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[RP] Uma pequena temporada no Porto

Leonardodavinci


A estalagem condal servia de abrigo para o jovem toscano durante aquela sua viagem a cidade do Porto. O quarto onde estava não era dos mais simples oferecidos pelo mui antigo prédio que servia a necessidade dos viajantes. Ele aceitara pagar mais caro pelo conforto e o privilégio de obter uma escrivaninha e conservar certa privacidade. Era fato que o ouro já podia permitir a um homem comum, obter determinadas vantagens, que outrora lhe eram bloqueadas apenas pela sua origem.

Tomara seu desjejum, tendo acordado mais cedo do que a maioria dos demais hóspedes, como era de seu feitio, odiava o sono e prendia-se a ele por mera obrigação física. Tinha o instinto naturalmente solitário que só as madrugadas poderiam lhe fornecer. Retornara ao seu quarto, a mente já mais desperta pela refeição, despiu a parte superior do corpo, lançando a camisa de algodão sobre a cama de forma desleixada.

Tinha uma compleição sólida, fortalecida pelos treinos físicos que tantas vezes salvaram sua vida. A sua pele, no entanto, tinha marcas e cicatrizes que criavam os mais grosseiros desenhos sobre a derme. Não eram cicatrizes de guerra e combates, como gostaria de ostentar, mas eram resultado dos anos de criminalidade e principalmente, de diferentes formas de tortura que sofrera. As marcas maiores, enfim, não estavam na derme, mas na mente, ocultas e suprimidas pelo invólucro racional que Bartolomeu começara a construir para ele e concluído por Inês Castro Torre. O rapaz preferiu abrir a janela, deixando uma leve brisa gélida, incômoda, varrer o quarto e optou por cobrir o corpo com um mantô de peliça.

Debruçado sobre a escrivaninha, iluminada pelos raios iniciais da manhã, colocou-se a escrever cartas para enviar para seus contatos espalhados pela cidade. Já fazia alguns dias que havia chegado a “cidade invicta”, mas pouco realizara além de divertir-se nas tavernas. Era hora de cumprir a finalidade pela qual havia acompanhado seus primos até ali.

Após uma hora focado na redação das cartas, ligeiramente entediado, baixou a pena e colocou-se a revisar o que havia escrito. As palavras em uma carta, precisam ser medidas com duplo cuidado, pois um vez desenhadas, ficam estáticas e a clareza nem sempre é desejável.


Ouviu sons atrás da porta de seu quarto, a mão manchada de tinta deslizou dos papéis até a adaga que descansava ao lado. Escutou o som da chave girando na fechadura e a porta abrir-se.

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Raquel_


Raquel deixou as bagagens no chão para poder abrir a porta do quarto. Anton tinha dado a chave, pois precisou sair para resolver pequenas burocracias. Estava receosa de flagrar algo que não quisesse ver, então fez bastante barulho com a chave, e girou na fechadura lentamente. Colocou as malas dentro do quarto com dificuldade, avistou Leonardo em pé e disse:

- Anton já viajou para Alcobaça? Esqueceu de limpar o quarto, ao que parece...

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Leonardodavinci


Raquel entrou no quarto de Leonardo, carregando com certa dificuldade alguns dos pertences de Anton. Ela não o notou no quarto até que ele se levantou. Quando ela o falou da viagem de Anton, um sorriso sutil escapou dos lábios dele, mas que ele rapidamente conteve.

– Deixe-me ajuda-la.


Leonardo largou o mantô de peliça que pesava aos ombros e caminhou em direção a ela, revelando o torso desnudo. Tomando algumas das malas que ela carregava e depositando em um dos pontos vazios do quarto. Ela apenas assentiu em agradecimento, mas parecia relutante em olhar para ele. Terminando de colocar as malas ao canto, ela fez menção de se virar para se retirar do quarto.

- Ei... –
Leonardo tomou a mão de Raquel e a puxou para perto de si, envolvendo ela com um dos braços, deixou-a colada junto ao peito e levantando o rosto dela com a ponta dos dedos da mão livre, beijou-a delicadamente – Você não foge mais de mim...



Sentiu então, para sua surpresa, as mãos suaves dela o empurrarem.

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Raquel_


Raquel se desvencilhou delicadamente dos braços de Leonardo. De certa forma aquilo não estava certo, os dois sozinhos no quarto do hotel, e Leonardo sem blusa. Nem na casa dela ele se permitia ficar tão à vontade. Mas Raquel não sabia como dizer isso para seu primo, e ao mesmo tempo ficou um pouco atordoada ao observar ligeiramente as cicatrizes do corpo de Leonardo. Era um pouco perturbador ver várias feridas sem saber a procedência daquele sofrimento. Raquel olhou para os olhos de Leonardo e disse:

- Vim apenas deixar as coisas do Anton, não sei que horas ele vai voltar, mas se voltasse agora não seria uma cena tão civilizada para os três neste quarto. Voltarei para o meu.


Ela se afastou educadamente até a porta, até que Leonardo falou novamente.

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Leonardodavinci


Leonardo com certo estranhamento sentiu sua prima escapando de seus braços. Ficou confuso por alguns momentos, não entendia se a havia ofendido ou qual outro motivo misterioso a fazia se distanciar. Ela mesmo explicou em seguida, como sempre, decidida.

- Vim apenas deixar as coisas do Anton, não sei que horas ele vai voltar, mas se voltasse agora não seria uma cena tão civilizada para os três neste quarto. Voltarei para o meu.


Ressentiu-se, por ter agido impulsivamente, sem deliberar que podia estar se excedendo e que ela poderia estar entendendo tudo de uma forma completamente diferente. Ainda assim, sentira que como das outras vezes, ela aceitara de bom grado o beijo que ele lhe dera. Isso o deixava ainda mais atarantado, mas logo lhe ocorreu, que ela tinha em mente, questões as quais ele estava ignorando, embora tivessem ocupado sua mente longamente no passado. A questão era que havia muito mais no caminho deles do que apenas a distância física que ele sentia tanta vontade de transpôr. Nenhum dos dois podiam se apressar, os anos de convivência que agora aos poucos se convertia em amor e desejo, precisava ser processado e considerado. Barreiras sociais os impediam, o parentesco, a reprovação familiar e muitos outros empecilhos que esgueiravam a relação dos dois.

Apesar da consciência que tinha dos fatos, não queria deixá-la ir daquela forma.

Eu pensei... - ele começou, quase um pedido de desculpas, mas logo contornou - A cidade é muito grande. Há muitas coisas para ver. Eu pensei que talvez nós possamos passear um pouco, aproveitar para conversar sem que Anton atrapalhe. Queria conhecer o porto, mas podemos também visitar o bosque, as falésias....Bem, não sei... decidimos isso.

Ela meneou a cabeça positivamente e ele se contentou com aquilo. Fechou a porta e sentiu subitamente um vento gélido tocar suas costas e se cobriu novamente com o mantô, apertando o para se aquecer. Um sorriso surgiu involuntário no seu rosto, afinal era divertido provocar aquela mulher.


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Raquel_


Raquel voltou para seu quarto para se arrumar. Não parava de pensar sobre o que Leonardo tinha dito.... "aproveitar para conversar sem que Anton atrapalhe". Decerto que precisavam conversar, e ainda não houve oportunidade para tal. Anton tinha desleixado na aparente vigilância que fazia, sempre a tratar de questões no Porto sem dar muita atenção para a irmã.
Talvez essa seria a única oportunidade para conversar com Leonardo sobre tantas questões pendentes que haviam entre os dois.
Raquel pegou a jarra d' água e encheu um copo, depositando a jarra de volta à mesinha, e bebeu calmamente. Prendeu seus longos cabelos, mas deixou uma trança cair pelos ombros, e prendendo-a com um laço de fita. Preferiu não cobrir seus cabelos, ajeitou suas mangas e novamente saiu do quarto, de encontro ao seu primo.
Caminhou novamente pelo corredor e bateu na porta, dessa vez não abriria com a chave.

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Leonardodavinci


Leonardo retornou a sua escrivaninha e enquanto esperava sua prima se preparar, selou as cartas pendentes e guardou-as numa bolsa para remeter mais tarde. Vestiu-se, desta vez em totalidade e aguardou, limpando a lâmina de sua adaga cinzelada com um retalho. Temia que os ares portuenses causassem algum tipo de ferrugem na lâmina e para garantir, pingava algumas gotas de óleo no retalho e espalhava o líquido pelo metal, protegendo-o de forma mais eficaz. Distraía sua mente desta forma.

Não demorou e algumas batidas tímidas na porta assinalaram que Raquel já estava pronta. Ela o olhava desconfiada, mas ele apenas a cumprimentou, contendo uma certa ansiedade que sentia e prendeu a adaga na cintura. Ela o acompanhou enquanto se dirigiam para fora da estalagem e os dois permaneceram em silêncio, como se tivessem assuntos tão sérios a debater, que qualquer outro assunto se tornava banal e não valia a dispersão da mente.

Trocou algumas palavras com um dos cavalariços de uma estrebaria ao lado da estalagem, obtendo algumas informações úteis sobre as ruas que poderiam seguir. Guiou Raquel pelas ruas do Porto, em direção ao Cais da Ribeira e - aos poucos - pôde quebrar o silêncio.

Sorria para ela, despreocupado, desejava que ela entendesse que estava tudo bem, mas sabia ao fundo que talvez as coisas não fossem assim tão simples. Aquele estranho peso que sentia, ao comentar vagamente suas impressões da cidade apinhada de pessoas, o deixava incomodado. Entre os sorrisos e os olhares, tentava decifrar o que ela pensava e temia, que ela fosse mais prudente que ele, que o quisesse distanciar definitivamente.
Desenvolvera, ao longo dos anos, uma determinada habilidade no manejo social e em observar algumas intenções veladas naqueles com quem conversava. Assumia uma postura defensiva e através de observação, estudava, entendia e preparava um contra-ataque. Todavia, aquilo não funcionava com Raquel, ela o desarmava.

Nos meandros da parte mais baixa da cidade, era onde a agitação da cidade aflorava ao máximo, e os muitos mercadores, viajantes e camponeses que trafegavam por ali, fazendo comércio ou esperando sua vez para entrar nas barcas que cruzavam o Douro. Os dois jovens passaram pelo cais, observando o intenso movimento, as diversas barcas e navios e a mui característica distinção entre as pessoas naquele espaço. O porto era gigantesco, ao que se aproximava, em determinados aspectos, aos portos das Republicas italianas, em especial o de Pisa, que a semelhança do Porto e do Douro, se estabelecia por sua vez no Arno. Justamente pela experiência, Leonardo mantinha sua prima perto de si, e as mãos sempre prontas a sacar a adaga e agarrar o alforje.

Após passar pelos cais da Ribeira e da Estiva, e tendo passado pelos pontos mais intensos do comércio na cidade, aos poucos o fluxo de pessoas diminuía e puderam focar mais em apreciar o belíssimo rio que banhava a cidade e na companhia um do outro.

Caminhando a ribeira do Douro, Leonardo por poucos momentos esquecera o real motivo daquele passeio, a visão singela de Raquel e dos grandes morros que se estendiam além da outra margem, lhe faziam esquecer toda movimentação cosmopolita e focar-se apenas no encanto que lhe causava aquela beleza harmoniosa e a infinidade de conceitos a quais sua mente viajava na contemplação. Desejava capturar aquele momento.

Sua contemplação foi interrompida, novamente, quase de súbito, pelo sentimento de urgência de tratar daqueles assuntos não resolvidos. Ele ficou em silêncio por alguns momentos, preparando o que poderia dizer, mas foi Raquel que iniciou o assunto.


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Raquel_


Raquel aproveitou o silêncio quase constrangedor entre os dois durante o passeio na beira do rio Douro, e entrelaçou um dos seus braços com um braço de Leonardo. Com coragem, cortou aquele silêncio dizendo algo sobre o que precisava ser dito.

- Já estava na hora de termos um momento a sós. Quem sabe assim chegamos a um consenso sobre o que está acontecendo conosco, pois está difícil de ignorar. Por favor, comece sobre você...

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Leonardodavinci


A aproximação dela foi um alívio pra ele e quando ela o indagou, ele sentiu algumas palavras entaladas em sua garganta. Queria e tinha muito a dizer para ela, mas poucas palavras conseguiram transcender a pesada barreira entre a mente e a fala. Ele suspirou e sorriu para ela.

- Nesses últimos dias eu me deixei refletir menos sobre esse assunto do que eu gostaria. Para mim tem sido tudo ininteligível. No entanto, você está certa, precisamos entender isso de algum jeito.
- Ele fez uma pausa, pensando - Eu sinto por você algo que já não é mais apenas a afeição que eu deveria sentir por uma prima. Bem...acho que isso você já deve ter percebido, mas é essa distância entre nós, que pra mim é tão insuportável. Eu quero você perto...como eu jamais quis outra pessoa.

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Raquel_


O coração de Raquel disparou com as últimas palavras que Leonardo proferiu, e um frio subiu na espinha. Mas conseguiu se controlar, respondendo com alguma razão embutida em suas palavras.

- Se eu permiti você se aproximar mais, é porque a minha afeição também já não é mais a mesma...eu...eu..eu...não sei desde quando isso aconteceu. Mas não consigo mais repelir você. Há uma intensa luta em se deixar levar, e ter juízo ao conduzir tudo que se passa comigo, pois antes de tudo, somos primos.

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Leonardodavinci


Ele ficou contente em ouvir as palavras dela, sentia de certa forma um conforto, mesmo que ela interpusesse uma certa dúvida, ele tinha conseguido capturar a afeição dela e isso era algo que lhe trazia uma intensa leveza. O mais difícil ele já havia transposto.

- Sim, somos primos, mas isso significa que devemos negar aquilo que sentimos um pelo outro? Eu venho de uma terra completamente diferente, Raquel, nosso sangue não é o mesmo, não posso deixar que um papel ou documento, me separe de você - ele suspirou, seu coração pesara - Se precisar, eu estaria disposto, a deixar a família... Acho também, que será o único jeito...

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Raquel_


Decidida, interviu.

- De forma alguma. Uma vez registrado não há como voltar atrás. Claro que agora você é órfão duas vezes, mas não vem ao caso. Se Anton já fez o que fez, imagina o restante da família? Não posso negar meu sentimento por você, mas também não devemos nos expor por causa disso. Não quero Anton novamente a te chamar de bastardo e a fazer coisas indelicadas.

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Leonardodavinci


Leonardo parou de caminhar e tomou as mãos de Raquel. Ouvira atentamente o que ela lhe dissera, mas tinham um impasse. Nenhum dos dois queria abrir mão um do outro e nenhum dos dois podiam abrir mão da família e dos laços familiares que os conectavam.

- Eu não me importo que me chamem de bastardo, Raquel. Não me importo com o que podem fazer comigo, minha única preocupação é que não me deixem ter acesso a você. Isso eu não suportaria...Você é importante demais para eu poder abrir mão...
- ele acariciou o queixo dela, olhando-a nos olhos, prosseguiu - Eu quero estar comprometido com você, mas por enquanto, a única forma será mantermos longe do conhecimento da família nossa relação... Com o tempo, poderemos, quem sabe, convencê-los... Você aceita essas condições?

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Raquel_


Raquel correspondeu ao olhar de Leonardo, e respondeu em seguida.

- Talvez, e por enquanto, manter o comprometimento longe do conhecimento deles seja a melhor opção no momento. Você não está morando longe de mim, então creio que isso seja administrável. As condições ao seu lado são suavemente suportáveis, o tempo vai passar e ele será a nossa melhor resposta com relação à nossa decisão.

Raquel interrompe o que falava e abraça apertadamente Leonardo. Ao mesmo tempo, diz:

- Estou otimista quanto a isso, o importante é que o que sentimos prevalece.

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Leonardodavinci


Leonardo envolveu Raquel em seus braços. Naquele momento detinha uma sensação singular. Sentia uma paz que se mesclava a intensidade. Ficou alguns momentos, sentindo a respiração dela, lentamente, contra seu peito. Beijou a boca dela, sentia-se inexplicavelmente atraído por aqueles lábios.


- Vai dar tudo certo, não se preocupe. Vamos poder continuar nos vendo todos os dias. Mesmo após tudo que aconteceu, ainda vivemos próximos um do outro e eu tenho meios que nos ajudarão a manter isso em segredo.
- ele disse sorrindo - Tenho dois ou mais empregados do Solar na minha mão. Poderemos nos encontrar secretamente, sempre que lhe aprouver, além de podermos trocar mensagens.


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