[RP]O Novo Ciclo

O velho druida acordara muito cedo para tratar dos preparativos da cerimónia desta noite. Hoje ia-se celebrar o novo ciclo da Vida, um ano finda e outro começa.

Bem cedo o druida percorre o arvoredo em redor da sua casa em busca de bolotas e folhas. Aproxima-se de um carvalho e, encostando a palma da sua mão ao tronco da árvore, pede permissão para retirar algumas bolotas e folhas para mais tarde fazer um colar e uma coroa. Sente o pulsar da energia da árvore e um forte sentimento de alegria invade o seu espírito. A árvore tinha dado permissão.

De regresso a casa prepara o colar de bolotas e uma coroa de folhas de carvalho para a cerimónia e coloca tudo sobre as longas vestes pretas que usará mais logo.

Estava quase na altura de iniciar a cerimónia. Depois de ter passado o dia a jejuar, prepara um banho purificante com a água do rio e sal. Livre de energias negativas e com as suas vestes negras, o colar de bolotas e a coroa de folhas, dirige-se para o altar sagrado da Deusa, no meio do pomar.

Com um pouco de pó de giz traça um grande círculo e em torne deste coloca 13 velas negras e laranjas. Ao acender cada uma delas diz:

Vela Samhain do fogo tão brilhante consagra este círculo de luz.

No centro do círculo e virado a norte constrói um pequeno altar no meio do qual coloca 3 velas, do lado esquerdo coloca um cálice com cidra e um prato com sal marinho, do lado direito um incensório e uma tigela com água, por fim à frente das velas coloca um punhal, uma maçã e um sino.

Pega no sino e toca-o três vezes.

Sob o nome sagrado da Deusa e sob a Sua protecção, inicia-se este ritual sagrado.

Salpica com um pouco de sal e água cada ponto da circunferência para limpar o local de quaisquer energias negativas. Em seguida pega no punhal com a mão direita.

Ouçam bem, elementos do ar, fogo, água e terra. Pelo sino e pela lâmina eu vos convoco nesta noite sagrada e de alegria. - mergulhando o punhal no cálice de cidra - Eu te ofereço, ó Deusa, este néctar da estação.

Coloca o punhal de volta no altar. Acende o incenso e as três velas do altar.

Três velas eu acendo em tua honra, ó Deusa: branca para a virgem, vermelha para a mãe e preta para a anciã. Ó Deusa de todas as coisas selvagens e livres, a ti ergo este templo sagrado em perfeita confiança.

O Druída pega o cálice com ambas as mãos e derrame algumas gotas da sidra sobre a maçã.

Ao ventre da Deusa Mãe retorna agora o Deus, até ao dia em que novamente renascerá. A Grande Roda Solar gira mais uma vez, o ciclo das estações termina nunca. Abençoadas sejam as almas daqueles que viajaram além para o mundo escuro dos mortos. Eu derramo este néctar em honra da sua memória. Que a Deusa os abençoe com luz, beleza e alegria. Abençoados sejam! Abençoados sejam!

Seguidamente, bebe o resto da sidra e, então, coloca o cálice no seu lugar no altar. Fazendo soar o sino três vezes, desfaz o círculo, apagando as velas de cores laranja e preta, começando do leste. Pega na maçã do altar e enterra-a do lado de fora para nutrir as almas dos que morreram no último ano.

Completado o ritual, o Druída regressa a casa, aí sentando no chão medita e faz uma pequena prece em honra de todos aqueles que passaram pela sua vida e que entretanto já partiram. Por fim deita-se, um novo ciclo se iniciara e novas tarefas o aguardam.