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[RP] Uma Festa

Bento


Bento observou com estranha calma o corpo de Beatrix a tombar sobre as rosas vermelhas, amachucando as pétalas perfeitas. Perdido num transe, o homem do capuz voltou a fixar a sua atenção na Rainha, memorizando os traços delicados e perfeitos do rosto, sabendo perfeitamente que não tardaria para que a Guarda Real chegasse para, por fim, impor justiça.

Não tardou para que Fitz, o marido de Beatrix Algrave, adentrasse no quarto real, completamente esbaforido, medo e terror nos seus olhos. Logo de seguida, o irmão da Rainha dobrou a esquina e Bento recordou-se uma vez mais do erro que cometera, julgando erradamente o amor da sua vida e roubando-lhe a vida num acto impensado. No entanto, e apesar de ciente dos seus erros, Bento não desejava morrer às mãos de Fitz ou Yochanan.

Olhou em torno, procurando uma alternativa, ao mesmo tempo que a sua mão direita descia para acariciar o cabo da sua faca. Pareceu-lhe que as janelas com vista para o jardim eram a sua única alternativa, pois se conseguisse movimentar-se pelo telhado até à região mais baixa, facilmente conseguiria também abandonar as imediações do castelo. Claramente desesperado, Bento escancarou a janela mais próxima e içou-se sobre o parapeito da mesma, colocando um pé firmemente sobre as telhas.

Subitamente, um relâmpago iluminou o céu nocturno e grossas gotas de água rolaram sobre o telhado.
Fitzwilliamdarcy


Fitz ajoelhado segurando a mão de sua esposa estava sem reação. Ele não poderia acreditar. Em poucos segundos sua vida com Beatrix passou diante dos seus olhos. Todos seus momentos felizes e apaixonados, tudo que viverão e tudo que desejavam ainda viver.
No momento em que Bento saia pela janela chegava o patriarca dos Viana. Yochanan viu Fitz paralisado e confuso. Sem forças para reagir diante de sua amada a beira da morte. O Condestável já participara de batalhas em guerras e de combates em missões de defesa e escolta, já tinha visto a morte de perto, tanto de si como de seus companheiros, mas ver a mulher de sua vida, dona de seus sorrisos e rainha de suas alegrias desfalecendo para talvez nunca mais voltar o deixou em choque.

Contudo, com toda a dor, o medo e incerteza Fitzwilliam era um militar e ao ouvir o comando do Barão de Portela o Condestável cerrou as sobrancelhas, ódio e fúria nascia nas no profundo de seu coração. Sua respiração tornou-se acelerada, ao que se levantava o ódio se espalhava e com um olhar de morte seu sua alma era completamente dominada pela fúria.

Seu coração foi confortado por Yochanan ao dizer que cuidaria de Beatrix, ele olhou rapidamente para Rainha e não podia acreditar que estava morta. O Condestável correu para a janela e a escancarou. O vento trazia a grossa chuva, a noite esfriara ainda mais o que não impedia do coração de Fitz arder em cólera.

Ele olhou para um lado e para o outro e viu Bento sobre o telhado. Não pensando duas vezes o Condestável subiu o mesmo parapeito e passou a seguir o assassino da Rainha. Ele tinha atenção redobrada, não poderia cair e nem falhar o desejo sedento de morte ao assassino o fazia ter extremo cuidado.


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Amalric_montero


Aos gritos de Beatrix o Chefe de Brigada responsável por parte da segurança externa do castelo real, Amalric tinha oito homens a seu mando, ordenou-os que ficassem a postos e espalhados estrategicamente pelo jardim.

Após dar as ordens para seus comandados ele correu com intuito de entrar no castelo. Amalric ainda conseguiu passar quando os portões estavam para serem trancados. Ele viu a agitação dos soldados e foi seguindo-os até os aposentos da Rainha.

Ao chegar lá viu que o Barão de Portela cuidava da Dama Beatrix, que sangrava muito e a Rainha estática em sua cama. Ele perguntou aos soldados onde estava o Condestável e ao saber que ele havia saído pela janela correu para ela e olhando pôde ver a silhueta do Condestável que perseguia o assassino.

- "Sei que o Condestável pode aniquilar com esse vagabundo, mas com essa forte chuva e sob essas condições talvez seja prudente ir junto."

Pensou o chefe de brigada enquanto olhava pela janela os dois homens sobre os telhados. Ele então subiu também pela janela e sob ventos que faziam a chuva ainda mais forte ele começou a andar pelo telhado. Com uma mão segurando nos muros e outra protegendo os olhos da chuva para tentar ver para onde iam o assassino e o condestável ele caminhava cuidadosamente.

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Yochanan


Em poucos momentos uma situação que até então parecia estar passando-se em eterna lentidão tomou tal velocidade e alarido que parecia um daqueles animais da selva africana que os navegadores contavam e alguns livros confirmavam que passavam de um aparente repouso a uma corrida alucinante em poucos momentos.

Em seus braços, Beatrix desfaleceu. Talvez tivesse sido o melhor, pois o que ele teria que fazer a seguir seria algo muito doloroso para a dama, mas era necessário. Ordenando a um dos tantos guardas, que já haviam chegado ali que trouxesse o licor mais forte que ele pudesse encontrar e a outro que preparasse um coche com os cavalos mais rápidos dos estábulos reais. Enquanto isso ele amarrava firmemente a capa em torno do abdome de Bea, como se fosse um torniquete.

Tendo amarrado o tecido e enquanto o guarda não retornava levantou-se e se dirigiu ao leito da irmã. Lá ela jazia pálida, os olhos ainda abertos, sem o brilho da vida, as mãos cruzadas sobre o corpo. Ele afastou as lágrimas dos olhos, ainda não era o momento, não enquanto ainda havia uma vida que ser salva. Mas naquele instante em que olhou para o lado, afastando o olhar da irmã, encontrou no chão um pedaço de papel com marcas de dobrado, com certeza uma carta, ao se aproximar reconheceu a letra de Marih e ante as primeiras palavras deixou de ler. Levantou o papel, dobrou-o e guardou-o em um bolso em suas veste. Retornou para junto da rainha e gentilmente ele fechou os olhos da irmã enquanto sussurrava: - Fique em paz irmã minha, nenhum mal deste mundo pode alcança-la mais, e nos jardins do descanso repousarás em paz, una com o Equilíbrio. Desfazendo a cama, tomou um dos lençóis e usou-o para cobrir o corpo de Sua Majestade. Pegou também um dos travesseiros da cama e esvaziou-o rasgando a fronha quando o guarda retornou com uma garrafa de uísque.

Derramou a bebida empapando o tecido rasgado enquanto regressava para junto de Bea. O odor forte do álcool impregnando o ambiente. Ajoelhou-se novamente ao lado dela e soltou o nó que prendia a capa. Felizmente o sangrado diminuíra um pouco, mas mesmo assim empapava as vestes e agora a capa do Viana. Com uma adaga que levava à cintura aproveitou os cortes que a arma havia causado no vestido de Beatrix para cortar o tecido e deixar à vista a pele alva da secretária real. Sem perder tempo jogou mais da bebida sobre as feridas antes de colocar o tecido empapado cobrindo os cortes. Atou novamente o conjunto todo com a capa. Beatrix reagiu à dor da bebida limpando as feridas. - Muito bem menina, continue lutando! ele lhe disse. Quando momentos depois retornou o guarda com o aviso de que o coche estava pronto ele ordenou.

- Você, leve Dama Beatrix ao coche, rápido, eu levarei Sua Majestade. Avise ao Condestável Real quando ele retornar com o bandido que levei as duas para o Paço dos Arcanjos. Ele concluiu já com a rainha em seus braços, o lençol envolvendo-a como uma mortalha. Durante este tempo todo uma tempestade castigava o palácio e a luta do Condestável com o assassino tinha lugar nos telhados. Em meio a raios e trovões o galope dos cavalos que tiravam o coche se perdeu e a corrida até o Paço dos Arcanjos tinha seu início.

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Bento


Bento caminhava recurvado, o cabo do seu pequeno punhal preso por entre dentes cerrados, as suas mãos apalpavam o terreno adiante, procurando por pequenas instabilidades que lhe pudessem custar a vida. A chuva que começara a cair momentos antes escorria sem cessar complicando um percurso já de si moroso e arriscado. Atrás de si, as vozes da Guarda Real erguiam-se em horror e o Castelo parecia despertar do seu torpor, pois não tardava para que a morte da Rainha fosse anunciada. Aquele pensamento apertou-lhe o coração e lágrimas salgadas misturaram-se com a chuva que lhe molhava o rosto.

Foi com trepidação que Bento continuou a sua caminhada instável sobre o telhado do Castelo Real, o remorso que carregava em si um peso adicional que lhe vergava a vontade e lhe toldava o pensamento. No seu encalço vinha Fitz, os seus movimentos ágeis carregados de fúria e intento, em tudo contrastavam com o arrastar serpentino de Bento, e o homem do capuz soube nesse instante que o seu reencontro com Marih seria mais rápido do que aquilo que antecipara.

Um relâmpago iluminou a noite escura como breu, bifurcando o céu em todo o seu esplendor e o som ribombante que se seguiu foi suficiente para abanar a edificação. Aproveitando o súbito clarão, Bento gatinhou até à extremidade do telhado, empoleirando-se sobre as telhas mais frágeis, os seus olhos fixos no infinito. A sua capa negra ondulava ao sabor do vento enraivecido, tal e qual a vela de um navio preso em tempestade. Por momentos considerou implorar clemência, uma última oportunidade para beijar os lábios daquela que ainda detinha todo o poder sobre si, pois se não podia partilhar uma vida com ela, talvez ainda pudessem partilhar o leito da morte. Abanou a cabeça violentamente, que tolo que era! Marih nunca o perdoaria!

O rosto de Bento contorceu-se num esgar de dor e o homem do capuz contemplou as suas mãos imundas. As gavinhas do delírio que lhe consumira a mente durante meses e meses a fio pareciam esvair-se como fumo no ar e uma nova certeza nascia em si. Não era digno de amor ou perdão, nem sequer era digno de compaixão ou pena, uma vida de sofrimento não seria suficiente para purgar uma alma tão pestilenta, mas cobarde como era, também não seria capaz de entregar o seu destino a mãos alheias.

Fechou os olhos e reclinou a cabeça para trás, focando-se na chuva fria que lhe lavava o rosto, enquanto a sua mão direita agilmente dirigia o punhal por entre duas costelas, perfurando pele e músculo, até a lâmina estar bem enterrada no seu pulmão. Arfou, desesperado, e um gorgolejo horrível, banhado a sangue, fez-se ouvir:

- Marih, meu amor, perdoa-me.

Urrou quando a lâmina fria se contorceu dentro de si e impulsionou o corpo para a frente, atirando-se para o jardim, a altura elevada demais para que houvesse qualquer hipótese de sobrevivência. Com o impacto da queda, sentiu a lâmina enterrar-se mais dentro de si até nada mais restar no exterior para além do pequeno cabo de madeira. Doía-lhe tudo, a sua perna estava contorcida num ângulo estranho e os seus lábios estavam cobertos pelo sangue que lhe escorria pelo canto da boca e fluía por entre a erva verde. Uma mancha de vermelho formava-se em torno do seu corpo prostrado.

- Marih... - Suspirou e sentiu a vida abandona-lo repentinamente. Como se depois de todo o mal que provocara o nome dela fosse suficiente para expia-lo.
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