Afficher le menu
Information and comments (0)
<<   <   1, 2, 3   >   >>

[RP] Uma aprendizagem ou o livro das dores

Leticia
...
_________________
Ava


Por fim sentia que alguém acreditava na veracidade das suas acções e era movida pelos seus sentimentos pelo Prior. Aos poucos a presença de Leticia deixara de a fazer sentir tensa e alguma afinidade começa a surgir.

- Poderei vir a gostar dela. - Pensa para consigo.

- Ele está bem e prestes a regressar ou a ausênca de noticias significam que o pior aconteceu?

Entrelaçando os dedos e desviando o olhar aguarda a tão temida resposta.

_________________
Leticia


- Não se preocupe, o prior tem a sua própria noção de tempo. E no momento certo ele vai retornar. Ele não morreu se é o que te preocupa, mas fez um sacrifício árduo e penoso. É preciso se certificar que nada foi em vão.

Ela responde tranquilizadora, ainda que isso mantenha as coisas em suspenso, pois ela não diz diretamente se esse momento se aproxima ou não.

_________________
Ava


Vendo que todas as suas perguntas foram respondidas com meias respostas, Ava decide ser audaciosa.

-Bom Letícia, já que não fiquei esclarecida com nenhuma das suas respostas, tenho direito a mais uma pergunta. Então gostaria que você me falasse da Ordem dos Azures. Quero saber tudo, porque tenho a certeza que ai estão muitas das respostas às minhas perguntas. E nem tente se esquivar.

E fica aguardando mantendo uma postura firme e decidida.

_________________
Leticia


- Digamos que eu dei as respostas certas para as perguntas certas. Seu limite eram quatro perguntas, mas quanto a isso não se preocupe. Creio que teremos uma longa viagem pela frente e esse será um assunto deveras agradável. Creio que prefira isso ao meu silêncio.


Ela disse e estendeu sobre o colo uma caixa pequena, trancada, e no dedo ela rodava uma pequena chave.

- Aqui dentro tem um complemento para o meu último presente. Acho que achará interessante. Mas não quero discorrer sobre tantos séculos empoeirados de forma desordenada. O que gostaria de saber sobre nós? Pode perguntar a vontade, pois agora creio que não haverá mais como escapar disso, e uma vez sabendo algo dos nossos segredos, seria de se esperar que deseje ser uma de nós. Contudo, não há mais Ordem de Azure, ao menos não como havia. Digamos que ela "morreu", junto com o prior, para renascer de uma outra forma. Nós sempre buscamos o equilíbrio, e em algumas situações críticas é preciso um sacrifício muito grande para que ele se restabeleça. De tempos em tempos isso é necessário, e você presenciou um desses momentos.

_________________
Ava


Ava recebe a caixa e deixa-a ficar sobre as suas pernas, Irá abri-la apenas quando chegar ao seu destino.

- Pode começar por me contar porque surgiu a ordem e qual a sua finalidade? Quero saber tudo e entender tudo para decidir se quero participar em algo ou não. - Respondeu secamente.

_________________
Leticia


- Creio que é melhor começarmos a viagem, a história é longa e nosso tempo curto.


Ela disse e deu ordem para o cocheiro partir, então começou a contar a história que Ava tanto ansiava por ouvir.

- A história da Ordem de Azure tem uma origem mística, que pode soar um pouco enfadonha, mas para mim é bem interessante. Ela foi capaz de reunir ao longo do tempo pessoas de temperamentos e objetivos muito diversos, mas que por trás dessa diversidade possuíam de certa forma um objetivo comum, ainda que não o soubessem. Luz e sombra, bem e mal, são definições pobres que não explicam as forças que regem o universos, não é possível classifica-las assim, e quem o faz normalmente comete erros, mais cedo ou mais tarde. As forças que regem o universo são primordiais e eternas e alheias a qualquer moral humana, seu único objetivo é manter o equilíbrio.

Imagine os conceitos de vida e morte. Normalmente aquilo que é vida consideramos bom e o que é morte ruim, mas uma não existe sem a outra. Um jardim que florescesse e crescesse eternamente, sem que suas flores nunca murchassem tomaria o mundo inteiro, acabando por sufoca-lo e talvez o universo, acabaria por destruir tudo que há. Um dia em que a morte deixasse de existir nesse mundo haveria um sofrimento inimaginável, mas poucas pessoas percebem isso. Assim como são necessários aqueles que protegem e trazem a vida, há aqueles como eu, que representam a morte.


Ela disse e sorriu abertamente. Fez uma pausa e serviu-se de uma garrafa de vinho que ela serviu em uma caneca e tomou um gole, sem oferecer a Ava.

- Mas continuando a história, tais forças existiam independente dos desejos e vontade humanas, mas houve um dia em que a humanidade tornou-se consciente de si mesma, ela tomou para si o poder de decidir, então, o delicado equilíbrio que havia entre as forças primordiais se viu ameaçado, pois os homens tornaram-se capazes de alterar o mundo à sua volta e assim favorecer uma ou outra destas forças para seus caprichos. Ao criar sua moral, o homem nomeou sua percepção destas forças como o Bem e o Mal, acreditando, em sua ingenuidade, que uma seria vitoriosa sobre a outra do mesmo modo como eles se referiam às suas vãs conquistas. Poucos deles eram conscientes de que apenas no Equilíbrio estava a Verdade. Esses poucos tornaram-se os defensores do Equilíbrio e se tornaram líderes tribais, xamãs, sábios, chame-os como quiser, mas simplesmente eram aqueles que possuíam o entendimento natural do Equilíbrio que muitos consideravam como magia. Infelizmente, por conta desse poder que alcançaram muitos foram perseguidos, caçados e mortos.

Desses defensores do Equilíbrio conservou-se o relato de apenas um, chamado Ius. Ius foi o mestre dos Nove primeiros. O que se sabe dele é muito pouco, pois foram ensinamentos transmitidos oralmente ao longo de gerações. Mas enfim, o que se conta é que os Nove Primeiros foram os fundadores da Primeira Ordem. Eles chamavam aqueles que vagavam pelo mundo ser ter o conhecimento dos Caminhos e do Equilíbrio como Errantes, pois esses vagam sem rumo e sem saber para que serve suas vidas. Ainda hoje é assim que chamamos os não iniciados.

Leticia faz uma pausa e olha pela janela, a carruagem percorreu certo trajeto em sua regularidade modorrenta.

- Cada um dos nove criou uma Casa do Saber, que eram santuários antigos onde se reuniam os saberes do Equilíbrio, da Luz e da Sombra. A mais célebre, ou ao menos aquela cujos relatos foram capazes de nos alcançar chamava-se Bayt Ghyr Marwf, ou como também a chamavam, a Casa dos Desconhecidos. Por vários séculos Bayt Gwyr Marwf foi o santuário onde saberes ancestrais existiram e perduraram, em segredo, a salvo dos que não eram dignos de receber tal dádiva. E no mais profundo e oculto lugar daquela Casa de Saber repousava uma relíquia, tão preciosa que diziam que era vinda do próprio paraíso. Mas infelizmente, havia um traidor no seio de Bayt Ghyr Marwf e ele roubou a relíquia e desapareceu daquelas terras. Por muitos anos muitos buscaram onde havia sido escondida a relíquia roubada sem qualquer êxito. Por vezes surgiam rumores aqui ou ali de que a relíquia havia sido vista nesta ou naquela cidade, mas sempre eram rumores, nada de concreto ou verdadeiro. Muitos dedicaram sua vida a essa busca sem o menor sucesso.

O traidor no entanto havia feito algo mais terrível que roubar a sacra relíquia. Ele havia semeado as sementes da discórdia no coração de mestres e aprendizes que ali se reuniam para compartilhar o saber do mundo como se compartilha o pão. Foi o início da queda e da destruição de Bayt Ghyr Marwf e das guerras da chamada Reconquista dos Reinos Ibéricos.

E muito tempo se passou e tudo que eu contei até aqui passou a ser visto como história e depois lenda, depois foi simplesmente esquecido.

Você deve estar se perguntando onde os Azure e Yochanan entram nesta história. Pois bem. A Cruz de Lazhal, também conhecida como Cruz de Azure, é a representação da união das Nove cruzes, símbolos antigos de cada um dos Nove Priorados da Grande Ordem. Foi assumido pela Ordem de Azure para representar a união em seu seio dos sobreviventes da queda da Grande Ordem, e a esperança de sua reconstrução.
Há quase dez anos atrás, Yochanan foi guiado a Bayt Ghyr Marwf, ao menos ao que restava dela. Poucos lembravam de sua existência e muito menos eram os que sabiam chegar até lá. Ninguém lembrava mais da existência da relíquia e o antigo templo do saber agora era tido por um lugar amaldiçoado, onde jazia algum tesouro guardado por fantasmas e demônios.

Muitos são os círculos aos que os homens pertencem, e em alguns, uns estão mais adiantados que outros, em outros eles são iguais. No frio e mortal inverno que iniciou o ano de 1462, Bayt Ghyr Marwf deixou de existir neste mundo. Os caminhos secretos destruídos pela fúria do Al-Mansur, seu saber vive no coração e mente daqueles que em seus salões de pedra foram instruídos, mas ainda assim a perda foi grande. Assim, das ruínas da Grande Ordem das Nove Sociedades, dos vestígios de sua última grande casa, do Círculo de Gredos, onde o Al-mansur vigia constantemente, nasceu a Ordem de Azure, com o mesmo propósito original. As Ordens do Equilíbrio, herdeiras da Primeira Ordem, eram dedicadas à defesa do Equilíbrio. Em tempos recentes se considerou a Grande Ordem das Nove Sociedades como a última herdeira verdadeira da Primeira Ordem. A Grande Ordem das Nove Sociedades estava composta por Nove Priorados, dos quais a Ordem de Azure é o último existente na atualidade. Ou pelo menos era. Pois mais uma vez enfrentamos a traição e a desonra. Mais uma vez a destruição corroeu nossos membros e ceifou nossas vidas. Muito sangue foi derramado, muitos conhecimentos se perderam. Mais uma vez precisamos reconstruir tudo. E mais uma vez somos poucos.


Ela diz com os olhos brilhantes de raiva e por fim suspira, notando que a carruagem está quase chegando ao seu destino.

- Talvez não fosse o que você esperava ouvir de mim. Há muito mais a se dizer. Mas por enquanto é o que terá. Chegamos ao Portello.

_________________
Ava


Ava escuta cada palavra dita por Leticia e opta por não colocar mais nenhum questão por enquanto. Chegaram ao local onde iria aprender a usar o seu punhal e provavelmente onde seria instruída para ajudar no retorno tão ansiado do Prior.

A seu tempo Leticia haveria de lhe dar espaço para colocar mais questões. Agora era hora de aprender o significado da palavra esperar e controlo.

A carruagem parou e a porta abriu. Leticia saiu primeira e Ava seguiu-a permanecendo em silêncio.

_________________
Leticia


Leticia desceu e ao sair, observou aquele local, onde havia se travado não há muito tempo uma sangrenta batalha, da qual ela não participara. Sua missão era outra. Deveria levar em segurança o jovem Benoit para longe dali, longe de Portugal. Para os que invadiram a fortaleza ali perto, ficaria a certeza que o Nunes perecera. O corpo de um dos guardas morto foi apresentado como o jovem Benoit. Provavelmente mais um parente para a lutuosa Beatrix prantear. Se ela fosse conservar-se de luto pela morte de cada Nunes, usaria apenas um negror eterno.

A ruiva Algrave e o irmão seriam os únicos Nunes agora, em Portugal, apesar de que os informantes de Leticia enviaram-lhe rumores vindos de um mosteiro. Isso era algo que depois William deveria averiguar, mas no momento, Letícia tinha outras preocupações. A ela cabia cuidar de Ava e de alguns detalhes do retorno do prior. Era hora daquele morto sair do túmulo novamente.

O silêncio de Ava significava que ou a história a enchera de tédio ou que as perguntas que a interessavam ainda não haviam encontrado uma forma de se manifestar que quebrasse o escudo de sarcasmo e lábia que Letícia se revestia. Com ela cedo se aprendia que precisava seguir-lhe o ritmo, nada sairia em momento errado, e nada ela revelaria que não desejasse.

- Pois cá estamos. Quando entrarmos poderá ver o presente que lhe deixei.

A carruagem parou no pátio do Castelo do Portelo que ficava em uma elevação fronteiriça sendo a maior parte do monte pertencente a Portugal. O castelo alicerçado nas penedias do topo do monte garantia a fortaleza uma boa visibilidade para defesa.

Ao centro estava a torre principal, alicerçada em uma rocha natural.


_________________
Ava


Ava contemplava o Castelo e ansiava por ver o presente que Letícia lhe dera. Mas no seu intimo desejava que o velho prior fosse o presente, bastava colocar um lacinho no pescoço e ela seria a mulher mais feliz do universo.

Mas sabia que um longo caminho de aprendizagem e de dor teria que ser percorrido, para finalmente ter a merecido recompensa. O retorno do prior era a prioridade e faria tudo o que lhe fosse pedido, mesmo que fosse contra os seus valores.

- Leticia, estou pronta. - Disse em tom firme. E seguiu em direcção à torre.

_________________
Leticia


Leticia seguiu com Ava para o interior daquela fortaleza, aquele era o mesmo local em que ela ajudara Benoit e o mesmo local onde ela treinara Maria Madalena, sua última pupila a quem a loira de Bueil julgava morta.

Ela adentrou a fortaleza dirigindo-se pela escadaria que dava acesso a parte inferior onde ficavam as masmorras. Aquele era o espaço que Letícia preferia para seus treinos. Letícia pegou um archote preso em um suporte assim que passou pela porta que dava acesso ao corredor que levava ao amplo salão que antecedia as celas das masmorras.

O salão silencioso iluminou-se com o archote das mãos de Letícia, que ela depositou em um suporte de metal que ficava próximo a uma mesa. Havia perto da mesa duas cadeiras, duas canecas e uma garrafa de vinho ainda fechada.

Evidentemente, aquilo fora preparado para receber Ava.

- Sente-se. - Disse Letícia, e ela mesma sentou-se.- É hora de abrir seu presente.

_________________
Ava


Ava obedeceu. Sentou-se, serviu um pouco de vinho para si e para Leticia. Bebeu. Após colocar o copo em cima da mesa, pegou na pequena caixa que Leticia lhe dera.
Abriu-a e lançou um olhar confuso a Leticia, aguardando que esta lhe explicasse o porquê daquele presente.

_________________
Leticia


Letícia se senta, deixa que Ava se sirva e beba e aguarda que ela abra a caixinha de metal com a chave que a mesma traz presa em uma corrente de prata que a rodeia. A chave gira leve e faz um som de "clique" e a caixa se abre. Dentro dela há três pequenos frascos cada um em uma fissura de tamanho exato que os deixa firmemente acomodados, além de espaço para uma caixinha menor que parecia própria para guardar pós. O destaque fica para uma joia bastante vistosa em forma de anel. Era um belo anel de ouro, com uma grande pedra de granada ovalada engastada em bissel, ao centro, com seu tom vermelho intenso, e à volta da pedra maior, um halo de pedras menores engastadas em escalope.

- Soube que recebeu um título de nobreza recentemente. Eis um anel, que poderá utilizar e quem sabe posteriormente mandar gravar seu brasão nas laterais. Achei a cor mais apropriada com o que ele pode conter.





_________________
Ava


Os olhos de Ava brilharam. Esta nunca fora muito dada a jóias, mas aquele anel chamou a sua atenção.

-Então, me diga, a que se deve a honra deste presente além do meu titulo de nobreza? E os pozinhos vão ser utilizados em quê?

O anel entra na perfeição no seu dedo. Ava estica a mão observa bem o anel no seu dedo e aguarda a resposta.

_________________
Leticia


- Os pós são para serem usados com o anel, normalmente essa é a consistência do que usamos em seu receptáculo com vários fins. O líquido pode ser útil para umedecer o punhal ou qualquer outra arma cortante que use, mesmo um broche. o Líquido é resinoso, e deixa veneno no metal. Sabe, nem sempre se tem a sorte do golpe ser fatal, então é bom garantir principalmente, quando iniciamos e ainda não somos tão hábeis. Mesmo a habilidade pode nos falhar um dia.

Ela diz e finalmente bebe do vinho. Em seguida encara Ava.

- Será que você seria capaz de usá-las a contento?

_________________
See the RP information <<   <   1, 2, 3   >   >>
Copyright © JDWorks, Corbeaunoir & Elissa Ka | Update notes | Support us | 2008 - 2024
Special thanks to our amazing translators : Dunpeal (EN, PT), Eriti (IT), Azureus (FI)