[RP] Cripta Real de Alcácer do Sal

Próximo da antiga alcáçova de Alcácer do Sal um solene edifício em mármore com planta aproximadamente circular fora erigido para servir de última morada aos monarcas salacienses que um dia governaram o Reino de Portugal.
Passadas as pesadas portas de carvalho guarnecidas de ferro o visitante depara-se com um espaço pouco iluminado. As pequenas janelas que decoram o edifício permitem a entrada da claridade estritamente necessária para que o visitante veja o caminho.
Ao centro um altar foi erigido para acomodar discretas celebrações religiosas. Nas laterais dois imponentes túmulos em mármore branco como neve elevam-se sobre três pares de leões de bronze. Finamente trabalhados nos ateliers de Arruda ecoam os feitos dos monarcas acompanhados das suas armas pessoais. Sobre os túmulos as suas efígies de pedra devidamente trajadas de acordo com a sua digníssima condição repousam para toda a eternidade.
A velar os dois monarcas e a sobressair as suas qualidades em vida, as figuras dos Nove da Fama estão dispostas pelas paredes da cripta. Ao centro encontra-se Artur, a personificação dos nobres princípios da cavalaria e exemplo de monarca ideal.

Na nave da direita, estendido com um cavalo alado a seus pés - seu sigilo - jazia Sua Majestade Real D. Mac I Malaquias de Monforte, Rei de Portugal e I Duque de Bragança. Primogénito, nascido em Setúbal em Dezembro de 1435, falecido em Agosto de 1459.

Na nave da esquerda, estendida com um arminho a seus pés - seu sigilo - jazia Sua Majestade Real D. Ana Catarina I de Monforte, Rainha de Portugal, I Condessa de Ourém e I Baronesa de Vila Nova de Ourém. Primogénita, nascida em Alcácer do Sal em Maio de 1418, falecida em Janeiro de 1461.

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Auren aproximou-se daquela construção estranha e solene ali dentro das muralhas da cidade de Alcácer. Habitualmente estava guardada por dois alabardeiros com as insígnias da guarda real, aquela tarde não era excepção. A pequena aproximou-se de um dos guardas com receio e questionou-o.

- Escondem aí um tesouro dentro? Parece que sempre que entra aí alguém essa pessoa sai mais... hmm... iluminada - concluiu, à falta de melhores palavras.

O guarda olhou-a do alto do seu pedestal e afugentou-a com a bota.

- Sai daqui pirralha! Isto não é sítio para mendigar... vai às tavernas que terás mais sorte. E mais respeito! Aqui jazem dois monarcas de Portugal! Dois salacienses que muito orgulharam esta terra!

Auren afastou-se e ficou a pensar... a pequena já tinha ouvido histórias de um dos monarcas, a última rainha... essa malvada! Nem cumprira a sua palavra... ou pelo menos não a fizeram cumprir. Era frequente a pequena ouvir a amiga Ellinha queixar-se que não recebera umas polainas beges da falecida, como ditava o seu testamento, pois tinham sido sepultadas com ela.

- A rainha está aí dentro? Posso visita-la? - questionou com um largo sorriso. Já tinha um plano em mente!

O guarda pareceu ter perdido a paciência com a petiz e fez bater o bastão da alabarda sobre o mármore provocando um barulho que assustou e afugentou a pequena Auren.

- Xô daqui! Já disse! - ouviu o alabardeiro gritar-lhe enquanto a pequena fugia em direcção à Tri Martolod onde iria expor o seu plano a alguns amigos.
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