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[RP] De caneca cheia

Filipe
Após ter cumprimentado Beatrix_Algrave e Ltdamasceno e ter visto que nem lhe deram um palavra , simplesmente não sabia o que fazer . Ele pensou que pudesse ser a cerveja a fazer efeito e voltou pra o seu canto .
Ltdamasceno


Damasceno ouviu atentamente as respostas de Beatrix.

- E que sentido a senhorita dá para o acaso? Levar duas bacias na cabeça e receber simplesmente uma vênia? Perguntou ele, sorrindo para ela, enquanto colocava a caneca vazia em cima do balcão e esperava enxergar o Taverneiro para pedir uma nova rodada.

Quando ela começou a falar sobre táticas e o estudo do combate, Damasceno parecia estar ouvindo um pouco do que o seu pai falava quando ele ainda era pequeno. Pelo o visto a jovem donzela além de aprender o básico no Exército, também buscou por um estudo mais filosófico sobre a arte de manejar espadas.

- Nunca cheguei a ver guerreiros caírem em combate dessa forma, porém já li inúmeras histórias sobre isso. Disse ele, lembrando-se da clássica história do "Pastor e do Guerreiro". - Seria uma honra para mim encontrá-la na arena, ficaria feliz de descobrir os segredos de uma bibliotecária. Sorriu ele, tentando disfarçar o real interesse em descobrir. - Parto da crença que a melhor forma de conhecer alguém é lutando contra ou com a pessoa. Aquele é um momento íntimo com a morte, onde ambos sabem que pode não haver um amanhã. Ele estendeu a mão rumo a direção do rosto de Beatrix, como estivesse tentando focalizá-la. - Pelo o olhar, pela a respiração e pelas expressões de seu oponente, é possível saber quem ele já foi e quem ele seria um dia. Após completar essa frase, ele mudou o tom da voz, parecia mais triste e pensativo, como se estivesse lembrando de alguma situação que lhe abalava recentemente. - O ruim é quando todos morrem e resta apenas você para contar essas histórias. Recolheu a mão e se ajeitou no banco, viu o taverneiro se aproximar e estendeu três dedos pedindo mais uma rodada.

- Não sei o que me surpreende mais, eu falando em latim para vossa prima ou a senhorita ter entendido o que eu havia dito e ainda lembrar até hoje. Disse ele, encarando Beatrix enquanto o Taverneiro trazia a nova rodada. Damasceno bebeu um gole e pediu que a terceira caneca fosse entregue ao rapaz que havia chegado e se sentado no canto da tasca. Após esta ser entregue pelo o taverneiro, ele estende a caneca como uma maneira de cumprimentar o jovem que ali estava e continua. - Nunca havia visto vossa prima antes, mas quando a vi, ela não parecia ela mesma. Parecia alguém que eu já conhecia, alguém que me era familiar e que me trazia paz. Eu nunca senti nada parecido com isso antes. O Patriarca ficou em silêncio por alguns instantes, buscando refletir sobre aquele dia e buscou tentar achar algum significado para aquilo, mas em vão. Quebrou o silêncio dizendo: - Não faço a mínima ideia do porque a chamaria de Gaia. Até onde eu sei, Gaia sempre foi vista como uma figura materna, como alguém que cuida e provê. Nada daquele dia faz o menor sentido... E então voltou a encarar o copo por alguns segundos antes de bebê-lo.

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"E eu testemunharei que não há ninguém digno de adoração, exceto o Único."
Beatrix_algrave


Diante da pergunta do senhor Damasceno sobre o acaso e do comentário dele sobre as bacias e a vênia, Beatrix se limitou a rir.

Para Beatrix o acaso não era a eliminação de relações entre as causas, mas antes o fruto de uma realidade dinâmica, em que as probabilidades podiam ser usadas a nosso favor e mesmo manipuladas por nós.

Digamos que aquele encontro na taverna fosse uma coincidência significativa, pois ambos queriam isso, para entender o que aconteceu na noite em que Madalena se feriu. Então, isso ia acontecer de um modo ou de outro. Aparentemente foi o acaso, mas o acaso, como as pessoas o descrevem, simplesmente não existia. Falar em acaso ou sorte era um modo de despistar.

Esses eram comentários que ela não faria, pois temia soar como o primo Benoit, o filósofo, que alguns consideravam como louco. Há ideias que era melhor não partilhar com estranhos.

Em seguida, ela ouviu o senhor Damasceno falar sobre a honra de encontra-la em uma arena e como gostaria de descobrir seus segredos de bibliotecária. Aham, sei... tem coisas que é melhor ignorar.

O senhor Damasceno falou-lhe sobre a intimidade com a morte, e Beatrix também notou a forma como ele analisava sua expressão que no momento era calma e pensativa. Já o guerreiro experiente parecia triste. Pela expressão dele, certamente que já vira muitas mortes.

Ao ser servida de uma nova rodada de cerveja, Beatrix tomou a caneca entre as mãos e bebeu. Após beber ela depositou novamente a caneca sobre a mesa. Em seguida focou o assunto em sua prima Maria Madalena e a estranha noite em que o senhor Damasceno invadira o quarto delas e falara em latim.

- Eu bem que queria esquecer, pois aquilo me deixou assustada. Mas nas noites em que fiquei cuidando de minha prima, sempre que eu adormecia, isso voltava a mim. Era um pesadelo assustador. É por isso que não esqueci. Minhas desculpas.

Ela bebeu mais um pouco e comentou.

- Essa associação não devia soar tão estranha. Ao seu modo, minha prima cuida e provê.

Não havia ironia nem sarcasmo em sua voz. Ela pegou um pedaço de papel de seu alforge, e com um pedaço de bastão de pastel seco, que sempre levava para fazer rascunhos e desenhos, ela anotou algo.

- Hmm, tome esse nome e esse endereço. Esse é alguém que certamente o ajudará com referências mitológicas seja lá o que elas signifiquem.

Disse e entregou ao senhor Damasceno o papel devidamente dobrado indicando que ele não devia abrir ali.

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Ltdamasceno


Damasceno adorou ouvi-la rindo e acabou por rir também. Bebeu um pouco da cerveja e notou que ela ignorara a outra questão do combate. Ele ficou refletindo o pouco sobre a frase até que percebeu que poderia dar um entendimento constrangedor.

- Eeerr, espero que a senhorita não tenha me entendido mal. Quis dizer segredos no sentido de combate, não...eeer...bem, perdão se dei a entender outra coisa. Disse ele voltando a beber mais um pouco, como se desejasse se esconder na cerveja.

Ficou um breve silêncio constrangedor, até que ele decidiu quebrá-lo continuando o assunto.

- Sendo-lhe bastante sincero, também não consigo esquecer a sequência de coisas estranhas daquela noite. Disse ele, refletindo sobre aquele dia. - E creio ter visto uma outra mulher no quarto, as trevas dançavam sobre ele e a mesma tinha lágrimas de sangue em sua face. Lembro também de ver o homem, aquele que fazia parte dos atacantes, ofuscado pelas trevas, como se elas habitassem nele tanto quanto no quarto. Completou, baixando a cabeça e depois voltando a admirar a prateleira com bebidas da tasca que estava a sua frente, enquanto escutava Beatrix lhe responder. Ao ouvir seu pedido de desculpas, prontamente respondeu.- A senhorita não têm o que se desculpar, nunca foi a minha intenção assustá-la e muito menos persegui-la em seus sonhos. Tomou gentilmente ambas as mãos de Beatrix, aproximou o rosto sobre elas e as beijou de forma respeitosa. Voltando a olhar para ela disse: - Minhas sinceras desculpas por aquela noite senhorita. Damasceno pode sentir bem as mãos de Beatrix e notou o quão suave elas são, apesar de ser possível sentir e ver o calejar próximo do polegar devido aos trabalhos do tear. As marcas de cortes estavam escondidas a bastante tempo e isso fez com que boa parte das dúvidas do mouro fossem sanadas num leve tocar de mãos.

Ele tomou bastante cuidado para não deixar óbvio que sua intenção ao tocar as mãos dela era para estudá-la. Preferiu deixar de um modo que parecesse mais cordial ou até mesmo aproveitador, dependeria do modo como cada donzela interpretaria aquele pedido de desculpas. De todo modo, o mouro estava sendo sincero.

Ao soltar gentilmente as mãos dela, ele se endireitou no banco e voltou a beber mais um gole enquanto buscava recordar bem sobre os detalhes das mãos da Algrave. Quando terminou de beber e se estendeu uma breve pausa, continuou o assunto.

- De facto vossa prima cuida e provê, porém eu nunca a vi pessoalmente. Seria impossível ela ter cuidado de mim se nunca sequer nos encontramos. Disse ele enquanto olhava Beatrix rabiscar algo em um papel. Quando ela terminou, estendeu o papel para ele e o mesmo aceitou. - Conheço alguém que entende bastante sobre mitologia, mas agradeço pelo o gentil favor. Buscarei lembrar do nome. Disse ainda sem saber que nome que era. - De qualquer forma, não sei se viverei tempo o suficiente para descobrir o significado daquilo. Concluiu bebendo o resto da cerveja de uma só vez e já levantando a mão pedindo uma nova rodada.


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"E eu testemunharei que não há ninguém digno de adoração, exceto o Único."
Beatrix_algrave


Notou o constrangimento do mouro por suas palavras de dúbia interpretação, e achou que tinha julgado-o mal, afinal, do pouco que sabia dele e do que viu na heráldica ele lhe pareceu um homem sério.

Ela atentou apenas para as informações que lhe pareciam despertar a curiosidade.

- Hmm, não estamos falando da vossa vida, mas sim de simbolismos. Que visão estranha. Só havia quatro pessoas naquele quarto, quem seria essa outra mulher ou a representação dela?

Ela disse e depois de ter as mãos tomadas pelo mouro, achou que ele talvez duvidasse das suas capacidades de combate. Afinal, como mãos tão pequenas e aparentemente frágeis poderiam te-lo nocauteado daquela forma? Talvez fosse o que ele se perguntava enquanto a estudava e analisava. Sentia que ele fazia isso desde que aquela conversa se iniciara. Seria apenas impressão sua? Talvez ele estivesse tentando apenas ser gentil.

Ela aceitou as desculpas com um aceno de cabeça e ficou um momento pensativa, terminando a sua cerveja. Seria a terceira ou quarta caneca? Notou que ele pedira mais uma. Aquela seria a quarta caneca em companhia do Senhor Damasceno e a quinta que a ruiva tomava aquela noite, mas ela havia perdido as contas.

- De todo modo não será perda de tempo uma visita a essa pessoa que lhe indiquei, prometo certamente que mal não fará.

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Ltdamasceno


- Bom, a mulher era ruiva, disso eu lembro muito bem. Não me surpreenderia se fosse a senhorita. Disse ele bebendo mais um gole de cerveja e depois completou.- Mas certamente acredito que não será perda de tempo, quando terminar esta minha viagem ao Sul irei atrás de encontrar essa pessoa *hips* que me indicaste. Finalizou disfarçando o soluço.

O assunto entre os dois havia acabado, permaneceu um silêncio constrangedor naquela taverna. Passado alguns instantes o mouro quebra o silêncio com uma gargalhada discreta.

- Que ironia. Disse ele sorrindo.

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"E eu testemunharei que não há ninguém digno de adoração, exceto o Único."
Beatrix_algrave


- Ruiva, chorando sangue? A única ruiva ali era eu...

Beatrix murmurou, sem entender o que aquilo significava. Teria o averroísta visto a sua alma? Todos tem as suas tristezas, Beatrix apaziguava e escondia as dela da melhor forma que podia. Ela nunca superara adequadamente o luto pela perda dos pais, que nunca conhecera. A mãe morrera antes de embalá-la nos braços e o pai nunca quis tocá-la por ódio dela, por culpa-la pela morte da mãe. Ela cresceu criada pelo irmão até os sete anos e em seguida foi deixada em um convento, abandonada, pois o pai não permitiu que ela fosse levada para a Irlanda. Ainda que o irmão tentasse convence-la que o motivo para ela ser abandonada em Portugal era outro, mesmo assim, ela nunca esqueceu aquilo.

Ela ouviu as palavras do senhor Damasceno sobre seguir seu conselho, mas nada disse, apenas acenando em concordância. Ela sentiu um nó na garganta e tentou desmanchá-lo com um gole de cerveja.

O silêncio ocupou o espaço a sua volta, enquanto Beatrix meditava em suas lembranças, até que uma gargalhada do mouro quebrou esse silêncio, que começava a se tornar doloroso.

- O que?

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Ltdamasceno


- Vossa prima está doente e o meu irmão está sofrendo da Febre de Alexandria. Disse Damasceno ainda sorrindo, mas com um ar triste. - Ele é o meu irmão mais próximo, os demais seguiram as suas vidas e os destinos que traçaram para si. Um deles até renegou a graça do Único e fugiu, indo morar ao Sul. Respondeu ele incrédulo. Não conseguia aceitar no facto de que um de seus irmãos havia renegado as crenças do pai, aquilo já havia acontecido à 4 anos e ainda assim, Damasceno não conseguia aceitar.

- Aos justos que caem e aos fracos que se erguem. Disse ele levantando a caneca a espera de um brinde.

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"E eu testemunharei que não há ninguém digno de adoração, exceto o Único."
Beatrix_algrave


- Eu sinto muito, não sabia. Eu já padeci dessa doença, felizmente me recuperei. Adoeci durante uma missão em que precisei ir a Castela. Demorei a me recuperar. Desejo melhoras ao seu irmão.

Ela disse e concordou em brindar com o mouro, embora aquele brinde tivesse uma carga tão triste. Uma lembrança alegre lhe veio a mente depois disso, no entanto.

- Sei que pode parecer uma associação meio infeliz com a saúde do vosso irmão, mas lembrei-me que vou viajar para Alexandria na próxima semana. Teria algo que gostaria de lá?


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Ltdamasceno


- Eu também já padeci dela, mas o Único foi gentil comigo e a doença não me foi tão nefasta. Fez uma pausa. - Desejo melhoras a sua prima também. Damasceno prestou atenção quanto ao termo "missão em Castela". - A senhorita diz missão, trata-se ainda da época que foi militar?

Após o brinde e de beber mais um pouco, ele se surpreende quando ela cita Alexandria.

- Alexandria, a última cidade ainda *hips* de pé que reflete a época dos meus antepassados. Arght *hips*, como a vida nos castigou com o tempo. Disse tentando esconder os soluços. - Agradeço por sua gentileza, mas de momento não haveria nada... Até que ele para e se recorda de um certo livro. - Na verdade, há sim, há um boato que em Alexandria existe um livro muito antigo, da época de Ali al-Hasan. Se a senhorita pudesse encontrar esse livro e trazer para mim, eu lhe pagaria bem e lhe seria muitíssimo grato. Completou ele, mas ainda curioso para saber o que faria uma mulher como ela ir até Alexandria.

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"E eu testemunharei que não há ninguém digno de adoração, exceto o Único."
Beatrix_algrave


- Sim, foi uma missão do meu tempo de militar.

Ela confirmou a pergunta do senhor Damasceno e bebeu seu último gole de cerveja da caneca oferecida pelo averroísta.

- Certamente, se eu encontrar o livro que deseja, farei o possível para trazê-lo em minha bagagem *hips*.

Ela disse e mal conteve um soluço ao final. Beatrix já havia bebido um pouco além da conta e era melhor parar por ali.

- Creio que agora é melhor *hips* nos despedirmos. Tenha uma boa noite.

Ela disse e se levantou, sentiu a cabeça um pouco mais pesada, mas nada demais. Era melhor pedir o quarto e ir descansar antes que ficasse realmente bêbada.

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Ltdamasceno


- Grato pelo o favor. Respondeu o mouro com uma leve vênia, mas logo completou. - Antes da senhorita ir, devo pagar uma cerveja aos assassinos também? Disse ele olhando friamente para Beatrix, enquanto levava a mão lentamente para a cintura.

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"E eu testemunharei que não há ninguém digno de adoração, exceto o Único."
Beatrix_algrave


Beatrix notou o gesto do mouro e dirigiu-se a ele com expressão serena e controlando os efeitos do álcool.

- Se é isso que teme, fique tranquilo Dom Damasceno. No equilíbrio entre a luz e as sombras, andam os guardiões, a observar e proteger. Eu ando no equilíbrio, por isso não temo nenhum dos dois e acolho a ambos. Confie em mim e nessa noite, durma tranquilo. Depois procure aquele que eu lhe indiquei e não se arrependerá.

Já de pé, ela fez uma vênia respeitosa ao mouro e seguiu seu caminho, pegando a chave de seus aposentos antes que lhe fossem feitas mais perguntas. Não havia motivo para confiar na ruiva, mas sua voz e sua expressão carregada de inocência exprimiam confiança e sinceridade.

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Ltdamasceno


O mouro observou em silêncio a saída da dama e a fitou com bastante atenção. Se o encontro dos dois na primeira estalagem havia sido intrigante, esta certamente não foi diferente. As palavras dela lhe traziam conforto e uma certa confiança, lhe fazia desejar crer que ela falava a verdade. De qualquer forma, ele terminou a sua cerveja e pagou as rodadas que haviam sido servidas. Ao se levantar, observou atentamente para o canto mais escuro da Taverna e constatou que não havia nada lá, porém desde o principio, ele tinha quase certeza que havia alguém ali, apenas observando a conversa dos dois. O mouro cerrou as sobrancelhas em sinal de desconfiança e saiu da taverna, dirigindo-se a estalagem onde estava a sua família.

Um pouco tonto pela cerveja e vinho que bebeu, chegou a estalagem, sentou-se na cama onde sua esposa já dormia, retirou o casaco e as botas, buscou o papel que lhe foi entregue e leu. Demonstrou uma reação de surpresa ao constatar o nome e o endereço. Aquilo lhe preocupava, mas não mais por ameaças, e sim por curiosidade.

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