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Vila Cruzeiro [RP]

Grigori


A viajem daqueles homens sóbrios e serenos havia sido tranquila. Haviam percorrido um longo caminho desde as terras do norte onde sua base estava e agora chegavam naquela renovada Vila do Cruzeiro.

Eram ao todo seis homens que trajavam as negras vestes de sua Ordem, a pressa havia sido o motivo pelo qual havia viajado ao descoberto pelas estradas que ligavam aqueles dois pontos, mas agora antes de chegar à Vila do Cruzeiro eles desapareceram na noite, seus corpos fundindo-se com as sombras noturnas, seus cavalos silenciosos como o orvalho que se forma nas folhas.

Sua missão começara, e suas ordens eram observar atentamente aquele homem que havia assumido o controle daquelas terras e governava aquela vila. O Barão do Cruzeiro agora se encontrava baixo o olhar atento dos vigilantes Grigori e ocultos a plena vista e nas sombras eles cumpririam sua missão sem serem vistos, tal era o pedido de seu senhor.
_beatrix_algrave


Beatrix pediu ajuda aos serviçais do barão para trazer do quarto algumas das pinturas que trouxera com ela. Aquilo daria uma ideia do estilo do seu trabalho e também poderiam ser adquiridas para a coleção do barão, caso ele assim o desejasse ou demonstrasse interesse. O barão já principiara um de seus discursos.

- Caro Barão, para alguns a política pode ser também uma arte, ainda que diferente a expressão e na forma, pode ser bela à sua maneira.

Ela comentou brevemente, e em seguida diante do desejo do barão em prosseguir para a criação do novo quadro, ela propôs mostrar ainda uma outra peça, que guardara para o final.

Nós já iremos seguir para essa parte, mas antes de ir quero lhe mostrar esse quadro. Lembra dos elogios que fiz ao meu cavalo Desheret? Creio que a pintura não faz jus a beleza deste garanhão.

Ela disse e com a mão em um gesto firme mas sutil revelou o quadro que fizera de Desheret.

- Que acha? Teria o meu garanhão um espaço na vossa sala?

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Dalur


Dalur observa o quadro com atenção, seu olhar minucioso invade cada detalhe das pinceladas tão bem feitas, os dedos correm a superfície do quadro sem ao menos tocá-lo, como se uma barreira invisível e tátil impedisse que o tocasse. O cavalo era lindo, a paisagem então era um adorno indispensável para a apreciação da obra, a moldura dignava os mais belos trabalhos reproduzidos na Europa, como um tesouro meticulosamente guardado para não estragá-lo.

Desheret era algo a parte, o animal era deslumbrante, e embora não pudesse precisar a raça, imaginava ser um exemplar árabe. Seus pelos negros davam um deslumbre maravilhoso, e perguntava-se quão fiel era a pintura, ou se não passava do amor exagerado de quem o possuía. Imaginou-se em cima do referido cavalo, cavalgando naquela paisagem ao entardecer, e logo considerou que a muito tempo não montava, algo que tinha apreço em fazer.

- É um cavalo maravilhoso! Deve orgulhar-se imensamente dele, e sem esperanças pergunto se não conseguiria colocar tal em meus estábulos? Mesmo que seja negativa a resposta, não poderia deixar de ressaltar como é belo.

O barão continua a admirar a pintura, ficara mesmo deslumbrado pelo que vira, e realmente contente também.
_beatrix_algrave


Diante do comentário do barão, Beatrix sorriu.

- Creio que terá que contentar-se com a pintura. Ele é precioso demais para cogitar me desfazer dele. Um valor sentimental que o torna sem preço.

Após dizer essas palavras, Beatrix indica estar pronta para que possam começar o trabalho, pois avista Benoit vindo do desjejum.

- Já tenho meu assistente e se desejar poderemos ir para um local fechado onde iniciaremos nosso trabalho de pintura.

Ela comenta e aguarda que o barão indique o local que servirá de estúdio.


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Dalur


O barão pensa por um instante, claramente um tanto contrariado pela recusa em obter tal cavalo, mas isto seria superado em pouco tempo. Pensou em pintar no quarto, mas isto traria algumas coisas desagradáveis a sua mente, e não queria repetir os fatos ocorridos na noite passada, também cogitou o salão de festas, mas não tinha certeza que seria um bom estúdio, por fim, chegou a uma conclusão

- Bem, tenho um pequeno escritório de estudos, é um cômodo anexo ao salão de festas. Não é muito amplo, mas certamente tem o espaço requisitado para servir de estúdio, em minha opinião. Achas bom irmos lá?

Ao findar, o barão pegou uma última maça, não resistindo ao impeto de comer algo, e também para manter sua mente ocupada no sabor daquela fruta ao invés de imaginar-se desnudo para a pintura. Finalmente havia chegado o momento, e não estava mais tranquilo que nos dias antecedentes. Considerou a ideia de desistir de posar, mas preferia encarar o desafio de despir-se em frente a uma mulher com a qual não teria relação, do que admitir seu receio e despedi-la para sua casa.
_beatrix_algrave


Beatrix ouve a indicação do barão para usarem o escritório e concorda.

- Sim, creio que será adequado. Usaremos esse espaço, então. Hoje, a manhã está agradável, mas pode esfriar, é bom pedir um chá quente ou algo para esquentá-lo durante a sessão. Não queremos que se resfrie. Também recomendo um roupão para quando não estiver posando, ou um casaco aberto que possa amarrar. Além disso um lençol avulso e pequeno de um tecido leve, que possa deixar ao colo, pois não precisará se expor completamente o tempo todo.

Ela propõe e em seguida pede ao primo Benoit para ajudá-la a levar o material para o local indicado pelo barão. Quanto mais cedo começassem melhor, pois o barão teria que ficar posando por algumas horas e ela sabia que a tarde ele não teria tempo por conta dos seus muitos afazeres no feudo e na política.

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Dalur


O barão terminou de comer sua fruta e pediu licença para ir até seu quarto, subiu as escadas lentamente, não tinha pressa alguma em trocar a roupa e posar para o quadro. Chegando em seu quarto, despiu sua roupa deixando a sobre a cama, assim que as criadas viessem arrumar seu quarto colocariam em lugar adequado. Procurou uma toga no estilo romano, que poderia ser amarrado com um cordão, era uma roupa fina que havia adquirido em uma viagem que fizera a Roma, alguns anos atrás, e considerava que dificilmente haveria outra ocasião oportuna para usá-la. Logo a encontrou em um armário, não foi difícil vesti-la, logo estava pronto para posar, procurou por um sapato para usar, porém nenhum achou que ficasse bom com a toga.

Desceu as escadas descalço, a toga era a única peça de roupa que utilizava, se dirigiu até a cozinha onde encontrou a dama Beatrix.

- Aqui estou, imagino que esta toga seja o suficiente. Estou a sentir-me como aqueles retratados nas obras antigas, pelo vestuário que uso. Já sobre o pano, Maria trará para mim, e assim terei toda a roupagem que indicastes para utilizar. Venha, acompanhe-me até o estúdio.

Com um gesto convidativo, o barão a conduziu pelo salão de festas até uma porta ao fundo, abriu-a e adentraram a sala de estudos, sendo seguido por alguns criados. Era um cômodo não muito grande, com várias estantes repletas das mais variadas obras. Diferia-se do escritório que o barão mantinha no andar de cima, pois não havia as estatuas dos deuses, mas também tinha uma mesa, cadeira, pena e tudo mais. Não havia janelas, e utilizavam-se da técnica romana para manter o ambiente agradável, deixavam a porta aberta durante a noite, para o ar gelado noturno preencher o ambiente, e durante o dia permanecia fechado.

- Maria, traga algumas bebidas quentes para nós. Bem, aqui estamos, é um local agradável não? E qual será o próximo passo para produzirmos o quadro?
Primo_benoit


Benoit ajudou a prima a levar o material par a sala indicada pelo barão. Ele aguardou que assim que chegassem, ela indicasse qual seria o papel dele, conforme haviam combinado.
_beatrix_algrave


Já na sala, Beatrix dispôs seu material de desenho. Ela também colocou em um espaço propício, um réchaud para aquecer um bule de chá.

- Se não se importar trouxe a minha própria bebida. Assim que a vossa criada voltar poderemos fechar a sala e começar.

Ela disse e acendeu o réchaud, colocou algumas ervas no bule que já trazia água. Enquanto a bebida aquecia, ela organizou os materiais. De um estojo de couro ela tirou várias folhas de papel que deixou separadas sobre a mesa. Também dispôs um paninho para limpar as mãos quando necessário, o esfuminho, pedras de Itália e uma prancheta de madeira. O material de pintura seria usado mais tarde e já estava na sala para adiantar o trabalho da artista.

- Hoje farei meus rascunhos de estudo que servirão de base para as pinturas. O senhor gostaria de começar por qual? Preciso que pose em três posturas distintas, reclinado, sentado e em pé. Creio que a pose reclinada pode ser feita no chão, ou sobre a mesa, a não ser que disponha de um divã. Para a sentada podemos usar a cadeira. O lençol poderá servir para forrar a superfície sobre a qual se sentará.

Ela disse e aguardou que o barão se manifestasse sobre qual pose preferiria para começar. Também estava atenta sobre se ele se sentia ou não à vontade, e se parecia tranquilo ou estava nervoso.

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Dalur


Ouvindo as instruções, o barão não demora para considerar suas opções. Entre todas elas, imaginou que a pose reclinada seria a melhor, até porque demoraria um tempo para trazer um divã, e assim poderia concentrar-se melhor. Ordenou a um dos criados que buscassem o divã sem demora, e assim foram os criados restantes.

- Vou preferir a pose reclinada para começar, se não se importar. Logo chegarão com o divã, e poderemos iniciar a pintura. Quanto a bebida, vou dizer a Maria assim que esta voltar, se tu ou Benoit desejarem algo, não hesite em comunicar, que logo a chamo de volta para providenciar o pedido.

Logo os criados regressaram, com alguma dificuldade pousaram o divã próximo a uma das estantes que se encontravam no ambiente. O móvel era de madeira com o acolchoado em tecido vermelho, não conseguia lembrar bem onde havia o adquirido, mas tinha certeza que fora um presente.

- Aqui está o divã, oh, e Maria também chegou com a bebida. Deixe aqui nesta mesa por favor. Já que estamos prontos, vamos começar.

O barão com alguma incerteza reclinou-se no móvel aguardando instruções sobre como seria o rascunho. Deixando ainda a toga presa, pois não sabia se já deveria a tirar, e considerava que fazer algo sem as devidas instruções poderia ser mal interpretado.
_beatrix_algrave


Depois que Maria se retirou, Beatrix examinou a posição do divã. A iluminação da sala agradou-lhe. Pegou uma almofada e ajeitou em uma das pontas.

- Creio que uma postura semi-reclinada seria o melhor para início. O senhor se deitaria, apoiado em seu antebraço direito sobre esse travesseiro, seu tronco voltado para direção onde estou, em uma leve torção, a cabeça acompanhando o tronco, sua perna direita estendida sobre o divã, e a sua perna esquerda erguida e flexionada, com o pé apoiado no divã.

Ela disse e fez um rascunho rápido de esboço da pose e mostrou ao barão Dalur.

Ela aguardou a opinião dele, pois seria importante que ele se sentisse a vontade. Aguardou se ele concordava e se teria alguma dúvida sobre a posição.

- Eu estou sugerindo essa postura baseada em poses clássicas, mas é importante que o senhor se sinta confortável e à vontade quanto à pose. Quando estiver posando, procure ficar o mais tranquilo e natural que puder, respire devagar e sem pressa. Só não vá dormir. Assim que tiver pronto o senhor pode despir a toga e tomar a posição. A não ser que queira ser desenhado com ela, e eu entenderia é uma roupa bonita e diferente.

Ela sugere, aguardando ainda a opinião do barão.

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Dalur


O barão observou o divã por um momento, tentava imaginar-se e como ficaria o retrato de sua pessoa naquele móvel. Pensou nas palavras de Beatrix e, por alguns instantes pensou em si mesmo como os abastados romanos, em suas riquezas nas vilas, onde ficavam a deriva em seus móveis luxuosos e desfrutavam da vida as custas do trabalho escravo. Viu um pouco de si mesmo nesta concepção, não como romano, uma vez que era português, mas sim com a identificação de algumas semelhanças.

- Não há problema algum, se não importar-se, poderei posar com a toga entreaberta, assim podes captar a beleza do pano e, também o quadro completo. Devo reclinar-me não? Pois vejamos, vou passar este braço aqui, aquela perna ficará assim, e minha cabeça desta forma. Pronto! Acho que estou da maneira como me indicou.

Dito isto, o barão perde sua pose por um instante, levando sua mão até a corda que prendia a toga, e com alguma dificuldade, provinda de sua ansiedade, desata o nó. A toga se entreabre, e o barão afasta um pouco seu pano para melhor mostrar o corpo moldado tanto pelos anos de guerreiro, como pelos anos de trabalho braçal no campo. Algumas gotas de suor formou em sua testa, e uma sensação angustiante da vergonha se forma em seu peito, engolindo em seco, ele mantém a pose para a artista poder trabalhar.
_beatrix_algrave


- Assim está perfeito, senhor Dalur. A panagem da vossa vestimenta dará um elemento visual muito interessante. Se quiser pode apoiar o braço esquerdo sobre a perna, ou usá-lo também como apoio pousando-o sobre o divã.

Ela disse e observou um pouco a cena, e tomou a pedra de Itália e ajeitou o papel sobre a prancheta que acomodou no colo. Ante de iniciar ela pediu a seu primo Benoit.

- Primo, Benoit, com a permissão do senhor Dalur, leve um lenço a ele e ajude-o a abrir só mais um pouco o roupão. Ajude-o por favor.

Ela pediu de forma gentil.

- O senhor ainda não está relaxado. Sei que não é algo tão trivial, mas precisamos encarar com naturalidade.

Sua voz era calma, tranquila e transmitia confiança. Sua expressão tinha um ar profissional.

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Dalur


O barão moveu seu braço como fora instruído, a angústia ainda perturbava-o apesar das tentativas da artista. Escutando o pedido que esta fizera a Benoit, de primeiro fica receoso, mas logo concorda com o exposto.

- Fique a vontade, afinal és a artista. Se precisar de mudar algo, ou que posicione de maneira diferenciada, apenas diga que assim o farei. Quanto a naturalidade, não ando em desconforto, apenas é a primeira vez, mas acho que em breve já terei alguma experiência para demonstrar o quão confortável estou com a situação.

O sorriso forçado acompanhou muito bem a mentira proferida por aquele homem, a verdade é que sentia-se desconfortável, mas preferiria a morte do que admitir tal coisa. Talvez esta fosse a maior demonstração do orgulho do nobre, que não estava em ser pintado como um deus, e sim em transpor seus limites, mesmo aqueles que o senso comum afirmavam ser coerentes não desrespeitar.

A expressão da artista aliviou um pouco sua alma perturbada, e logo desenvolveu outro artifício que provaria-se bem eficaz. Enquanto era ajeitado sua toga, e posava para o retrato, o barão alocou seus pensamentos para as mais diversas filosofias e ponderações. Desde os rumos políticos, até a transcendental razão da existência humana, abocanharam a atenção do nobre. Desta forma, sua mente desprendeu-se do envergonhamento e angústia, deixando-o mais livre, enquanto vagava pelos mistérios da vida.
Primo_benoit


Assim que Beatrix lhe faz o pedido, o desconforto passa a agir sobre o rapaz franzino. Ele caminha até o barão, com os olhos fitados no solo. Realmente está bastante desconcertado, porém tenta não estragar o trabalho de Beatrix.
— Monsieur, s’il vous plaît, vossa licença, concede-me?


Senhor, por favor, vossa licença, concede-me.
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