nome de Maese Asa e lembrou de Maese Teodoro que cuidara dela antes, quando ela se ferira na guerra. Ela fechou os olhos tranquila, sabendo que estaria em boas mãos e silenciosamente rezou a Jah pela alma da rainha Marih e que ele consolasse os corações daqueles que sofreram sua perda.

Durante aquela noite lúgubre, ela só dormiu novamente graças às poções curativas que lhe foram administradas, pois apesar da dor e da fraqueza que sentia, sua vontade era estar ali, ao pé do féretro velando pelo corpo da sua amada rainha e amiga. Pensou que aquela era a segunda vez que o dia do seu nascimento trazia luto e tristeza.

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Yochanan


Alguns dias haviam se passado desde a o retorno do Viana ao Paço trazendo o corpo de Marih e a ferida Beatrix, quem estava aos cuidados de Maese Asa.

Os mensageiros haviam partido logo na manhã seguinte ao retorno, levando cartas de aviso aos familiares e amigos próximos à rainha e os carpinteiros do Paço trabalhavam ardua e rapidamente no féretro que receberia o corpo de Sua Majestade. Enquanto isso, os restos de Marih Beatrice Viana repousavam envoltos em uma mortalha de linho.

Yochanan estava de pé na varanda de seu quarto, na Villa do Paço, observando o movimento de todos os que trabalham dentro dos muros da propriedade. Alguém tocou à porta.

- Entre. - permitiu o Viana, e ele ouviu a porta da habitação se abrindo. - Estou no balcão. ele disse antes que o visitante pudesse perguntar algo.

- Meu senhor. - cumprimentou Asa cruzando o pórtico.

- Ahh Maese. Como se encontra nossa convidada? - ele perguntou virando-se para o físico.

- Muito melhor meu senhor, mas ela ainda está debilitada. Ela perdeu muito sangue. Mas já não corre perigo. - determinou Maese Asa.

- Excelentes notícias Maese, obrigado. - o patriarca assentiu. Ele já não usava as roupas da Ordem, nem o título de Prior. A Ordem já não existia, e ele apenas era um mestre dos Arcanos, o último mestre dos arcanos. Mas ali no Paço ele era o senhor daquelas terras, o Patriarca dos Viana. Assim os soldados do Paço haviam trocado a cruz de prata da Ordem pela águia negra dos Viana e aos poucos a Ordem de Azure desaparecia do mundo.

Um batedor cruzou os portões da fortaleza ao galope, sua entrada não causou maiores comoções pois aquele era um dos enviados que Yochanan havia despachado com as cartas. Mas a surpresa veio do homem que o acompanhava logo atrás; o Condestável Real Fitzwilliam Marques Henriques.

- Maese, talvez fosse melhor o senhor voltar para junto de Beatrix. - disse o Viana observando os homens desmontarem frente à Villa. - Creio que o Senhor Marques Henriques gostará de ter noticias de sua esposa.

- Com vossa licença então, meu senhor. - disse o físico fazendo uma vênia e se retirando.

- E peça ao Olegário que me encontre no escritório por favor. - o Viana pede ao físico que se retirava e então volta sua atenção aos dois homens que subiam as escadas da Villa antes de voltar ao interior para encontrar-se com Olegário no escritório. Antes do final daquele dia, uma pequena caravana partiria do Paço em direção ao sul para o funeral de Marih e de lá a família viajaria à Roma onde Mantie será batizada dali a alguns dias.

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Yochanan


Algures no Mar Mediterrâneo - Janeiro 1464

A bordo do "Sogno di Vesper", um pequeno barco italiano no qual o patriarca dos Viana havia comprado as passagens de regresso à Portugal, Yochanan meditava sobre os acontecimentos passados e os vislumbres de um futuro no qual a humanidade trabalhasse em conjunto pelo Equilíbrio, e não mais em detrimento um do outro em busca de um poder inexistente e ilusório. A ideia utópica o animava a continuar uma luta, não por aqueles que compartiam seu tempo no mundo, mas por aqueles que ainda viriam.

Diante da imensidão dos mares, os cabelos e a barba umedecidos pela maresia cujo aroma salobre enchia-lhe os pulmões, Yochanan permanecia só, de pé na proa da nave. Ali ele observava o poente, onde céus e mares se fundiam em uma só entidade e apenas a rubra linha do sol poente, último vestígio diário do astro, restava para separar o que havia acima daquilo que estava abaixo. Com a última luz vespertina acariciando seu rosto, Yochanan sorria. E em seu sorriso se formaram duas palavras - Erdi Arkhaios - os Herdeiros dos Antigos.

Todas as suas ações o haviam levado, o haviam guiado à aquele momento. A Ordem que o criou já não existia, mas seu trabalho ainda estava longe de terminar. Com a súbita certeza de que no passado encontraria a resposta para os anos vindouros, que na Primeira Ordem jazia a semente para o florescer de uma nova geração de defensores do Equilíbrio. Ali diante da encruzilhada de seu Caminho ele teria que decidir sobre um futuro além do seu próprio.

Agora Yochanan sabia onde dar inicio à sua busca, e ainda que não soubesse o que encontraria, deu o primeiro passo neste novo Caminho que se abria diante dele. - Resta-nos alguns dias de viagem ainda. - Ele disse ao ouvir os passos e reconhecer o perfume que o vento carregava em sua direção. -Mas ao menos agora sei onde devo ir.

Convidando-a com um gesto a que se aproximasse, Yochanan passou o braço ao seu redor em um abraço, e deixou-se perder no momento observando o sol poente ao lado dela, naquele pequeno barco, no que quase parecia um sonho vespertino.

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