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[RP] Solar da Família Torre

Hannahh




Hannah fica em silencio a ouvir o mordomo e senta-se pois suas pernas estão muito bambas.

- Isso quer dizer o que mesmo, que eu encontrei a minha familia? Vocês são meus irmãos? e o pai quem é? onde esta?

Hannah não consegue falar muito sua voz esta tremula de emoção e deixa cair a sua capa de uma mulher forte e limpa a lágrima que teima em cair.


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Raquel_


Raquel tinha ouvido atentamente, mas estava atordoada para dizer qualquer coisa. Ela olha para os irmãos em busca de conforto, e bebe o restante do whisky que ainda sobrava no copo. Não sabia o que dizer.

Ela se aproxima de Hanah, pega o amuleto e coloca no pescoço dela, olhando mais uma vez o brasão da família e pensando sobre a nova descoberta, e como seu pai sequer procurou-as.

- Nosso pai se chama Artur Shokan... e ele está morto, Hanah.


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Hannahh




Hannah ao ouvir Raquel da-lhe um abraço e diz

- Finalmente eu encontrei a minha familia, dois anos a procura de uma pista e muna viajem para o Juanito ver a familia de sua mãe eu encontro a minha.
Afinal eu sou Hannah Azancot Torre...


Hannah fica em silencio

- Não encontro meu pai, mas encontro 4 irmãos. eu tenho familia.

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Sir_anton


Anton virou o que sobrava do whisky em um único gole.Se aproximou de Hanah e colocou a mão sobre seu ombro carinhosamente,olhou nos olhos dela:
- Como a Raquel disse...Nosso pai esta morto...Mas você é nossa irmã,e esta viva.As portas dessa casa estarão sempre abertas para você.Se você quiser pergutnar algo,vá em frente,não se contenha.

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Hannahh




Hannah olha para Anton e a sorrir respira fundo

- Tenho algumas curiosidades sim, mas gostava muito de saber como era nossa pai, e o mesmo digo eu, as portas de nossa casa em Zaragoza estão abertas para todos.

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Raquel_


Depois do abraço, Raquel tentou aliviar o nervosismo soltando uma graça:

- Pois bem! Depois de 4 irmãos agora tenho uma irmã para falar sobre vestidos e receitas. Absolutamente não é nada mal! Vamos trocar muitas cartas daqui para a frente, e Anton vai ter que me aguentar usando vestidos novos.

Raquel dá uma risada ainda emocionada com o que acabara de descobrir.

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Hannahh




Hannah fica muito feliz por finalmente ter encontrado a sua familia, afinal ela tem 4 irmãos, tios, e bisavô.
Hannah fica a conversar com os irmãos sobre a sua familia até tarde.

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Filipe_3


Filipe entendeu a mensagem de Anton e começou a tentar empatar a mulher . No entanto , estava embasbacado , pois também tinha deduzido que podia ser sua familiar :
- Bem ... ora ... uma vez em .. em ... em Dijon , aconteceu uma coisa ... - no entanto , Hannahh levantou-se e foi ter com Raquel e com o seu irmão .
Então Filipe decidiu e segui-la . Ficou impávido , quase em estado de choque com o que tinha escutado :
- Mas , então ? Irmã ! Inacreditável ! E sim ,tens uma grande e bela família para te acolher ! - e ficou a olhar para Hannahh , Hanahh Torre , pelos vistos , boquiaberto e feliz .
Ladislau


Ladislau foi até o Solar verificar o trabalho dos outros criados na limpeza e organização, orientado por sua patroa Raquel. Os meses tinham se passado e somente havia movimentação no edifício devido aos criados que mantinham a ordem, tudo aparentava sereno e tranquilo.
Depois da morte do avô da sua patroa, o finado Carlos, Raquel diminuiu a frequência dos criados no Solar e enviava o próprio criado para cuidar dos afazeres semanais. Raquel evitava o Solar e ter que se desfazer de algum objeto pertencente ao seu avô.
Mas como a irmã dela estava em Portugal, e soube por residentes da cidade que Hannahh estava acampada na floresta com o esposo, Raquel orientou a organizar o Solar para a recepção da irmã e do cunhado. Nada foi falado se algum parente passaria o fim do ano no Solar, e Ladislau sequer cogitou a hipótese de perguntar.
A movimentação ficou intensa: lençóis foram trocados, móveis arrastados, a poeira foi tirada, a despensa foi abastecida... e Ladislau permanecia incrédulo, pois achava que Hannahh não iria até o Solar.
Kriger.ulv


Lobo chega cedo ao solar, andava a viajar quando soube que sua esposa ja estava prestes a dar a luz.
Parece que o dia de festejar o natal em familia será bem mais especial para ele do que teria imaginado.
Lobo entra e encontra ja alguns familiares,os quais comprimenta efusivamente...mas tentando nao se alongar devido á preocupaçao com o estado de sua esposa.
Sem demoras vai procurar Paulita num dos quartos superiores.

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Eduardo.sobral


Um pouco depois da hora de almoço, Eduardo Sobral, fiel escudeiro da Ordem Militar dos Dragões de Portugal, chega conduzindo uma charrete trazendo com ele a família Torre oriunda da cidade de Coimbra.

A viagem tinha sido longa e toda a família ( Hiroshima, Tinker, Mclennon e o bebé ) tinham fome. Estavam exaustos. Mas não podiam falhar esta grande festa de Natal. Não depois de terem perdido o patriarca da família. Era como se necessário nesta hora mais difícil fazer memória, honrando com vida e festa a vida de Carlos Torre.

Saindo da carruagem Hiroshima ajuda Tinker e o bebé a descer. Mclennon diz que acompanha Eduardo Sobral e ajuda com a bagagem.

Felizes instalação no grande chalé da família Torre.
Giorgio.


O vento frio era muito mais intenso aquela hora. Era o final da madrugada, o breu era total e envolvia todos os campos e jardins em torno do Solar dos Torre. Uma figura negra com uma tocha na mão, enterrado até os joelhos na neve espessa, tentava abrir caminho até o edifício principal. Era Giorgio Fruosino di Grimani, um rapazola que havia chegado de Gênova fazia um ano e havia se alojado nas imediações do Solar. Ele olhava para cima, para a única janela iluminada no casarão. Se destacava aquele ponto discreto de iluminação, num mar de escuridão que o cercava. Na mente do genovês era a metáfora perfeita e o indicativo alarmante da insônia de seu melhor amigo. Os soldados estranharam sua presença em tanta antecedência ao alvorecer, mas não se opuseram a sua entrada.

Quando Giorgio chegou ao quarto em que julgava estar seu amigo alojado, pôde ouvir alguns sussurros vindo do interior, uma voz que declamava em voz alta algum manuscrito ou conversava sozinha, dado a ausência de outras vozes a lhe responderem. Ele bateu na porta delicadamente com os nós dos dedos, as mãos sempre pálidas, ficavam rosadas nas juntas sempre que as dobrava.

A porta se abriu, revelando a estranha pessoa que se entocava naquele quarto. Era Leonardo Torre Pereira, naquilo que não era a sua forma mais primorosa. Ao ver quem era, deixou a porta aberta e retornou ao assento que antes ocupava. Giorgio ficara parado na porta, aguardando talvez uma palavra ou uma permissão, mas diante do silêncio entrou simplesmente e fechou a porta atrás dele.

- Bon giorno, signore Lionardo - saudou Giorgio, retirando o pesado casaco e dobrando-o.

- Olá, Giorgio, acredito que esteja agora num novo regime para acordar mais cedo. - debochou Leonardo, visto que o rapaz por muito tempo fora conhecido por dormir por longos períodos.

- E o senhor abandonou o próprio conceito de sono, acredito eu. - retrucou o moço.

- Estou entretido em um novo projeto. -
Leonardo indicou com o dedo um ponto diante de sua escrivaninha e em seguida na parede.

O rapaz olhou com atenção a sala que adentrara. As janelas estavam cerradas, o local estava sujo com restos de alimento e apinhado de manuscritos. Haviam papéis que se espalhavam desde a mesa até o centro da sala e que num olhar desatento, poderiam apenas reforçar o sentimento de desorganização, mas num segundo olhar, aparentavam estar numa ordem específica, organizados em torno de uma zona, provavelmente a qual Leonardo devia ter ocupado durante toda a noite. No chão próximo a parede uma peça da tapeçaria jazia esparramada, enquanto a parede que antes ela ocupava agora estava tal qual o chão, enfeitado por páginas de manuscritos, mas que por sua vez eram frutos de uma profunda seleção.

Ele continuou analisando o ambiente, tomando algumas páginas na mão, pode então observar diferentes textos e desenhos, a maioria tratando de agricultura e sobre a tarefa árdua do arado. Um dos desenhos ilustravam uma espécie de arado, mas aplicando o princípio de uma roda, em oposição ao formato comum do arado. Algumas outras páginas, estudavam métodos para melhorar a irrigação dos campos. Nenhuma das ideias eram totalmente práticas e a maioria apresentava inúmeros problemas técnicos em sua execução.

- Me faltam manuscritos para continuar. - Disse Leonardo, seguindo um suspiro.

- Como assim?

- As informações. São muito vagas. Existem muitas lacunas entre uma obra e outra. Preciso de mais livros.


- Não sabia que se interessava por agricultura.

Não houve resposta. Mas era possível adivinhar o pensamento de Leonardo. Não era uma questão de interesse, mas de necessidade. Sua mente observava um trabalho incompleto, que podia ser otimizado, mas não sabia como alcançar esse estado mais avançado para qual o conhecimento parecia sugerir. O gênoves observou uma vez mais seu amigo, os olhos dele estavam vidrados, envoltos por uma mancha arroxeada, resultado da insônia. Os cabelos desgrenhados, se espalhavam caóticos sobre a cabeça dele. Apesar do frio, não vestia nada além de uma camisa de linho, manchada. Estava em farrapos.

- O que há com você, Lionardo? A quanto tempo não dorme?


Os olhos do toscano se desviaram da parede, para o rosto franzino do garoto.

- Que te interessa essas questões, Giorgio? Deixe-me. - a resposta foi seca, mas apesar da ordem, o rapaz não se moveu em direção a porta, mas se aproximou mais.

- Não me diga que é a ausência de Raquel Torre que o perturba? - sugeriu o moço com um sorriso irônico no rosto. A dama Raquel havia viajado havia alguns dias pelo Condado do Porto e era possível que fosse seu afastamento a causa daquele desequilíbrio.

Observou quando Leonardo se levantou perturbado e se dirigiu até a janela, onde podia ver o sol aos poucos iluminar o céu, dando as costas para ele. Não conseguia entender porque motivo seu amigo parecia tão absorto no desejo que tinha por aquela mulher e porque a mera menção ao nome dela parecia lhe causar tremores. Olhava Leonardo como uma mente racional, mas se era assim tão entregue a paixão, a culpa devia ser do ambiente a que os Torre o submetiam.


- Você não entende, Giorgio, não entende.
- Leonardo maneava a cabeça, umas das mãos tateando a própria face, que estava coberta por uma barba mal feita. - Ela é meu anjo.

Giorgio se deixou rir pela estranha analogia de seu amigo. Não ria de deboche, mas da estranheza daquela expressão, que lhe causava arrepios.

- Ela me afasta do demônio. - acrescentou, Leonardo. Como se justificasse sua afirmação.

- O demônio Montevani.
- concluiu, Giorgio, sentindo um frio na espinha. Era esse o maior medo de Leonardo. Tornar-se o demônio que Vincenzo o ensinara a ser e embora fosse o rapaz jovem demais quando aqueles estranhos eventos se sucederam na vida de seu amigo, ele havia ouvido relatos do sadismo e do terror psicológico que o Médico da Peste havia perpetrado contra aquele que considerava seu herdeiro. Giorgio entendera que o desejo por Raquel talvez fosse para o amigo, o elo mais forte com sua verdadeira essência, anterior a corrupção do demônio.

- Leonardo, nada posso fazer por você nesse caso. Espero apenas que você não se perca nesses pensamentos e em todas essas ideias. - Giorgio então abandonou os manuscritos e se dirigiu até a porta - Preciso me dirigir a vila. Volto aqui pela metade da tarde, tente descansar.

O garoto então se retirou e fechou a porta, deixando seu mestre a contemplar o horizonte, em busca de uma espécie de paz, que só as terras lusitanas podiam lhe entregar.
Baltazar...


Baltazar era um cavaleiro.


Isso era basicamente tudo que se podia dizer sobre ele, a cota de malha era o que ele entendia como sua epiderme. O elmo, era extensão de seu crânio. A viseira, suas pálpebras. O espaldar, era seus ombros. A couraça, era seu tórax. As manoplas, suas mãos. As grebas, suas pernas. O escarpe, seus pés.

O que pode ser dito não é que ele fosse de fato viver vestido sempre em sua armadura completa, mas que ele com ela ou sem ela, constituía o mesmo espírito. Se um inimigo um dia o enfrentasse em farrapos, poderia ainda ser cegado pelo brilho da armadura. Isso, explica-se: Baltazar era um cavaleiro. Seguia o caminho da espada.

Carregava com ele uma espada comum, que mantinha sempre presa a sua cintura, onde quer que fosse, como era de praxe naqueles tempos a qualquer homem de bem. Tinha uma lança, que geralmente mantinha sob cuidado de seu pajem. No entanto, carregava com ele também, a Montante Ibérica. Era a luz de seus olhos, sua arma de maior predileção e que a despeito do restante do armamento, ele não via como extensão de seu corpo, mas como extensão da própria autoridade divina que caminhava com ele. Esta arma gigantesca e aterrorizante, era uma espada que facilmente alcançava um metro e meio apenas no comprimento de sua lâmina, além da empunhadura. Chamava a espada de A Virtude de Aço




Quando Baltazar chegou diante do grande Solar da família Torre, os guardas se espantaram. Embora viesse em humildade, destituído da armadura de placas e apenas revestido pesadamente pela cota de malha, a figura de seu cavalo de guerra, causava incômodo. Um homem revestido em aço, cavalgando uma besta. Era ao mesmo tempo, admirável e temível. A síntese do cavaleiro, o terror submetido as virtudes de Jah.

- Alto!
- Os guardas gritaram, suas lanças em riste.

O cavaleiro era acompanhado por um humilde escudeiro em um cavalo viajante. O jovem, notando a aproximação hostil, colocou sua mão sobre o pomo da espada que carregava. Olhou ao lado e viu o cavaleiro impassível, como uma fortaleza, imóvel, diante da ameaça.

- Quem são vocês? E qual o propósito de sua visita? - perguntou um sargento.

- Conheçam então os senhores, quem sou eu. Sou o cavaleiro galego, Baltazar Honório de Pontevedra. Servi aos senhores da Galiza, Castela, Aragão, Navarra, França e de volta até a terra lusitana. Venho em busca de Leonardo Davinci, conhecido já entre vós como um Torre Pereira.

O sargento avaliou pensativo e ordenou a um dos guardas que fossem a procura de Leonardo. Que não demorou a surgir pelo portal, vestido simples, coberto em vestes de lã e uma capa de peles para cobrir-lhe o torso. Ao vê-lo o cavaleiro saltou de seu cavalo e abraçou o rapaz, que imediatamente o reconhecera.

- É neve ou a idade que encanece o vosso cabelo, Sir Baltazar? - disse sorrindo, o jovem italiano.

Baltazar riu, uma gargalhada alta e vigorosa.

- A neve, tenha certeza, meu garoto. Tenho mais energia e força que vós e toda esta tropa cá reunida para me espiar - disse, completando o gracejo com uma gargalhada.

Havia procurado o rapaz por algumas semanas e estava feliz de finalmente encontrá-lo. Aquele era o afilhado de seu amigo mais íntimo: Bartolomeu III, que falecera a poucos anos. Demorou a descobrir em Alcobaça e depois em Coimbra, os registros que designavam o garoto como adotado por uma família portuguesa e sua mudança para as terras nortenhas. Havia encontrado gigantesca coincidência ali na cidade de Chaves, próximo a sua terra natal, a Galiza e sentia que com o rapaz ali poderia visitá-lo com muita frequência.

Era fato que sentia no rapaz o olhar de seu amigo, mas também as feições estranhas que descrevera Bartolomeu, como sendo oriundas do demônio que partilhava o mesmo sangue do rapaz. Ao pensar isso, Baltazar teve de conter um sinal da cruz, que faria quase por reflexo. Uma coisa também que desconhecia, era porque desejava se aproximar daquele rapaz, que lembrava duas grandes perdas de sua vida, o filho mais velho, morto em combate, e seu amigo inventor, que falecera em Coimbra.

- Acredito que tenha percorrido um longo caminho até aqui, sei que esta região não é amigável durante uma tempestade e talvez o senhor queira descansar um pouco. - convidou Leonardo indicando com a palma da mão aberta para as portas do Solar.

- Vossa gentileza é admirável, meu rapaz. De fato, passamos um quarto do dia anterior em meio a uma nevasca, ventos fortes como uma carga de cavalaria, posso dizer, quase levaram nosso acampamento de volta para Coimbra.
- respondeu, rindo e seguindo o rapaz.
Leonardodavinci


O dia estava muito claro, apesar daquela época gélida do ano. As frequentes nevascas haviam dado uma trégua e o sol aparecia timidamente, embora não brilhasse forte e o céu estivesse nublado, era um alento um período de luz mais prolongado. A noite que precedera aquele dia, havia sido marcada por uma complicação. Alguns cavalos, assustados com a ventania intensa, acabaram por fugir enquanto o cavalariço os recolhia. O resultado foi uma boa parte da noite perdida na busca pelos animais.

Devido a esses eventos da noite anterior, Leonardo não havia descansado tão bem como devia, após ajudar na parte inicial da busca, teve que retornar ao Solar pois sentiu a rigidez tomar conta dos dedos de uma das mãos, após perder uma das luvas. Ainda pela manhã, chegou a cozinha onde era sempre observado pelos criados com certa desconfiança. Ele possuía o costume de se alimentar com os criados, principalmente, após a morte de sua mãe Inês. Não era para ele um evento anormal, pois durante sua infância se acostumara aquilo, visto que era excluído de encontros familiares devido a sua natureza ilegítima, mas os criados, sempre suspeitavam de que ali estava um dos patrões para inspecioná-los.

Ele sentou-se a mesa simples e ficou observando o trabalho em volta dele. As mulheres que limpavam e cozinhavam para o almoço que se daria dali a poucas horas, se moviam sempre de forma bem organizada pelo local, absortas, com exceção de uma olhadela ou outra, em suas panelas quentes e no forno que precisava ser mantido quente.

- Leonardo! Que faz aqui, menino? - chamou uma mulher de meia idade, com a cabeça enrolada num pano de linho, que secava as mãos em suas vestes, enquanto se preparava para se sentar.

Era a chefe das camareiras, Eudeline, que nutria por Leonardo uma simpatia singular e diferente dos demais criados, não julgava sua presença ali como uma espécie de ameaça. A mulher tinha uma aparência bastante agradável e simpática, embora não fosse de grande desenvoltura, tinha muito respeito e discrição em relação a seus patrões e tudo que via acontecer na casa.

- Você não está com fome, menino? -
ela indagou. Leonardo achava engraçado como ela não notava o quanto ele amadurecera desde que chegara ali. Provavelmente ainda o via como um rapagote de quinze anos.

- Já me trarão alguns pães, não se apoquente com isso, senhora Eudeline - respondeu sorrindo, embora a barriga roncasse um bocado. - Me diga como vão seus filhos.

Eudeline havia enviuvado a pouco mais de um ano e devido a isso se dedicava muito ao trabalho que realizava. Tinha dois filhos pequenos e o marido não havia lhe deixado nenhuma renda para que sobrevivesse após a partida dele. Por isso era sempre cuidadosa e detinha certa autoridade em relação as outras mulheres.

- Vão razoavelmente bem, sim senhor. É claro, se não considerar o menor que acaba de seu recuperar de uma tosse muito forte e o também o maior que algum tempo atrás teve de ficar alguns dias de cama também.
- a mulher explanava calmamente a situação curiosa de seus filhos. - Quando foi a última vez que você os viu? Já faz alguns meses não?

- Eu nunca cheguei a conhecê-los, Eudeline. - disse Leonardo, sorrindo, já adivinhando o que ela diria em seguida.

- Tenho que trazê-los aqui um dia para conhecê-lo, são muito amáveis e comportados, acredito que pelo menos nisso o pai chegou a inspirá-los em algo, pois também era um homem muito calado.

Neste momento umas criadas trouxe uma bandeja com alguns pães, queijo, peixe e cerveja para que Leonardo fizesse seu desjejum. Por algum motivo, ele observou nos olhos da moça que o serviu, uma característica intrigante e fugidia. Tinha um sorriso contido no canto dos lábios e o rapaz sabia que não se dedicava a ele, mas a algum objeto do pensamento da moça.

Eudeline retornou a falar, dessa vez mais baixo e discretamente.

- Uma moça estranha essa não? Chama-se Agnes - afirmou a camareira, talvez tivesse percebido o ar risonho da garota, assim como Leonardo - sei que ela não é do gênero mais simpático, mas parece que diante de um homem bonito, qualquer uma fica risonha.

Eudeline censurou a garota com os olhos, mesmo que ela já nem mesmo estivesse por perto e encaixou ela mesmo um sorriso de cumplicidade como se estivesse dando ao rapaz um importante aviso que salvara sua vida.

- O que você sabe dela? - perguntou Leonardo, distraído, mordendo um naco de pão.

- O que você deseja saber dela? Eu sei muito pouco, apenas alguns comentários. Sei que gostam dela por aqui, apesar do jeito invocado dela. Sei que vive numa casa na Vila Torre. Sei que é mulher de um padeiro da cidade que por vezes trás aqui suas mercadorias para fornecer a casa. Sei também que não tem filhos, embora já esteja casada a quatro anos. Sei também que é muito resmungona, ao que deve então se dever a pretensa impotência do marido, mas isso é boato do pov...

- Acho que já está suficiente, senhora.


- Por que quis saber? De forma alguma ela é mulher para o senhor, além de que já é casada, por Jah.
- disse a camareira olhando com a mesma censura para o rapaz.

- Pare de asneira, Eudeline. Curiosidade apenas.
- Respondeu, olhando mais uma vez para a moça.

Quando Leonardo terminou seu desjejum e a chefe das camareiras retornou ao trabalho dela, após a breve pausa. O italiano observou a entrada de um dos filhos do cavalariço na cozinha. Lembrava do rapaz, pois fora ele a perder os cavalos na noite anterior. Apesar da noite que para ele devia ser ainda pior do que a que Leonardo tivera, o rapaz estava sorridente. O filho do cavalariço passou discretamente pelas criadas que cuidavam das panelas e dirigiu um olhar a Agnes, que ampliou o sorriso ao vê-lo.

Leonardo observando a cena, disfarçou e contendo o riso lembrou de uma frase de um sábio inglês:

"O que é melhor que a Sabedoria? Mulheres. E o que é melhor que uma boa mulher? Nada"


Leonardo percebera então uma oportunidade surgir e tiraria proveito dela.

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Leonardodavinci


Leonardo estava mais uma vez na cozinha, engajado numa de suas conversas com Eudeline. O calor que vinha do forno o ajudava em relação ao frio e o fazia sentir num ambiente mais aconchegante. Não se intimidava pelas pessoas que andavam para todos os lados, ocupadas que estavam com seus afazeres.

Passara um tempo observando Agnes e seu estranho comportamento com o filho do cavalariço. Algo que sabiam bem disfarçar, mas por vezes cometiam deslizes que o italiano percebia com seus olhos de falcão. Nem sempre se entreolhavam ou sorriam um para o outro, parecia satisfazê-los apenas verem um ao outro. Era fato que a jovem era bonita, tinha o corpo em agradáveis proporções e os cabelos loiros que lhe desciam uma face bonita e que ainda continha a inocência que atraía os olhares de muitos homens. O filho do cavalariço por sua vez, era jovem e vigoroso, era bem afeiçoado e detinha um certo charme, provavelmente, oriundo de sua pouca inteligência, que ele velava bem, mas o fazia transparecer um ar inocente de concordância.

O padeiro, marido de Agnes, estava no Solar aquele dia. Tinha uma entrega de pães para realizar ali e nas redondezas, mas tendo um dia pouco movimentado, estava estendendo a sua visita para poder ficar mais tempo próximo da jovem esposa, mesmo que a contra gosto dela. Embora fosse pelo menos uma década mais velha que sua mulher e tivesse expressões mais rústicas do que belas, era um homem bem afeiçoado pela sua simpatia. As demais criadas da casa pareciam gostar da companhia dele e do bom humor, mas a mulher algumas vezes revirava os olhos para suas piadas e mantinha certa distância ao dedicar-se excessivamente a algumas tarefas.

Uma situação curiosa é que o filho do cavalariço, sempre cheio de pretextos, não havia aparecido mais do que o necessário naquele dia. Leonardo então, resolvendo então se aproveitar da situação, deu um beijo na face de Eudeline e a deixou com seu serviço.

O filho do cavalariço estava sozinho na estrebaria. O fedor fazia Leonardo questionar-se acerca das preferências estranhas da moça, mas era bem provável que o ímpeto que movia a paixão dos dois ignorasse aqueles "detalhes". O jovem estava escovando e preparando um dos cavalos, realizava sua tarefa distraído, assoviando. Notou então a aproximação de Leonardo.

- Bom dia, senhor! Quer que eu prepare algum dos cavalos? - perguntou o rapaz.

Leonardo sorriu. Conversou banalidades por alguns minutos, mas por fim, confrontou o rapaz acerca do caso dele com a criada. O terror logo tomou conta do rosto dele, sem saber qual seria atitude seguinte de Leonardo, ele ficou a tentar, debilmente, desmentir e desconversar a história. O fato era que era rústico no trato, mas temia mais que tudo o pai autoritário. Havia tomado uma pesada reprimenda quando perdeu os cavalos no dia anterior e apenas se confortou pois no inicio da manhã, havia encontrado a bela Agnes antes que tivessem que iniciar suas tarefas. Agora, no entanto, estava ameaçado de perder o emprego e ainda, no pior, apanhar ou ser morto pelo marido da moça, que estava agora a pouco mais de cem metros dali.

- Acredito que o assunto o perturbe? Também perturba a mim saber que os criados estão desastrados demais por se distraírem com romances bobos e indiscrições durante o serviço. Quase perdi alguns dedos devido a tua falha com os cavalos.


Os momentos seguintes foram de negociação. O rapaz, implorando para que Leonardo não o delatasse nem o fizesse perder o emprego, aceitou com os termos dele. Iria ajudar o italiano caso ele precisasse sair sem que o restante dos criados e dos moradores do Solar soubessem, arranjaria para ele o cavalo ou informações que ele precisasse.

Após negociar com o rapaz, Leonardo então percebeu que tinha os métodos necessários para visitar sua prima quando quisesse, sem que corresse o risco de Anton apanhá-lo. Sentia saudades dela e precisava vê-la muito mais vezes do que o primo permitia. Não fazia isso de má fé, mas impulsionado pelo forte sentimento que sentia e que o mantinha acordado tantas vezes durante a noite.

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