[RP] Um Desastre de Natal

Maria_madalena

24 de Dezembro de 1461, cidade do Porto

A noite ainda cobria a cidade quando Madalena acordou, um calor subtil irradiava das brasas que ardiam lentamente na lareira aquecia-lhe o corpo aninhado entre os cobertores espessos. Iluminada pela parca luz, a meretriz sentou-se e olhou em volta, fazendo uma lista mental de tudo o que era necessário fazer até Nicole e Beatrix chegarem, à medida que a lista se adensava, o desejo de voltar para o leito apenas aumentava. Apesar da ceia de Natal ter sido combinada algures no início de Novembro, Madalena não tinha preparado absolutamente nada. Estava sem dúvida entusiasmada com as possibilidades que aquele primeiro Natal em família lhe traria, mas, por outro lado, sentia-se ligeiramente assustada e deslocada, afinal durante 22 anos aquela data fora apenas mais uma das que anualmente se tentava esquecer.

Um crepitar mais sonoro despertou-a daquelas introspecções e Madalena levantou-se de imediato, amarrando os cabelos com um atilho e arregaçando as mangas. Até ao clarear do dia, entregou-se a tarefas domésticas, esfregando, lavando, varrendo e sacudindo cada canto e peça da casa; seguiu-se um banho quente e todos os cuidados que uma mulher deve ter com a sua aparência. Colocou um vestido verde e deixou os cabelos soltos, dando-se apenas ao trabalho de maquilhar discretamente a face.

A manhã já ia a meio quando por fim tudo estava pronto e do seu agrado, incapaz de controlar a ansiedade, Madalena puxou uma cadeira para o lado da janela e ali se sentou, olhar fixo na estrada.

Roleplay privado, pede-se que não interrompam nem perturbem o decurso da acção.

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Beatrix_algrave

Aquele certamente era um Natal muito diferente do que Beatrix estava acostumada. Além da agitação daquele ano e das muitas transformações que ela havia enfrentado, era estranho celebrar a data com pessoas que ela agora passaria a chamar de família. As poucas vezes que ela celebrou o natal assim, foi apenas na companhia de seu querido irmão, William, a quem ela considerava sua única família restante. Esperava que ele ainda estivesse vivo e bem. Queria ter certeza disso, mas toda noite essa dúvida a atormentava, e assim seria enquanto ele não respondesse suas cartas.

Suas primas certamente tinham personalidades semelhantes em alguns aspectos. Madalena era uma mulher forte assim como Nicole, mas mesmo assim, era difícil pensar nas duas como irmãs ou meio-irmãs. Nicole era muito mais arisca, e difícil de lidar. Também era difícil decifrar o que ela estava pensando ou o que pretendia.

Beatrix considerava Madalena uma pessoa mais franca do que Nicole. Ou ao menos a franqueza de ambas era diferente. A franqueza de Nicole parecia querer ferir, a de Madalena não.

Com esses pensamentos, Beatrix seguia silenciosamente pela estrada para o Porto. Dessa vez ela não viajava de carruagem, e optara por viajar a cavalo, com roupas confortáveis. Novamente, Demétrio estava com ela, para garantir a sua segurança. Ou ao menos foi o que ele disse. Beatrix não deixava de pensar que provavelmente o motivo dele querer tanto vir com ela, era para rever Madalena.

Ela lembrava perfeitamente de como ele corou quando ela sugeriu isso. Demétrio corou violentamente e parecia querer enfiar a cara em algum buraco do chão. Ele é claro negou veementemente, mas também isso não era da conta dela. Se ele queria seguir para o Porto, que seguisse.

A estrada estava fria, e em alguns trechos havia neve e gelo escorregadio. Era preciso todo cuidado na estrada. Uma boa capa de peles e luvas grossas serviam para proteger Beatrix do frio. Ela também separou uma sela mais quente e acolchoada para Desheret.

Demétrio também cavalgava em silêncio, em seu cavalo baio, coberto por um casaco escuro que quase não mostrava seu rosto.

A voz de Beatrix quebrou o silêncio quando avistou a entrada da cidade.

- Finalmente chegamos, e nenhum de nós congelou. Mas foi uma péssima ideia me atirar bolas de neve, Nicole.

Ela riu e iniciou um trotar suave, como se a visão da cidade a deixasse mais feliz e espantasse tantos pensamentos lúgubres que tivera.

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--Demetrio

- Não sei do que está reclamando. Você desviou e ela acertou em mim.

Demétrio comentou e fez um movimento como se ainda estivesse tirando a neve do casaco.

Ele se sentia ainda um pouco envergonhado por ter praticamente se convidado para aquela ceia de Natal. Ele certamente preferiria passar o Natal com a mãe e toda a família, com a mãe e as avós o aborrecendo e o tratando como criança na frente de dúzias de tios, primos e sobrinhos.
Ele preferia mesmo estar ali. Demétrio não confiava nem gostava de Nicole, e temia que ela pudesse estar planejando fazer algum mal para Beatrix ou mesmo para a Maria Madalena. Era melhor ele estar ali para proteger as duas daquela víbora.

Lady_moon

Em Inglaterra, o suposto Natal era festejado em grandes bailes entre caçadas, dependendo da vontade da consorte e do Lorde Casterwill. As caçadas eram habitualmente protagonizadas por William e os seus soldados, em uma forma de os divertir e conservar a sua lealdade perante o clã, as vítimas poderiam ser javalis.
Nicole recordava se de uma dessas caçadas vivamente, talvez por lhe ter sido vedada por sua avó, esta a obrigara a assistir alguns jovens nobres a cortejá la, nesse mesmo dia e para a sua felicidade as suas ameaças para com uma das suas primas distantes resultaram, esta fora obrigada a distrair a sua preceptora e a sua avó enquanto se ausentava, Nicole fugira do baile e seguira juntamente com um dos guardas até à floresta onde se iniciaria a caçada, Lorde Casterwill conversava com um dos chefes de guarda, enquanto um dos guardas levava as presas para os escombros da floresta…

As memórias do passado desvaneceram-se no momento em que Beatrix quebrara o silêncio, aquela viagem teria sido mais favorável se tivesse coberta de roupas mais quentes, além do seu casaco de peles, e o seu cavalo, não aquele substituto, visto que o seu último cavalo fora assassinado pelos homens da sua tia.
Nicole riu-se e sentiu se orgulhosa da sua pontaria, adorara a forma como conseguia irritar o guarda da sua prima, parecia uma gatinha com as garras de fora.

-Foi uma ótima ideia Bea.-Retrucou e observou a sua irmã mais nova que distraía se com a paisagem.- Precisávamos de uma diversão e de um pequeno descanso. Demétrio devia sentir se honrado.

Nicole sorriu vorazmente para ele, enquanto avistava a cidade.
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Beatrix_algrave

- Acalme-se Demétrio. Afinal, você que insistiu tanto em vir para me proteger, então não devia estar aborrecido por me defender de uma simples bola de neve. Depois a viagem foi cansativa e estou ansiosa por chegar a casa de Madalena, então menos reclamação e mais ação. Ela já deve estar nos esperando.

Beatrix disse a Demétrio, tentando acalmá-lo. E seguiu trotando para casa de Madalena. Ela parecia feliz e estava bastante animada para reencontrar a prima. Aquele certamente seria um natal bem mais animado do que os vários anos que Beatrix passara no convento internada, depois que seu irmão partiu e a deixou.

Havia é o coral do qual ela gostava, e mesmo o ambiente austero era quebrado por um pouco de alegria. Também aumentavam as encomendas de doces que o convento recebia todo ano. Época de Natal era época de trabalhar mais, mas a ceia de Natal era realmente especial e as sobras das encomendas faziam a festa das internas, em especial daquelas que não podiam deixar o convento nem mesmo nessa época.

Beatrix quase podia sentir o cheiro dos doces e dos assados.

No decorrer do percurso ela procurou concentrar-se me pensamentos e lembranças boas.

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--Demetrio

Demétrio ouviu as palavras de Beatrix e procurou se acalmar.

- E eu a protegeria sim, sacrificaria meu corpo pela donzela, e receberia golpes de espadas e flechadas para não deixar que te ferissem. Mas não sou bobo da corte para provocar riso... Mas tudo bem, esqueça. Vamos adiante que tenho fome e frio.

Ele disse ainda chateado, mas conformou-se e seguiu com Nicole e Beatrix pelos caminhos do Porto que ele já conhecia. De vez em quando lançava um olhar desconfiado e enfezado a Nicole.

--_narrador_

Demétrio ouviu um sujeito que estava na estrada chamar a sua história de Dramática e realmente não entendeu nada.

Ele de fato às vezes soava um bocado exagerado em suas declarações às donzelas, e algumas até riam de seu ar pomposo que ele ganhara a custa de muitas leituras de romances de cavalaria. Mas era raro que ele percebesse esse tom melodramático que suas palavras tomavam. Normalmente só a bebida fazia com que Demétrio proferisse tais discursos, pois normalmente ele era até tímido demais para isso.

E assim, Demétrio se surpreendeu com aquelas palavras vindas de um estranho que ouvira a sua conversa com as moças.

"História dramática.
Bem Vamos ver qual será seu Final !"

Algumas crianças que brincavam por ali, e aproveitavam a neve que cairá naquela madrugada, agora faziam suas traquinagens, entretidas em guerras de bola de neve. Uma delas jogou uma bola no homem que interferira na conversa dos viajantes e ao ver aquilo, Demétrio sentiu-se vingado. Pela liberdade que as crianças tomaram, aquele bem deveria ser algum "louco de aldeia". Mas enquanto Demétri ria, eis que uma das crianças atirou também uma bola a ele, e mais uma vez ele tinha seu casaco com marcas brancas de neve que escorriam por seu peito.

As crianças continuaram a brincar, e a correr, elas apontavam tanto para Demétrio como para o suposto "louco de aldeia" e riam

Beatrix_algrave

Beatrix assistiu a tudo aquilo impassível, até ver o desfecho com Demétrio levando mais uma bola de neve no peito.

- Demétrio, creio que se quer mesmo me proteger assim, vai ter que melhorar sua esquiva.

Beatrix comentou e continuou a cavalgar sem se importar com o bico que Demétrio fez diante do comentário dela. Não demorou muito para que avistassem a casa de Madalena e ela visse os convidados chegando.

Gente, RP não é post de Facebook onde se fazem comentários sobre. Não é aceitável rpgísticamente falando, alguém chegar e postar algo aleatório, surgindo do nada em uma cena que está se desenvolvendo, seja elogiando ou criticando o RP. Fica a dica.

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Maria_madalena

Os minutos teimavam em não passar e, nervosamente, Madalena enrolava o tecido da saia entre as mãos delicadas e albas, mãos que não evidenciavam qualquer sinal de trabalho manual esforçado, tão suaves e macias quanto as mãos de uma senhora pertencente à nobreza.

Quatro figuras montadas a cavalo surgiram então no sopé da colina, as suas mãos, tão inquietas, ficaram subitamente calmas e, de olhos arregalados, a meretriz esforçou-se por discernir os contornos daqueles que se aproximavam, era difícil àquela distância, mas a cabeleira ruiva, lustrosa e chamativa, não lhe deixava margem para muitas dúvidas. De imediato tomou a capa que repousava numa das cadeiras dispostas em torno da mesa da madeira e dirigiu-se para o exterior, tendo o cuidado de encostar a porta para que o frio não entrasse.

Tentou manter uma pose digna, apesar do frio que lhe dava uma enorme vontade de se encolher no interior da capa e esperou pacientemente que o grupo completasse o resto da jornada.
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Lady_moon

Mentalmente Nicole divertia se com a situação de Demétrio, preferiu manter se em silêncio, vislumbrara a casa da colina a alguns metros, obrigando o seu cavalo a mover se mais rápido, afastando se dos demais.
A brisa fresca fazia ricochete no seu rosto, causando uma sensação de liberdade em Nicole. A uma pequena distância da casa da colina, Nicole desmontara o seu cavalo e prendia as suas rédeas a uma árvore.
Sorriu para o vulto que se apresentava à frente da casa, deu mais alguns passos e a abraçou.

-Good morning big Sis...

*Bom dia Irmã
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Maria_madalena

Madalena não conteve um sorriso genuíno ao ver a sua irmã aproximar-se e deixar o resto do grupo para trás.

Quando a viu desmontar, deu alguns passos em frente aproximando-se dela, apenas para receber o abraço efusivo e demorado que se seguiu.

- Little sis... - disse-lhe entre sorrisos e olhares amistosos - Como correu a viagem? - inquiriu enquanto lançava um olhar aos restantes membros da comitiva.
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Lady_moon

-Correu bem, o Demétrio discordará.-Nicole riu-se e tomou uma postura mais séria.-Trouxe mais uma convidada, acho que vais gostar de conhecê-la.

Enquanto esperava pela restante comitiva, procurou em volta algum dos seus guardas ou algum Gregori, o número de membros na sua guarda aumentara significativamente depois da partida de Adrian para Inglaterra, tal como planeado, alguns destes escondidos nas sombras.
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Beatrix_algrave

Beatrix observou Nicole se adiantar em direção à irmã e deixou que as duas se reencontrassem em tranquilidade.

Ela olhou para a irmã mais nova de Nicole, com um sorriso que indicava que ela poderia adiantar-se para o encontro entre irmãs.

- Vá em frente, elas te esperam. Eu sigo já.

Ela disse e deu uma boa olhada na paisagem em torno da casa, como se quisesse se certificar que tudo estava bem.

Demétrio notou o olhar preocupado e emparelhou o cavalo com o de Beatrix, esperando alguma ordem. Mas ela apenas sorriu e fez sinal para prosseguirem.

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--Demetrio

Demétrio ficou aguardando alguma palavra de Beatrix e ela não disse nada, ele se aproximou, e antes de deixar ela seguir, disse.

- Algum problema? Se sua prima Nicole estiver planejando algo, não se preocupe, estou aqui para salvá-la seja do que for. Pode contar comigo.

Ele disse encarando Beatrix, reparando em como ela ainda estava um pouco corada e ofegante pelo esforço da cavalgada. O traje simples, de cavalgada destacava-lhe as formas mais que os vestidos, e ele não resistiu a apreciar um pouco essa visão.

Antes que ela notasse que ele a estava observando mais do que devia, Demétrio desviou o olhar e notou mais adiante Nicole, que abraçava Madalena. Por um momento ele ficou mais corado e pensou que Madalena pudesse contar algo sobre a noite que passaram juntos.

Beatrix certamente desconfiava de algo, mas seria bem diferente se lhe dessem certeza. Não era algo que lhe trouxesse arrependimento. Foram ótimos momentos. Ele pensou nisso e suspirou.

Beatrix_algrave

Diante das palavras de Demétrio, Beatrix respondeu com um certo desdém.

- Sim, claro que ela está planejando algo, uma ceia de natal, esqueceu?

Beatrix tinha suas diferenças com Nicole, mas não admitia que Demétrio falasse assim da prima, afinal, ela era sua família. Nicole crescera com valores diferentes dos seus, mas quem poderia criticá-la por tentar sobreviver a sua maneira, em meio aos Casterwill? Ali era matar ou morrer e cada um lutava com as armas que tinha.

Assim, após as palavras de Demétrio, ela primeiro gracejou, mas depois encarou-o séria e disse em voz baixa.

- Sei que não gosta dela, mas não ouse dizer mais nada do tipo, ouviu? Ela é minha prima. E é uma boa pessoa assim como Madalena. Desrespeite qualquer uma delas e vai se haver comigo.

Ela notou que algo desviara a atenção de Demétrio, ele não mais olhava em seus olhos, e parecia observá-la, mas logo desviou o rosto, talvez envergonhado pelo seu comportamento. Ele estava corado.

Depois dessas palavras, Beatrix seguiu em silêncio, e quando estava próxima das primas, desceu de Desheret, e foi também dar um abraço em Madalena.

- Que bom revê-la, prima Madalena.

Demétrio a acompanhou logo em seguida, apeou, mas manteve-se próximo ao cavalo aguardando que as moças terminassem os cumprimentos.

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Um Desastre de Natal

Beatrix_algrave

Beatrix sorriu, e antes de comer e beber fez uma silenciosa prece, pois sabia que nem todos ali partilhavam da sua fé, e preferiu ser discreta. Então, assim como os demais, ela começou a comer e a beber. Aproveitando todas aquelas dadivas que lhe eram oferecidas, a boa comida, a boa bebida, e acima de tudo a presença de familiares e entes queridos.

Ela serviu um generoso pedaço de peito de peru para Eduarda.

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--Demetrio

Demétrio agora estava mais calmo, ele também se serve de uma boa fatia de peru, e enche a caneca de vinho e se serve novamente de bebida e de comida. Ele nem se dera conta de o quanto estava sedento e faminto.

Quanto mais ele bebia mais os pensamentos pecaminosos lhe tomavam. O sabor do peru, o sabor do vinho, o sabor da ruiva, o sabor da morena...

Lady_moon

Arnold abanara a cabeça discretamente em negação, conhecia muito bem aquele vinho, era um dos melhores vinhos e com a capacidade de abater um cavalo.

Tal como os restantes, Arnold serviu se de uma porção de perú, olhou de soslaio, num tom divertido murmurou:

-Pelo menos conseguimos sobreviver nas minhas mãos, se fossemos esperar que pelos os teus cozinhados, passaríamos bastante fome.

Revirou os olhos após Nicole mostrar lhe a língua, de seguida respondeu a Beatrix.

-Terei todo o gosto de voltar a provar as tortas de Laurinda, não vou dispensá-las por nada...
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Beatrix_algrave

Beatrix pisca para Nicole.

- Eu já tenho muito trabalho no atelier, mas se ele quiser, pode vir a minha casa e provará as tortas celestiais da Laurinda.

Ela diz e se serve de um belo pedaço de peru e de um generoso copo de vinho.

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Maria_madalena

Madalena sorriu para a prima e empunhou uma grande faca de trinchar carne, com golpes mais certeiros e precisos do que se julgava capaz cortou o peru em pequenos pedaços que serviu aos convidados.

- Não tenham piedade!

Estava bastante feliz.
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Lady_moon

Antes de servir se, Nicole coloca na mesa duas garrafas de vinho inglês, sob o olhar de Arnold, explicou-se.

-Michael enviou para o solar, pertence a adega particular do meu avô, é delicioso, costumávamos roubar algumas da adega do pai de Michael.-Nicole sorriu com a lembrança.-Espero que gostem.

Nicole sentou se e serviu se do perú, após desgustar a refeição, piscou o olho para Arnold, e dirigiu se a Beatrix:

-Está muito bom, estás contratada para ser cozinheira do Arnold, ele sozinho não sobrevive.
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Beatrix_algrave

- Aqui está o peru. Creio que a Madalena deve fazer as honras pois estamos na casa dela. O senhor Arnold poderia abrir o vinho.

Beatrix propõe para que possam servir a ceia.

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--Demetrio

Quando Beatrix já se preparava para servir o peru, Demétrio retornou, com as calças encharcadas e uma expressão ao mesmo tempo envergonhada e desconfiada. Ele pegou uma toalha para se secar, e ao ver que a ruiva estava servindo o peru, foi ajuda-la com a travessa e depois foi transportar as bebidas para a sala. Trouxe o barril de cerveja e algumas garrafas de vinho, depois de recolher a mesa, e guardar o bule de chá, as xícaras e os baralhos de jogo.

Depois disso ele pediu licença para se trocar, e depois voltou já com uma nova roupa, evitando assim dar mais explicações a Nicole.

- Estou faminto, e esse peru está cheirando muito bem.

Ele se animou ao voltar e já ver o peru sobre a mesa, pronto para ser fatiado.

Maria_madalena

Madalena olhou suspensa para a carta que tinha entre as suas mãos. Ouvira as palavras de Arnold, mas estava com dificuldades em acreditar na sua veracidade, as suas mãos tremiam e o coração palpitava nervosamente no seu peito. Inspirou e abriu a carta, lendo apressadamente as palavras só para no final sorrir e abraçar desajeitadamente a irmã. Era oficialmente parte da família.

- Mais uma cabeça? - perguntou, mas de seguida calou-se, claro que a sua legitimação exigira mortes, não seria de esperar outro método entre Casterwills.

Nicole desviou o assunto para o peru e Madalena não a pressionou novamente. Gostava dela assim, mesmo com todos os vícios, defeitos e pensamentos macabros.

- Peru, vamos ao maravilhoso peru, estou ansiosa por lhe trincar uma perna, aquele maldito provocou demasiados estragos. - comentou ao lembrar-se da bicada no seu nariz e em Demétrio.

Aproximou-se da prima e ajudou-a com o serviço. Estava entusiasmada.
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Beatrix_algrave

- Sim, boa ideia. Pelo cheiro ele já deve estar pronto. Espero que tenha acertado a mão no tempero. Vamos beber e comemorar.

Beatrix diz isso com um sorriso de satisfação, tanto pelas notícias como pelo fato de estar depois de tanto tempo, finalmente celebrando um natal em família.

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Lady_moon

Nicole sorriu com a notícia de Arnold.

-Finalmente, pensei que teria de enviar mais uma cabeça para o convencer a aceitar a legitimação e o acordo.-Murmurou em voz alta os seus pensamentos, no momento em que se notou o que disse tentou mudar o assunto.-Vamos servi-nos do perú, tenho fome.
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Narrador..

Arnold acenou para Maria Madalena, e relembrou se de algo.

-Igualmente Maria Madalena Casterwill.-Entregou duas cartas, uma a Nicole e outra a Madalena.-Lorde William pediu me para entregar vos pessoalmente as certidões, o patriarca dos Casterwill concedeu a Nicole a tua legitimação, és oficialmente uma Nunes Casterwill.

Maria_madalena

Demétrio pareceu ficar intimidado com a interrupção de Beatrix, afastando-se de si. Madalena manteve a calma, sorrindo abertamente para a prima e para a meia-irmã, quanto mais nervosa ficasse mais cedo seriam descobertos. Após o retomo do jogo, Demétrio voltou a acaricia-la, empurrando as dúvidas com uns goles desajeitados de chá.

Foram sobressaltos pela entrada de Nicole e de um homem que Madalena depreendeu de imediato ser Arnold. Sentiu-se subitamente nervosa, rompendo qualquer tipo de contacto com Demétrio. Afastou-se dele momentos antes do desajeitado homem entornar sobre si o bule de chá quente. Arregalou os olhos ao vê-lo sair aflito da casa, mas permaneceu sentada, sabendo que essa seria a reacção que era de si esperada. Demétrio teria de safar-se sozinho.

Permaneceu absorta em pensamentos até Nicole a cumprimentar.

- Olá querida irmã. - disse no tom de voz de quem não estivera a prestar atenção.

Levantou-se e aproximou-se de Arnold para o cumprimentar:

- É um prazer conhecê-lo, a Nicole falou-nos muito de si.

Permaneceu absorta observando a conversa da sua meia-irmã e da prima e abstendo-se de qualquer comentário. Nicole trocou consigo um olhar demorado e Madalena soube que ela desconfiava de alguma coisa, enganar a prima era bem mais simples.
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Lady_moon

Nicole olhou atentamente para a sua irmã, estava demasiado quieta para aquela situação.

-Pois...um desastre ambulante.-Nicole murmurou ironicamente enquanto revirava os olhos.
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Beatrix_algrave

Beatrix tentou explicar, ao menos o que estava dentro do seu conhecimento sobre o que se passara naquela sala.

- Demétrio é um desastre ambulante. Ele é alto e corpulento e ao mover-se demais derrubou o bule de chá que eu havia feito. Como o chá estava quente não deve ter sido uma experiência agradável. Estávamos apenas jogando carta, esperando que você retornasse, Nicole. Felizmente parece que está tudo bem com o senhor Arnold.

Enquanto ela falava, o cheiro bom do peru que estava assando no forno a lenha tomava conta da casa.

- Logo, logo o peru será servido.

Ela disse sorridente.

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Lady_moon

Arnold ergueu o sobreolho para Nicole, após as suas últimas palavras, abraçou a pequena Eduarda e sorriu para a mesma. A fuga do tal Demétrio e o abraço de Beatrix deixara Arnold confuso.

-O que está a passar aqui?-Questionou Beatrix.- Olá Beatrix e Madalena.
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Beatrix_algrave

Beatrix alheia ao que acontecia entre Maria e Demétrio, tomou aquele acidente como mais um dos efeitos dos desastres do guardião. Viu o homem correr porta a fora, mas não fez nada para impedi-lo.

- Por Jah! Mas que parvoice é essa?

Depois de dizer essas palavras Beatrix moveu suas atenções para Nicole, que retornara agora acompanhada de seu primo Arnold. Ao vê-lo, ela foi até ele para cumprimentá-lo com um abraço.

- Olá, primo.

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--Demetrio

Com o andamento da Demétrio já buscava novamente tocar sobre a coxa de Maria, quando a entrada abrupta de Nicole com aquele homem ali na sala assustou-lhe. O susto foi tão grande, que ele derrubou o bule de chá ainda quente, sobre si. E gritou ao sentir o chá quente queimar-lhe a pele. Correu para fora em desespero, em busca de uma tina de água fria.

--Demetrio

Ele temeu que Madalena rejeitasse o toque, mas ao perceber que ela gostara, ele prosseguiu em sua intenções, até a interrupção de Beatrix.

Demétrio mal conseguia olhar para a Beatrix tamanho o receio de que ela notasse o que se passava ali. A mão dele escorregou para longe do local desejado, esperando que a partida recomeçasse e que ela não percebesse nada.

Felizmente, Madalena ao ser questionada, teve mais presença de espirito que ele teria.

Depois que Maria trocou a carta, e a partida foi retomada, ele aguardou o momento propício de retornar sua mão para o local desejado. Demétrio estava ofegante, e tomou mais um gole de chá devagar, tentando recuperar a calma. Aquela casa cercada de belas mulheres estava mexendo com ele.

Lady_moon

Tal como Nicole previra a reação de Arnold não fora das melhores, ele tentava controlar se, sentia se traído por Nicole, ela não deveria mencionar os nomes de sua família muito menos contar sobre o seu passado, a morte de sua família ainda lhe era recente. No entanto, o mesmo sabia que Nicole não iria contar as fraquezas de propósito, ambos sofriam pela morte de Evelyn e Anne Marie.

Pela primeira vez em anos, Nicole abraçara Arnold com força, ficaram alguns minutos abraçados, dava a sensação de despedida para ambos, como se fosse a última vez que estivessem juntos.

Era essa a dura realidade de Arnold, durante dezanove anos ela era a protegida de Arnold, uma Nunes Casterwill, apesar de esta o desconhecer até à poucos meses o sangue Nunes que lhe corria nas veias. Arnold sempre a vira como uma filha, nunca como uma possível ameaça a abater, mesmo que Nicole o ameaçasse ou mesmo quando assassinou os seus pais a sangue frio, ainda recordava se dos gritos de Vaughn e Monique ao serem queimados vivos enquanto Nicole sorria com aquela cena, não sabia se era cheiro de morte ou a reação de Nicole que o deixara enjoado, aquela cena comprovava o que sempre temera, perdera a sua protegida para os Casterwill.

Arnold beijou-lhe a testa, e limpou uma lágrima do rosto de Nicole, a mesma o abraçara com força como não quisesse soltar se dele, como se fosse perder a sua única essência capaz de cuidar de si.

-Eu iria oferecer te isto no teu aniversário mas desconfiei que não iria chegar a ver esse dia, Moon.-Arnold afastou se um pouco de Nicole, retirando de um pequeno saquinho de pele, uma corrente de ouro com um pingente em forma de lua.- Evelyn escolheu o pingente quando visitamos uma feira em Bristol...um dia antes da sua morte, ela não queria que tu esquecesses de nós.

Arnold sorriu com a lembraça da sua pequena Evelyn, olhou saudosamente para Nicole.

-Porque nunca...?

Arnold interrompe-a.-Não fui capaz de entregar te a última lembrança delas.Mas agora é tua.-Arnold entregou-lhe ajudou a colocar a corrente no pescoço de Nicole.

Alguns minutos depois, Arnold e Nicole entraram na Casa da Colina.

-Arnold!-O grito de Eduarda ecoara por toda a casa, a mesma deixara o seu jogo para abraçar Arnold.

-Agora tens uma nova protegida para cuidar, pai...-Nicole murmurou simplesmente enquanto observava a sua irmã mais nova.
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Beatrix_algrave

- Maria, essa carta não faz ponto.

Beatrix disse e sorriu ao notar a combinação que Maria jogara sobre a mesa. A tecelã não atinara ainda sobre o que se passara ali sob a mesa, e tomou o erro de Maria como uma distração ou confusão sobre as regras.

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Maria_madalena

Madalena arregalou os olhos e procurou no rosto da prima qualquer sinal de desconfiança. Não o encontrou.

- Peço perdão, o jogo ainda me confunde. - esclareceu tentando manter a voz firme.

Recolheu a carta errada e substituiu-a por uma adequada.
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Lady_moon

Nicole sorriu levemente para Arnold, a sua aparência demonstrava aparente cansaço, acenou para os seus guardas dispersarem.

-Arnold...O que se passa?Se é por causa da ceia...

-Não é sobre isso, mas contínuo a ser contra essa ideia.- Nicole observou o.-Tem a haver com o clã e o patriarca. Ele está em Portugal e quer te ver.

O choque surgiu no rosto de Nicole, ele estava perto dela, comprovando o que dizia na carta, Nicole teria de ir embora...

-Eu recebi uma carta dele, ele quer que me torne a lady protector do clã, terei de partir em breve, mas tu ficarás Arnold, preciso de ti a cuidar das minhas irmãs, e de Beatrix.-Nicole fez uma breve pausa.-Elas sabem o que aconteceu com a Anne e Evelyn.
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Maria_madalena

Madalena conteve o riso quando Demétrio quase entornou a xícara de chá. Provoca-lo desta forma e vê-lo incomodado ante os seus ataques dava-lhe uma estranha sensação de prazer. Sentia que estava a corromper um bom rapaz, ainda mais quando a sua prima e meia-irmã estavam sentadas do outro lado da mesa, a meros centímetros de distância. O rosto de Demétrio estava corado e isso apenas levou a que Madalena intensifica-se os movimentos do seu pé. Pode discernir pequenas gotas de suor no rosto dele quando o encarou de viés e sorriu.

Perdeu o sorriso ao sentir a mão dele sobre a sua coxa. Não contara com aquela reacção, Demétrio era um rapaz tímido e envergonhado, não o julgara capaz... A mão grande dele envolvia-lhe a coxa e Madalena mordeu o lábio inferior e franziu a testa, controlava-se para não reagir sonoramente e tinha a certeza que para Beatrix e Eduarda aquilo não passaria de um esgar de concentração. Lançou uma carta e mal se apercebeu do seu naipe.

- Oh... - o som escapou-lhe por entre os lábios antes de conseguir conter-se, a mão de Demétrio por cima da sua saia um tormento agradável - Esta jogada... hum... muito boa.

Posicionou-se na cadeira, arrastando-a ligeiramente para se aproximar de Demétrio. Intensificou os movimentos com o pé e perguntou-se se Beatrix e Eduarda notariam caso a sua mão desaparecesse debaixo da mesa.
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--Demetrio

Demétrio não se opôs a proposta de Beatrix e sentou-se ao lado de Madalena. Na primeira partida ele procurava orientar discretamente a parceira, indicando com o olhar as cartas que ela deveria jogar para formar o maior número de pontos. Às vezes ele se distraia, ora pelo perfume de Beatrix, ora pelo generoso decote de Madalena. Mas logo vinham a sua mente as ameaças de Nicole. Aquela louca era bem capaz de pôr aquele plano terrível em prática. Esse pensamento doloroso afastava as ideias libidinosas que voltavam a sua mente durante aquela partida. Era a luta entre dois instintos básicos, e era difícil saber qual era mais forte naquele momento, até que Demétrio sentiu às discretas investidas de Maria.

Ele quase derrubou a xícara quando sentiu aquele toque em sua perna, subindo por sua coxa e depois quase alcançando a região que Nicole ameaçara. Demétrio fez um esforço para controlar-se, mas seu rosto estava vermelho, e ele começava a suar no frio do inverno. Tomou um gole de chá, e por pouco não se engasgou de novo. Era difícil manter a calma naquela situação. Aquele contacto o atiçara, e aos poucos a mensagem de Nicole era esquecida. Recuperando o controle, ele mantinha a atenção no jogo, mas a sua mão discretamente começou a apalpar e apertar a coxa de Maria por debaixo da mesa. O fato de Demétrio ter braços compridos e mãos grandes ajudava-o a alcançar a área pretendida sem despertar a desconfiança das moças a sua frente. E logo Maria sentiria o toque atrevido de Demétrio por cima de sua saia em uma área tão sensível e desejada. Nesse jogo era evidente qual instinto era o vencedor.

Maria_madalena

Madalena agradeceu a Beatrix quando esta lhe encheu a xícara de chá. Apesar do agradecimento, não era grande apreciadora daquele tipo de bebidas e temia que o sabor lhe fosse desagradável e não conseguisse beber o chá. Por enquanto estava quente demais para que ela ousasse sequer pegar na xícara.

À sugestão da prima para os pares se trocassem, Madalena concordou de imediato, uma equipa de inaptas contra uma equipa de jogadores experientes não era de todo justo. Demétrio sentou-se a seu lado e o jogo teve início. O chá soube-lhe melhor do que aquilo que Madalena esperara e a meretriz deu por si a encher a xícara novamente. Teria de pedir à prima um pouco daquelas ervas.

As partidas seguiam-se umas às outras. Três cartas eram distribuídas a cada jogador no início e Demétrio guiava discretamente nas suas escolhas. Madalena não conseguia conter os pensamentos que desfilavam pecaminosamente no seu entendimento. Não era incomum que os seus clientes lhe pedissem para jogar cartas, às vezes por pura diversão e conforto depois de um acto carnal exaustivo, outras vezes o jogo de cartas era apenas um prelúdio daquilo que iria acontecer. E as derrotas, propositadas ou não, levavam à sua submissão perante os desejos masculinos inflamados. Aqueles pensamentos, o calor agradável da sala e a presença masculina de Demétrio a seu lado foram o suficiente para que a meretriz perde-se o interesse no jogo.

Talvez pudesse tornar as coisas mais interessantes...

Discretamente, Madalena descalçou um sapato, manteve-se aparentemente concentrada no jogo e os seus olhos não a traíram, sustentando o olhar sério e reservado de quem apenas pensa em conquistar uma vitória. Cruzou a perna, Demétrio estava sentado à sua esquerda e aquela pareceu-lhe a melhor forma de o alcançar. Sentiu-se ansiosa e prestes a fazer algo errado, o coração retumbava-lhe nervosamente no peito, mas Madalena não conseguia conter o entusiasmo. Tocou-lhe com o pé um pouco abaixo do joelho, movimentando-o algumas vezes para cima e para baixo. Não o olhou, não sorriu, não pestanejou, embora regozijasse. Enquanto colocava uma das cartas na mesa, Madalena arrastou o pé para cima, afagando-lhe a coxa até atingir uma região mais privada. Nesse exacto momento sorriu.
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Beatrix_algrave

Beatrix trouxe um bule cheio de chá, e serviu as xícaras de todos.

- Creio que Demétrio será meu par, e Eduarda jogaria com Maria. Talvez fosse bom trocarmos de pares, pois você sabe jogar e elas ainda vão aprender.

Beatrix propôs e Demétrio aceitou de bom grado.

Eles iniciaram a partida. O chá era bom, e trouxe um pouco de calor àquela noite. Mas seu sabor não se comparava ao vinho. Eduarda parecia não gostar e ao beber fez uma careta, mas aos poucos pareceu se acostumar com o gosto e logo repetiu uma segunda xícara. O sabor era indefinível, havia algo de tília, ao menos em seu aroma adocicado. Mesmo assim, dava gosto bebê-lo e a vontade irresistível de provar mais.
A partida prosseguia.

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--Demetrio

- Por mim tudo bem. Eu gosto de jogos de cartas. É bom para espantar o tédio de uma noite de vigília.

Demétrio comentou, puxando uma cadeira e sentando-se perto do lugar onde Beatrix sentaria, e em frente à Maria.

Maria_madalena

Madalena não gostou da reacção de Nicole, parecia-lhe distante a irmã, preocupada com outros assuntos. Os seus palpites diziam-lhe que aquele mau-estar estava relacionado com a carta que a Casterwill tão cuidadosamente manuseava. Absteve-se de comentários, apesar de preocupada, Madalena sabia que Nicole era capaz de tomar conta de si mesma.

Beatrix entretanto ausentara-se para encher a chaleira com água. Parecia que realmente iria haver uma pausa do vinho, Madalena aproveitou o momento de ausência da ruiva para encher o um copo e bebê-lo num só trago. Natal, família, felicidade e união. Tinha mais do que alguma vez tivera, mas mesmo assim sentia que nem tudo estava certo.

Beatrix explicou as regras do jogo e Madalena ouviu atentamente, tentando acompanhar as explicações que eram dadas. Quando a prima se calou, comentou:

- Vamos jogar, não há melhor forma de aprender do que praticando.

Dando o exemplo, ocupou um lugar à mesa.
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Narrador..

23 de Dezembro de 1462

A comitiva conseguia avistar a cidade de Lamego, ironicamente fora a primeira cidade em que Nicole e Arnold se instalaram após fugirem de Inglaterra, supostamente Arnold iria proteger mercadorias enviadas de Inglaterra, desconfiava que seria esse o objetivo, por isso trouxera mais de 10 homens consigo, apesar de ser em menor número contra um ataque.

Seguiram para o porto da cidade, uma carraca de guerra era protegida por homens de má indole, mais conhecidos por Casterwills.Reconhecia quase todos aqueles homens, outrora trabalhara junto deles, no entanto a sua função era de espião para ordem e de proteger Nicole Casterwill, ambas funções trouxeram lhe desgraça, perdera Evelyn e Anne para a morte, e Nicole para os Casterwills.

Eric Casterwill o levara até uma das cabines, uma das mais afastadas, Arnold duvidava do seu estado, não tinha bebido mas achava que o homem à sua frente era uma miragem.

-Lorde Casterwill....-Murmurou com uma certa retulância.

-Arnold Nunes, membro da ordem de Azure, e filho do meu inimigo.-Arnold mantivera a sua postura apesar das palavras sarcásticas do patriarca.- Não seja retulante, ainda está vivo por causa da minha neta. Conseguiu sobreviver nas suas mãos, só por isso não será tratado da mesma forma que os restantes Nunes.

Arnold observou aquele homem a servir se de whiskey.

-Preciso de um último favor, quero te com a Nicole em Inglaterra...Lilith está em apuros, envolveu se na guerra que tem havidos entre os nossos vizinhos e Inglaterra, preciso de uma nova protetora do clã.

-Adrian serviria esse propósito.-Propôs a William, mas a reação de William não era esperada.

-Eu tenho consciência da cobiça de Adrian pela liderança e por Nicole, e desagrada me bastante, ele esqueceu o lugar dele no clã. Nicole está preparada para esse cargo, e minha consorte não poderá fazer nada contra ela.

-Porque Nicole?-Não seria a primeira vez que William lhe contava os seus pensamentos, de alguma forma William sempre soube que Arnold era seu inimigo.

-Preciso de uma mulher encantadora e ferina tal como é Lilith, Nicole tem tudo para tornar se a matriarca, mas antes disso o conselho precisa de ter provas da capacidade dela.

24 de Dezembro de 1462

A conversa entre Arnold e William fora longa e estranhamente civilizada, William enviara vários baús para Nicole, afirmara que Nicole saberia o que fazer com eles.

A viagem até ao Porto tornava se cada vez mais cansativa, Arnold questionava se porque Nicole decidira seguir com a ideia de celebrar o natal com uma ceia, ambos não gostavam de festejar aquele dia, traziam péssimas recordações, as lembranças de sua família tornavam se presentes, lembrando lhe como fora fraco por não ter as protegido da morte.

Avistara Nicole conversando com o segundo no comando da sua guarda, desmontou o cavalo e foi ao encontro de ambos.

-Precisamos de conversar Nicole...

Lady_moon

Nicole assentiu para Beatrix, e foi ter com os seus guardas, fora da casa da colina, Nicole encostara se a uma das árvores por ali perto.

Abriu a carta, quebrando o selo do seu clã, iniciou a sua leitura:

Quote:

Nicole,

Podes voltar para casa, o conselho decidiu em teu favor, a tua lealdade perante o clã foi aprovada, incluíndo o teu acordo com Adrian.
No entanto terás de fazer um último trabalho, nesse reino...
Conto contigo...

William Casterwill

Nicole sorrira apreensiva, em dois anos lutara contra a ameaça de Elisabeth, uma presença constante na sua vida, apesar de viver sob ameaça, encontrara uma forma de viver naquele reino abundante de politiquismo. No entanto, algo dizía a Nicole que votaram a seu favor porque a quererem por Bristol, e sim porque algo se passava.

-Aaron quero saber tudo sobre o estado do clã, TUDO.-Frisou para Aaron seriamente, e continuou a dar ordens aos seus guardas.-Zeke segue para Alcácer, reforça a segurança do Solar.
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Beatrix_algrave

- Isso desfalcaria a mesa, pensei em jogarmos truco em duplas com você, Eduarda, eu e Maria. Mas tudo bem, faremos diferente. Quer jogar Demétrio? Assim mantemos as duplas.

Beatrix propôs intrigada, notando que havia algo a perturbar Nicole. Talvez fosse melhor questioná-la depois, sem ser diante de Eduarda.

Ela foi até lá fora, encheu uma chaleira de água e levou-a ao lume para ferver e preparar o chá.

Enquanto isso, Beatrix volta e explica o jogo.

- É um jogo mouro, e usa baralho espanhol. Cada jogador recebe três cartas de um subconjunto do baralho constituído pelos números 1 a 7, o Valete, no valor de 9, a Dama ou o Cavalo, no valor de 8, e o Rei, no valor de 10.

Formamos duas equipes de dois jogadores, que se sentam em frente um ao outro. O jogo é jogado até que uma equipe termine o jogo com 2 jogos de 12 pontos. São 24 pontos dividido em duas metades, a metade inferior chamado ruins , e a metade superior chamada boas. A primeira equipe que fizer 12 pontos zera a pontuação e ela terá um ruins, se ela conseguir fazer 12 pontos de novo ela ganha as boas e ganha a queda, caso contrario a outra equipe também terá um ruins e quem vencer a próxima ganha a queda.

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Eduarda_nunes

Eduarda encolhera se com o carinho de Madalena, ficara desanimada com a ausência de Nicole, queria divertir se com as suas irmãs e a sua prima.

-Eu quero chá, por favor.-Murmura para Beatrix.

Lady_moon

Nicole revirou os olhos perante a conversa dos presentes.

-Prefiro fazer companhia aos meus guardas, enquanto espero pelo Arnold.-Nicole segurou entre as suas mãos a carta do seu avô.-Mas divirtam-se por mim.

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Maria_madalena

- E enterrado. - acrescentou Madalena fazendo uma careta assustadora.

Madalena aproximou-se de Eduarda e passou-lhe as mãos carinhosamente pelos cabelos ruivos, alisando-os e afagando-os.

- Sim, vamos jogar às cartas, que jogo sugerem? - Madalena franziu o sobrolho e continuou - Não sei se concordo com a parte do chá, mas posso tentar.
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Beatrix_algrave

- Eu sinceramente estou estranhando você, Demétrio. Esse seu comportamento desastroso. Se isso fosse uma guerra você já estaria morto.

Beatrix comentou e foi pegar um copo d'água para Demétrio. Quando voltou, deu uma olhada no forno, onde o peru já estava assando.

- Gostam de jogar cartas? Podíamos jogar cartas para matar o tempo, enquanto o peru assa. E enquanto jogamos, para não nos embriagarmos logo, posso fazer um pouco de chá que eu trouxe da última viagem. O que acham?

Beatrix propôs e aguardou a resposta das amigas.

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Beatrix_algrave

Beatrix pensou em acudir Demétrio, quando percebeu que Maria já se dispusera a fazer isso de forma mais efetiva.

- Não quero que minha torta ganhe fama de assassina. Então trate de se recuperar.

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--Demetrio

Demétrio tentava desengasgar-se, enquanto recebia palmadas nas costas dadas por Madalena, e ordens de sua antiga comandante para que não morresse com sua torta.

Ele correu das duas, e agarrou um copo de vinho, e entornou garganta a dentro. Só assim ele verdadeiramente desentalou. Agora estava vermelho e sem fôlego, e aos poucos foi se recuperando.

- Ai! Que não estou com sorte. Isso não é jeito de um homem morrer. Bicado até a morte por um peru raivoso ou entalado de tanta comida. Ainda por cima apanho.

Maria_madalena

Ainda descomposta, Madalena limpou as lágrimas à manga do vestido e olhou curiosamente para Demétrio.

- Estás a tentar morrer hoje, homem?

Simpaticamente deu-lhe umas palmadas nas costas.

- Não quero mortes na minha casa! - o tom de voz de Madalena era peremptório.
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Lady_moon

O ambiente de piedade começava a deixar a Nicole irritada ao invés de confortada, apesar das atrocidades do clã, Nicole escolhera o seu destino, poderia ter sido como sua tia Rebeca, mas não o quis, e não seria a partir daquele momento que o faria.

-Não importa mais.-"Turn your scars into power Nicole..."Recordou se das palavras de seu avô, respirou fundo, limpando as suas lágrimas,e por fim murmurou friamente. -Elas estão mortas e enterradas...

A agitação de Demétrio e o seu grunhir atraíra a atenção de Nicole, e a fizera sorrir cruelmente, nem parecia que a mesma chorara a morte de Anne e Evelyn, era uma característica que William sentia se orgulho em incutir na sua herdeira.

-Acho que ele precisa de ajuda...
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--Demetrio

Demétrio ouve aquela história tão triste e se sente mal, por ter sido tão duro com Nicole.

Ele faz um esforço enorme para não chorar, pensando no pobre homem e na criança, vendo pessoas tão queridas serem executadas.

Ele havia apreciado a torta feita por Beatrix, e a estava devorando com satisfação. Mas aquilo, deixou-o com um nó na garganta.

Ele foi ficando roxo, pois a torta entalou, em meio a gulodice e a tristeza,e agora ele tossia sem parar, tentando não sufocar, engasgado pela torta.

- COF!COF!COF!COF!COF!COF!COF!

Beatrix_algrave

Beatrix ficou surpresa com as palavras de Nicole. Ela não entendia ainda a relação que havia entre ela e Arnold e por que ele tinha tanta devoção por ela.

Assim como Maria, Beatrix também percebeu logo no inicio daquela narrativa que o bebe que Arnold criou como seu era Nicole.

Ela levou a mão a boca horrorizada com o ato que os Casterwill tiveram coragem de cometer. Agora ela estava ainda mais chocada com os horrores que Nicole teve que passar.

Beatrix não se sentia tão próxima de Nicole quanto Madalena, mas mesmo assim, aquele relato era difícil demais de suportar sem verter lágrimas. Ela sentia pela prima e sentia também por seu primo, aquele homem tão triste e taciturno.

- Desculpe, eu não sabia. Não tinha como imaginar... Que monstruosidade

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Maria_madalena

Madalena não conhecia Arnold pessoalmente mas tinha uma vaga ideia da importância que este tinha para a sua meia-irmã. Pode notar o desconforto em Nicole perante a pergunta de Beatrix, estranhou a reacção, a sua irmã era sempre letal quer com as palavras, quer com o punhal. De alguma forma aquele assunto era-lhe sensível.

O recém-nascido rejeitado era nada mais nem menos do que Nicole. Madalena desconhecia que a sua irmã havia sido abandonada pelos pais biológicos, crescendo sobre a alçada de protectores com os quais não mantinha laços de sangue. Naquele momento, pareceu-lhe que tinham mais em comum do que o pai. À menção de Evelyn, a filha de Anne e Arnold, Madalena parou de comer a sua torta e estacou em Nicole. Sentiu uma pontada de ciúme. Invejava Evelyn por ter sido a primeira a usufruir do sentimento de fraternidade de Nicole.

Lágrimas molhavam agora o rosto de Nicole e o coração de Madalena apertou-se num sofrimento solidário. Nunca vira a irmã chorar e sabia que o facto de o estar a fazer naquele momento só podia significar que os acontecimentos que se seguiram foram trágicos e marcaram-na profundamente. Anne e Evelyn haviam sido assassinadas, perdera a mãe e irmã de uma só vez e de uma forma tão cruel e violenta. Madalena estremeceu e os seus olhos molharam-se também, de súbito a doce torta soube-lhe a amargo.

- Oh irmã... - suspirou completamente comovida ao mesmo tempo que se aproximava dela e encostava a cabeça no seu ombro.

A voz de Nicole nas últimas palavras adquirira um tom frio e Madalena soube que ela ainda procurava vingança.
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Lady_moon

A pergunta de Beatrix incomodara Nicole, mas compreendia o comportamento dela perante a menção de Arnold, o seu guarda não era nada social.

-Há dezanove anos atrás, Arnold fora enviado por protetora do clã para a casa de um dos filhos do patriarca, Arnold era um bom e decidado soldado, e o mais importante sua esposa Anne Marie estivera grávida poucos meses antes, Lilith juntara o útil ao agradável.

Falar sobre Anne era desagradável, e a deixava sufocada, por sua causa a sua mãe fora asassinada.

-O recém-nascido precisava de cuidados, o médico afirmava que ela iria morrer em pouco tempo.A sua mãe a rejeitara, forçando a Anne a tornar se sua ama de leite. Eu nunca vi um casal amar se tanto como eles, e a dedicação deles por aquele bebé, fizera com que Lorde Casterwill os tornasse guardiões dela, Arnold a protegia dos inimigos, e Anne cuidava de todas as suas necessidades.-Respirou fundo, e observou as chamas da lareira,.-Eles tiveram uma filha chamada Evelyn, uma criança terna, carinhosa, amável, cativava todos à sua volta , incluindo a mim, era a minha melhor amiga, a minha irmã, e Arnold e Anne eram os meus pais, visto que os meus adoptivos me rejeitavam.

Nicole levantara se e tomou para si uma taça de vinho, engolindo o conteúdo de uma só vez antes de voltar a falar.

- Arnold era feliz, alegre, tinha sentido de humor, apesar das suas responsabilidades visto que cuidar de um bebé Casterwill não era fácil, sendo ela a primeira neta do patriarca, e rumores de que seria a futura herdeira de William.No entanto essa felicidade terminara...

Nicole fechara os olhos, apesar de ter aprendido que chorar era uma fraqueza, não fora o suficiente para controlar uma lágrima solitária, após uma pequena pausa.

-Anos mais tarde, a mansão fora atacada, queriam a cabeça de Monique Nunes, visto que ela era uma traidora, uma tentativa de espia para os Nunes, principalmente queriam dar uma mensagem aos Nunes e aos seus aliados, ninguém os espiava e sairiam vivos.Os homens de Richard Casterwill assassinaram Evelyn e Anne à nossa frente...

A sua voz tornava se dura e fria.
- Queriam nos dar uma mensagem, eu não seria a herdeira do clã, e Arnold não seria capaz de me proteger, visto que nem conseguira proteger a sua família da morte.Desde desse dia, Arnold dedica a sua vida a proteger-me e tornou se uma pessoa fria e sisuda.
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Beatrix_algrave

- E o que aconteceu ao senhor Arnold para deixa-lo tão taciturno?

Beatrix perguntou, tentando evitar chamá-lo de desagradável ou antipático. Comeu uma fatia de torta e esperou que Nicole contasse um pouco da história daquele homem.

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Lady_moon

-Sim, por parte de o teu pai, é uma longa história.-Nicole olhou para a prima envergonhada, não estava com receio de ser envenenada e sim pela possibilidade de Beatrix não ter um dom da cozinha, mas comprovara que a torta estava magnifica.-A Madalena está certa, muito boa.
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Beatrix_algrave

- É de pera. Coloquei um pouquinho de canela, só para dar um toque especial, pois essa especiaria é muito cara, mas vocês merecem.

Ela disse com um sorriso.

- Pode comer, Nicole, não está envenenada.

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Maria_madalena

Madalena aceitou contente a torta que Beatrix lhe ofereceu e encheu a boca com um pedaço grande.

- Hum... hum... está muito boa, é de quê? - perguntou entre dentadas.
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Beatrix_algrave

- Meu primo? Disso eu não sabia.

Beatrix comentou, com surpresa sincera, enquanto servia-se de um pedaço da torta de pera com amêndoas. Apesar da pressa com que fora feita, estava saborosa. Quando partiu a torta um cheiro bom de doce tomou aquele cômodo, o cheiro das peras carameladas com um toque de canela.

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Lady_moon

-Se é, considerando que ele é também teu primo por parte de pai.-Nicole murmurou e agradeceu o pedaço de torta.-Arnold é diferente, nem sempre foi assim tão antipático.

Nicole provou um pouco da torta com certo receio de morrer.
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--Demetrio

Demétrio concorda sobre a torta, mas a verdade é que a conversa com Nicole tirou-lhe a fome. Ele sente-se indesejado, mas como não pode sair dali, prefere o silêncio em meio a companhia daquelas damas que o deixam perturbado.

Ele que pensou que seria bom estar cercado de tão belas mulheres, agora se arrepende da insistência em estar ali.

Beatrix_algrave

- Talvez dizer que gosto dele seja um pouco exagerado, contudo eu não o odeio, então isso já é uma melhora considerável.

Beatrix diz a rir, enquanto parte a torta e oferece um pedaço para cada um dos presentes, e leva um pedaço para Eduarda.

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Maria_madalena

Madalena limitou-se a ouvir o que a irmã e a prima conversavam. Não conhecera Arnold ainda, mas costumava partilhar dos gostos de Beatrix quanto às companhias de Nicole.

- Eu também aceito torta, estou esfomeada. - disse e passou as mãos pela barriga.
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Lady_moon

Nicole abriu a boca em estado de choque, piscou várias vezes os olhos incrédula com as palavras de Beatrix, ainda se recordava...

-Beatrix...se a minha memória não me falha, tu nem sequer podias ver Arnold à tua frente.-Nicole sorriu face às recordações do passado não tão distante.-Eu aceito um pedaço dessa torta.
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Lady_moon

-Ele está bem, rodeado de inimigos mas está a sobreviver.-Murmurou inconscientemente enquanto questionava se abria ou não a carta.-Temo que ele e os meus guardas estejam atrasados por causa da caçada.-Nicole sorriu ironicamente para Demétrio, mas olhou para Beatrix.-Provavelmente a embarcação atrasou se.
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Beatrix_algrave

- Tomara que seja isso. O senhor Arnold apesar de rabugento, é dos seus aliados o que mais gostei. Não gostaria que nada de mal acontecesse a ele.

Beatrix fala e vai dar uma espiadinha no peru que está assando no forno.

- Ainda vai demorar algumas horas, mas estou com fome. Vamos comer um pedaço de torta? A Eduarda já acordou?

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--Demetrio

Os últimas palavras de Nicole deixaram Demétrio tenso. Se ela soubesse que ele já esteve com Madalena na Casa da Babilônia ela certamente ia querer vingar-se dele. Ele não tinha medo de Nicole, mas ela não o enfrentaria de forma direta como ele estava acostumado, certamente ela prepararia uma armadilha e quando ele estivesse sozinho e adormecido poderia acordar cercado de mercenários que fariam coisas horríveis com ele. Disso ele tinha medo.

Ele achava que não tinha culpa se ao ver as belas donzelas ficava desejoso. Ele jamais faria algo que elas não quisessem, mas era feito de carne, era de fato um pecador.

A chegada de Beatrix quebrou aquele clima tenso, e ele sabia que ao menos diante da prima, Nicole não cumpriria aquelas ameaças. Mas as palavras duras de Beatrix talvez indicassem que ele não contava mais com a confiança e o favor dela.

Ele devia ser menos impulsivo, mas era difícil com donzelas tão belas e agora ainda por cima perfumadas.

Demétrio pensou enquanto sentiu o cheiro de rosas e flor de laranjeira.

Beatrix_algrave

Beatrix ficou feliz com a alegria de Madalena pelo presente. Ela terminou de se arrumar penteando os cabelos e só depois disso foi para a sala, onde encontrou Nicole, Demétrio e Maria conversando "amigavelmente". Ela não ouviu o que conversavam, apenas os viu sentados. Pela cara animada de Demétrio logo viu que ele e a prima estavam se "entendendo muito bem".

- Nada melhor que um bom banho para espantar o cansaço. É bom ver que estão reunidos aqui nesse dia festivo e tão amigavelmente.

Ela disse em um tom animado que parece sincero, apesar da flagrante ironia.

- E Nicole, será que Arnold está bem? Ele já não deveria ter chegado a essa hora?

Ela perguntou e enquanto guardava o pente de madeira em seu alforge e procurava o sabão cheiroso para dar a sua prima Madalena.

Beatrix estava limpa e agradavelmente perfumada, e Demétrio apesar da discussão com Nicole e Madalena não conseguiu ignorar isso.

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Lady_moon

-Eu tenho olhos Demétrio, e espero que continue apenas com olhares ou pensamentos, porque se tentar algo com elas, os meus homens irão mostrar te o que é um verdadeiro pecado.

Nicole sorriu cruelmente para Demétrio, ao mesmo tempo que divertia-se com as emoções do mesmo. Continuou o seu discurso apesar do olhar reprovador da sua irmã mais velha

-Não são viciosos mas tendem a desejar o proibido e o pecado, utilizando as falsas moralidades, tal como tu.
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Maria_madalena

Madalena entrou na divisão ainda a tempo de ouvir as últimas palavras de Demétrio. Lançou um olhar reprovador a Nicole, pois sabia que esta não perdia oportunidade de o assustar.

- Ora Demétrio, nesta casa, somos todos viciosos, uns mais outros menos. - o seu comentário não foi desprovido de malícia e apesar da reprimenda que dera a Nicole, Madalena não conteve aquela observação.

- Tenho a certeza que terás mais certezas disso quando voltares a ver a Beatrix. - disse-lhe em voz mais baixa e riu-se.
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--Demetrio

Demétrio olhou para Nicole com uma expressão que era mais assustada que raivosa. Diante daquele comentário ele agora tinha a certeza que Nicole era mesmo um demônio ou pelo menos uma bruxa, que lia seus pensamentos e agora usava os pecados dele para atormentá-lo.

- Eu, eu não fiz nada. Não sei do que está falando...

Ele disse e corou de vergonha por sua mentira. Afinal, já havia tocado em Madalena, e se a ruiva o permitisse o teria feito também.

- Deixe-me em paz, nem todos são viciosos como tu.

Maria_madalena

Madalena sorriu abertamente para a prima.

- Muito obrigada! - na sua voz havia entusiasmo genuíno.

Aproximou-se inesperadamente de Beatrix e depositou-lhe um beijo rápido na bochecha.

- Vou ver como estão o Demétrio e a Nicole. Aqueles dois não são melhores amigos, pela certa. Ainda se matam.
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Beatrix_algrave

- Imagine, eu ofereço com gosto e quero que aceite. Vai ficar toda cheirosa.

Beatrix disse e sorriu enquanto passava um pouco de óleo de amêndoas doces para desembaraçar os cabelos.

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Maria_madalena

Beatrix arrumou-se sozinha e Madalena não esperara menos. Sabia que a prima não era dada a atitudes demasiadamente luxuosas, afinal crescera num convento e estava habituada a lides militares.

À proposta da prima, os olhos de Madalena brilharam e as faces tornaram-se ligeiramente rosadas, não lhe ofertavam muitas coisas.

- Não será necessário, Beatrix. Afinal é um presente do teu irmão...
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Lady_moon

-Não acredito que sejas assim tão inocente Demétrio-Inquiriu com um olhar curioso.-Se o fosses.... não terias seguido o caminho militar, ou achas que não notei os teus olhares para a minha prima e a minha irmã, eu conheço muito bem olhares de luxuria. Meu caro, a luxuria é um pecado dos demónios.-Nicole riu se face à reacção de Demétrio.-O pecado bastante apreciado pelos simbólicos mortais.

Nicole levantou se, tomou para si a sua odre e a carta localizadas na mesa, voltou a sentar se, e continuou o seu discurso:

-Cada um à sua forma é um demónio, até mesmo elas, e principalmente tu...meu querido Demétrio.
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Beatrix_algrave

Beatrix enxugou-se e logo depois se vestiu. Não estava acostumada que a vestissem como muitas damas da sociedade que possuíam criadas exclusivamente para isso, então rapidamente, e sem ajuda já estava composta. Os cabelos ainda respingavam água e ela os secou com cuidado com a toalha, agora já vestida.

- Tenho um pedaço desse sabão cheiroso guardado que ainda não usei, se quiser posso dá-lo a você.

Beatrix ofereceu, agradecida pela acolhida, e também envergonhada, pois compraram tantas coisas na feira e ela esquecera de comprar uma lembrança de natal especial para a prima e anfitriã. Trouxera coisas para a casa e para arrumar a mesa, mas Madalena merecia um presente mais pessoal.

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Beatrix_algrave

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--Demetrio

- Caçada humana, em uma data sagrada como o Natal? Isso é coisa de demônios. Essa sua raça é de demônios do inferno que caíram na terra. E aposto que esses infelizes nem tinham como se defender, eram atirados aos cães como coelhos. É muita vileza reunida.

Demétrio disse com tanta revolta que quase ergueu-se novamente.

Ele pensou o quanto estaria ali indefesa com aquela megera, ferido e desarmado e sentou-se novamente.

- Não sei como pode ser parente de Dama Beatrix e de Dama Maria Madalena e daquela doce criança que trouxe consigo.

Maria_madalena

Madalena sorriu ternamente.

- O David Jr. não foi um prisioneiro fácil. Tens de sentir-te vitoriosa, afinal não sofreste as suas dolorosas bicadas. - disse-lhe com um tom brincalhão ao retirar uma erva do cabelo.

Com o sabão amarelado que Beatrix lhe entregara Madalena lavou-lhe com esmero os cabelos, demorando-se tanto no ensaboamento como na massagem, entrelaçando bem os dedos por entre as mechas ruivas.

- Gostei, o cheiro é realmente delicioso, muito agradável. - inspirou profundamente e soltou um suspiro de deleite, apenas para confirmar a sua aprovação à prima - Talvez um dia possas, Beatrix, também gostava muito de poder viajar e conhecer o mundo. Os marinheiros que chegam aqui ao Porto têm sempre tantas histórias para contar e aventuras... - a sua voz adquirira um tom sonhador - Qualquer dia parto com um.

Madalena gargalhou ante a improbabilidade da situação. Enquanto isso, Beatrix ia esfregando o corpo e retirando qualquer sujidade. Pôde então reparar com atenção pela primeira vez no corpo desnudado da prima, as sardas na região do colo e nos braços, o corpo bem definido e trabalhado, possivelmente uma consequência das actividades militares. Apesar disso, Beatrix não perdia os encantos femininos, sendo dotada de um farto busto e de umas ancas de fazer inveja a qualquer boa parideira. Madalena tinha certamente uma figura mais esguia. Visualizou apenas duas cicatrizes uma no ombro e outra um pouco acima da cintura. Estremeceu, não pela prima, mas por isso, aquela visão foi o suficiente para a recordar de como tinha sido brutalizada e de como as suas costas eram agora um testemunho disso.

Afastando-se um pouco, Madalena retirou uma toalha felpuda do armário e entregou-a à prima.

- Toma, seca-te, não quero que constipes.
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Beatrix_algrave

- Sim, parece que eu cai em um balde de temperos. Laurinda se estivesse aqui, riria de mim.

Ela comentou enquanto terminava de soltar os cabelos para que Madalena passasse um pouco de sabão neles.

- Gostou? Foi presente do meu irmão. Eu o vejo tão pouco, mas sempre que ele viaja ele dá um jeito de comprar uma lembrancinha e me enviar por algum mercador. Queria poder viajar tanto e conhecer tantos lugares quanto ele.

Ela disse enquanto esfregava em seu corpo um pouco da espuma que fez ao esfregar a barrinha perfumada em suas mãos. Ela lavou o pescoço o colo, e fez sua higiene com presteza, uma vez que a água quente do banho logo esfriaria. Embora fosse ótimo permanecer ali esse bem-estar duraria pouco.

O corpo de Beatrix não era assim tão sardento, mas havia várias manchas em locais específicos como na região do rosto e colo que eram mais visíveis e nos braços, talvez pela exposição ao sol. Mas de resto havia apenas um tom branco- rosado. Ela não era tão magra quanto parecia, pois tinha bastante busto e quadril, as pernas e os braços eram bem definidos graças aos exercícios militares. Não parecia haver marcas nem cicatrizes no corpo, mas no braço esquerdo havia uma cicatriz próxima ao ombro que era agora visível. Madalena divisou outra marca quando ela ergueu-se de costas, uma leve cicatriz no lado esquerdo, um pouco acima da cintura, talvez feita por uma espada ou punhal, talvez um acidente na infância. Era um corpo jovem, mas já tinha suas pequenas histórias.

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Maria_madalena

Após a tentativa fracassada de Demétrio em auxiliar Madalena com os baldes, a sua prima teceu um comentário em tom depreciativo. Estranhou aquele comportamento agressivo, mas pelo bem da estabilidade da ceia de natal absteve-se de fazer perguntas, limitando-se a carregar os baldes para o banho da prima.

Assim que tudo estava pronto, Beatrix fechou a porta e Madalena sentou-se numa das cadeiras disponíveis ao lado da lareira, aproveitando o momento para relaxar um pouco.

- Madalena, pode me dar uma ajudinha? - ouviu-se a voz de Beatrix através da porta.

Madalena sorriu e levantou-se, batendo à porta e depois entrando. O cómodo estava envolto em cheiros agradáveis, podia discernir o odor de rosas e flores de laranjeira.

- Hum, cheira tão bem... - comentou enquanto fechava a porta - Precisas de ajuda com os cabelos? - perguntou ao notar pedaços de ervas nos mesmos.

Aproximou-se e arregaçou as mangas, preparando-se para esfregar os cabelos cor-de-fogo da prima.
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Lady_moon

Beatrix tinha quase tudo preparado, e agora ocupava se em tomar o seu banho, e Madalena a ajudava de alguma forma, Eduarda estava no seu mundo imaginário, e Nicole estava aborrecida, decidida em atormentar o pupilo de Beatrix, sentou se ao lado de Demétrio, enquanto observava as chamas a crepitarem, e murmurou.

-No meu clã, o natal celebra se com uma tradição de gerações, uma caçada e um baile.O baile é fantástico mas aborrecido.-fez uma pausa.-No entanto a caçada é formidável, apesar de não poder caçar, adorava assistir de perto o olhar das vítimas, a forma como eram esquartejadas, ou como as lanças dos guardas atingiam a corpo da vítima.-Olhou nos olhos de Demétrio sadicamente.- O que aconteceu contigo, fez com que recordasse uma das caçadas, tinha eu 14 anos, um dos guardas cortara de tal forma a barriga de um jovem, as suas vísceras foram usadas para servir a ceia do clã do pobre coitado.-Sorriu ao relembrar aquele dia.- Na realidade, ele era bastante parecido contigo, estou a pensar seriamente em trazer a tradição da caça humana para Portugal, o que achas Demétrio?
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Beatrix_algrave

Beatrix fez o que Madalena disse, apesar de ter vontade de jogar um balde de água fria em Demétrio, por ele ter se comprometido a ajuda-la e agora estar ali sem nada fazer por conta do seu "ferimento de guerra". Mas o desejo de tomar um bom banho foi maior e ela com disposição e esforço levou os baldes para misturar água para um delicioso banho morno.

Demétrio ainda fez menção de levantar-se e ajudar Madalena com o balde, mas a dor ainda o incomodava e ele voltou a sentar-se.

Beatrix ainda aproveitou e fez troça dele.

- Não pode estar doendo tanto, já vi homens que a Nicole castrou terem ainda disposição para levantarem uma espada e lutarem. Isso não pode ser pior que um belo corte.

Madalena havia de perceber a agressividade de Beatrix com Demétrio, que se aproximava agora com a mesma "gentileza" devotada a ele por Nicole.

Depois de levar os baldes com a ajuda de Madalena, Beatrix foi até seu alforge de viagem, pegou um vestido limpo e foi tomar o seu banho.

Ela agradeceu a prima, fechou a porta e despiu-se, entrando na banheira. Ficou surpresa ao ver que havia pedaços de ervas e tempero até nos seus cabelos e por isso chamou Madalena para ajuda-la a lava-lo com um pedaço de sabão de óleo de amêndoas e laranjeira, um presente que o irmão William teria lhe enviado junto com um vidro de água de rosas, segundo ele, adquiridos em Veneza. O pedaço de sabão tinha um curioso tom amarelado.

- Madalena, pode me dar uma ajudinha?

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Maria_madalena

Madalena sorriu para Beatrix.

- Anda comigo, vou mostrar-te a banheira.

Atravessou a divisão e entrou por uma porta estreita que dava para uma divisão extremamente pequena. No centro, uma banheira de madeira, do lado direito uma cadeira e um armário.

- Vamos precisar de enchê-la com água quente e depois temperar com fria. - disse ao apontar os baldes que estavam ao lado esquerdo - Não temos o Demétrio para nos ajudar nesta tarefa agora, mas acho que conseguimos sozinhas.

Mal acabou de falar, Madalena pegou num dos baldes e foi recolher água ao caldeirão que estava sobre as chamas na lareira.
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Beatrix_algrave

- Pena que não posso dizer o mesmo do atacante dele. Talvez mais algumas bicadas dessem juízo ao Demétrio.

Ela disse e sorriu.

- Madalena, preciso urgente de um banho, pois não passei incólume por esse batalha. Por Jah, como estou cansada.

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--Demetrio

Demétrio só ouviu as palavras de Madalena, acompanhando suas insinuações e piscadelas com sua timidez habitual. Mesmo se não houvesse o acidente, ele não poderia ter nenhuma intimidade novamente com Madalena, ainda mais com Beatrix e Nicole por perto.

Por outro lado ele lamentava que Beatrix não se insinuasse para ele como Maria...Se estivessem apenas as duas com ele ali...A ruiva e a morena...

Ele jamais proporia algo assim, mas imaginar não era proibido.

Ele fechou as calças e ficou perto do fogo para se secar, pois agora que ele estava repousando, sem o calor do esforço físico sentiu frio.

--Demetrio

Demétrio apenas ouvia em silêncio o que Madalena lhe dizia. A maneira com que ela o travava e as coisas que dizia o deixavam um pouco perturbado, um tipo de perturbação que ele não poderia ter no momento.

Aquilo seria uma tortura, ficar ali talvez por dias, e impossibilitado. E se ele nunca mais pudesse fazer nada com aquela região?

Esse pensamento era desesperador.

- Imagine, não lhe darei esse trabalho, sararei logo ou então vou a pé, em uma carroça, de qualquer jeito.

Maria_madalena

Madalena encolheu os ombros.

- Devias ser cuidadoso. - apontou com o dedo para a região das calças de Demétrio que estava agora molhada pela neve derretida e disse - Tens que estima-lo, sei que te faz falta.

Piscou-lhe o olho e voltou-se para observar Beatrix nas tarefas culinárias. O peru já depenado permaneceu de molho uma hora mergulhado num balde com cerveja sendo que depois, já na travessa, foi ao forno. Madalena estava atenta, apesar de não ter qualquer ideia de se entregar a tarefas culinárias daquela envergadura.

Pelo final do trabalho, Beatrix estava suja e tinha um ar ligeiramente cansado. Era suposto Demétrio tê-la ajudado em algumas tarefas, mas o guerreiro havia tombado ante o peru. Pelo menos agora o prazer de comê-lo seria maior.

- Agora é com o forno. E o Demétrio, melhorou?

- O Demétrio está quase pronto para outra. - comentou Madalena e riu-se.
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Maria_madalena

Madalena lança um olhar discreto a Demétrio e diz-lhe:

- Ora essa, não tens que agradecer, afinal este tipo de assuntos são a minha especialidade.

Achando seguro, volta-se para ele e observa:

- Temo que vás ficar impossibilitado de viagens a cavalo nos próximos dias...
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Beatrix_algrave

De posse da garrafa, Beatrix encheu a caneca até a metade e segurando firme com uma mão o bico do peru, ela entornou ali um pouco da bebida.

O bicho fez um barulho esquisito ao sentir o líquido queimando sua garganta e fez glu-glus de protesto. Não podia sacudir as penas, pois estava amarrado. Assim, não foi difícil para Beatrix fazê-lo beber toda aquela caneca. Ela parou um momento, tomou um trago do whisky de Nicole para matar as saudades, e em seguida, deu um pouco da cerveja que restava ao peru.

Aquilo era alcool suficiente para nocautear facilmente uma ave daquele tamanho, e não demorou muito para que o peru desmaiasse de bêbado.

Então Beatrix desamarrou o bicho cuidadosamente, estendeu o corpo sobre o toco de madeira e preparou-se para executar a pena capital de David Jr, condenado a morte por ser um peru rebelde e rechonchudo em uma véspera de Natal.

- Pelos poderes a mim conferidos, eu executo hoje essa ave com propósitos culinários.

Beatrix disse solene, e deu a machadada fatal. Ela colheu o sangue em um balde onde deixou a cabeça de David Jr. Depois de dispos na desagradável tarefa de depenar a ave. O corpo do condenado foi colocado em uma tina cheia de água fervente para melhor soltar as penas. E depois de depenado, Beatrix o levou para dentro, para ser lavado e tratado, tendo seus miúdos retirados para que depois de temperados, servissem de recheio.

Depois disso o peru foi mergulhado em um balde com o restante da cerveja onde foi temperado com muito gosto. Após uma hora de molho, o suculento peru foi colocado em uma travessa e posto no forno onde a lenha já crepitava, graças ao esforço de Demétrio.

Beatrix estava cansada e suja de sangue, ervas e tempero, pela sua batalha com o peru. Os doces e acompanhamentos já estavam prontos e ela agora precisava de um banho e de trocar de roupa.

- Agora é com o forno. E o Demétrio, melhorou?

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--Demetrio

Ao ouvir as palavras de Madalena Demétrio fica mais vermelho que um tomate, receoso que Maria vá espalhar sobre o encontro deles na Casa da Babilônia.

Ele abre a calça discretamente e sobre a roupa de baixo coloca a neve. O toque frio lhe dá uma sensação perturbadora e ele quer sair pulando dali, tentando acomodar a neve da forma menos dolorosa.

Aos poucos a sensação vai diminuindo assim como a dor, que vai cedendo e dando alivio enquanto a neve derrete.

- Obrigado, Maria. Ao menos alguém que se dispôs a cuidar de mim. Mas nessa situação eu teria vergonha até da minha mãe.

Lady_moon

Nicole olhou cética para Beatrix, torceu o nariz e entrou na casa, pegou numa das suas garrafas de whisky, voltou para perto de Beatrix e com lamento entregou lhe a garrafa.
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Beatrix_algrave

- Traz o whisky, o peru vai precisar de algo mais forte, esse é dos determinados.

Ela disse e aguardou sentada ao lado do peru.
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Maria_madalena

Madalena revirou os olhos e resmoneou em voz baixa:

- Ah Demétrio, como se eu já não tivesse visto. Não coloques isso durante muito tempo e em contacto directo, ainda acabas queimado.

Voltou-se então e levou a mão à boca, contendo o riso.
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Lady_moon

Nicole continuara na mesma posição enquanto observava Beatrix a preparar se para embebedar o peru maléfico, depois de servir duas canecas ao peru, Nicole notou que sua prima tomou para si a cerveja,revirou os olhos e murmurou para Beatrix.

-Beatrix, estás proibida de beber, precisamos de ti sóbria ou não haverá ceia.Em que posso ajudar te?
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--Demetrio

Demétrio olhou envergonhado para Madalena, pois teria que abrir as calças para pôr neve ali.

- Daria para a senhora virar-se um pouco enquanto ponho?

Ele pediu, pudico, entre um resmungo e outro de dor.

Beatrix_algrave

Beatrix deixou que Madalena tratasse de Demétrio, pois ela precisava tratar de David Jr, o peru. Ele precisava de boas doses de cerveja ou a carne daquele guerreiro implacável ficaria dura e o tempero não seria bem absorvido. Ela esperava contar com a ajuda de Demétrio naquela tarefa, mas ele agora ficaria um bom tempo fora de combate.

Seria um trabalho exaustivo, e precisava começar. ela tomou um balde limpo e o encheu de cerveja de onde tiraria as canecas para dar ao peru. Desamarrou-lhe o bico e ofereceu o precioso líquido. Talvez cerveja demorasse demais. Ela pensou e tomou duas canecas, antes de ir buscar o famoso whisky de Nicole para embebedar o peru.

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Maria_madalena

Madalena amparou Demétrio, tentando não ser esmagada pelo peso dele. Ele estava mais envergonhado do que alguma vez o vira, mas era impossível que o sorriso não lhe permanecesse no rosto. A situação era no mínimo caricata.

- Não te equilibres tanto em mim, se não encomendo outra bicada ao peru. - disse-lhe em tom de reprimenda.

Caminharam até ao interior da casa num passo lento e interrompido diversas vezes por gemidos sufocados de dor.

- Eduarda, o Demétrio magoou-se, deixa-o sentar aí. - disse à pequena assim que entraram na divisão.

Apoiou-o até à poltrona e depois afastou-se indo procurar algumas tiras de tecido. Voltou a sair de casa e retornou com neve envolta nas tiras de tecido estendendo-as a Demétrio.

- É melhor colocares isto.
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--Demetrio

A expressão de Demétrio não poderia estar mais desconsolada, ele não sabia se enfiava a cara no chão de vergonha ou se bancava o forte para não ficar mais humilhado ainda na presença das moças que já riam da situação dele.

Ao menos Beatrix não dissera nada sobre o beijo que ele tentara lhe dar.

Engolindo a vergonha e a dor ele aceitou a proposta de Madalena, pois temia que após a bicada do ser ignóbil seu membro viril pudesse inchar e depois cair como uma fruta podre. Essa ideia deu-lhe forças para ficar de pé e seguir com Madalena.

Maria_madalena

Madalena não conteve o riso ante a incoerência verbal e estado lastimável em que Demétrio se encontrava. O guerreiro forte, soldado experiente, ali tombado ante o ataque de um mísero peru.

- Um médico? Não é preciso médico algum. - Madalena ajoelhou-se ao lado de Demétrio, encarando-o de forma mais directa - Tenho a certeza que não será preciso um médico, pois não Demétrio?

Trocou um olhar divertido com Beatrix e Nicole e depois perguntou:

- Consegues levantar-te? Acho melhor colocar um pouco de gelo para que não inche muito. - Madalena gargalhou e continuou - Não queres perder o seu uso de forma irremediável...

Estendeu a mão e esperou que ele a aceitasse.
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Lady_moon

Nicole olhou para o peru e depois para Demétrio, não conteve uma bela gargalhada com a situação de Demétrio.

-Acho que não será necessário prima, o Demétrio é valente, ele aguenta a bicada.-Olhou mais uma vez para o peru.-Lindo peru!
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--Demetrio

Demétrio permaneceu no chão, a dor que sentia era lancinante demais para que ele pudesse contar o que sucedera, ao notar Madalena aproximar-se ele sentiu uma vergonha enorme. Ao menos Beatrix ainda não contara nada, mas a ruiva era geniosa, e estava ficando vingativa como a prima. Logo ela falaria e sua vergonha seria ainda maior.

Quando finalmente recuperou a fala, apesar de ainda sentir dor, ele formulou a primeira frase compreensível, em forma de impropérios contra seu atacante.

- Maldito peru!

Beatrix_algrave

Depois de deixar David Jr, o peru, imobilizado e completamente amarrado, Beatrix foi para junto de Nicole, Maria e de Demétrio, que estava caido.

- Sim, meninas, o peru fez mais uma vítima, ele deu uma bicada no... ele bicou entre as pernas de Demétrio, enquanto discutíamos. Chamamos um médico?

Ela disse sem noção do que fazer. Uma coisa era colocar um emplastro de gengibre no nariz de Maria, outra era colocar algo assim naquela região tão delicada.

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Beatrix_algrave

Beatrix ficou muito surpresa quando Demétrio puxou-a pela cintura e mostrou que tencionava beija-la. Se ele achava que ia se desculpar tentando seduzi-la, ele ia ter uma bela surpresa. Ela pensou enquanto preparava a caneca para acertar em sua cabeça, quando foi surpreendida pelo ataque certeiro de David Jr, o peru, que atacou as partes baixas de Demétrio sem dó nem piedade.

O homem soltou um grito e Beatrix largou a caneca assustada. Ao ver a cena de Demétrio caído e do peru vitorioso por ter feito mais uma vítima ela não sabia o que fazer. Se socorria Demétrio ou se amarrava o peru antes que ele atacasse mais alguém.

Ao ver que Maria já se dirigia ao Demétrio para socorre-lo, Beatrix partiu em direção ao ameaçador peru. Ela pegou a camisa de Demétrio que estava pendurada ali perto e atirou sobre a cabeça do animal, passando em seguida a imobiliza-lo pelas asas e pelas pernas. Amarrou bem o bicho com os pedaços da corda que ele bicara.

- Sua pena capital será executada, mas ao menos nesse caso, não te culpo.

Beatrix disse enquanto arrastava o animal e lançava um olhar reprovador para Demétrio.

- Pergunte ao Demétrio onde o peru o bicou, ele é a vítima.

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Lady_moon

Com receio de algum ataque, agarrou a sua adaga, obrigando Eduarda a ficar dentro da casa, Nicole seguiu a sua irmã, não esperando um Demétrio caído e o perú júnior solto.

Encostou se à parede da casa, ficando de frente para aquele cenário, esperando que sua prima Beatrix as elucidasse do que havia acontecido.
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Maria_madalena

Mesmo após aquelas palavras, Madalena tinha dúvidas que existisse algum Casterwill que não fosse cruel ou estivesse corrompido. Os que conhecera até então, com especial ênfase em Lilith e Adrian, eram demoníacos. Ficou descansada pelo facto do primo não aparecer naquele dia, não precisavam de problemas, contudo não o mostrou a Nicole, sorrindo-lhe assim que ela lhe sorriu.

O sorriso foi curto, o nome de Adrian uma sombra sobre as irmãs. A palavra amantes fez Madalena estremecer de alto a baixo e esta escondeu o olhar, encarando o chão. Já pensara sobre o assunto centenas de vezes, ultrapassara os problemas com o incesto, o adultério não lhe era algo estranho, sendo a maioria dos seus clientes casados, pairava apenas o desconforto por ser Adrian. Como poderia Nicole gostar dele?

Não chegou a vocalizar a questão, um grito intenso e doloroso fez-se ouvir. Madalena levantou-se de imediato preocupada com um possível ataque e correu para a porta, apenas para encontrar Demétrio dobrado sobre si mesmo, tombado no chão e com as mãos entre as pernas.

- O que aconteceu? - perguntou ao notar o peru solto e o olhar furioso de Beatrix - O peru atacou mais alguém?

À medida que falava, Madalena aproximava-se do local onde Demétrio estava deitado a choramingar.
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--Demetrio

Ciente de que havia aborrecido de verdade a Beatrix, Demétrio foi atrás dela antes que ela desse mais de dois passos com a caneca na mão, então segurou a ruiva pela cintura virando-a para si. Ele olhou Beatrix nos olhos e corou quando segurou no queixo da moça fazendo-a encará-lo também e inclinou-se para um beijo nos lábios rosados e macios da donzela.

O que ele estava fazendo afinal? Não esquecera a noite com Madalena e agora estava desejando uma noite com a ruiva também? Era assim que ele ansiava em proteger as donzelas?

Antes que Beatrix acertasse Demétrio com a caneca pelo atrevimento, algo aconteceu. O "criminoso" escapara e sacudindo suas penas pelo quintal, tomou carreira e atirou-se furibundo contra Demétrio passando pelas pernas do rapaz alto e forte, e bicando-lhe em uma parte bastante sensível.

O grito de Demétrio foi ouvido por Nicole e por Maria. Parecia que esfolavam alguém ainda vivo.

- AHHHHHHHHHHHHHH!

Demétrio caiu ao chão, se contorcendo de dor, enquanto o peru abrindo as asas, soltava um Glu-glu-glu vitorioso.

Lady_moon

Nicole riu se baixinho com a reacção de sua irmã, se ela não o conhecesse, também não iria acreditar que haveria um Casterwill demoníaco.

-Sim, é verdade. Talvez o poderás conhecer para comprovar a verdade.-Nicole fez uma pausa.-Afinal ele está a dever um presente, e não te preocupes, ele não aparecerá por cá.

Nicole concluiu com um sorriso, no entanto o seu sorriso desvaneceu, quando sua irmã mencionou o seu amante Adrian.

-Tudo depende do que estejas a pensar sis.Mas nada se passa com ele, Adrian é o Adrian.-Nicole murmurou serenamente.-Lamento que tenhas descoberto que somos amantes da pior maneira.

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Maria_madalena

Madalena relaxou por breves momentos, menos inquietada pelo facto da carta não ser de Adrian. Nicole parecia-lhe curiosa com a carta, a forma como a segurara e contemplara momentos antes dizia-lhe que não a esperava.

- Um Casterwill que não foi corrompido pelas trevas? - tinha a incredulidade estampada no rosto - Tenho as minhas dúvidas... - fez uma longa pausa, parecendo ganhar coragem e questionou-a - O que se passa com o Adrian? É o que eu estou a pensar?
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Beatrix_algrave

Ao ouvir as recomendações e preocupações de Demétrio em relação a Nicole, Beatrix ficou aborrecida. Ela o ouviu em silêncio mas sua expressão mostrava isso.

- Sei o que pensa sobre a Nicole, mas isso é muito injusto. Em primeiro lugar, eu não sou assim tão influenciável, e se há algo que não gosta em meu comportamento, isso é de minha livre escolha, não tem nada a ver com Nicole. Eu estou com problemas, mas esses vem dos Casterwill, e não dela. Eles me odeiam por ser uma Nunes de Aragão, por que minha mãe abandonou um Casterwill no altar e não por que Nicole é minha prima e estou aqui com ela e a irmã. Você não sabe de muitas coisas sobre mim, Demétrio. Em minha companhia você corre perigo, e isso não é pela Nicole.

Beatrix disse e recolheu a caneca ainda pela metade das mãos atônitas de Demétrio.

Enquanto os dois conversavam, o rebelde David Jr, bicava incessantemente a sua corda que já estava por romper-se. Esse criminoso certamente não queria pagar por seus crimes, e a todo custo buscava evitar sua execução.

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--Demetrio

Quando viu Beatrix se aproximando com a caneca de cerveja, Demétrio cessou de cortar a lenha e deixou o machado encostado perto de uma cerca e foi até Beatrix, sem notar seus olhares.

- Obrigado, senhorita.

Ele disse e pegou a caneca das mãos da ruiva e tomou um bom gole pois estava com sede.

- Estava com saudades da sua gentileza. Sei que ainda é uma moça doce e amável, apesar da má influência dessa Nicole.

Ele disse logo depois do gole com um sorriso, depois deu uma olhadela rápida em direção a casa e sua expressão se tornou mais séria. Ele continuou falando para Beatrix em voz baixa para só ela ouvir, pois temia que um dos empregados de Nicole o espionasse.

- Ela comentou algo sobre quem era aquele sujeito? Estou preocupado que estejam correndo perigo aqui. Sei que fica chateada quando falo da sua prima, mas sabe por experiência própria que desde que a conheceu só achou-se em confusão. Digo isso para o seu bem. Afaste-se dela enquanto é tempo.

Lady_moon

Nicole desviou o olhar da carta para concentrá lo na sua irmã, Madalena nunca mencionara o nome do seu tio depois de descobrir a sua relação com ele.

-Não, era um velho conhecido, irias gostar de conhecê-lo irmã.-Nicole murmurou inconscientemente, encarando Madalena.-Um dos poucos Casterwills que não fora corrompido pelas trevas.
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Maria_madalena

Após as compras na feira, retornaram à casa da colina para preparem a ceia de Natal e conviverem nas horas que antecediam aquele momento. Beatrix prendeu o peru no exterior e Madalena observou o processo com atenção, queria certificar-se de que o animal não fugiria, as pequenas pontadas de dor que aquela bicada lhe provocara uma constante lembrança de como aquele bicharoco merecia uma morte dolorosa. Beatrix ocupou-se da cozinha, preparando o almoço e a ceia natalícia, Madalena, Nicole e Eduarda, permaneciam sentadas, observando e conversando. Demétrio estava no exterior limpando a neve que cobria os caminhos, sempre tentando mostrar-se prestável.

Madalena tinha os olhos postos na pequena Eduarda que brincava com a boneca, não conseguia de deixar de se sentir conectada com ela, apesar de não a conhecer há muito tempo. Tinha a sensação que devia ser mais cautelosa naquelas aproximações sentimentais, mas ao mesmo tempo estava desejosa de se entregar aos cuidados da irmã mais nova. Com estes pensamentos mal se apercebeu da conversa que Nicole iniciara com Beatrix, a voz delas apenas ruído de fundo. Foi apenas à menção de Óbidos que Madalena olhou intrigada para a irmã, perguntando-se se esta estaria a mencionar aquele assunto propositadamente.

Fingiu um sorriso quando a prima mencionou as características do vinho e de como caíra em sono profundo. Madalena lembrava-se perfeitamente daquele dia, lembrava-se ainda com mais nitidez do que acontecera enquanto Beatrix estivera desmaiada. Permaneceu calada, entregue àqueles pensamentos que a tinham corrompido desde então. Não voltara a abordar aquele assunto com a meia-irmã, mais por necessidade de negação da verdade e não porque não estivesse interessada. Sabia que os Casterwill eram pecadores, mas aquela relação amorosa deixava-a nauseada. Se pelo menos fosse outro Casterwill...

Beatrix ausentou-se, alegando a necessidade de verificar como o Demétrio se estava a sair com a lenha. O som do machado a bater contra a madeira constante como o bater de um relógio. Foi então que reparou na carta que Nicole segurava, uma serpente cobria o selo carimbado e Madalena não conteve a pergunta:

- Adrian? Era ele no mercado? - os seus olhos estavam presos no rosto dela.
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Beatrix_algrave

- Sim, eu comi vários croquetes, mas isso não me ajudou muito. Só fiquei com pena pois perdi o jantar e o baile. Imagino o que não ficaram falando de mim pelas costas.

Ela comentou um pouco triste, mais pelo baile que pelas fofocas, pois com isso ela pouco se importava.

- Vou lá fora ver como Demétrio está se saindo com a lenha.

Ela disse e deixou a cozinha, indo ver como Demétrio se dedicava às tarefas para ajudar na preparação da ceia natalina.

Quando Beatrix chegou ao lado de fora da casa, notou a pouca distância, Demétrio segurando o machado e cortando vários pedaços de lenha. O rapaz estava sem camisa, e exibia o belo físico despreocupadamente.

Ele parou um instante para enxugar o suor que lhe escorria do rosto. O trabalho braçal havia expulsado o frio, apesar de que ainda havia neve em decorando as árvores e o chão com o tom branco da estação.

Beatrix entrou novamente e achou por bem pegar uma caneca de cerveja e levar até Demétrio, que apesar de tê-la aborrecido com suas desconfianças em relação a Nicole, estava se mostrando bastante prestativo.

Ao chegar mais perto, Beatrix não conseguiu evitar de dar uma boa olhada nos músculos de Demétrio, que agora parecia estar mais à vontade na companhia das damas.

- "Mas esse Demétrio está um espetáculo".

Beatrix pensou mas não disse nada.

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Lady_moon

-Realmente não vais querer saber.-Nicole murmurou sem qualquer traço de diversão, aquela noite lhe trazia más recordações.-Foste derrubada por alguns copos de vinho nobre.Dona Beatrix, chegaste a petiscar alguma coisa antes de beberes?Um dos guardas do meu avô, sempre me dissera para beber após ter me alimentado, assim haveria menos possibilidade de fazer alguma loucura.

Questionou Beatrix enquanto retirava a carta que o seu primo lhe dera do seu bolso, a serpente cobria o selo carimbado, John mencionara a queda do leão, mas os Casterwills não era meros leões e sim serpentes.
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Beatrix_algrave

- Nem quero saber o que vocês andaram aprontando na minha "ausência". Mas aquilo foi muito estranho. Eu já bebi bem mais, e coisas mais fortes do que o vinho suave de Óbidos, gosto de vinhos mais carnudos e intensos, com aromas de frutos vermelhos e plantas silvestres. Mas acho que essa suavidade é que me derrubou. Nunca cai em um sono tão profundo.

Beatrix leva a mão a cabeça quando lembra da dor que sentiu quando acordou no dia seguinte.

- Mas aquele vinho era maravilhoso, com aquela cor rubi, aroma frutado e um sabor tão suave.

Beatrix suspira, relembrando o sedutor cruel que a derrubou.

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Beatrix_algrave

- Embebedar o peru e depois aí sim, matá-lo. E o forno precisa estar bem quente, por isso o Demétrio está lá fora cortando lenha. Assei uma torta para nosso almoço e logo mais será a morte do peru.

Betrix disse ansiosa, como se já saboreasse a carne suculenta do peru assado.

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Lady_moon

-Por mim tudo bem, quem é a cozinheira és tu.O Arnold está a demorar demasiado.-Nicole recordara se de algo e riu-se, apesar do que acontecera com sua irmã e o Adrian.-Bea como te sentes após a tua bebedeira em Óbidos?Foi uma bela noite...
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Lady_moon

No interior da casa da colina, Nicole ponderava se abria a carta ou não, no entanto a olhar para a sua irmã mais velha questionou a si mesma se deveria conversar com a mesma sobre a sua recente descoberta sobre Nicole e Adrian.

-Qual o próximo passo Beatrix?Matar o perú?
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Maria_madalena

Madalena encolheu os ombros.

- Se é para nosso único e exclusivo prazer, não para o bem dessa peste, usa uma cerveja boa. - passou a mão suavemente pelo nariz já inchado e acrescentou - Com ou sem cerveja boa Beatrix, tem de ser uma morte cruel, quase me desfigurou esse animal!
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Beatrix_algrave

Depois das compras de Natal terminadas, Nicole, Maria Madalena, Eduarda, Demétrio e Beatrix deixaram a feira e retornaram para a casa da colina, onde a preparação da ceia de Natal deveria começar.

Agora já passava das nove da manhã e o sol começava a esquentar um pouco aquele dia frio, mas não o suficiente para derreter a neve que havia caído aquela madrugada.

Demétrio ofereceu-se para limpar a entrada da casa de Madalena com uma pá e um pouco de sal.

Como o dia esquentara e o esforço era grande ele tirou a camisa, e ficou com o torso nu, enquanto fazia o serviço. Ao menos o trabalho ajudava a esquentar um pouco aquela friagem. Assim que terminou, ele se dispôs a cortar lenha para alimentar o forno onde assariam a ceia e em especial o peru.

Beatrix amarrou o bicharoco no quintal enquanto se ocupava de outras tarefas na cozinha, preparando as sobremesas para mais tarde e algo mais simples para o almoço, pois logo todos estariam com fome.

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Beatrix_algrave

- Mas se embebedarmos ele com cerveja ruim não vai ficar tão gostoso. Deixa pelo menos com uma cerveja razoável e não sejam sovinas. Ele vai beber pouco e logo cai, daí ele perderá essa cabeça bicadora de Casterwills.

Beatrix disse e sorriu.

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Maria_madalena

Madalena abriu a boca, fingindo-se incrédula:

- Eu? Má? Deves estar a confundir-me com alguém. - deu um ligeiro encontrão em Nicole e gargalhou.
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Lady_moon

Nicole riu-se e abanou a cabeça em descrença, desconfiava de qual bastardo ela referia.

-Big sis, não sejas má.-fez uma pausa e murmurou.-Concordo com a Maria, compra a pior cerveja que existe
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Maria_madalena

Madalena revirou os olhos ante o comentário de Nicole:

- Acho que deveríamos testar com mais uns bastardos Casterwill. - a sugestão não era de todo inocente pois Madalena pensava em Adrian. Como adoraria vê-lo a ser bicado por aquele peru.

Seguiu Beatrix com o olhar enquanto ela se afastava e ia comprando alguns itens pelo caminho.

- Não lhe dês cerveja da boa, Beatrix! Não quero essa peste embebedada com boa cerveja! - o tom de Madalena era sério, abriria uma excepção se o peru por ventura aceitasse torturar Adrian, como essa proposta lhe parecia remota, desejava que o bicharoco tivesse uma morte cruel e lenta.
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Eduarda_nunes

Eduarda sorriu timidamente para ambas, e escolheu uma das bonecas, não era a mais bonita, mas algo nela a encantara, agradeceu à sua irmã Madalena.
Nicole cumprira o que lhe tinha dito, ela aparecera momentos depois, não sabia se deveria perguntar o que se passava. Eduarda concentrara-se na sua boneca, decidiu deixar a conversa e o perú para os adultos.

Eduarda riu se com o ataque do perú contra a sua irmã, a partir daquele momento achou o muito, e tinha pena de o ter de comer. Talvez....
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Beatrix_algrave

Beatrix continuava caminhando e deu alguns dos pacotes de compras para Demétrio carregar. Assim que ele voltou da barraca onde vou encomendar a cerveja.

- Ele vai perder a cabeça mas ao tempo certo. E com a barriguinha cheia de cerveja, nem vai saber o que lhe aconteceu.

Ela disse com um sorriso para Nicole e Madalena.

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Beatrix_algrave

Beatrix continuou conduzindo o peru pela corda.

- Olha, não vá dar ideias ao David, que da próxima vez ele pode inventar de querer te morder o nariz também. Quando voltarmos preparo algo para pores sobre o nariz, mas acho que ainda assim vai inchar um pouco.

A ruiva disse e foi caminhando pela feira. Parou em uma barraca que vendia ervas e especiarias de vários tipo. Ela comprou tudo que precisaria para temperar o peru e para fazer um emplastro para o nariz de Madalena.

Beatrix indicou ao Demétrio uma barraca mais adiante para que ele comprasse bastante cerveja e mandasse entregar na casa de Madalena.

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Lady_moon

Nicole engoliu em seco com a menção do gosto do perú por Casterwills,e olhou séria para o mesmo.

-Talvez só goste de sangue bastardo.-Retorquiu para a sua irmã divertida.-Beatrix não seria melhor cortar a cabeça do David Jr?

Nicole trouxe Eduarda para perto de si, com receio de um ataque contra a sua irmã mais nova.
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Maria_madalena

Com tanto alvoroço, Madalena nem se apercebeu de Demétrio ter retirado a espada para a defender do malvado peru e foi apenas quando Beatrix se dirigiu ao militar, repreendendo-o pelo comportamento exagerado, que a meretriz tomou conhecimento da situação.

Procurou não olhar em torno pois saberia que apenas encontraria pessoas com um ar risonho e já estava suficientemente constrangida. Nicole, Eduarda e Beatrix tinham-se divertido imenso com aquela querela entre si e o diabólico peru e, apesar de embaraçada, Madalena não conteve um sorriso que apenas lhe fez doer o nariz e logo se transformou numa careta de incómodo.

-Bebe sis, vais precisar de muito vinho para compensar o futuro nariz grande e vermelho.- disse-lhe Nicole com um ar divertido ao estender-lhe o seu novo odre.

Madalena aceitou prontamente o odre mas não sem antes lançar um olhar de reprimenda à sua irmã. Uma nariz vermelho e inchado não era brincadeira nenhuma.

- Brinca, brinca... - disse-lhe num tom sarcástico imediatamente antes de beber um longo trago - Faz cuidado com o peru, a mim mordeu-me o nariz a ti pode morder-te noutro lado... - olhou de soslaio para o animal e continuou - Olha bem para ele, ainda está furioso e algo me diz que tem apetência para Casterwills.

À sugestão da prima, Madalena anuiu de imediato, feliz com a ideia de ver aquele peru pelas costas.

- Sim, leva o David com penugem daqui para fora. Agora só o quero ver sem cabeça e no meu prato. - abanou a cabeça de um lado para o outro, parecendo reflectir e acrescentou - O outro David nunca me mordeu, eu bem disse que este peru tinha personalidade.
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Beatrix_algrave

- Ai! Que espetáculo estamos a dar.

Beatrix disse e riu pondo as mãos na cintura. Ao ver Demétrio sacando a espada o olhar dela foi de censura e espanto.

- Está achando que o peru é algum perigoso guerreiro encantado? Não vá me estragar o jantar, Demétrio. Guarda essa espada.

Ela disse e continuou a rir. Só faltava Demétrio achar que o peru era algum Casterwill disfarçado.

- Vamos lá David Jr. Vou seguir com ele, antes que essa fera assassina os mate a bicadas.

Ela disse ainda rindo.

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--_narrador_

Demétrio ficou apenas assistindo a cena. Ele não estava plenamente seguro de que estavam ali livres de ameaça, e procurava se manter sério e atento. Até que o peru atacou Madalena e ele sacou da espada, mas foi detido por Beatrix. O peru sacudiu as penas revoltado, e esticou o esticou o pescoço e deu uma bicada na perna de Demétrio, que felizmente testava protegido pela bota.

O vendedor ficou rindo a um canto, com medo de que as frequesas percebessem. Quase enfiou a cara entre os perus para se esconder, pois a vontade era se rir às gargalhadas.

Lady_moon

Nicole ficara pensativa, Arnold sabia cuidar de um animal, afinal sempre Nicole e Evelyn conseguiram sobreviver quando Anne tinha de viajar até à cidade vizinha, apesar de atrapalhado com as tarefas nunca deixas as duas pequenas passar fome.

-Arnold está a cuidar dele, se eu e a Evelyn sobrevivemos na mão dele, o animal também consegue.-Franziu a testa, após ter dado uma informação taboo sobre o seu passado.-Well, tu não comeste verdadeiramente o Dvd, e não é nada majestoso, imagino que consigas comer o perú.

Nicole riu-se ao recordar se das queixas feitas pelo David, após a sua irmã tirar lhe o seu bem precioso.Sua irmã parecia encantada com o comportamento do perú, e Eduarda encantava se com a sua nova boneca, Nicole abanara a cabeça, se o Dark estivesse por ali encantaria no vinho ou até mesmo no perú, "Que raio de família eu tenho", pensou.

A bicada do perú no nariz a fizera perder o controle do seu comportamento perante a sociedade, Nicole dera várias gargalhadas, tentando conter se alguns segundos depois, Eduarda a acompanhava nas gargalhadas, ironicamente Eduarda divertia se com o mal dos outros.

Após o ataque de histerismo de Madalena, Nicole entregou lhe a sua odre.

-Bebe sis, vais precisar de muito vinho para compensar o futuro nariz grande e vermelho.-Nicole olhou para a sua irmã divertida.
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Beatrix_algrave

Apesar das preocupações e da sensação de intriga que ainda pairava, Beatrix tentou também dar um clima mais leve à situação e diante das palavras de Madalena, sorriu.

- Ah! Madalena, não vá se apaixonar pela ave que temos que matar e comer. Você vai ver que quando estiver belamente assada sobre a mesa que parecerá ainda melhor.

E que presente é esse que Eduarda ganhará? Fiquei curiosa também.

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Maria_madalena

Madalena aproximou-se do peru com o intuito de provar à prima a inteligência e conduta exemplar do animal. Ele permaneceu imóvel, os pequenos olhos amarelos fixos em si e a cabeça ligeiramente inclinada.

- Vejam, é uma criatura adorável. E tem umas penas tão bonitas... - suspirou numa voz enlevada.

Confiante, Madalena inclinou o tronco e esticou a mão para fazer umas festas na cabeça do peru. Astuto o animal deixou-a aproximar-se e assim que Madalena estava próxima o suficiente bicou-lhe a ponta do nariz num gesto rápido.

- Ai! Ai! - gritou enquanto levava a mão ao rosto e se voltava a erguer - Diabo do animal!!

O peru encheu o peito e sacudiu orgulhosamente as asas encarando-a de forma desafiadora.

- Seu desgraçado, não estivéssemos longe de casa e abria-te já aqui a goela. - disse ao mesmo tempo que colocava a mão sobre a perna direita para palpar o punhal que sempre a acompanhava - Prima, será um prazer comer este peru e espero que lhe dês a morte dolorosa que ele merece.

Além do nariz vermelho, Madalena tinha também as faces coradas.
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Maria_madalena

Naqueles breves momentos que Nicole lhe demorou a responder pensou em todos os segredos e intrigas que a irmã lhe escondia. Apesar de terem uma relação afável e cordial era óbvio para Madalena que havia um mundo e uma Nicole que ela não conhecia. Tinha o desejo de terminar com os segredos e ao mesmo tempo tinha medo de se arrepender. O conhecimento podia ser um fardo pesado.

Madalena suspirou, tentando afastar aqueles pensamentos incomodativos e sorriu para a irmã.

- Precisamos de comprar leite, ou o presente da Eduarda vai morrer antes de ser entregue.

Fez um trejeito divertido ao tentar decifrar qual o animal que Nicole escolhera para Eduarda e o seu sorriso tornou-se muito mais quente à medida que o peito se enchia de afectividade.

- Onde o deixaste? - perguntou em voz muito baixa para ter certezas que Eduarda não as ouvia - Se ficou fechado num dos sacos... nem o leite o salvará.

Beatrix retornou com o peru amarrado pelo pescoço com uma corda. O bicharoco, agitado e nervoso, sacudia as asas com alguma violência e assumia uma posição ameaçadora avolumando as penas. Acabou por se acalmar seguindo Beatrix tal como um cão fiel segue o dono.

- Vamos conseguir comê-lo? - perguntou compadecida do animal que lhe parecia tão bonito - Começo a achar que devíamos ir buscar o David, ele não é tão majestoso quanto esse peru.
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Lady_moon

Não sabia o que responder à sua irmã mais velha, nem ela mesma sabia, no entanto tinha plena noção da guerra que Inglaterra e Aliança Céltica protagonizavam, mas não sabia se os Casterwills estariam envolvidos, apesar destes quererem a sua cabeça, Nicole continuava a preocupar-se com os seus familiares e a sua guarda.

-Está tudo ótimo. Não poderia estar melhor.- Nicole murmurou, a última frase era verdade, tinha consigo a sua verdadeira família e a sua inimiga estava com os dias contados, eram bons motivos para festejar. Sorriu ternamente para Maria, e observou a compra de Beatrix.- Precisamos de comprar leite, ou o presente da Eduarda vai morrer antes de ser entregue.-Murmurou baixo para Madalena, irritada consigo mesma por se ter esquecido daquele pormenor.
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Beatrix_algrave

Diante da insistência de Madalena em dar um agrado a irmã recém conhecida, Beatrix deixou com que Madalena pagasse a boneca escolhida por Eduarda. Beatrix estava com o pensamento longe dali, imaginando se fizera bem em seguir o conselho de Demétrio quanto a Nicole.

Beatrix pensava que aquela aparição certamente tinha algo a ver com os Casterewill. Certamente quando estes estavam ausentes, mesmo assim se faziam presentes de algum modo, mesmo que fossem através de um mensageiro ou das preocupações que a perturbavam.

Beatrix só sossegou um pouco quando Nicole retornou. Mas a expressão de seu rosto não tinha mais a mesma alegria e vivacidade de sempre.

Notou Madalena interpelando a irmã, mas não quis ouvir e ser inconveniente. Não sabia mais até que ponto deveria se intrometer nos problemas dos Casterwill. As vezes ela se sentia como uma ovelha passeando com lobos. O que ela esperava afinal?

- Vou tratar do nosso peru.

Ela disse e se aproximou da gaiola desejada. Demétrio a seguiu como uma sombra, enquanto ela acertava o preço com o vendedor.

Longe de Maria e Nicole ela começou a regatear o preço, até obter aqueçe que considerava mais vantajoso. Voltou para perto das duas já com o peru eleito amarrado pelo pescoço com uma corda, como se levasse para passear um cão ou um carneirinho comprado na feira. Inicialmente o bicho estava agitado e sacudia as penas e inflava o peito e o gogó avermelhado, mas logo depois acalmou-se.

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Maria_madalena

Madalena observou Nicole com atenção e era notória a súbita mudança de humor, o seu rosto transparecia confusão e algum receio. Apesar de ter permanecido atenta a Eduarda durante todo aquele tempo, assistindo-a na escolha e dando-lhe atenção, mantivera uma vigilância apertada de Nicole e daquele estranho. Os seus esforços não foram recompensados e a meretriz não foi capaz ver o rosto do encapuçado nem encontrar qualquer traço ou marca que lhe permitisse fazer uma identificação. Sentia-se frustrada por isso.

Nicole trazia agora consigo um odre de vinho do qual bebia longos tragos e Madalena aproximou-se da irmã:

- Está tudo bem, Nicole? Pareces-me perturbada. - na sua voz havia curiosidade e preocupação.
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Lady_moon

Bastian evitara as suas perguntas, deixando uma Nicole confusa e temente, a dúvida persistia na sua mente, seria verdade que Elisabeth, aquela que a forçara ao exílio estar doente. Nicole comprara uma odre com um bom vinho do Porto, precisava de melhorar o seu humor antes de reencontrar as suas irmãs e a sua prima.
Recordara se que Sebastian esquecera se de entregar lhe o seu presente, talvez o tivesse entregado em Alcácer, pensou.
Pouco tempo depois, encontrou os seus acompanhantes, ainda rodeados pelos perús.

-Bela boneca Eduarda.-Sorriu para Eduarda enquanto bebia o vinho da sua nova odre.
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Maria_madalena

Madalena ainda olhava os perus quando ouviu a voz de Eduarda chamar por si, focou-se na pequena e tomou-lhe a mão sorrindo.

- Sim, claro, escolhe a que quiseres. - apesar da naturalidade com que o disse, incapaz de resistir aos olhos brilhantes da irmã mais nova, a meretriz estava preocupada com Nicole.

Segurou Eduarda junto a si enquanto procurava Nicole entre a multidão, acabando por avista-la ao pé de um homem encapuçado e vestido de negro. Beatrix pareceu relaxar nesse momento e Madalena também o fez, observando que Nicole apenas conversava com aquele homem. Demétrio sussurrou algo à sua prima em voz baixa o suficiente para que Madalena não conseguisse perceber.

- Não, Beatrix, deixa-me pagar a boneca da Eduarda. - disse-lhe ao reparar que esta se preparava para tirar as moedas do alforge.

Mais tarde perguntaria a Nicole quem era aquele homem.
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Eduarda_nunes

Eduarda gostava da presença de Demétrio ao contrário de sua irmã, franzira o sobreolho quando sua irmã Nicole desaparecera entre os transeuntes, olhou para Demétrio como se este pudesse lhe dar uma resposta para o comportamento de sua irmã, sem acreditar que o pudesse ajudar, e com a oferta de um presente de Nicole, Eduarda procurou sua irmã Madalena.
Apesar de ser tímida, Eduarda não iria perder a oportunidade de ter uma boneca como as que vira à pouco. Dirigiu se até à sua irmã mais velha, e tomou a sua atenção.

-Madalena, podes comprar uma daquelas bonecas por favor? A Nicole desapareceu e disse que vocês poderiam comprar algo que eu quisesse que ela iria pagar vos quando voltasse.- Eduarda murmurou com os olhos a brilhar e com as bochechas coradas.

Eduarda_nunes

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Beatrix_algrave

Beatrix se surpreendeu com a ausência repentina de Nicole. Ainda virou-se a tempo de ver que ela dizia algo para Demétrio, enquanto seguia um desconhecido de manto negro. Não dava para ver quem ele era e se Beatrix já o havia visto antes.

Ela passou a mão discretamente no cabo de sua espada, e chegou a dar um passo na mesma direção de Nicole, mas foi detida por Demétrio, que segurou-a gentilmente pelo braço e murmurou em voz baixa em seu ouvido.

Demétrio: - "Deixe-a, isso é coisa particular".

Demétrio encarou-a com uma expressão de mistério, como se tivesse algo a falar mas não queria dize-lo naquele momento.

Beatrix ficou sem saber se isso era ainda fruto da implicância dele com Nicole ou se deveria fazer o que ele pedia.

Antes que ela tomasse uma decisão, a voz de Eduarda a interrompeu com o pedido pela boneca.

Beatrix imaginou que se Eduarda estava tranquila a ponto de pedir um presente em vez de partir atrás da irmã é porque não seria nada demais, ou que ao menos ela não estava em real perigo. Assim, Beatrix tentou relaxar e respondeu a Eduarda.

- Pode escolher a boneca que quiser.

Ela disse e levou a mão à bolsa. Naquele momento Demétrio deu-se conta que ainda a estava segurando pelo braço e largou-a envergonhado.

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--Demetrio

Demétrio foi surpreendido pelo pedido de Nicole. Não soube dizer a princípio se ela falava a sério ou se mais uma vez zombava dele. Mas ela certamente não precisava pedir duas vezes que ele protegesse as donzelas, pois aquela era sua missão.

Ele ficou sério e concordou com um aceno de cabeça, enquanto viu Nicole se distanciar.

Assim que ela foi em direção ao estranho, ele percebeu que Beatrix havia notado o sumiço da prima. Ele não podia permitir que mais uma vez ela se arriscasse por Nicole, e a conteve, evitando alarde, segurando-a com firmeza mas sem machucar.

- Deixe-a, isso é coisa particular.

Ele sussurrou em seu ouvido, para que a jovem irmã de Nicole não percebesse o que se passava.

Demétrio ficou mais tranquilo quando notou que Beatrix finalmente ouviu a voz da razão e aceitou um conselho seu. Ele quase suspirou de alivio e esqueceu sua mãe ali presa no braço da ruiva.

Quando ela o puxou para que ele a soltasse, Demétrio ficou vermelho de vergonha e abaixou a vista.

Lady_moon

Apesar da sua felicidade por estar reunida com os seus parentes mais importantes, a aura natalícia não a atingia, comprara os presentes necessários, trouxera a sua boa disposição e o mais importante não convidara os seus parentes paternos.

A movimentação na feira tornara se algo atractivo para Nicole, apesar do seu bom humor, não tinha vontade de escolher um perú, encolheu se no seu casaco, enquanto sua irmã e sua prima conversaram animadamente, Eduarda parecia deslumbrada com umas bonecas, e com o espírito natalício, Demétrio continuava a olhar para Nicole de lado, afirmando o seu desgosto pela sua presença, em outro momento, Nicole o provocaria como fizera na Casa da colina, mas naquele momento o seu olhar estava vidrado para um homem desconhecido envolvido num manto negro lhe conhecido, a sua curiosidade e o seu instinto de protecção foram atiçados.
O suposto homem desconhecido a encarara, Nicole sentiu um arrepio na espinha, para a sua infelicidade este acenara para ela, confirmando a sua identidade.

-Eduarda pede a Madalena ou Beatrix, depois eu pago lhes, fica com o Demétrio, e não saias de perto dele ou delas.- Nicole apontou para Madalena e Beatrix, e pela primeira vez olhou para Demétrio sem qualquer vestígio de ironia, ou crueldade.- Demétrio cuide dela, não a deixe fora da tua vista, eu já volto.- Murmurou baixo o suficiente para Eduarda não ouvir.- Caso não volte, diz-lhes que fui ter com o Arnold.

Nicole deixou para trás suas parentes, e seguiu o homem que se afastava cada vez mais da multidão, afastando se completamente da feira.

-Nunca pensei em ver-te com espírito natalício Nicole Casterwill.-Murmurou enquanto retirava o capuz do manto.

-Eu nunca pensei que voltasses a Portugal Sebastian, o que fazeis cá?- Sebastian vivera toda a sua vida em Portugal, era um dos encarregados pelos negócios do clã em Portugal, um dos sobreviventes do ataque dos Azures, para a sua sorte ele tivera de viajar dois antes do ataque e nunca mais voltara a Portugal. Os seus olhos verdes e o seus cabelos castanhos contrastavam com as características dos Casterwill e ao contrário dos restantes Casterwill, seu primo Sebastian exalava bondade, e simpatia, era um dos seus primos favoritos.

-Vim entregar uma mensagem do Lorde Casterwill, e o seu presente de Natal...- A tensão na sua voz, a deixava preocupada.

-Está tudo bem Bastian?O clã sofreu danos com a guerra contra a Aliança Céltica?- Interrompeu o inconscientemente.

-Tudo o que precisas de saber está na carta do teu avô.- Pegou na carta que Bastian lhe entregara, contornou o selo com o dedo e suspirou.-Merry Christmas cousin*

Nicole sorriu ternamente para este e o abraçou fortemente, e sussurrou:

-Obrigada, não te poderei convidar para a ceia, as minhas irmãs e a minha prima precisam de uma pausa do nosso clã, mas espero ver-te em breve Bastian.

-Em breve, voltaremos a ver-nos Nicole.- Bastian beijara a sua testa e murmurou.- Elisabeth Russel adoeceu...

Com as últimas palavras, Bastian deixara uma Nicole perplexa e pálida, alguns minutos depois guardara a carta, e partira em busca de um vendedor de vinho, naquele momento ela precisava de uma bebida forte.
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Maria_madalena

Madalena reflectiu por breves instantes acerca das experiências da prima no convento e pensou para si mesma que talvez a infância e a adolescência tivessem sido experiências mais agradáveis entre mulheres de fé. Até àquele momento a meretriz nunca tinha prestado atenção suficiente às actividades militares de Beatrix e agora que era confrontada com elas parecia-lhe perfeitamente natural que a prima já tivesse morto a sua cota de pessoas. Absteve-se de comentários e limitou-se a acenar com a cabeça à medida que Beatrix lhe ia revelando aqueles pedaços de história.

Assim que compraram as duas garrafas de vinho com especiarias dirigiram-se à tenda onde os perus estavam expostos. Demétrio calado seguia ao seu lado e de Beatrix, mantendo-se sempre a curta distância. Madalena sentia-se ligeiramente desconfortável e vigiada mas não ousou proferir o menor desagrado.

- Está perfeito, não acham? Até parece o "irmão" do David de tão rechonchudo. - disse Beatrix apontando para um dos perus.

Madalena sorriu ao lembrar-se de David. Desde aquele reencontro na Taverna Ribeirinha que não o via, noite em que ele lhe deixara o alforge cheio de moedas e um robusto casaco que mais parecia um cobertor de tão grande que lhe ficava. Não podia queixar-se, ganhara o dia e não se esforçara muito.

- Se fosse como o David teríamos ceia até à Páscoa.

O peru que Beatrix indicara tinha bonitas penas negras, brilhantes e que mudavam de cor conforme a incidência da luz. Madalena aproximou-se um pouco mais do bicharoco que lhe lançou um olhar amarelo e desconfiado, emitindo um piar agudo.

- Gosto, gosto muito deste. É gordo e tem personalidade.
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--Demetrio

Demétrio ofereceu-se para levar as garrafas e guardou-as em um alforge de couro com muito cuidado.

Ele continuo acompanhando o grupo mantendo-se próximo a Beatrix e Madalena, e evitando o quanto possível ficar próximo a Nicole.

Ele prestava atenção a conversa das duas em silêncio, não querendo interromper nem parecer intrometido.

Diante do comentário de Beatrix sobre os perus, ele riu-se ao lembrar do tal "irmão" do David.

Beatrix_algrave

- Sim, eu sei. Até já me agradei de um, mas precisava provar isso primeiro. Adoro vinho quente com especiarias. Prove um pouco também. Creio que vou levar ao menos duas garrafas para alegrar nossa noite, apesar de Nicole ter trazido whiskey. Também compraremos cerveja.

Ela notou o olhar de preocupação de Madalena e emendou em seguida.

- E não se preocupe com a preparação. Eu cuido disso e do abate. Não sou tão boa cozinheira quanto a Laurinda mas já tenho uma certa experiência. Além de costurar no convento eu também cozinhava as vezes, e já abati vários carneiros e pessoas também mas esse último exemplo não vem ao caso.

Beatrix disse e sorriu.

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Maria_madalena

Madalena sorriu agradada com a perspectiva de todas aquelas bebidas e ela própria provou um pouco do vinho que estava a ser ofertado.

- Hum... hum... muito bom... - murmurou agradada com o travo a cravinho e canela.

As palavras que se seguiram da sua prima deixaram-na muito mais aliviada. Afinal não teria de preparar o peru sozinha e havia alguém no grupo que tinha algumas noções de culinária. Madalena bem sabia que se lhe entregassem o comando da cozinha provavelmente acabariam a comer papas acompanhadas por pão seco. Contudo, a meretriz não conteve o espanto antes as actividades tão díspares praticadas por Beatrix, desde a culinária, costura, à matança de carneiros e humanos.

Madalena abriu a boca para lhe perguntar em que ocasião se vira obrigada a matar humanos mas acabou por se arrepender questionando-a acerca das actividades no convento:

- Como foi o tempo no claustro, prima? Crescer entre freiras não deve ter sido fácil. Algumas das aprendizagens ser-nos-ão úteis agora, pelo menos assim parece.

Lançou um olhar desconfiado ao grupo de perus.
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Beatrix_algrave

Diante da expressão de Madalena Beatrix disse em tom afável.

- Só fiquei no convento entre os nove e os dezesseis anos. Ou seja, foram praticamente sete anos em companhia das freiras. Não posso dizer que foram tempos ruins, pois elas eram gentis comigo e aprendi muita coisa, também ocupei as ideias planejando o que faria quando saísse. Ano que vem fará dois anos que as deixei. Quanto às mortes não é de surpreender uma vez que sou militar. Treinei para isso, já estive em uma guerra, ainda que não tenha lutado nela de fato. Os que matei foram em sua maioria bandoleiros, que me tomavam por uma donzela indefesa e tiveram o que mereceram. Mas o primeiro foi quando eu ainda estava no convento. Era um homem sórdido que entrou à noite e tentou nos roubar e atacar uma das irmãs. Eu tinha dez anos...

Beatrix calou-se terminou a caneca e entregou-a ao vendedor e passou-lhe algum dinheiro em troca de duas garrafas. O vinho ainda estava morno, mas quando chegassem em casa era só esquentar novamente em um tacho e estaria ótimo. Ela então aproximou-se com Madalena da tenda onde vendiam os perus. Indicou com um dedo um peru belo e rechonchudo.

- Está perfeito, não acham? Até parece o "irmão" do David de tão rechonchudo.

Ela disse e sorriu.

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Maria_madalena

Madalena não conseguia conter os sorrisos tendo em conta a forma como Demétrio corava e se mostrava tímido perante mulheres, mesmo até perante Beatrix com quem convivia frequentemente.

- Estarei a mercê das senhoritas para tudo o que precisarem. - disse ele com o seu ar tímido e o rosto de um tom escarlate.

A meretriz sorriu novamente e abanou a cabeça de um lado para o outro. Perguntava-se se ele saberia das segundas interpretações que aquela frase poderia ter, provavelmente não e era isso que o tornava tão encantador. À menção de Arnold por Nicole, Madalena ficou séria, apenas havido ouvido falar do protector da sua irmã e a perspectiva de o conhecer naquele primeiro natal em família parecia-lhe animadora. A julgar por Eduarda, Nicole guardara todas as boas surpresas para aquele dia e deixara de fora os Casterwill de cruéis modos. O comentário de Nicole sobre as intenções de Demétrio consigo arrancaram-lhe uma gargalhada pouco contida. Prometia ser um Natal divertido.

- Eduarda queres descansar um pouco? - perguntou Nicole à pequena de cabelos ruivos.

Um olhar preocupado e estranhamente maternal surgiu no rosto de Madalena que de imediato colocou uma mão sobre o ombro de Eduarda, uma tentativa de a fazer relaxar e sentir-se mais à vontade.

- Se precisares de descansar ou outra coisa qualquer basta pedires. - reassegurou Madalena assim que ela abanou negativamente com a cabeça.

As palavras seguintes de Demétrio fizeram a meretriz perder o sorriso, o ano de 1461 havia, sem qualquer sombra de dúvida, sido um ano de revelações e perigos constantes. As revelações começaram pelo descortinar das suas origens, a sua mãe, agora falecida, fora a peça essencial daquela trama, agredindo Madalena verbalmente ao longo de todos aqueles anos, já para não falar da crueldade com que a introduziu no negócio de família. As suas primeiras experiências como prostituta não tinham sido fáceis. Foi somente no final, quando a morte bateu à porta de Júlia, que esta se arrependeu pedindo perdão por todas as palavras frias e gestos desprovidos de emoção. Madalena ainda não conseguira decidir-se quanto ao que sentia por Júlia e muito menos sabia se algum dia a perdoaria. Todavia o negócio continuava e, apesar de conhecedora dos sofrimentos do ofício, Madalena seguia com a tradição familiar. Os seus olhos recaíram então sobre Nicole, a sua meia-irmã de belas feições, todavia o ar angelical era facilmente esquecido assim que os seus hábitos intrincados de violência, opulência, vingança e luxúria afloravam. Não tinham um passado em comum mas o sangue que as unia era forte o suficiente para que fossem tão parecidas em alguns aspectos.

- Ainda quero fazer compras. - a voz da prima despertou-a daqueles pensamentos conturbados.

Madalena guiou os convidados até ao interior da sua casa onde deixaram alguns pertences, aliviando o peso dos alforges, e seguiram a pé para a feira. O caminho até à praça central não era longo e, com companhia tão agradável, Madalena nem se apercebeu do frio que sentia. Estava empolgada com aquela familiaridade e todas as possibilidades que aqueles afectos lhe abriam.

A feira estava movimentada, como seria esperar num dia daqueles. O ar frio estava perfumado pelo cheiro de incenso e diversas velas que ardiam discretamente numa das tendas, a mistura de fragrâncias tão cativante quanto enjoativa. Mais à frente vendiam pequenos soldadinhos e bonecas de madeira. As bonecas chamaram a atenção de Madalena que se delongou mais do que seria de esperar, os seus pensamentos estavam na meia-irmã mais nova. Não lhe conhecia a idade nem os hábitos, sentiu-se tentada a comprar-lhe uma das bonecas mas por receio de errar ficou-se exactamente por aí.

Seguiram pela feira, observando as diferentes barracas e artigos expostos. Tudo parecia festivo aos olhos de Madalena e as singelas decorações, alusivas àquela época, apenas serviam para lhe aguçar ainda mais o desejo por um natal quente e acolhedor. Passaram por um mercador que vendia perus gordos e ruidosos, aquela visão deixou-a preocupada, sabia que era normal assar o peru, mas não tinha a menor ideia quanto à sua preparação, não era uma mulher dada a tarefas domésticas e tinha o pressentimento que nem Nicole nem Beatrix saberiam o que fazer com o animal.

Aproximando-se de Beatrix que provava vinho quente com especiarias Madalena disse preocupada:

- Precisamos de um peru.
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--_narrador_

Depois de deixar alguns itens na casa de Madalena, e Eduarda decidir se pretendia acompanhar o grupo, Nicole, Maria, Eduarda e Beatrix seguiram para a feira do povoado para fazerem as compras que faltavam para a preparação da ceia de Natal.

Beatrix preferiu deixar seu cavalo Desheret descansando e foi caminhando com Demétrio. Ele insistiu em ajudar, pois não queria ver as damas carregando compras pesadas. Aos poucos o grupo chegava a feira.

Apesar do frio, estavam todos muito animados. Havia um cheiro bom de incenso queimando em uma das barracas que também vendia velas de vários tamanhos. Um mercador ao lado vendia brinquedos de madeira de vários tipos. Havia soldadinhos e cavalinhos de pau, espadas de madeira e bonecas de madeira com cabelos de linho ou cabelos naturais. Ao lado uma vendedora oferecia alfenins em formato de flores e bichinhos.

Mais adiante uma barraca expunha vários vestidos pendurados, além de tecidos , lã, luvas e gorros. Todas as barracas tinham algum enfeite natalino como sinos, guizos e guirlandas. O vento soprando faz um divertido barulho nos guizos e sino, parecendo uma música divertida.

Um mercador oferecia perus bastante gordos que estavam amarrados pelo pé ou presos em gaiolas.

Também se vendia vários tipos de comida e bebida. Havia uma barraca de frutas frescas e secas, além de muita oferta de vinho e cerveja. Um dos comerciantes oferecia uma degustação dos vinhos antes de comprar e Beatrix parou para experimentar uma caneca de vinho quente com especiarias.

Beatrix_algrave

- Aqui sabemos nos proteger, Demétrio, mas agradeço a sua preocupação. Um pouco de cavalheirismo e gentileza não me fazem mal.

Beatrix disse, se dirigindo a Demétrio e notando que a conversa dele com Nicole continuava cheia de sutis provocações. Se ela soubesse que o clima entre eles ficaria assim, não teria permitindo a vinda dele.

- Também estou um pouco cansada, mas não quero parar. Há tanto para ver por aqui. Eduarda adorará passear conosco pela cidade. Ainda quero fazer compras.

Ela disse e sorriu para Eduarda. Talvez pelas duas terem sido criadas em convento, Beatrix tinha bastante simpatia pela irmã caçula de Nicole. A verdade é que Beatrix também era simpática a Madalena e gostava muito dela. Ela só não gostava dos outros parentes Casterwill de Nicole. Ela também gostava de Arnold, pois mesmo rabugento ele tinha sangue Algrave.

- Espero que o senhor Arnold venha logo.

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--Demetrio

- De fato estou aqui para proteger a donzela Beatrix...

Ele quase quebrou a promessa que fez a Beatrix de não causar problemas, e emendou a frase "das suas perfídias e veneno", mas controlou-se.

- Mas protegerei também as vossas irmãs, caso seja necessário. Estou ciente dos perigos pelos quais passaram e não gostaria de me afastar. Se houver algo que possa fazer aqui e ser útil, me prestarei a fazê-lo sem reclamar.

Demétrio não apreciava a ideia de afastar-se e deixar Beatrix e Madalena à mercê de Nicole. Também temia pela jovem Eduarda, que pelo visto a serpente do mal também pretendia desencaminhar.

Eduarda_nunes

Eduarda sorriu timidamente para Madalena, assentindo para a mesma, também era um prazer conhecê-la mas ainda não se sentia à vontade para falar, era difícil expressar o que estava a sentir em palavras, temia dizer algo de errado.
Colocou se à direita de sua irmã Nicole, enquanto observava sua irmã mais velha, durante a viagem percebera que Nicole conseguia ser divertida, a pequena Nunes achava graça às provocações de sua irmã para com Demétrio.
Eduarda negara apesar de sentir vestígios de cansaço pelo seu corpo, desejava conviver um pouco mais com a sua nova irmã.

--Demetrio

Demétrio ouviu as palavras de Madalena e de Beatrix, ficando ainda mais corado por conta das referências aos seus atributos físicos.

Ele de fato era forte, e teria prazer em ajudar as damas com a suas força. Era para isso que ele estava ali, e para cuidar e proteger, sempre.

Ele sorriu com satisfação, e disse, ainda corando e com seu ar inocente.

- Estarei a mercê das senhoritas para tudo o que precisarem.

Lady_moon

Tal como previa, Madalena não seria indelicada para com a Eduarda, e isso a alegrava, alguém teria de cuidar de Eduarda caso algo acontecesse a Nicole, desviou a sua atenção para Demétrio e a sua terrível timidez, revirou os olhos com o comportamento deste.

-Ótimo, poderia ajudar Arnold com a carroça? Ele está algures entre Lamego e Porto, talvez ele precise de uma mão, mas suponho que deseje proteger a minha bela irmã Madalena. -Nicole riu e observou para Eduarda, apesar de um pouco animada parecia cansada.-Eduarda queres descansar um pouco?
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Beatrix_algrave

Após Beatrix abraçar Madalena, ela apenas observou a forma como Demétrio cumprimentou a prima. Apesar do olhar severo na direção de Demétrio, ela ficou satisfeita dele ter mostrado um lado mais gentil e civilizado.

Ainda que houvesse momentos em que ela se irritava com Demétrio, não podia negar que ele agia como um cavalheiro, e mesmo não nutrindo simpatias por Nicole, ele jamais destrataria uma dama. Ao menos isso era um alívio, e Beatrix imaginava que isso o manteria longe de confusões naquele Natal.

Ela percebeu que Demétrio corara, mas aquilo não a surpreendeu, pois ele costumava fazer isso diante das mulheres, e era em geral tímido, mesmo com ela, a quem ele já conhecia há algum tempo.

Beatrix sorriu mais tranquila, pensando que aquele seria um Natal feliz e divertido, sem as ameaças que lhe perturbaram a paz nos últimos meses.

Ela bem que merecia uma trégua.

- Sim, Demétrio, pode ter certeza que você será muito útil. Vamos fazer compras de Natal na feira, e músculos são sempre úteis nessas horas.

Afirmou, concordando com as palavras de Madalena.

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Maria_madalena

Cumprimentos familiares terminados, foi então a vez de Demétrio se aproximar de si. O homem continuava tão formoso e cavalheiresco como da última vez que se encontraram e Madalena sorriu agradada com a reverência dele.

- O prazer é todo meu, não serás incómodo algum.

Apesar de aparentemente mais desinibido, Demétrio corou ligeiramente, o que, de certa forma, trouxe alguma satisfação a Madalena. Sorriu novamente e tocou-lhe discretamente no antebraço direito, dizendo:

- Tenho a certeza de que precisaremos de um homem forte, os preparativos natalícios requerem algum esforço físico.
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Maria_madalena

Madalena afastou-se cautelosamente de Eduarda, o abraço parecera-lhe sincero e algo desesperado. A pequena parecia-lhe algo insegura quanto àquele encontro, era verdade que Nicole não era afável à primeira impressão, mas parecia preocupar-se com a irmã mais nova.

- Um prazer conhecer-te Eduarda. - disse-lhe enquanto lhe passava delicadamente a mão pelos cabelos ruivos.

Não conhecia a história de Eduarda, mas no fundo sabia que não teria sido amada nem tratada como merecia. Afinal de contas, o amor não era um sentimento natural entre os Casterwill.

A sua prima aproximava-se agora e Madalena sorriu para Eduarda enquanto esperavam que Beatrix finalmente chegasse.

- Que bom revê-la, prima Madalena. - cumprimentou-a a ruiva.

Madalena retribui o abraço apertado da prima e disse-lhe:

- A satisfação é toda minha, prima, tinha saudades desse espírito de fogo. - riu-se e continuou - É um prazer receber-vos.
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--Demetrio

Depois que Beatrix cumprimentou Madalena, finalmente Demétrio se aproximou mais e dirigiu-se à Madalena também. Ele fez uma reverência cavalheiresca, tirando o chapéu para cumprimentá-la.

- Muito prazer senhorita. Estou de volta ao Porto para passar o Natal em vossa companhia e de todos da família da senhorita Beatrix, espero que não seja incômodo. Posso ajudar no que precisarem.

Demétrio parecia bem menos tímido do que da primeira vez que Madalena o vira na Babilônia, mas mesmo que suas palavras soassem firmes e educadas, ele ainda corou um pouco. Beatrix o olhava com a expressão séria, provavelmente por conta da discussão que tiveram antes de se reunirem novamente a Nicole, Eduarda e Madalena.

Eduarda_nunes

Cada passo do seu cavalo, Eduarda apertava com mais força as rédeas em suas mãos, Nicole lhe afirmara que Madalena não a rejeitaria, eram poucas as vezes que sua irmã lhe oferecia algum conforto emocional.
O medo de ser rejeitada a deixava muito nervosa, talvez por a reacção de Nicole não fora calorosa quando a vira a primeira vez, o seu olhar frio ainda lhe dava alguns pesadelos.
O aperto da mão de Nicole, aliviara um pouco a sua tensão, Nicole podia ser assustadora, mas a protegera nos últimos meses, e naquele momento ela estaria ali para ajudá-la.

- Madalena apresento-te a Eduarda Casterwill Nunes...

Ao mesmo tempo que Madalena reagia estranhamente, Eduarda a analisava, questionando se era mesmo sua irmã, ela não era parecida com o seu pai, e muito menos com sua mãe, relembrava se de uma conversa com Nicole, sobre ela ser filha de outra mulher, talvez devesse a isso.
O abraço de Madalena a surpreendera, e a fizera sorrir, abraçara o corpo de Madalena com os seus pequenos braços, aproveitando a sensação familiar que lhe oferecia.

Lady_moon

Nicole riu se da reação da irmã mais velha, provavelmente Madalena pensava que seria outro familiar inglês.

-Sim sis, não te preocupes, esta não morde.-Murmurou divertida, ao avistar Eduarda foi ao seu encontro segurando as rédeas do seu cavalo, ajudando a desmontar o cavalo, num ato nada característico de Nicole, ofereceu a sua mão a Eduarda, numa tentativa de a acalmar, foram ao encontro da irmã mais velha.-Madalena apresento te a Eduarda Casterwill Nunes...
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Maria_madalena

Ao comentário e risada da irmã, Madalena revirou os olhos, incerta da veracidade daquelas palavras.

- Não morde... dizes tu. - resmungou em voz baixa assim que Nicole se afastou de si para ir ao encontro da rapariga de cabelos fogosos. Talvez fosse parente da sua prima Beatrix, afinal, ambas tinham cabelos ruivos.

A boca de Madalena abriu-se em espanto quando viu a sua meia-irmã dar a mão à convidada, aquele comportamento não era nada normal. Dirigiram-se a si e quando estavam suficientemente perto, Madalena sorriu, incerta acerca do melhor comportamento a adoptar.

- Madalena apresento-te a Eduarda Casterwill Nunes...

Nesse exacto momento o coração de Madalena parou e o tempo pareceu passar mais devagar.

- Nu...nu...nu... Nunes? - inquiriu numa voz gaguejante, carregada de dúvidas e os seus olhos voltaram a pousar no rosto de Eduarda, tentando discernir todas as parecenças e diferenças - Nunes Casterwill... Casterwill... - balbuciou enquanto processava a informação que acabava de receber.

Apontou para Eduarda, contudo os seus olhos estavam presos aos azuis de Nicole:

- Irmã?

Não precisou da confirmação de Nicole.

Madalena galgou a distância que as separava e abraçou Eduarda, enterrando o rosto nos cabelos ruivos e beijando-lhe a face.
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Maria_madalena

À menção de Demétrio pela sua irmã, Madalena sorriu de canto, lembrando-se com detalhe da noite que ambos tinham passado juntos. Entre tanta brutalidade e indiferença era difícil esquecer a timidez e preocupação de Demétrio, que apesar de ser um homem corpulento e de hábito militar era cuidadoso com as mulheres, ou pelo menos tinha-o sido consigo. Não tinha más recordações e a possibilidade de revê-lo não lhe era desagradável. Para Nicole, o seu sorriso não passaria de uma resposta natural ao ar de troça dela e, bem no fundo, Madalena sabia que Demétrio apreciaria a discrição.

- Outra convidada? - perguntou incrédula e ligeiramente preocupada, afinal Nicole não se cansava de lhe apresentar membros do clã Casterwill, e de cada vez que Madalena conhecia outro, tinha mais certezas de que não queria conhecê-los de todo.

Os seus olhares recaíram sobre a jovem que tomara agora a dianteira do grupo, deixando Beatrix e Demétrio para trás, tinha os cabelos ruivos e aparentava ser ainda jovem. Madalena ficou suspensa, presa pelo olhar, tentando perceber quem seria e o motivo pelo qual Nicole queria que a conhecesse.
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Eduarda_nunes

Todos os dias chorava abraçada à boneca de pano desgastada que uma das freiras oferecera no seu quinto aniversário, a vida no orfanato não era horrível, a carência de carinho era intensa, alguns meses depois de fazer oito anos, uma bela dama surgira no orfanato, as freiras não gostavam do ar dela, elas murmuravam palavras como “morte”, “inferno”, Eduarda não compreendia a reação delas, a dama de cabelos negros e sorriso sinistro chamava se Lilith e viera buscar alegando ser sua tia. Lilith tentava iludir a criança com uma fantasia de que os seus pais a esperava.

Eduarda desconfiava de Lilith, queria perguntar à madre se isso era madre, e a razão de seus pais a abandonar e agora a quererem de volta, apesar da sua desconfiança, ela desejava sair daquele orfanato, mesmo que tivesse de ir embora com aquela estranha mulher.
A viagem para o sul era cansativa, Lilith não se importava muito com o seu cansaço, mantivera a escondida em casa de um homem que lhe dava arrepios, este a olhava estranhamente, este fora ameaçado por Lilith quando o apanhou a olhar para a criança, Eduarda desconhecia o motivo. Alguns meses depois, Lilith e Eduarda voltaram a viajar, desta vez para um enorme casarão, um dos mais assustadores que alguma vez vira, Lilith rira se com escárnio devido à reação da pequena Eduarda, nesse mesmo lugar conhecera sua irmã mais velha.

Ao contrário de Lilith, Nicole a tratara bem o suficiente, oferecera lhe um quarto, roupas e sobretudo comida, a vida de Eduarda tornara se melhor, Arnold, o velho amigo da sua irmã a ensinava a andar de cavalo e a escrever, cada vez menos Eduarda chorava pelos seus pais.
A principio duvidara que Nicole seria sua irmã, esta tinha cabelos negros e olhos azuis, ao contrário de Eduarda que tinha cabelos ruivos e olhos verdes, apenas alguns traços era perceptíveis, como o nariz e a boca, nem mesmo as suas personalidades eram parecidas.

Eduarda perguntara a Nicole se esta era mesmo sua irmã, mesmo que temesse a sua reacção, ao contrário do que previa, Nicole lhe entregara um medalhão com duas pinturas dos seus supostos pais, Eduarda era uma réplica de Monique, e Nicole a réplica do seu pai, dissipando as dúvidas sobre o seu parentesco.
A ausência de Nicole era constante, raramente ficava muito tempo no sola, as criadas e o Arnold lhe faziam companhia, as criadas lhe disseram que sua irmã passava o tempo a viajar a negócios ou em grandes eventos pelo reino, e que um dia lhe poderia fazer companhia.
E esse dia chegara, duas semanas antes do natal, Nicole a avisara que iriam viajar, conhecer a sua outra irmã, e passar o natal com elas, timidamente assentira e a abraçara, contudo durante a viagem ela passarem o tempo todo escondida quando Nicole ausentava se, apenas Arnold lhe fazia companhia, mas este desviara o seu caminho para outra cidade.

Quando chegaram ao Porto, Eduarda ficava cada vez mais nervosa e tímida, era ali que vivia a outra sua irmã, e nem mesmo a guerra de bolas de neve aliviava os seus nervos, alguns minutos depois sua irmã Nicole afastara se do grupo, confusa olhou para a sua nova prima Beatrix, agradeceu lhe timidamente e cavalgou tal como Arnold a ensinara...

Beatrix_algrave

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--Demetrio

Beatrix_algrave

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Lady_moon

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Lady_moon

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Maria_madalena

Beatrix_algrave

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Maria_madalena

--Demetrio

--_narrador_

Beatrix_algrave

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--Demetrio

Lady_moon

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Maria_madalena

Roleplay privado, pede-se que não interrompam nem perturbem o decurso da acção.

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Beatrix_algrave

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--_narrador_

O peru posto sobre a mesa já mostrava seus ossos. Várias garrafas de vinhos haviam sido abertas, os barris de cerveja enchiam as canecas.

Havia uma alegria embriagante envolvendo a todos, até mesmo Arnold. Eduarda estava adormecida, e apenas comera um pouco de peru e do bolo de reis, do qual sorteara o anel e depois fora se deitar, cansada da viagem e desabituada a atividades noturnas.

A festa estava agora entregue aos adultos.

Beatrix bebia a sua terceira ou seria quarta caneca de vinho e agora se servia de cerveja. Também havia comido do peru, da rabanada e do bolo de reis.

Todos bebiam e iam ficando cada vez mais alegres e descontraídos. Cantigas de natal e de taverna foram entoadas na casa de Madalena enquanto a noite seguia.

Demétrio também bebia, como todos ali, despreocupadamente. Ele puxou Maria Madalena e depois Beatrix para dançar. Enquanto Demétrio dançava com Maria, Beatrix puxava Arnold para embriagados passos de dança.

O vinho era forte e bom, e misturado com a cerveja e o whisky foi o suficiente para levar aqueles convivas a um estado de embriaguez que faria com que na manhã seguinte, mal lembrassem do que havia acontecido. Todos, no entanto, depararam-se assustados com os resultados daquela noite, que de festiva e feliz, passaria à desastrosa por conta do abuso do vinho forte dos Casterwill.

Maria Madalena e Beatrix acordaram deitadas uma ao lado da outra, ambas com frio e desnudas, em um celeiro, que ficava perto de um lago, há pouca distância da casa de Maria Madalena.

No mesmo local em que as mulheres despertaram, estavam também Arnold e Demétrio, ambos próximos a elas, e igualmente sem roupas. Demétrio ainda teve o desprazer de acordar abraçado a um porco. A cabeça de todos ali latejava pela ressaca do vinho.

Na casa de Madalena, Nicole despertou, e o seu despertar foi igualmente perturbador.

Ela estava banhada em sangue. Perto de sua mão estava uma faca e caído diante de si estava um homem, que levara várias punhaladas. Nicole nunca vira antes aquele homem, mas pelas roupas, parecia ser um nobre ou alguém importante.

Havia sangue pelo chão e tudo indicava que havia acontecido uma luta, mas Nicole não estava ferida, também de nada lembrava.

Não havia sinal algum da presença de Eduarda, ela desaparecera da casa e ao perceber aquele cenário, Nicole ficou desnorteada, ainda mais por não ver ali sinal nem de Maria, nem de Beatrix, de Demétrio ou Arnold. Havia apenas roupas espalhadas pelo chão da sala e sobre a mesa onde a refeição fora servida.

Diante daquela situação constrangedora e assustadora, nenhum dos convidados da festa lembrava de absolutamente nada da noite anterior, após Eduarda ter se recolhido.

Agora seria preciso recolher os cacos da memória e tentar lembrar o que teria acontecido àquela noite, mas será que alguém iria mesmo querer tais recordações?

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Felizmente Eduarda foi encontrada horas depois na floresta, pois fugira assustada com o ataque de Nicole ao homem que entrou na casa de Maria.

A identidade desse homem, no entanto, para o bem de todos continuará um mistério. Quanto ao resto, é melhor esquecer. Às vezes o esquecimento é uma bênção.

FIM

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[RP] Um Desastre de Natal