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Um gavião confinado na Torre

Mantie


Era uma noite muito agradável e convidativa para ir até à taverna. Mantie não se arrumou com esmero, mas também não se descuidou, pois era uma taverna tradicional de Porto. Ajeitou seus cabelos deixando-os soltos para se proteger do inverno nortenho. Havia marcado um encontro com um belo jovem, filho de um conde amigo de sua mãe, vindo das bandas da Irlanda que passava uma temporada de veraneio a caçar nos arredores da cidade. O rapaz por questões de cortesia no trato, tinha enviado um bilhete para Mantie com o indicativo de um local público, neutro mas também familiar. Mantie estava em sua carruagem, como de costume, pedira ao cocheiro que desse algumas voltas em torno do palácio, para apreciar a neve que caía sobre a cidade do Porto. De certa forma, se sentia atraída pela alvura que cobria as ruas naquela época do ano. Gostava de olhar as luzes alaranjadas que saíam das casas, para ela, a noite, a neve e a chama dos archotes formavam uma combinação de cores semelhante ao próprio arco-íris
Quando finalmente chegaram diante da taverna, a porta da carruagem se abriu, lançando no interior um ar gélido que a fez corar. Ela sorriu, para romper a rigidez do rosto. Sir Qualquerum, colocou diante dela o braço, para que ela descesse apoiada nele. Tocou com os delicados pés, a neve pisoteada e escura diante da taverna. Algumas damas a aguardavam na entrada da taverna, para que entrassem acompanhadas. Logo um pajem abriu a porta da taverna para o grupo, que adentrou prontamente para fugir do frio. O ambiente no interior da taverna era sóbrio e aconchegante. Os brasões das mais honradas famílias do Porto decoravam as colunas, os sorrisos simpáticos no rosto daqueles que se voltavam para a porta para admirar a princesa-beldade e a música leve e tranquila, tornavam aquele ambiente no perfeito local para se encontrar um futuro marido, embora Mantie não se aviltasse em torno de tais assuntos.

Um funcionário se prontificou a tirar seu casaco e das demais damas. Ela deu algumas moedinhas para o diligente empregado, mas já não o via, seus olhos esquadrinhavam a taverna, procurando em cada canto o garboso irlandês. Alguns jovens se encontravam naquele dia se distraindo na taverna. Mantie olhou rapidamente a bancada da taverna, e avistou um jovem sentado que aparentava possuir olhos claros, sem saber ao certo se eram azuis ou verdes. O jovem aguardava ser encontrado através do olhar de Mantie, pois quando o encontrou, ele estava encarando-a. Aquele encontro de olhares com um jovem desconhecido gerou uma faísca que percorreu sua espinha, dificultando sua recomposição para que se guiasse até a mesa onde iria sentar. Uma das damas a puxou pelo antebraço, chamando-a para sentar.

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Sir_anton


Anton estava sentado em uma taverna no Porto, tinha os pés sobre a mesa e se equilibrava nas pernas traseiras da cadeira.
Ao seu lado, seu primo Leonardo que infelizmente insistira para acompanha-lo nesse dia, provava pela primeira vez o vinho do Porto.Sua irmã Raquel, parecia se divertir com Leonardo, rindo das bobagens que ele falava conforme ia ficando embriagado.
Seu fiel guarda-costas, como sempre, mantinha-se calado até ser requisitado.
Anton estava entediado, brincava com uma moeda de 1 cruzado passando-a entre os dedos, observando os movimentos de todos a sua volta, como aprendera após tanto tempo lidando com o pior tipo de gente.
Para ele, era só uma noite qualquer, em uma taverna qualquer, em uma cidade qualquer, matando o tempo.
Já passava por sua cabeça a ideia de ir embora, quando uma jovem entrou no recinto.
Uma pequena comitiva a acompanhava, muitas jovens sorridentes, mas esta foi a única que chamou sua atenção: ela era baixinha, com longos cabelos loiros, cabelos que o faziam pensar em uma cachoeira de mel, envolviam o rosto dela como uma moldura. Sua pele era muito lisa, alva e rosada nas bochechas devido talvez ao frio ou a timidez de chamar tanta atenção. Mas talvez, o detalhe que mais tenha prendido a atenção de Anton tenham sido seus olhos violeta, como ele nunca tinha visto.
Anton não conseguiu evitar de continuar observando-a e contemplando sua beleza, ele perscrutava cada ponto do rosto e do corpo dela, absorto, como um monge que tinha em sua vista uma obra raríssima. Ele então percebeu que ela o havia notado, e numa espécie de desafio infantil, o observava. Quando os olhos violáceos da dama se encontraram com os dele, foi como se Anton congelasse.
Sentiu se viciado e atraído por aquele olhar, de forma que nada mais a sua volta existia. Não conseguia pensar e movido por um impulso, fez menção de se levantar, porém logo viu que a moça foi se sentar na companhia de outro jovem, o que deixou-o levemente frustrado e pensativo. Se ela estava ali para um encontro, as coisas não seriam tão simples.
Então seguiu em sua pequena brincadeira, observando a dama, sem se importar se ela já estava em um encontro. Sentia que o desafio era também empolgante. O jovem com quem ela estava sentado era um rapagote muito bem vestido, provavelmente acompanhado de uma comitiva de pompa semelhante a que acompanhava a donzela.
Quando, então, percebeu que ela correspondia seu olhares, Anton deu um leve toque no chapéu e sorriu, como um cumprimento. Em seguida, se manteve gentilmente a observando, fingindo que desviava o olhar quando ela olhava pra ele, sabia que arrancava dela alguns sorrisos, mesmo que ela tentasse disfarçar para não ofender seu acompanhante.
Quando percebeu que havia capturado a atenção da jovem, mais do que o acompanhante dela, decidiu mostrar um truque, utilizando uma técnica boba de ilusionismo, que aprendera em uma de suas viagens, Anton fez a moeda que brincava desaparecer em suas mãos. Ao ver a expressão dela de fascinada, que ela não conseguiu disfarçar, resolveu se aproximar.
- Perdão, formosa donzela, mas acredito que esteja com algo que é meu.

Em um movimento perfeito e delicado, Anton fez parecer que retirava a moeda desaparecida de trás da orelha da moça.

- E ai está ela! Como...
- O senhor se importaria de voltar para o seu lugar?- O acompanhante da moça interviu, bastante incomodado – Esta é uma conversa particular.

- Se não notou, estou falando com a dama.- Anton gracejou do garoto.

O rosto do garoto rapidamente foi de um branco marmóreo para vermelhaço em questão de um segundo. Ele fechou os punhos e se levantou virando para trás a cadeira em que estava e atraindo a atenção de todos para a situação.

- Como ousa?! – desafiou o rapaz, sua voz surfava nos tons agudos como é típico dos mui jovens– Eu sou Sean...

- Eu não me importo com quem você é, desde que não me faça ouvir mais desse sotaque horrível.

- Eu vou acabar com você! – gritou o rapaz ultrajado.

Anton viu o jovem vindo em sua direção, ao mesmo tempo que viu Dubois se preparando para sacar a espada. Ele não queria uma matança, não naquela noite, não na frente da jovem. Apesar disso, dois cavaleiros que seguiam a comitiva do pequeno nobre se ergueram, prontos para defender a honra de seu senhor. Pode notar que Leonardo que observara a situação se desenvolver, já se aproximava da cena.

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Leonardodavinci


Era a primeira vez que Leonardo visitava a cidade do Porto. Estava em Portugal a poucos mais de dois anos, mas fazia apenas alguns meses que havia sido adotado pelos Torre. Por conta disso, vivia sob a intensa influência de seus dois primos e os seguia onde quer que fosse. Acreditava que de certa forma, ele era para eles uma espécie de mascote, um rapaz toscano, cheio de costumes estranhos e que falava ainda com um pesado sotaque.

Também era a primeira vez que provava o vinho portuense, embora fosse uma iguaria lusitana, Leonardo não tinha o gosto refinado o suficiente para diferenciá-lo de qualquer outro, mas ao menos percebia que estava ficando embriagado mais rápido do que o normal.

O rapaz se divertia com sua prima Raquel, embora Anton estivesse completamente absorto fitando alguma coisa no meio da taverna. Abafando os risos, ele passou a observar o que acontecia, notou assim, a donzela de quem Anton não tirava os olhos. Era de fato uma mulher deslumbrante, belos cabelos dourados e olhos violeta. Provavelmente, filha de algum nobre, considerando a pequena comitiva que a guarnecia. A jovem estava acompanhada por um rapaz, tão bem guarnecido quanto ela, fato que Anton parecia deliberadamente ignorar.

Leonardo viu quando a situação se complicou, logo após seu primo se levantar e fazer um gracejo para a donzela. Ele se levantou, ao mesmo tempo que o acompanhante da moça, alguns cavaleiros já estavam prontos para tirar as espadas de suas bainhas quando Leonardo interviu.


- Peço perdão, signore. Meu primo pode ter sido um pouco inconveniente. Espero que não tenha estragado o vosso encontro.


- Este homem me ultrajou na frente desta dama, eu exijo retribuição!
- o rapaz, talvez apenas alguns anos mais novo que Leonardo, detinha uma altivez muito típica de quem nasce para pisar nos outros.

- Ora, não há motivos para violência alguma, tenho certeza que a dama não apreciaria isso.
- replicou Leonardo. A donzela os fitava com um olhar expectante, como se estivesse se divertindo com a cena.


- Não se meta, seu lombardo. Minha questão é com este lusitano farsola. Este grosseiro se meteu enquanto eu cortejava a dama
- grasnou o rapazinho. Então tomou folego e continuou - Eu quero um duelo, as espadas hão de provar quem é verdadeiramente merecedor da atenção da donzela e colocarão este homem em seu devido lugar.

O desafio havia sido lançado. Era possível perceber como Anton continha a vontade de reagir. Provavelmente já contava quantos golpes seriam necessários para findar a luta o mais rápido possível. Leonardo se surpreendeu quando ouviu a aquiescência do primo, julgou que ele deveria ter pensado que recusando o desafio e atacando naquele mesmo momento seria algum tipo de desonra.

O duelo fora aceito e o nobrezinho satisfeito, convidou a dama para acompanhá-lo no dia seguinte, na praça da cidade, e assisti-lo humilhar o português.




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Raquel_


Raquel estava tão distraída com as brincadeiras de Leonardo que não notou seu irmão cortejando Mantie. As duas se conheciam há algum tempo, de encontros informais na cidade do Porto quando Raquel estivera antes. A confusão se instalou e Leonardo se levantou para evitar balbúrdia na taverna. Tão rápido aconteceu que Raquel percebeu que se tratava de Mantie a origem da discussão.

Com tantas pessoas de prontidão caso acontecesse algo, Raquel esperou sentada a resolução do conflito. Entretanto, ficou muito preocupada quando marcaram um duelo para o dia seguinte. Não tanto por Anton, este gostava de atrair para si todas as lutas que pudessem existir ao seu alcance. Mas o jovem que o desafiava parecia ser mais novo e inexperiente. Convidou Mantie para o dia seguinte, e Anton se deu por satisfeito. O chefe da taverna se aproximou e convidou o pequeno grupo dos Torre a se retirar, pois não havia mais ambiente de distração. Todos se retiraram e voltaram para a estalagem, dando oportunidade para Raquel falar sobre a jovem por quem Anton tinha se interessado.

No dia seguinte a agitação já tomava conta da praça do Porto bem cedo. Mercadores e mexeriqueiros plantonistas fizeram o trabalho sujo de divulgar o duelo. Alguns oportunistas montaram suas barracas de apostas para ganhar um dinheiro oriundo da oportunidade. Até mesmo alguns nobres ali estavam para assistir o que para eles seria um espetáculo de afirmação da cavalaria. Quando Anton chegou com seu grupo logo cedo pela manhã, o jovem nobre já encontrava bem disposto na praça, gesticulando rápido como se medisse sua habilidade. Raquel notou que Mantie estava sentada assistindo a chegada. Os dois desafiantes se encararam e se prepararam para o duelo que em instantes iria começar.
Mantie


Quando o sol se levantou, Mantie estava acordada, ela mal dormira naquela noite. Coberta em seu cobertor de peles, ela observava os finos feixes de luz atravessando as pesadas cortinas. Sua mente viajava pelas lembranças e pela estranha mistura de emoções que cercavam aquele jovem que arruinara seu encontro perfeito. Deveria sentir raiva e de certa forma sentia, mas ao mesmo tempo um interesse inexplicável e censurável se apoderava dela. Fora direto para praça da cidade, repetia a si mesma que apenas atendia o convite do fidalgo irlandês e que aquilo era apenas um espetáculo banal de um bando de broncos, mas lá no fundo do peito queria ver o arruaceiro, talvez, ser humilhado pelo irlandês e perder aquele sorriso debochado que mantinha no rosto. Sabia que ele era irmão de sua amiga Raquel, mas não sabia mais nada sobre ele e estava disposta a continuar assim. Mantie desejava casar com alguém que fosse como ela, que habitasse o mesmo mundo e estava convicta que nada mudaria seus planos, muito menos um estúpido e belo par de olhos que adora brigas. Estava imersa nos pensamentos acerca de seu futuro, quando avistou o desordeiro chegar na arena. Não pôde impedir seu coração de bater mais forte e ela não gostava daquela desordem em seus sentimentos. Esperava que aquele rapaz fosse vencido ali e não causasse mais nenhum problema em sua vida.
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Sir_anton


Anton foi provavelmente o último a chegar a arena. Ele não estava preocupado, sabia que podia dar conta do irlandês facilmente, o que realmente lhe interessava, era ver novamente a jovem dama. Ele tinha certeza que ela estaria lá.
Ao entrar na arena, caminhou vitorioso, trazendo um sorriso no rosto como um rei que se dirige ao seu trono diante de sua corte.

Anton caçava com os olhos a bela jovem que havia o levado a aceitar aquele duelo, que para ele nada mais era que uma oportunidade de lhe proporcionar um belo show. Quando finalmente a avistou, sorriu e tocou o chapéu, exatamente como na taverna.

Finalmente, foi em direção a seu oponente, na claridade do dia, ele parecia ainda menor do que na taverna.

- Senhor... Qualquer coisa, bom ver que compareceu. - Anton não fingiu fazer uma vênia ao jovem nobre, mas trazia um sorriso debochado em seu rosto.

- Zombe enquanto pode, hoje Sir Aidan lhe dará uma boa lição.

- Sir... Aidan?!- Anton ficou confuso, mas tudo se esclareceu quando um dos cavaleiros que acompanhavam o nobre se ergueu. Com cicatrizes pela parte de baixo do rosto, dividindo espaço com a barba, um nariz quebrado e uma altura considerava. Ele parecia um gigante ao lado do nobre irlandês.

- Ele será meu representante...Não esperava que eu sujasse minhas mãos com alguém da ralé como você, esperava?

Nesse momento, foi como se Anton fosse atingido pro algo. As coisas não seriam tão facéis, agora seu oponente era um guerreiro de verdade, não que não pudesse derrota-lo, mas não teria a folga esperada.

Ainda assim, Anton caminhou confiante alguns passos para longe do oponente, enquanto sacava a espada e a girava na mão, demonstrando habilidade.

Com suas espadas em punho, os combatentes se encararam por alguns momentos. Eles analisavam o adversário? O almadiçoavam? Ou apenas tinham um pequeno momento de respeito mútuo? As perguntas deveriam ser respondidas com aço e logo os dois se lançaram um contra o outro,seguidos pelos sons metálicos de duas lâminas se chocando.

Anton podia sentir que o inimigo era um guerreiro habilidoso, após alguns minutos trocando golpes, tudo que Anton acertava era o aço e o vento. Não havia derramado ainda uma gota de sangue. Ele tentava analisar o oponente enquanto os relâmpagos dos choques entre as espadas continuavam. O oponente era bastante forte,mas não era lento. Tinha maestria com defesa baixa para proteger as pernas e atacava com força e precisão. Em outra situação, Anton teria adorado o contratar para seus mercenários.
A platéia não se importa com motivos em sua maioria, não se importa com honra ou com habilidade, ela se importa com sangue. Ela anseia por ele, e vibrou quando ele voou.Contra tudo que havia esperado, Anton foi o primeiro a se ferir. Um corte no peito, por sorte superficial, se fosse alguns centímetros mais profundo, ele estaria morto. Era hora de fazer algo.

Em uma brecha que conseguiu visualizar em uma fração de segundo, Anton rolou sobre seu ombro esquerdo para o flanco do oponente e realizar um corte na altura da sua costela.

O irlandês grunhiu como um animal ferido e chutou Anton o derrubando. Anton se levantou rápidamente com um rolamento. Mas derrubou seu chapéu, o qual foi pegar sorrindo para o inimigo.

Sir Aidan também sorriu, um sorriso sádico, um sorriso de quem esta prestes a cometer um ato de violência que vai adorar.

Aidan foi para cima de Anton com a ferocidade de um leão, desferindo uma infinidade de golpes, Anton não foi capaz de bloquear todos sendo ferido no ombro, braço e costela.

Anton se enfureceu com os ferimentos, como sempre ,a dor era sua melhor amiga durante as lutas. E atacou Aidan como se um demônio tivesse o possuído. Um corte razoavelemente grave na altura do estômago desestabilizou o cavaleiro e um golpe bem aplicado nas pernas o derrubou.

Anton se abaixou próximo ao oponente, com o joelho esquerdo pressionando seu peito e a lâmina da espada pronta para perfurar seu crânio. O cavaleiro percebeu que havia sido derrotado e não havia o que fazer:

- Eu me rendo.

- Foi o que pensei. - Anton levantou e cuspiu o sangue.Pronto para saborear o doce gosto da vitória. Quando algo que lhe deixaria ainda mais satisfeito aconteceu, um jovem e insensato irlandês entrou na arena com uma espada em sua mão e ódio em seu coração.

- Eu vou matar você!

Se Aidan era um desafio considerável, seu chefe era o oposto: realizando um ataque sem precisão ou postura contra seu alvo, muita raiva e pouco controle. Sem dificuldade Anton desviou o ataque e desarmou o oponente, com a lâmina da espada agora rente ao pescoço do jovem Sean, perguntou satisfeito:

- Você se rende?

O jovem ficou furioso, furioso como nunca havia ficado na vida, tamanha humilhação, Sean pensou em ordenar que seus cavaleiros fossem todos para cima de Anton, mas com uma lâmina em sua garganta, ele seria a primeira vítima de sua ordem, era melhor aceitar a derrota e seguir vivo.

- Eu... Eu me rendo! Maldito seja!

Anton largou o nobre e prestou uma vênia aos que assistiam, mas com os olhos apenas na jovem que havia o inspirado durante o combate.

Caminhou triunfantemente, até a ela, com um sorriso no rosto e pegando em sua mão uma rosa vermelha que trazia consigo, oferencendo-a a garota.

- Senhorita. – Anton prestou gentilmente um cumprimento – Espero que a luta tenha lhe agradado.

Após entregar a rosa para jovem, Anton sabia que devia aproveitar a oportunidade de ser tua atenção ali, do que esperar outro encontro e, se o destino seguisse brincando com ele, outro duelo.

- Porto é uma cidade linda durante o inverno, a senhorita caminharia comigo?

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Mantie


O duelo acabara. O nobre irlandês havia falhado miseravelmente e tendo sido humilhado, teve o brio de se retirar sem sequer olhar para trás, embora descontasse toda a frustração em seus subordinados.
O humor de Mantie ficou péssimo, ela passou toda a luta, que foi na verdade um período breve, num grande dilema: metade dela torcia para que o par de olhos encrenqueiro não sofresse nada e a outra metade queria tirar aquele sorrisinho petulante do rosto. Ela o viu andar vitorioso, com o peito estufado em sua direção. Uma ideia lhe surgiu a cabeça, algo que a deixou impaciente. Era óbvio que o plebeu estúpido acreditava que por ter derrotado um nobre qualquer em um duelo, era agora superior a todos eles. Era provável que ele esperasse que ela fosse simplesmente pular em seus braços e cavalgar rumo ao horizonte. Se ele pensava dessa forma era um grande estúpido, incapaz de entender que a mesma sociedade que o forçara a aceitar um duelo, era a mesma que tornava Mantie inacessível de todas as formas a ele. Pateticamente ele ofereceu uma rosa. Relutante, ela aceitou, dizendo a si mesma que estes eram os costumes. De certa forma, esse ato fez com que pensasse que aquele jovem fosse talvez mais educado do que parecia. No entanto, o convite em seguida fez com que ela tivesse confirmação de sua hipótese anterior. Ele era mesmo um chucro.
- Agradeço a rosa, cavalheiro, mas não posso aceitar seu convite. Estou ocupada até os próximos 10 anos. – ela disse secamente e tinha certeza que a frieza dela havia sido maior do que o pretenso inverno no Porto.
– Acha que é o primeiro que duela por mim? Deixou-o sem olhar para trás, mas levou com ela a rosa junto ao peito. Durante todo trajeto até o palácio ela pensava no terrível desastre e no bom partido que ela havia perdido naquele dia. Esperava que fosse isso o destino: ela deveria estar destinada a um homem forte e vigoroso e não um fidalgo qualquer, incapaz de controlar o próprio temperamento. Ao chegar em casa, Mantie sentou em sua cama. Não percebera que ainda em sua mão estava a rosa que o rapaz lhe dera. Fitando a flor com certo cuidado, sentiu que talvez ele tivesse visto nela algo além dos títulos que ela estava destinada a herdar. Mas ele esquecera de tirar um dos espinhos da rosa e este feriu o polegar dela. Mantie largou a flor na cama, um pouco de seu sangue nobre respingou sobre os lençóis brancos.
- Estúpido. – Praguejou, com o polegar nos lábios. Sentia que xingava não o espinho, mas o plebeu palerma. Desfolhou a rosa, em seguida jogou-a no cestinho próximo a sua cama. Olhou as pétalas lançadas ao chão, manchadas com o sangue dela. Por algum motivo que ela não entendia bem, se ressentiu por destruir aquele presente e arrependida pegou as pétalas de volta, sem saber o que fazer com elas ou com seus sentimentos.

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Raquel_


Um mês havia se passado. Raquel retornava ao Porto, acompanhando o irmão e o primo, para resolverem assuntos pessoais na cidade. Não se podia dizer que alguma coisa estivesse diferente, eram tempos de calmaria e a cidade ainda permanecia forrada pela candura invernal.
Raquel aproveitou a viagem para visitar o agitado mercado principal da capital do Condado, com o intuito de levar algumas coisas para sua casa. Mesmo sob o frio, os mercadores vendiam seus produtos e o povo da cidade frequentava aquele espaço assiduamente. Era fato que o mercado não era apenas espaço para compra e venda de mercadorias, era também espaço de vida social. Alguns bardos tocavam suas canções em homenagem a nobreza, sempre próximos as pequenas barracas de bebidas quentes, que nessa parceria, ofereciam um alento do frio e um pouco de diversão para o povo. Numa cidade onde tão ardentemente aflorava a força política, era possível ver, de vez em quando, um político ou outro, tentar superar a ronquidão para fazer um discurso acusando a administração da cidade de elevar os preços no mercado e acusa-los dos mais diversos escândalos.
Por conta de tamanha agitação, Raquel pediu a seu irmão e Leonardo que a acompanhassem, além de que uma vez ali, teriam que ajudá-la a carregar os produtos. Ao longo da extensa caminhada entre as barracas, o grupo se dissipou, cada um interessado em observar o que as barracas ofereciam. Raquel negociava com um mercador e por estar aparentemente desacompanhada, era nítida a tentativa dele de usar sua lábia para enganá-la, o que gerava uma discussão que ia se prolongando. Foi então que a jovem viu sua amiga Mantie que a cumprimentou calorosamente e já engatou uma conversa em seguida.

A conversa progrediu, passados alguns minutos, Raquel se atentou ao fato de que talvez não fosse tão agradável que Mantie encontrasse Anton por ali. Ela procurou com os olhos disfarçadamente por seu irmão, até avistá-lo não muito longe, observando as duas. Notando que fora percebido, ele então, decidido, começou a caminhar na direção delas, talvez determinado a abordar a amiga de sua irmã antes que ela fosse capaz de dispensá-la com alguma desculpa. A inquietude de Raquel aumentava de acordo com cada passo que Anton dava até o seu encontro. Mantie não percebeu sua aproximação, no que em nada foi discreto. Por uns instantes o silêncio se fixou entre as duas, somente com os burburinhos do mercado como pano de fundo. A fisionomia de Mantie mudou quando percebeu a presença de Anton, e Raquel instintivamente recuou alguns passos.
Sir_anton


Fazia um mês desde o dia em que Anton havia derrotado o campeão de Sean em uma batalha memorável. E o próprio irlandês em uma batalha tão longa quanto um piscar de olhos.

A única mémoria que carregavam das lutas eram cicatrizes infligidas pelo valoroso Sir Aidan,mas estas eram marcas na carne e sua dor era passageira e insignificante se comparada a cicatriz deixada pela jovem Mantie, que havia ferido seu orgulho.

O inverno seguia, talvez agora ainda mais forte do que antes. A neve tomava conta de Porto em um mar branco e gélido, ainda assim, sua irmã insistia para que fossem ao mercado.

Em uma manhã em que o frio não estava tão intenso, Anton acompanhou a irmã e o primo ao mercado. A paranoia tomava conta de Anton cada vez mais a cada passo dado entre a infinidade de barracas e pessoas, como se todos o olhassem comentando sobre os eventos do mês passado.

“Por quê fui voltar a essa cidade maldita?” era a frase mais constante na cabeça de Anton, olhando para todos esperando ouvir qualquer piada para saltar sobre quem dissesse. Mal sabia, que sua preocupação não deveria ser ouvir uma piada, mas ver o motivo aparecer em sua frente.

Enquanto procurava a irmã para irem embora, Anton pode observar uma jovem loira conversando com ela. Uma linda e encantadora jovem que havia o causado muita vergonha.

Anton se aproximou da dupla pensando no que diria, ele não podia negar que apesar do ocorrido, seguia tão encantado pela moça quanto na primeira noite na taverna. Mas ela havia o rejeitado, ele não poderia corteja-la tão cedo. Apesar de acreditar, que tinha chances apesar de tudo.

Ao se aproximar das duas, Anton cumprimentou a moça educadamente.

- Bom dia senhorita. Sempre um prazer vê-la.

Antes mesmo de receber uma resposta, Anton mudou sua atenção para irmã.

- Pegou tudo o que queria? Estamos indo embora.


Após a irmã se despedir da amiga, Anton a acompanhou de encontro ao primo para irem embora.

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Mantie


A resposta de Mantie ficou presa em sua garganta. Ela abriu a boca para responder o jovem, mas fechou rapidamente ao ver que ele já falava com a irmã sem esperar por um retorno. Estava surpresa, mas ao mesmo tempo indignada por causa do tratamento que o jovem lhe deu. Não que ele tivesse sido deselegante, mas não tinha dado a atenção que uma donzela como ela merecia. Se despediu rapidamente de Raquel e observou os irmãos se afastarem, enrolando uma mecha de seu cabelo dourado com os dedos. Pensava na frieza implícita nas palavras de Anton. Nunca tinha passado por uma situação dessas, e se perguntava qual era o motivo daquele jovem ter sido tão polido e ao mesmo tempo lacônico. A caminho de casa, suas sobrancelhas se comprimiram concedendo ao olhar um ar de obstinação que lhe era típico. Decidiu que aquele rapaz cederia aos seus encantos, de um jeito ou de outro, e que engoliria sua pretensa educação de volta.
Passados cinco meses, manteve com Raquel uma série de correspondências no qual se informava sobre um botânico bem conhecido em Chaves que produzia alguns cosméticos. Como precisava renovar sua caixa de vaidades e sentia necessidade de rever a amiga, pediu a sua mãe autorização para viajar com uma modesta comitiva até a cidade de Chaves, onde ficaria hospedada na estalagem mais aconchegante que ofereciam. Após alguns dias de viagem, Mantie chegou em Chaves. A pequena cidade provinciana reluzia com a proximidade do verão. A pequena comitiva atraía alguns olhares curiosos dos camponeses e a pequena agitação era comentada por algumas senhoras fuxiqueiras que observavam de suas janelas. A carruagem que carregava a donzela em seu interior parou exatamente na frente da estalagem. Um jovem funcionário do local já aguardava na porta, de prontidão. Um dos cavaleiros desmontou de seu cavalo, abriu a porta da carruagem e ajudou Mantie a descer. Ela então se pôs a atravessar o curto trajeto entre o coche e a entrada da estalagem. Foi aí que se ouviu o grito. Um grito esganiçado da menina, com as mãos cobrindo o rosto. Os cavaleiros que a acompanhavam desembainharam suas espadas e confusos, procuraram a origem do terror da garota, voltando-se contra o empregado da estalagem que de reflexo ergueu as mãos o mais alto que pôde. Foi então que notaram uma pequena mancha esbranquiçada que escorria do chapéu da moça. Um dos pombos que se empoleiravam em uma das janelas, ao alçar voo, teria lançado ao solo um jato de fezes que atingiu o chapéu de Mantie e arruinou suas vestes. Ela foi conduzida aos prantos para seu quarto e só apenas um demorado banho foi que conseguiu recobrar o espírito e pedir a um mensageiro que avisasse Raquel de sua chegada.

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Raquel_


Um mensageiro bateu à porta da casa de Raquel. Fora recebido com um aviso de que Mantie havia chegado em Chaves, e estava hospedada em uma estalagem, aguardando sua visita. Raquel consentiu com o recebimento da mensagem, e deu alguns cruzados para o rapaz antes dele se retirar. Pediu para avisar que iria ao estabelecimento no dia seguinte.

Raquel chegou bem cedo na estalagem, e Mantie já aguardava sua chegada. Após alguns cumprimentos e uma breve conversa, as duas se dirigiram à carruagem, que as levaria até o boticário conhecido. Durante o caminho, Raquel comentou que vendia algumas rosas do seu jardim para o boticário, e ainda não tinha visto os produtos que ele fabricava. Ambas combinaram um passeio a cavalo depois da visita, e Mantie pareceu à vontade para participar do que haviam combinado.

A carruagem parou na frente da casa do boticário, e Mantie abriu a pequena janela para observar o local. O cocheiro desceu para abrir a porta, e ambas se dirigiram para a entrada da casa, e Raquel bateu na porta chamando-o pelo nome. Em instantes, o boticário abriu a porta cumprimentando-as, dando boas-vindas à Mantie e pedindo para que o acompanhassem para as instalações da parte traseira da casa.

Havia uma outra casa como anexo, onde o botânico recebia os clientes. Ali havia uma diferenciação de produtos de acordo com a condição econômica de quem comprava, mas o boticário tratou de exibir os melhores produtos para Mantie. Depois de olhar algumas coisas e sentir o odor de cada um, Mantie se agradou com um pó de arroz perfumado, um rouge, um perfume de rosas, um trocisco de rosas, e um óleo perfumado de violetas. Ela só não levaria mais porque no seu pequeno baú de viagem não caberia mais nada. O boticário, satisfeito em suprir a vaidade da sua mais nova cliente, perguntou se não se interessava por algumas sanguessugas, e mostrou um pequeno aquário com algumas a se movimentarem. Mantie olhou para Raquel, que estava fazendo uma careta com os olhos arregalados e discretamente negando com a cabeça. Educadamente recusou a oferta, e finalizaram a visita, agradecendo a hospitalidade.

O boticário se despediu das visitantes, e a carruagem seguiu rumo ao Solar da família de Raquel, onde havia uma estrebaria e de lá iniciariam o passeio. Raquel e Mantie conversavam muito animadas, e Mantie observava a paisagem correr pela janela. Os portões estavam abertos, e a carruagem parou em frente à porta principal. As jovens desceram rapidamente, e Raquel pediu para que preparassem um dos cavalos para Mantie, e o seu cavalo, enquanto esperariam no Solar. Sentadas na sala principal, elas riam divertidamente do episódio das sanguessugas quando despontou Anton na sala, falando em voz alta:

- Não esperava ninguém! Onde raios surgiu essa carru...

Anton não completou a frase, pois avistou Mantie na sala. Raquel temia que isso acontecesse, e tratou de falar para Anton:

- Cumprimente a visitante, Anton. Esta é a Mantie.

Sir_anton
Trilha sonora da cena a seguir:

Roupa Nova - Dona


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Sir_anton


Anton havia acordado com um humor terrível, era o dia ideal para não ter saído da cama. Ao sair do quarto apenas assinalava com as mãos para os empregados se calarem, ele não queria ouvir suas vozes ecoando em sua cabeça.

Uma dor de cabeça horrível o corroia por dentro, deixando-o com vontade de dar um soco no rosto do primeiro que fizesse qualquer tipo de barulho próximo a ele.

A vida tem o péssimo hábito de te mandar exatamente o que você menos deseja. Relinchos de cavalos logo surgiram, não era grande coisa mas para algúem com a dor de cabeça do Anton pareciam gritos a plenos pulmões bem ao seu lado. Irado levantou-se, e caminhou até a sala pronto para arrancar as tripas do culpado.

- Não esperava ninguém! Onde raios surgiu essa carru...- Anton teve de deter sua fala ao perceber que haviam convidados, ele poderia estar irado, mas ainda era um cavalheiro. - D. Viana, que surpresa vê-la aqui.não sabia que estava em Chaves.

Neste momento um empregado entrou na sala para falar com Raquel:

- Dona Raquel, os cavalos estão selados.

- Perdão, cavalos?

- Iremos dar uma cavalgada, Anton.-
Disse Raquel tirando a dúvida do irmão.

- E você selou o Hermes?- Anton perguntava ao empregado sobre seu cavalo.

- Não senhor.

- Então vá selá-lo. Acompanharei as damas na cavalgada.


Após um bom tempo percorrendo pelos campos de Chaves, Anton e Mantie acabaram emparelhando lado a lado, seguindo o mesmo ritmo em uma harmonia quase perfeita.

- Esses campos me lembram os de Bertincourt - A garota falava simpáticamente, querendo iniciar uma conversa.

- Já esteve na França?

- Meu pai era francês.Estive em várias cidades francesas,um povo sofisticado e elegante.


- Eu nasci em Aveiro, mas isto foi em uma viagem. Fui criado em Dijón, na Borgonha. Un fils authentique de France.


Os dois sorriram timidamente e se olharam,aquele olhar havia sido um terrível erro da parte da garota, distraída não viu por onde o cavalo andava e acabou caindo do mesmo quando este se assutou com algo. Talvez Chaves trouxesse má sorte para a jovem Viana, pois ela caiu justamente em uma enorme poça de lama.

- Maldição!- A jovem dava um grito exagerado para uma pequena queda, porém a gravidade era maior. Quando ela tentou se levantar não conseguiu sustentar o corpo, seu tornozelo devia ter torcido na queda.

Prestativamente, Anton se aproximou da jovem.

- Você está bem?

- Eu pareço bem?!

- Você vai sobreviver, eu te ajudo.


Anton ajudou Mantie a se levantar e a montar em Hermes, em seguia montou junto enquanto dizia a irmã:

- Raquel! Traga o outro cavalo com você, voltaremos ao Solar!


No caminho de volta ao Solar, Anton tentou distrair a jovem do ocorrido, falando sobre a paisagem, sobre a França, sobre o ocorrido em seu primeiro encontro em Porto.

Ao chegaram ao Solar dos Torre, Anton desmontou primeiro e pegou Mantie nos braços para leva-la para dentro.

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Raquel_


Anton havia tagarelado durante todo o caminho, de forma que, Raquel até mesmo se impressionou como ele ficava falastrão perto de uma mulher bonita que o interessava. Se arrependia de não ter chamado Leonardo para fazer companhia, pois tinha que assistir durante todo o trajeto seu irmão se esforçar em causar boa impressão, feito um pavão exibindo ocelos coloridos.

O trio chegou no Solar, e dois empregados se aproximaram para levar os cavalos até a estrebaria. Anton desmontou primeiro, auxiliando Mantie na descida e carregando-a para dentro do Solar. Enquanto isso, Raquel já tinha saltado, entregando os cavalos para os empregados e seguindo logo atrás do irmão. Pôde ver que enquanto Anton levava Mantie no colo, o irmão aproximou o rosto dos cabelos dela e parecia que estava cheirando-os. Raquel não se conteve, e sua expressão facial indicava incredulidade na cena que assistia.

Anton cuidadosamente fez com que Mantie sentasse em uma das poltronas da sala. Raquel se aproximou, e se prontificou a dizer:

- Bem, deve demorar até que um médico chegue aqui. Vou procurar Leonardo e pedir para que faça uma averiguação da sua perna, Mantie. Ele tem alguns conhecimentos. - Raquel aponta para a saia do vestido de Mantie, que está borrado de lama - Vou aproveitar e verificar se tem algum vestido meu aqui. Normalmente trago alguns de casa para que lavem no Solar... acho que caberá em você! - Faz um gesto como se estivesse medindo seu corpo galgaz.

Raquel olha para seu irmão, e diz com tom de orientação:

- Enquanto isso, peça para que sirvam algo para Mantie... se me dão licença, vou subir agora.


Ela se retira da sala, subindo a escadaria.
Mantie


Mantie mal ouvia o que sua amiga falava, a dor que sentia era lancinante e a única coisa que ela desejava no momento era a presença de sua mãe.
Anton havia sido muito gentil para seu espanto, que o tinha em sua primeira impressão como um casca grossa. Apesar da dor e impaciência, ela escutava cada palavra que ele falara e a simpatia por ele por um breve momento predominava em seu pensamento. Para não parecer mimada demais, ela fingia não estar sentindo tanta dor e olhava para ele sorrindo. Por vezes prendia o riso, ao vê-lo todo atrapalhado ao chamar um empregado, e tentando servir algo para que ela comesse. Alguns minutos depois Raquel desceu a escadaria do Solar, trazendo um par de roupas limpas que lhe entregou, podendo assim tirar a roupa suja de lama. Mantie agradeceu e enquanto comia algo, aguardava Leonardo chegar na sala para enfim aliviar a dor insuportável

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