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[RP Aberto] Sermão da Sapiência

Nreis


NReis chega à Praça Pública de Portugal para acompanhar o progresso das preparações para o Sermão da Sapiência, sermão esse que seria realizado no âmbito das cerimónias da Morte de Aristóteles.

Ao observar o púlpito, já montado pelos trabalhadores, observa como é rica a decoração do mesmo, com inscrições e imagens Aristotélicas gravadas na madeira, talhadas pelos entalhadores, que haviam passado semanas a fio a trabalhar naquela linda obra de arte, moldando e esculpindo belamente aquele rico material que era a madeira.

O Vice-Primaz resolve percorrer todo o recinto antes de vestir as suas vestes cerimoniais, preparando-se para a chegada dos fiéis.


O Sermão será realizado no dia 21. Estão todos convidados a comparecer. Por favor, honrem o nosso esforço na realização destes eventos com a vossa presença. É apenas o que pedimos. Obrigado desde já.

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Ltdamasceno


Os mouros, como de costume em datas festivas, chegaram todos juntos e ao mesmo tempo. Damasceno aproveitou a oportunidade para ostentar as jóias do seu baronato, assim como a sua medalha pelos serviços militares que prestou. Junto dele estava sua esposa, que raramente o acompanhava em eventos públicos, mas aceitou ir prestigiar a homenagem que estavam fazendo ao Profeta de ambas as religiões.

Notando a presença do Vice-Primaz, o mouro prestou uma leve vênia a ele. Evitou parecer irônico, uma vez que a situação ali era de celebração e não deveria haver espaço para intrigas. - Salaam Aleikum Vice-Primaz, que as bençãos do Único e Seu mensageiro estejam convosco. É uma honra vir com a minha família ouvir vossos sermões. Naquele instante Damasceno pretendeu esquecer as guerras e os entes queridos que morreram a mando de Nreis. Ali, ele só pretendia homenagear ao Profeta.

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"E eu testemunharei que não há ninguém digno de adoração, exceto o Único."
Amyth7


Amy de França, esposa do Barão de Castelo Novo e atual matriarca dos Saadi Altir, acompanhava seu marido a seu pedido, depois de longo tempo sem atender a convites sociais. Amy sempre preferira os laços da família ao invés de ir a eventos públicos demonstrar ser alguém que não era. Vestia as roupas tradicionais dos mouros, cobria o seu rosto mostrando apenas os olhos maquiados, andava visivelmente armada com uma adaga na cintura. Era um costume da família e símbolo de status social, por mais que fosse uma arma, seu propósito não era para ferir, mas sim para ostentar, uma vez que era ornamentada com jóias. Permaneceu ao lado de seu marido enquanto ele saudava o infiel Primaz, responsável pelas mortes de entes queridos dela, inclusive de dois de seus filhos que morreram na guerra santa e levou seu marido para o exílio, longe dela por dois anos. Diferente de Damasceno, Amy não escondia o rancor que tinha no olhar enquanto mantinha a sua postura inalterada e encarava o Primaz como uma besta encara a sua presa antes do jantar.
Ricardo_pereira


Kharduh decidiu ir a mais uma celebração religiosa acompanhado dos seus irmãos averroístas. Vestia-se sem grande requinte e não como um averroísta tradicional, pois tinha nascido no meio de infiéis. Usava uma simples camisola branca, umas calças da mesma cor, e sapatos e um colete pretos. Como sempre estava sorridente e levava com ânimo a cerimónia, tendo cumprimentado todos um a um .
Nreis


O Vice-Primaz cumprimenta amavelmente todos aqueles que haviam comparecido na cerimónia de homenagem a Aristóteles, convidando-os a sentar-se e a desfrutar o sermão. Apesar dos olhares por vezes pouco afáveis, o Reverendo não se deixara intimidar por isso e encontrava-se agora pronto para iniciar o sermão.

NReis dirige-se então ao púlpito e, abrindo os braços, começou então a discursar.



"Multis lingua nocet: nocuere silentia nulli" - Mais se arrepende quem fala do que quem cala

"Arrependei-vos dos vossos pecados, pois o fim está próximo!" Isto é o que, por assim dizer, os mensageiros do Senhor pregam, de uma forma ou de outra. Seja através da oração, da doação aos pobres ou da castidade, múltiplas e variadas formas há de nos arrependermos dos nossos pecados perante o Todo-Poderoso, que mantém o Seu olhar paternal e protetor sobre nós. Mas quando se vê tantos pecadores no Reino, havendo tantos nele que pregam o arrependimento, qual será então a causa de todo este pecado? Ou o pregador não prega o arrependimento, ou o pecador não se deixa arrepender. Ou o pregador não prega o arrependimento, porque se não arrepende ele dos seus pecados; ou porque o pecador se não deixa arrepender, preferindo imitar o que estes fazem, do que fazer o que estes dizem. Ou é o pregador que não prega o arrependimento, preferindo pregar a falsa doutrina com a qual foi corrompido; ou porque o pecador se não deixa arrepender, preferindo servir a seus desejos do que a Christos e Aristóteles. E não será tudo isto verdade? Muito mal!

Mas, com tanto arrependimento e tanto pecado, quem será mais pecador? O que prega o arrependimento e peca nos seus atos, ou o pecador que, arrependendo-se, torna a pecar? Ponto interessante, este. O que fazer então, com este pecador arrependido e com este arrependido pecador? Sobre o primeiro caso, o Altíssimo disse: "Enquanto Eu vos dei o Meu amor, vocês desviaram-se, preferindo ouvir as palavras da criatura à qual não dei nome. Preferiram abandonar-se aos prazeres materiais em vez de me darem graças. Em sete dias, a vossa cidade será envolta em chamas e aqueles que lá permanecerem passarão a eternidade no Inferno. Contudo, sou magnânimo, e aqueles que entre vocês saibam fazer penitência passarão a eternidade no Sol, onde se encontra o Paraíso". Quem se atrevera a dizer tal coisa, não fora o Todo-Poderoso? Tal como o mais virtuoso e arrependido dos homens é digno de caminhar em direcção ao Paraíso Solar, assim é merecedor de todo o desprezo e do Inferno Lunar, todo aquele que é vil e que insiste no pecado.

O que fazer, então, com o arrependido pecador, aquele que prega o arrependimento? A isto o Altíssimo não respondeu. Mas eis que temos a resposta na resolução de Aristóteles, cuja morte celebraremos dentro em pouco, e cuja ciência nenhum outro Homem conseguiu ultrapassar.

Tinha Aristóteles 15 anos e vivia no campo sob a tutela de um parente próximo, após ter perdido os seus pais. Assim, foi educado no trabalho duro do campo e convivia com os pobres camponeses. Numa das suas conversas, pregou Aristóteles a um camponês sobre a racionalidade de acreditar em um único Deus e sobre a irracionalidade de acreditar em vários em que este, após ter perdido a argumentação lógica, se livrou dele rapidamente terminando a conversa. Não surtindo as suas argumentações nenhum efeito nem produzindo nenhum fruto, que fez então Aristóteles? Desistiu? Resignou-se? Daria tempo ao tempo? Isso certamente faria outro, mas Aristóteles, em cujo peito ardia a chama da Vontade Divina, não se rendeu tão facilmente? Então, que fez? Mudou o púlpito, e não o discurso, e partiu em busca de um semelhante, um igual, que o conseguisse entender e com quem conseguisse aprender, pregando a todos os animais dos campos por onde passava.

Assim se fará àqueles que, pecadores, pregam o arrependimento. Mudem-se-lhe os púlpitos, mudem-se-lhe os mestres! Que comecem por pregar aos animais do campo como Aristóteles, que não os corrompem estes, nem por eles são corrompidos! Também eu assim o farei e, visto que os homens se não aproveitam, irei pregar o arrependimento aos animais da floresta, com a graça de Aristóteles e de Christos. Ámen

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Ghost.


O fantasma estava de longe observando o sermão que era realizado ali. Longe o suficiente para não ser incomodado, mas não tanto que não pudesse intervir caso seja preciso. Manteve um olhar atento nas pessoas, aquele prometia ser um dia trabalhoso.
Nreis


Prezados animais da floresta, a vós acorro! Ouvi o meu chamado e disponde-vos para me ouvir, já que ouvir-me os homens não querem! Ao menos vós tendes uma grande qualidade - ouvis. Dentre os homens há aqueles que ouvem mas não falam e aqueles que, falando, não ouvem; ou seja, aqueles que, ouvindo da minha boca as palavras do Altíssimo, não las pregam aos outros nem delas fazem vida e aqueles que, falando incessantemente, não ouvem o que lhes tentam pregar. Que grande mistério este!

Uma só coisa pudera desconsolar ao pregador - é que os animais, não sendo gente, não se podem converter. Bem nos ensinou Aristóteles que os animais não têm alma não buscando, portanto, a inovação. Mas aqui está a grande contradição: os que, não tendo alma, ouvem mas não se convertem e os que, não se convertendo, não ouvem e têm alma. É missão então do pregador fazer com que os homens, nesse caso, ouçam e se convertam, arrependendo-se dos seus pecados. Ah, mas que assombrosa e ingrata missão, fazer ouvir aqueles que não o querem fazer!

O arrependimento tem duas missões: conservar o são e preservar o são para que este se não corrompa. Assim também está deve ser a missão do pregador: louvar as virtudes, para conservar o bem que vós tendes feito, e repreender toda a perfídia e corrupção, para preservar. Assim fazia Aristóteles e assim o farei também, irmãos da floresta! Onde há bons e maus, há que louvar, mas também repreender. Começarei então por ressalvar as vossas virtudes, passando de seguida para os vossos vícios.

Comecemos então!

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Beatrix_algrave


Assim que a cantata terminou, houve um profundo silêncio e a atenção dos fieis se voltou para o local onde Dom Nreis começaria o sermão.

O tema era a Sapiência, e Beatrix ficou atenta ao que seria dito e permaneceu atenta ao discurso até o final. No início ele conclamava os fieis a arrependerem-se de seus pecados, explicando o quanto os pecadores ao insistirem em seu pecado desviam-se do amor do Altíssimo e caminham para o inferno Lunar. Citou o exemplo de Aristóteles que começou a pregar aos animais dos campos, em dada ocasião, visto que os homens eram surdos a pregação do arrependimento.

Ela ouvia cada vez mais concentrando toda a sua atenção. Ela responde.

- Amén!


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Aravis


Assim como muitos que ali estavam, Aravis também voltou sua atenção para o sermão. A jovem já tinha visto alguns em Marseille, mas era o primeiro que assistia em Portugal. Por isso, estava bastante interessada em ver como seria.

Ela ficou realmente envolvida pela pregação do sermão. Aquilo a deixou ainda mais ansiosa para realizar logo a sua catequese, pois ela esperava ser chamada em breve.

- Amén!
Nicollielo
Pelas vestes, Nicollielo encontra facilmente Dom Nreis e vai até ele parabeniza-lo por ser o novo Arcebispo de Braga. Eles conversam por um tempo sobre a procissão mas logo o Arcebispo pede licença para iniciar o sermão

Nicollielo já estava muito cansado, havia excedido seu limite de caminhada para aquele dia então aceita o convite de Nreis e senta em um banco de madeira que estava na praça para assistir o sermão.

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Senescal Diocesano da Arquidiocese de Braga | Alcaide-mor de Chaves | Diácono de Chaves |Secretário Lusófono dos Registos Romanos | Capelão da Capela de São Karel | Assistente de Planeamento de Chaves | Mentor-chefe de Chaves
Vivian


- Amém! - repetiu baixinho em som quase inaudível assim que escutou a palavra ser dita pelo Vice-Primaz.

Havia muito tempo que Vivian não escutava um sermão. Ela já tinha presenciado duas ou três vezes no Porto enquanto caminhava pela praça da cidade, movida inicialmente pela curiosidade. Mas gostou do que tinha visto naquela ocasião e, por isso, poder participar de mais um era de grande valia.

Em silêncio, ela continuava prestando atenção no Sermão da Sapiência, que lhe trazia profunda reflexão.

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♛ Royal Princess of Portugal - Countess of Porto - Baroness of Póvoa de Varzim ♛
Nreis


O Vice-Primaz continua o seu Sermão, após beber um pouco de água.


Comecemos então pelas vossas virtudes, queridos animais da floresta.

A vós também o Altíssimo criou, tal como a todas as criaturas da terra e também a vós deu uma missão, senão a mais importante de todas: Guardar e proteger a floresta, zelando pela sua expansão. Que missão grandiosa!
Mas aqui está uma outra contradição: Os homens, confiando-lhes o Altíssimo uma alma para reinarem sobre todas as espécies, são os que primeiro destroem a floresta, sendo que vós, mesmo sem alma, a protegem e mantêm.

Descendo ao particular, há algumas virtudes que gostaria de ressalvar: Na minha expedição à floresta, ao passar pelos campos cultivados, vi pequenas sombras que partiam das árvores, se adentravam nos campos, vindos do céu, e que rapidamente saíam de lá. Eram os piscos peito-ruivo, que auxiliam os agricultores de todo o Reino ao comerem os pequenos insetos que destroem as plantações. Estes animais, apenas da sua dimensão reduzida, fazem um grande bem, ajudando os outros. Quem diria que um pequeno animal, que todos julgam fraco e indefeso, poderia ajudar outros através do simples ato de se alimentar? Assim entre os homens também há aqueles que, através das suas pequenas acções, fazem grandes mudanças para a vida dos outros, ajudando-os, mesmo que essa não tenha sido a sua intenção. Que grande humildade e bondade esta!

Continuando a minha jornada, e quase a adentrar a floresta, ouvi por fim uma bela cantata. Em todo o lado, uma orquestra fantástica que me deleitava com as suas sinfonias melodiosas e graciosas, qual concerto na Catedral do Reino. Estaquei por um instante e observei de onde provinha todo aquele esplendor. Do nada, pequenas criaturas conhecidas como cotovia-dos-bosques, iam-se mexendo nos ramos, falando umas com as outras. Mas que belo discurso! Uma melodia como nunca havia outra, encantando todos os que por ali passavam, como se não houvera beleza maior neste mundo criado pelo Todo-Poderoso, impelindo-nos a amar e a continuar a viver com um sentido. Assim há, de facto, aqueles que, com as suas palavras, encantam e deslumbram os outros, dando-lhes um novo ânimo e uma nova vida para continuar em frente, apoiando-os e dando-lhes um sentido à vida. Um altruísmo ajudar os outros a encontrar o seu sentido para a vida!

Já dentro da floresta, vi-me subitamente rodeado de animais peludos, que apontavam as suas presas para mim, prontos para te atacar. Subitamente, uma matilha de lobos-ibéricos saiu de dentro da vegetação e colocou-se diante de mim, prontos para atacar as bestas que antes me amedrontavam. Estas, com receio da matilha, recuaram rapidamente, ido a matilha no seu encalço. Esta experiência deixou-me a pensar: Há de facto animais que protegem os viajantes da floresta contra os seus próprios perigos, quais militares honrados que, ao comando do seu comandante, vão percorrendo o território contra os assaltantes e os criminosos.

Estas são as vossas virtudes, animais, que não me canso de vos louvar e admirar. Apesar da vossa irracionalidade, são muitas vezes mais racionais que o próprio Homem, que se perde em guerras inúteis e em birras lamuriosas, não levando a lado nenhum. Possam os homens aprender com as vossas virtudes, como o Altíssimo nos ensinou!

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Ze_povinho


Ze tinha adormecido nas novenas, mas agora sentia-se fresco, revigorado, "afinal de contas dormir não é pecado...", pensou. Foi então que seus pensamentos foram interrompidos por uma voz que vinha lá da praça, reparando no ajuntamento, aproxima-se na esperança que seja algum artista de renome que agraciava as comemorações com um espetaculo gratuito...

" - Quem é este artista? - perguntou em sussurro a um dos espectadores - "- Qual artista? É o Vice-Primaz... Calai-vos e escutai, pode ser que aprenda algo..."

Desiludido, resignou-se a ouvir as palavras que o Vice-Primaz, até que voltou aos seus pensamentos e sonhos, alienando-se a tudo o que se passava ao redor...
Nreis


Tendo ouvido as vossas virtudes, ouvi também as vossas repreensões. A cousa que mais me desedifica, queridos animais da floresta, é que vos aproveiteis uns dos outros. Vós não saibais viver em harmonia e paz uns com os outros, procurando sempre notar quem a vós está atento, atacando-os sem qualquer justificação. Que desgraça esta! Em vez de viver em paz, ataquei-vos uns aos outros, procurando retirar benefícios disso!

Vede também os vossos irmãos, na cidade. Também eles, os homens, se aproveitam uns dos outros! Pois não creis no que vos digo? Vinde, vinde e vede! Vede aquele andar pomposo, aquela reverência formal, aquele galanteio, aquela sumptuosidade e aquele fino decoro com que se tratam uns aos outros! Mas olhai, olhai com atenção, animais! Não vos deixeis enganar com aquela néscia afetação! Vede como aquele andar se empertiga todo ao se cruzar com aquele Nobre, já comprometido, numa tola tentativa de sedução para que este falte ao voto do matrimónio! Vede como aquela reverência é seguida de um olhar de malícia e de dissimulação! Vede como aquele galanteio é efetuado a duas ou três damas ao mesmo tempo! Vede como aquela sumptuosidade é feita à custa do salário miserável que pagam ao pobre camponês! Vede como aquele fino decoro reveste a inveja de outrem! Santa hipocrisia! Que com fingimento e sonsice disfaçais as vossas verdadeiras intenções! Paenitemini, igitur, et convertimini ut deleantur vestra peccat «Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados»!

Mas também entre vós, animais, também entre alguns de vós se revela a mesma tartufice que nos homens! O primeiro é o Javali, animal de aparência mansa e de temperamento afável, cuja mansidão parece quase santa! Mas, em baixando vós a vossa guarda, corre direito a vós e trespassa-vos com aquelas presas, quais lanças afiadas impregnadas de ira e de falsidade, tirando-vos a vida em meros instantes com a mesma mansidão de um assassino! Vedes agora como aquela aparência não passa de um engodo?
Mas calma, animais, não vos espanteis ainda, que o melhor está ainda para vir. Olhai agora para a víbora-cornuda, ali tão recatada e tão calma àquele canto. Tão atenta, quereis vós dizer! Atenta a tudo o que a rodeia, identifica a presa através do calor que ela emana e aproxima-se lentamente dela, sem som nem vestígio, devagarinho e calmamente, sem que a vítima dê conta. E de repente, de uma só vez, ataca a presa, mordendo-lhe com os seus dentes pontiagudos, saturados de um veneno paralisante, enrolando-se à volta da pobre e indefesa vítima, que vai definhando com o aperto sufocante.
Por último, temos a mais vil de todas, a qual vos irá espantar muito - a Coruja. "Não pode", direis vós, "a coruja não!". Mas é verdade, caros animais! A Coruja, o mais pacato dos animais, o mais sábio, aquele a quem vais procurar conselho, não é outra senão a mais hipócrita e a mais vil criatura de todas! É a imagem perfeita da dissimulação, interpretando uma das maiores antíteses de todas! De dia, tão calma, serena, pacata, tudo vendo e observando, sábia, tudo sabendo e dando preciosos conselhos. Mas de noite, revela a sua verdadeira face - finalmente move-se da quietude com que passara o dia, saltando do ramo onde permanecera e, abrindo as suas asas, ataca a sua presa, levando-a num voo mortífero e fatal! Toda ela é falsidade! - de dia, tudo observa, e de noite, age; de dia, mansa, e de noite, desleal; de dia, dá sábios conselhos, e de noite, rouba vidas; de dia, Christos, de noite, Dajú, o traidor! Nem Dajú fora tão traidor quanto a coruja, pois esse entregou Christos identificando-se, e as vítimas da coruja nem sabe o que lhes aconteceu! Vede, criatura viciosa, qual é a tua falsidade, pois Dajú em comparação já é menos traidor!

Tendo acabado, irmãos da floresta, os vossos louvores e repreensões, e satisfeito com as duas obrigações do arrependimento - conservar o são e preservar o são para que este se não corrompa, só resta despedir-me de vós, alertando-vos para a expiação dos vossos pecados pelo arrependimento! Não deixeis de vos arrepender, para vos serem perdoados os vossos pecados!

Por Aristóteles, Nosso Profeta!
- diz finalmente o Arcebispo, elevando os braços ao alto, esperando o "Amén" da audiência.

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Beatrix_algrave


Após ouvir a segunda parte do Sermão, Beatrix continuava absorta nas palavras, na história que era contada e que constitui-a o Sermão da Sapiência.

A alegoria era bastante interessante e bem construída. Além da instrução e da sabedoria que emanavam daquelas palavras, havia uma construção muito rica de significado e imaginação. Ao termino daquelas palavras, ela proferiu.

- Amén!


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