Afficher le menu
Information and comments (0)
<<   <   1, 2   >>

Um gavião confinado na Torre

Leonardodavinci


Leonardo estava encerrado em seus aposentos no Solar, diversos manuscritos estavam espalhados sobre sua mesa de estudos. Tinha uma tendência natural ao isolamento, principalmente, quando buscava por novas ideias. Ele escrevia algumas palavras num caderno, copiando um diagrama de um dos manuscritos para facilitar sua consulta posteriormente, quando ouviu Raquel chamar-lhe por trás da porta. Apreciava o tom comedido com que ela o chamava quando imaginava que ele estivesse concentrado em algum assunto, parecia sempre intrigada com as coisas que ele fazia e por conta disso, ele relatava suas ideias pra ela com certa frequência, uma pequena abertura em sua personalidade tão reclusa.

Ficou sabendo então que a jovem por quem Anton havia duelado e passado vergonha por ser ignorado no Porto estava no Solar e além disso ainda havia caído de um cavalo e torcido um dos tornozelos. Ligeiramente confuso, Leonardo pediu um minuto a sua prima e tentou organizar parte dos manuscritos, sem sucesso. Então, coçou os olhos para afastar o cansaço e após um suspiro foi atender a donzela.

Descendo a escadaria até a sala, encontrou a moça sobre uma das poltronas, suja de lama e com o pé levantado sobre uma das mesas. Ele a cumprimentou e sentiu-se ligeiramente estranho com toda a atenção que lhe parecia estar sendo direcionada. Sabia que ela era uma nobre de algum tipo e por isso se ajoelhou a contragosto, principalmente quando notou nos olhos dela, - fosse por ilusão de sua arrogância toscana ou pela situação dela de necessidade - que ela sentia que isso era uma espécie de obrigação dele.

Utilizando-se de um pouco de água fresca e um pano, o jovem italiano limpou a lama que havia secado sobre a pele alva da donzela, arrancando dela alguns ruídos de dor, mesmo que se esforçasse para ser o mais delicado possível. Ele então viu com clareza as manchas arroxeadas sob o tornozelo e a região visivelmente inchada. O olhar de Mantie para ele foi de intensa preocupação e os olhos marejaram ao ver o próprio pé arroxeado e deformado pelo inchaço.

- É mais grave do que eu pensei. Lamento, mas terei que amputar seu pé antes que o inchaço se espalhe para o resto do corpo - Leonado então se dirigiu ao primo - Anton, me empreste sua espada, agora!

Ao observar que a jovem quase explodia em lágrimas, Leonardo riu e tentou tranquilizá-la sob o olhar feroz de seus dois primos.

- Brincadeira, brincadeira, não foi nada demais. Vou apenas imobilizar o local, está bem?
- Disse ele, sentindo-se arrependido pela pequena maldade.

Os criados trouxeram os materiais que ele pedira. Com tudo que precisava em mãos, ele então imobilizou o local com ajuda de uma tala, que amarrou com força, arrancando mais um pouco dos ruídos lamuriosos. Fez então uma mistura com ovos e farinha, formando uma massa, que aplicou sobre a região de forma que depois de endurecida, garantiria que o local ficaria completamente imobilizado, acelerando a recuperação da garota.

- Bem, acredito que terminei o trabalho por aqui. Dentre três a quatro semanas, já vai estar andando normalmente, talvez até antes disso. Recomendo que não tente forçar a articulação, fique aqui no Solar até se recuperar.
- Disse, deixando o pé da moça sobre a mesa. Levantou-se e tomou um dos morangos da bandeja que estava sendo servida a ela, colocando-o na boca com um sorriso debochado - Esses morangos estão mesmo ótimos, mas se me permitem vou voltar ao meu quarto, se a donzela quebrar mais alguma coisa me chamem, por favor!

Leonardo então subiu a escadaria e seus pensamentos já se direcionavam a outros assuntos.

_________________
Mantie


Se não fosse a dor e o fato de que era uma visitante no Solar, Mantie certamente estrangularia esse tal Leonardo. Mas precisava ser justa, apesar da presunção, ele havia feito um bom trabalho em seu tornozelo que, apesar de ter melhorado bastante, ainda doia muito. Quando finalmente pôde se levantar e trocar as roupas sujas, Mantie resolveu enviar um mensageiro para a sua mãe. Como sabia que sua mãe estava sempre de viagem pelo Condado, pensou que ela poderia parar em Chaves para buscá-la. Sentia falta dela, ali onde a única pessoa que conhecia realmente era Raquel e onde todo o ambiente parecia estar contra ela. Seu alívio, era que sua amiga, sempre atenciosa, garantia de lhe fornecer tudo o que precisava.
Se sentindo limpa e já sabendo que sua mãe em breve estaria ali para vê-la, Mantie se sentou a beira de uma das janelas de seu quarto. A perna estava mais pesada devido ao aparato ajeitado para imobilizar, mas ela conseguia ficar confortável. Por alguns momentos, ficou a fitar o horizonte lá do alto. Era acostumada com as janelas altas, vivera em castelos e mansões ao longo de toda sua vida. Quando era criança, fazia graça de que era uma princesa confinada numa torre. Como as donzelas das novelas que liam para ela, Mantie olhava um ponto específico, um pouco abaixo do horizonte, o ponto exato onde ela reconheceria o príncipe que viria salvá-la.
Ela se deixou levar pela lembrança infantil e ficou ali, a realizar o mesmo exercício de antes. Imaginava um homem belo, nobre e muito poderoso. Refletia em como seu casamento poderia ser importante ao Reino, de como celebrariam quando ela encontrasse um par que fosse benéfico por anos e anos. Além disso, teria um homem só para ela. Ela o admiraria pela sua força e coragem e ele a admiraria pela sua beleza e força de espírito.
Esse pensamento, trouxe a ela uma certa angústia. E quanto ao Anton?
Mas o que tinha ele? Não era ninguém especial. Ela não gostava de verdade dele, havia apenas sido cordial. Ele também não gostava dela, se gostasse, não a teria ignorado no mercado como fez. Talvez ela brincasse e flertasse um pouco mais com ele, até que ele passasse a amá-la. Depois disso, ela precisava se focar nos negócios que realmente importavam. No futuro, ele lutaria para agradá-la em torneios e campeonatos, ele já mostrou que tinha vocação para aquilo, ganharia alguns ferimentos, algum dinheiro pelas vitórias e aquilo o faria feliz.
Para o infortúnio de seus planos, os dias passou no Solar ao lado do Anton lhe enchiam de alegria. Ela não percebia o quanto sorria, o quanto se sentia distanciada de seu mundo de futilidades. Pensava apenas em como seria o próximo passeio, a próxima conversa e a próxima vez que ele tentaria se amostrar para ela. Anton era apenas um tosco, um dos muitos plebeus do Reino, mas era simplesmente encantador e isso de certa forma deixava Mantie preocupada. Considerou por algumas vezes que talvez estivesse dando atenção demais a ele e que estivesse se envolvendo, mas afastava esses pensamentos, com a certeza de que em pouco tempo iria embora daquele lugar e não voltaria ali por muitos meses.
_________________
Sir_anton


Os dias passavam no solar e a recuperação de Mantie estava quase completa. Ela era sem dúvida uma presença diferente no Solar, uma presença agitada, e a estadia com ela fazia Anton repensar a seu respeito.

Primeiramente, Anton havia se interessado por sua beleza, mas após o duelo, pode vê-la como uma típica nobre mimada. Não que a convivência com ela o fizesse achar que o segundo estava errado, mas ela se mostrava uma companhia agradável. De certa forma encantadora.

Anton costumava ironizar a arrogância da nobreza."Sangue Azul", ele já havia cortado nobres o bastante para saber que seu sangue era igualmente vermelho. Mas Mantie era diferente, ela era uma garota tão viva, imponente de sua forma. Ela o encantava.

Em um dia tipico Anton acordara de bom humor e saía para cuidar dos negócios do Solar. Passando em um dos corredores em direção ao hall, notou que estava no mesmo corredor do quarto de Mantie e parando na frente da porta dela, pensou em chamá-la para um passeio mais tarde.
Não entendia bem aquela estranha compulsão que sentia pela presença dela, mas sabia que a companhia dela era agradável.
Parou com os nós dos dedos próximos a madeira firme da porta. Ouviu que ela cantarolava do outro lado. Por algum motivo, seu pensamento entrou em um estado de contemplação, um transe, guiado pela voz doce dela. Recolheu o braço, o que quer que fosse que lhe tomou o peito, não queria aquilo para ele.

A sala de armas do solar, era um resquício de seu pai na vida de Anton. as armas reunidas durante anos como soldado, viajante e mercenário decoravam a sala. E eram dos mais variados tipos.

Ao retornar para o solar, Anton encontrou a porta dela aberta. Ele era atencioso com ela e não permitia aos empregados entrarem. Assumiu que era obra da irmã e foi ver o que ela queria naquele ambiente. Para sua surpresa, se deparou com uma jovem loira segurando uma espada em suas mãos da forma mais incorreta possível.

- Não é assim que se segura.- Anton comentava tranquilamente enquanto se aproximava da garota - Se me permite.

Anton auxiliou Mantie mostrando como se empunhava correntamente a lâmina, ficando bastante próximo dela no processo. Poderia mesmo ouvir sua respiração em um ritmo harmônico.

- É pesada.- Desacostumada com armas, a garota reclamava.

- Ela fica mais leve com a prática. O que é pesado mesmo, é ter coragem de usa-la. Em alguém.- Anton baixava sua voz, quase sussurrando no ouvido da garota.

Eles se olharam intensamente por alguns momentos, embora para Anton o tempo tenha realmente parado enquanto comtemplava os olhos da garota. Enquanto milhões de pensamentos que ele buscava evitar tomavam conta de sua mente. Porém tal momento foi quebrado com a chegada de um empregado.

- Perdão senhor. A carruagem da senhorita Mantie chegou.

_________________
Vivian


A vida de Condessa não era simples nem fácil, muito pelo contrário, era atribulada e cheia de responsabilidades, cujas quais faziam com que Vivian dedicasse quase totalmente seu tempo aos assuntos políticos do Condado do Porto do que à própria vida pessoal. No entanto, a carta que acabara de receber, que informava que Mantie havia se ferido durante uma cavalgada em Chaves, tinha sido perturbadora, fazendo com que o instinto protetor de mãe ficasse mais aguçado e um pequeno desespero tomasse conta de si. Mesmo sabendo que a filha havia sido bem cuidada pelos Torre, ela sentia necessidade de vê-la para acalmar seu coração.

Como já estava acostumada a viajar constantemente pelas cidades do Condado, Vivian não tardou em se deslocar até Chaves para trazer Mantie de volta para casa na capital. Além disso, ela poderia matar dois ou talvez até três coelhos com uma mesma cajadada: buscar a filha, visitar os amigos e verificar as necessidades da cidade junto ao prefeito. Assim que chegou na cidade que muito bem conhecia, dirigiu-se ao Solar da família Torre, local onde Mantie estava hospedada.

- Venceslau, pare o coche! É aqui! - disse ansiosa.

Ela desceu da carruagem com a ajuda de seu fiel cocheiro e bateu à porta, sendo recebida por um serviçal da casa.

- Boas, rapaz! Sou Vivian, a mãe da menina Mantie. Vim buscar a minha filha. - disse gentilmente.

_________________

♛ Royal Princess of Portugal - Countess of Porto - Baroness of Póvoa de Varzim ♛
--Ladislau


Ladislau estava à disposição de sua patroa Raquel no Solar, e foi atender a porta enquanto os outros criados realizavam seus trabalhos. Tratava-se da Condessa do Porto, e, como todo bom cidadão, fez uma vênia assim que a Condessa se apresentou para buscar sua filha.

Ladislau encaminhou a nobre até a sala de visitas, e pediu para aguardar uns instantes enquanto chamaria sua filha. Foi primeiramente até a cozinha solicitar que servissem pão de mel e chá para a ilustre visitante acomodada na sala, e depois foi em busca de Mantie.

Fora avisado que Anton e Mantie se encontravam na sala de armas do Solar, e viu que um dos empregados se encontrava na porta. Pediu licença ao empregado e comunicou aos dois da chegada da Condessa.

- Perdão incomodar, mas vim avisar que a mãe da Senhora Mantie, a Condessa Vivian, se encontra na sala de visitas. Veio buscar sua filha.
Mantie


Mantie se deixou levar pelo tom suave da voz dele. Parecia engraçado como mesmo falando de uma arma, ele conseguia ser encantador a sua maneira. Deixou-se levar também pelo olhar e o tempo para ela parou. Toda a relutância e suas convicções acerca dele, foram suspendidas por um punhado de segundos. Era aquilo que a atraía até ele, aqueles momentos singulares onde tudo parecia se curvar a emoção e aos sentimentos. Aquele olhar alimentou a afeição dela por ele, de uma forma única, rompendo a natureza pragmática que ela atribuía as relações. No entanto, a chegada de Ladislau interrompeu o momento ao anunciar a chegada de Vivian ao Solar.
A notícia a trouxe de volta para seu estado normal, substituiu a afeição por ela, pela admiração incondicional que sentia pela mãe. Largou a arma nas mãos de Anton, deixando-o para trás e correu, mesmo que mancando ainda, para se encontrar com sua mãe.

_________________
Sir_anton


Anton desejou do fundo de sua alma ter arrancado a língua de Ladislau para priva-lo de sua voz enquanto via Mantie se afastar, caminhando com dificuldade ao encontro de sua mãe.

Anton saiu alguns segundos depois de Mantie da sala de armas, caminhando tranquilamente na mesma direção, quando alcançou a garota, ela já estava junto com a mãe.

Com cortesia e respeito Anton prestou uma vênia a Vivian.

- Condessa, é sempre um prazer vê-la. Com certeza ficará para o jantar.

Anton passou algum tempo a conversar com a Condessa, de fato, ele falava com ela mas era apenas um pretexto para seguir a falar com Mantie.

Após este dias a vida de Anton se tornou bastante bagunçada, e demorou para que ele encontra-se novamente Mantie, mas teve a chance de vê-la novamente em uma breve viagem a Porto.

Anton caminhava pela cidade acompanhado de seu guarda-costas, Jean Dubois, quando viu duas jovens rindo juntas distraidas, uma dela era um jovem loira cheia de energia que não viu quando o cavalheiro se aproximou:

- É um lindo dia não acha?- Anton se aproximou falando sem se anunciar, quase assustando a jovem.

A jovem corou e respondeu olhando nos olhos do Anton:
-Belissimo dia

Anton olhou para a outra jovem:

- Me permite roubar Mantie por um instante?- Antes que a garota tivessa ao oportunidade de responder, Anton e Mantie caminharam alguns passos para longe - Caminharia comigo neste lindo dia?

- Não sei se Joaquina gostará de ficar sozinha.

- Dubois pode escolta-la para onde ela desejar.

- Acho que então não tenho como recusar.

Anton estendeu o braço para Mantie enquanto Joaquina e Dubois eram deixados para trás.

- Faz tempo que não lhe vejo Anton.

- Eu estive...Ocupado. Tive de ajudar um velho amigo a sair de uma situação dificil e acabei envolvido em algumas questões importantes.Mas desejava imensamente te ver denovo.

- Desejava? Por quê?

- Essa é a parte interessante: eu não sei.

- Então o homem que tem todas as respostas não sabe de algo?

- Acho que você tem o poder de nublar meus pensamentos...Assim como tem de ilumina-los.

Os dois se olharam fixamente por algum tempo, harmonicamente pararam de caminhar e então se aproximou mais de Mantie calmamente.

- No dia que estiveste no Solar Torre,não pudemos terminar nossa conversa.

- Não pudemos terminar nossa conversa.

- Talvez devêssemos.- Anton suavemente acariciou o rosto de Mantie enquanto se aproximava.

- Talvez devêssemos.-A garota falava enquanto corava, ela tentou se preparar para dizer mais algo mas antes disso Anton a beijou.

_________________
Mantie


Antes mesmo que Mantie terminasse a frase, Anton a beija inesperadamente, e a moça se sente paralisada, confusa com a reação repentina daquele homem. Uma vontade de sair correndo e ao mesmo tempo de ficar, abraçá-lo e corresponder ao beijo... e foi isso que Mantie fez, relaxou e se entregou aquele momento tão mágico em sua vida, pois era o seu primeiro beijo. Não sabia como retribuir à altura, mas tentou acompanhar os lábios dele com pudor. Mal sabia que Joaquina observava o casal à distância e atentamente, já planejando o momento oportuno de relatar para a Condessa a travessura da filha, com intenção de que aquela paixão fosse prejudicada.

_________________
Vivian


Quando Mantie voltou do convento, Vivian havia contratado Joaquina para trabalhar em sua casa como governanta, mas principalmente como dama de companhia. Por ter recebido uma educação religiosa pautada na moral e nos bons costumes, a Viana não permitia que a filha andasse sozinha pelas ruas. Ela sabia que Mantie - uma jovem loira, linda e nova na região -, atrairia olhares e interesse de muitos homens. Além disso, a própria menina pouco tinha experimentado da vida e Vivian tinha receio de que algo ruim acontecesse à filha ou que a curiosidade a desvirtuasse.

Joaquina tinha se mostrado de confiança e nunca havia tido problemas com Mantie. Contudo, ela já vinha observando o comportamento da jovem nas últimas semanas e percebeu que algo novo estava surgindo nela. O brilho no olhar não negava e, por isso, a governanta devia ter atenção redobrada sobre a menina. Naquela manhã, Joaquina resolveu testar Mantie e fingiu ser despistada enquanto passeavam. Mas ela viu tudo o que tinha acontecido.

- Dama Vivian! Dama Vivian! - exclamava Joaquina com certa exaltação.

- Que se passa, Joaquina? Acalme-se e diga-me o que aconteceu...

Mesmo tendo receio de ser despedida de suas funções, Joaquina prosseguiu:

- É a menina Mantie. Ela... Ela... E um rapaz se beijaram... - antes que Vivian pudesse perguntar quem era o rapaz, ela disse o nome - O tal Torre: Anton Torre.

- Meu coração de mãe não se engana... - suspirou e rabiscou rapidamente algumas palavras em um pergaminho - Faça-me um favor: entregue esta carta ao rapaz. Eu quero ter uma conversa com ele!

Poucas coisas conseguiam tirar a paz de Vivian. Nem mesmo a política tinha essa capacidade, mas o rapaz meter-se com Mantie havia sido uma dessas raras exceções. Dentro de si, Vivian estava raivosa com o atrevimento de Anton. Como ele tinha ousado beijar Mantie? Por um momento, ela pensou que o rapaz fosse um suicida, porque, para fazer aquilo, ele devia estar querendo morrer. No outro momento, ela teve que admitir que o rapaz tinha sido corajoso. Atrevido, mas corajoso. Nessa dualidade, Vivian cerrava os punhos de tal modo que o anel começou a machucar-lhe o dedo; praguejava em voz alta por diversas vezes a fim de aliviar aquilo que sentia; até que, depois de quebrar uma xícara arremessando-a contra a parede e respirar fundo, a raiva havia diminuído consideravelmente.

- Vamos ver o que ele vai dizer... - pensava.

_________________

♛ Royal Princess of Portugal - Countess of Porto - Baroness of Póvoa de Varzim ♛
Sir_anton


Porto podia parecer uma cidade mais refinada que Chaves, provavelmente era, mas para Anton todas as cidades já pareciam ser iguais a noite.

Risos, músicas, bebida. O tipico clima de uma taverna encontrado em qualquer parte da Europa.

Anton bebia juntamente com Dubois e um gigante irlandês.

- Então Aidan, este é o acordo. Parece razoável?

Sir Aidan, o mesmo cavaleiro que Anton havia derrotado em duelo há algum tempo era quem falava agora:

- Me parece bastante aceitável.

Os dois fizeram um rápido brinde e logo um pequeno garoto apareceu. Com uma carta em mãos procurando por Anton Torre.

Anton pegou a carta e deu uma moeda para o garoto.

Após ler o conteúdo Anton bebeu mais um pouco e só então respondeu aos curiosos Aidan e Jean.

- É da condessa. Ela quer me ver.

- É sobre...

- Não. - Anton interrompeu Dubois - É algo relacionado a Mantie.

Quando o sol do meio-dia estava no céu, Anton chegava aos Paços do Condado para falar com a Condessa. Como sempre, acompanhado pro seu guarda-costas.

Assim que chegou um empregado foi avisar a Condessa e pediu que Anton aguardasse. Após alguns minutos de espera pôde passar para a sala onde Vivian estava.

- Senhora Condessa!-Anton prestou uma vênia assim que viu Vivian- Como tem passado?

- Dom Anton... - ela estava raivosa por dentro e tentava não transparecer tanto apesar do tom de voz sério - Estaria melhor se não fosse um certo incidente.

Neste momento, Anton percebeu que aquilo talvez não fosse sobre Mantie. Ele pensava no ataque de Volpone. Mas a Condessa estava sendo indireta, talvez jogando com ele, talvez fosse melhor entrar no jogo.

- Que incidente tem lhe incomodado Condessa?

- Ora, acho que você sabe muito bem do que estou falando…

- Talvez a condessa esteja superestimando meus conhecimentos.


- E talvez você esteja se fazendo de desentendido.


- Não acho que pensamos pelo mesmo caminho. Talvez a Condessa possa apontar a direção.


- Talvez você possa assumir os seus atos! -
Vivian começava a pensar que o rapaz estava testando sua paciência, que felizmente era bem grande.

Anton percebia que a Condessa começava a se alterar. Talvez não fosse sábio seguir jogando com ela, mas ele precisava ter certeza que ela tinha conhecimento sobre a luta com Volpone. Se ela não soubesse a respeito e Anton deixa-se isto escapar seria um erro catastrófico.


- Talvez a Condessa possa ser um pouco mais direta. Já não sei se falamos da mesma coisa.

- Como não sabe? Uma pessoa da minha confiança viu tudo o que você aprontou!

Nesse momento Anton sentiu raiva, muita raiva. Ele havia sido traído? Apenas seus mercenários e aliados haviam presenciado aquela batalha. Quem deles trabalhava para a Condessa? Por sorte, Torre sabia se controlar e conteve seu impulso por exigir o nome do traídor.

- Alguém viu é? Quem? Talvez estivesse mentindo para a Condesa...

- Essa pessoa não mentiria para mim. Mas bem… Vai negar que teve a audácia e a indecência de beijar minha filha?

- Beijar sua filha? Mas o que isso...- Foi então que Anton percebeu que havia superestimado o acesso a informações do governo condal. Se tratava do beijo à Mantie apenas - Ah sim! Digo, não. Não negarei que isto ocorreu condessa.

- Pois bem, não nega… - finalmente ele havia admitido. Continuou o interrogatório - Só que a minha filha não é uma donzela desfrutável. Como ousou cometer tal ato?

- Eu realmente gosto de sua filha condessa. De verdade. Agora vejo que agi de forma errada, deveria ter me dirigido primeiramente a senhora.


- Ah! Gosta, mas a desrespeita e me desrespeita… - disse indignada - Que bela forma de gostar! - por um breve momento, ela havia se sentido aliviada, mas ainda tinha dúvidas se o que ele dissera era verdade. Ela não ia afrouxar. - Prove.

- Provar? E supostamente como eu deveria fazer isso?

- Primeiramente, agindo com decência e respeito à minha filha, tratando-a como você gostaria que uma irmã ou filha sua fosse tratada. Em segundo, fazendo as coisas do modo correto. Se tem interesse, demonstre sua honra e seu valor. Isso fica por sua conta.

- Então assim será... E para tentar recomeçar isto. Do jeito certo. Senhora Condessa, eu gostaria de pedir permissão para cortejar sua filha.

- Não sei… Não sei… - ela encarava o rapaz com olhos de gavião - Este pedido é do fundo de seu coração?

- Sim. Completamente do fundo do meu coração.

- - Pois bem, vamos ver então. Permissão concedida. Pode cortejar a minha filha debaixo das minhas vistas. Não me faça me arrepender disto, senão eu juro que te mato!

- Você não irá condessa. Você não irá.

_________________
Mantie


Mantie ficara sabendo que Anton estava conversando com sua mãe dentro do gabinete pessoal da mansão das Vianas, e fica imaginando durante o enorme tempo que dura a conversa o que seria a real razão desse tão demorado encontro.
Ela anda de um lado pra outro pelo corredor, a espera que ele saia e acabe logo com essa angustia que a consumia por dentro.
Depois de muito tempo Anton sai do gabinete e se depara com Mantie no corredor. Mantie vai logo querendo saber do que se tratava a conversa. Anton explica que a condessa o chamara por causa do beijo, pois ficara sabendo do ocorrido.
Espantada, ela pergunta como Vivian soube desse beijo? Ao dizer que foi fofoca, Mantie fica muito furiosa pois sabia quem era a linguaruda, jurando a si mesma que ela pagaria por esse lapso.. porém ao mesmo tempo a felicidade preencheu seu coração, pois eles tinham permissão para se verem e Anton cortejá-la. Mantie fica ruborizada e num ímpeto o beija intensamente, sem saber que a mesma fofoqueira presenciava aquele encontro no corredor. Os olhos da fofoqueira exalava inveja e desdém pelo casal que tinha conseguido se safar do percalço que havia criado

_________________
Sir_anton


Anton e Mantie se beijaram intensamente, haviam de fato alguns presentes na sala, mas eles não se importaram. Seu mundo era mais importante naquele momento tendo Mantie como o sol que o iluminava. A visão de Anton estava diferente, era como se Mantie estivesse iluminada a sua frente e seu brilho ofuscasse todos ao redor. Ela era tudo que importava.

Havia uma janela na sala, que Anton observou rápidamente após beijar Mantie, ele viu a neve cair lá fora branca e suave.

Sorridente, ele olhou para Mantie
- Lembro que Porto é uma cidade linda no inverno, gostaria de dar aquele passeio comigo?

Mantie sorriu e suavemente balançou a cabeça afirmativamente, Anton ofereceu seu braço e ela pegou e ambos saíram caminhando triunfantes.

_________________
Raquel_
********************** F I M **************************
See the RP information <<   <   1, 2   >>
Copyright © JDWorks, Corbeaunoir & Elissa Ka | Update notes | Support us | 2008 - 2024
Special thanks to our amazing translators : Dunpeal (EN, PT), Eriti (IT), Azureus (FI)