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[RP] Vila Torre - Domicílio de Raquel Torre

Leonardodavinci


Raquel estendeu a mão em direção a porta, num sinal indicando que ele poderia entrar. Leonardo ainda não havia entendido o significado completo de boudoir até que entrou naquele cômodo peculiar.
Assim que entrou, sentiu o aroma dos óleos perfumados, tinha uma decoração muito própria. Uma mistura de trabalhos de madeira e mármore formavam um invólucro de um ambiente que ele podia perceber que jamais recebera outra pessoa senão Raquel. Ao fundo, a banheira com água quente, dela subia o vapor que ondulava no ar até desaparecer, convidando-o, como numa dança, a mergulhar na água.

Raquel fechou a porta com delicadeza, deixando-o a sós consigo mesmo. Por um certo momento, Leonardo não soube bem o que fazer. Ele olhou mais de uma vez para o lado como se sentisse que pudessem observá-lo.

Ele começou a despir-se. Algo naquele ambiente que o induzia a nudez. Tirou primeiro as botas, tocando a sola dos pés ao chão frio. Aos poucos ele foi sentindo mais partes de seu corpo ficando expostas. Retirou lentamente as peças de roupa até que se viu completamente exposto diante daquela banheira.

Ele se deixou envolver pelo calor e desceu seu corpo sobre a água quente. Recostando-se numa das paredes da banheira e sentindo seu corpo relaxar quase ao ponto do torpor ele se colocou a pensar.

Por alguns momentos ele pensou na viagem e observando seu corpo, notou quantas marcas ele recebera desde que a poucos anos atrás ele chegara a Portugal, um bastardo quebrado por dentro e exilado de sua terra-mãe. No entanto, as lembranças logo se dispersaram naquela água.

Seus pensamentos então cruzaram até então a uma fronteira proibida. Pensara em sua prima. Em quantas vezes ela já havia ficado ali, tal como ele, nua, mergulhada na água quente. Ele tentou afastar esses pensamentos.

Quote:
Dammi, ti dissi, la castità e la continenza, ma non ora


Passou os dedos pelas bordas da banheira, como se tocando onde ela tivesse tocado pudesse se sentir mais próximo dela. Uma confusão passou por seus pensamentos. Ele não entendia porque seus pensamentos não paravam de voltar para ela e porque sua imaginação não o obedecia. Sentiu-se irritado e água começou a queimar-lhe a pele.

Mas porque ele havia ido a casa dela, antes de tudo? Por que antes do Solar, antes de qualquer outra pessoa, foi a casa dela, o abraço dela que ele procurou?

Aquilo o deixou perturbado, não podia permitir que tais pensamentos fossem adiante.
O que ela pensaria dele?

Percebeu então que havia revirado toda a água e acalmou seus pensamentos. O restante de seu banho, foi uma batalha, mas por fim, ficou contente por estar vestido mais uma vez.

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Raquel_


Raquel aproveitou o momento do banho e deixou na cama estendido uma muda de roupas que pertencia a Anton, para que ele pudesse trocar. Saiu rapidamente do quarto para pedir a Ladislau que trouxesse do Solar as coisas de Leonardo, para a mudança definitiva.
Ladislau obedeceu pacientemente a Raquel e se dirigiu ao Solar para providenciar o pedido. Raquel não tinha jeito para dar ordens, ela sempre pedia com educação, sem tom autoritário.

Enquanto Leonardo estava no banho, Raquel se dirigiu à cozinha para preparar o jantar. Pensou em contratar mais uma pessoa para cuidar de alguns detalhes da casa já que ali morariam duas pessoas. Anton apareceria de vez em quando, então não seria tanto trabalho para cuidar da casa.

Raquel não sentiu o tempo passar. Ficou entretida a preparar uma sopa com carne e legumes e a arrumar a mesa. Por sorte tinha especiarias que tinha comprado no Porto, e enquanto fazia a dosagem das especiarias, seu primo chegou silenciosamente na porta da cozinha.

Definitivamente Leonardo gostava de surpreender.

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Leonardodavinci


Leonardo ficou contente ao encontrar roupas limpas sobre sua cama. As roupas lhe caíram bem e a sensação de conforto o deixou mais satisfeito. As coisas que ele trouxera da viagem ficaram num canto do quarto. Objetos variados, embrulhados diversas vezes, preparados para resistirem as intempéries que o atingiriam durante a viagem. Trouxera muitos livros, agora que moraria lá, poderia deixar todos com Raquel.

Contudo, havia alguns livros que ela não podia ver. Ele os retirou dos fundos de uma das bolsas e jogou-os sobre a cama. Então foi a porta, verificou se ela estava bem fechada e girou o ferrolho para trancá-la. Ele sentia o cheiro de comida então sabia que a prima estaria ocupada.

Tomou novamente de dentro de uma das bolsas, uma adaga longa, de cabo decorado por vários floreios. O chappe e o cabo da adaga eram decorados com um brasão e símbolos singulares, dos quais se destacavam dois deles: o Leão de São Marcos e a Flor de Lis.

"Lasciate ogni speranza, voi ch'intrate."- disse a si mesmo, contemplando o Leão abraçado a flor. Poderia jurar que não havia metáfora melhor para Judas Iscariotes.

Ele então, colocando os livros no chão, ergueu o colchão e fez uma pequena incisão nas extremidades no tecido de brocado. Inseriu ali os livros, não eram volumosos, então não deviam fazer grande diferença ao conforto. Com agulha e linha que ele encontrou sobre uma das cômodas do quarto ele costurou de volta o brocado. Não era conhecido por suas habilidades em alfaiataria, mas poderia dizer que o remendo havia ficado, se não imperceptível, pelo menos discreto.

Deixou tudo no lugar, destrancou a porta e foi até a cozinha ver como estavam as coisas para o jantar. Encontrou Raquel debruçada sobre uma panela, calculando mentalmente a quantidade de especiarias que iriam para dentro da panela. Ela não demorou a notá-lo, sua prima era sagaz.

- Então, o que temos pra hoje? - Leonardo se aproximou do fogão, olhando o conteúdo dentro da panela. - Sopa. Está cheirando bem.

Ele tomou uma colher de madeira e recolheu um pouco do conteúdo da panela e após assoprar algumas vezes o levou aos lábios.

- E tem gosto bom também, quem diria?
- debochou, um sorriso faceiro no rosto

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Raquel_


- E tem gosto bom também, quem diria?

Raquel colocou uma mão na cintura, e com um olhar atrevido, respondeu.

- Ora, ora. Então temos um cozinheiro na casa e eu não sabia! Ou um degustador de sopas profissional?

Ela buscou duas tigelas num cômodo da cozinha, encheu-as com sopa e deu uma delas para Leonardo.

- Tome. Vamos comer que a minha barriga está reclamando.

Raquel e Leonardo se dirigiram à mesa, e enquanto comiam, conversavam sobre amenidades. Ávida e com fome, Raquel dispensou a colher e comia direto da tigela, sorvendo a sopa. Leonardo a observava com olhar zombeteiro, deixando-a intrigada e devolvendo o olhar.

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Leonardodavinci


Após um bom tempo comendo e conversando, Leonardo empurrou sua tigela para longe de si, mostrando que já estava saciado. Ele observou sua prima virar uma última tigela de forma, ela tinha mesmo uma presença de espírito inigualável.

Sabe, minha prima, fiquei um bom tempo fora, e gostaria de revisitar os entornos da cidade, quem sabe ir as margens do Tâmega... - disse.

Ele suspirou.

- Passei muito tempo sozinho e já estou enfastiado da minha pessoa, preciso de uma companhia agradável, então, quem sabe, se você ainda nutrir o prazer da equitação, poderia me acompanhar? - convidou, um tanto tímido.

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Raquel_


- Passei muito tempo sozinho e já estou enfastiado da minha pessoa, preciso de uma companhia agradável, então, quem sabe, se você ainda nutrir o prazer da equitação, poderia me acompanhar?

Fazia um tempo que não andava a cavalo, desde o episódio do resgate de Manfredo Godoy. De repente ela se lembrou da exibição que fez quando Anton e Leonardo voltaram da Espanha.

A voz de Leonardo baixava o tom a cada palavra proferida. Era um misto de timidez com desesperança no olhar, no que tornou o pedido praticamente irrecusável. Ele a olhava com receio, esperando pela resposta, que durou longos segundos para ser ouvida.

- Oras, vamos sim! - Raquel limpou suas mãos no avental - Espere eu trocar as roupas, ou vou de vestido? Vamos ter que buscar meu Enfant Terrible no Solar, então devo trocar de roupas. Me espere então.

Leonardo assentiu com a cabeça e Raquel foi até o quarto trocar o vestido pelas calças e camisa que possuía. A tarde avançava, e logo o pôr do sol tomaria conta.

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Leonardodavinci


Leonardo se sentiu exultante com a assertiva de sua prima. A solidão e as provações que tinha passado nos últimos meses ainda o feriam. Quando Raquel entrou em seus aposentos para trocar suas roupas, ele saiu a procura de deixar o cavalo pronto.

Seu cavalo não era do tipo mais imponente, era uma raça destinada a longas viagens, seu antigo Andaluz jamais aguentaria os rigores do trajeto, por isso ele o havia vendido pouco antes de partir. para substituir o animal, comprou um palafrém muito dócil, que deixou sob os cuidados de Ladislau quando chegou no domicilio de Raquel.

Leonardo encontrou o cavalo amarrado em um canto improvisado, mas havia sido bem cuidado e alimentado. Ficou contente em saber que os desastres de Ladislau como cavalariço se limitavam ao incorrigível cavalo de sua prima. Ele acariciou a cabeça alongada do animal e o selou cuidadosamente, tratou de ajustar bem os arreios e o desamarrou.

Conduziu o cavalo até a frente do portão e o montou, Ladislau estava lá, matando tempo.

- Será que ela está demorando ou eu que estou ansioso, Ladislau? Vai anoitecer em breve, não quer ir lá apressá-la? - Disse Leonardo, impaciente sobre a sela.

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Raquel_


Raquel enfim se arrumou para o passeio que faria, e saiu do quarto para se encontrar com seu primo. Não o avistou na sala, e olhou pela janela para ver se estava lá fora. Ao vê-lo com Ladislau, e já montado no cavalo, se apressou para sair.
Leonardo já estava no lado de fora do portão, esperando por ela. Ela não titubeou e pediu auxílio a Ladislau para montar o cavalo. Subiu no estribo e sentou-se atrás do Leonardo, ajustando-se e o segurando pela cintura com as duas mãos.

- Estou pronta, quando você quiser.

Despediram-se de Ladislau e seguiram caminho até o Solar para buscar o outro cavalo a passos largos.

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Leonardodavinci


Do alto de seu cavalo, Leonardo ficou observando sua prima vindo em sua direção, cercada pelos tons violeta das lavanda que ornamentavam a entrada. Quando ela subiu no cavalo e afirmou estar pronta, Leonardo puxou os braços dela para que ficassem bem envoltos em sua cintura. Ele colocou o cavalo para marchar em direção ao Solar. Seguiram uma estradinha que se conectava a residência oficial dos Torre, o sol já brilhava com menos intensidade devido ao horário e toda a vizinhança parecia ser preenchida gradativamente de uma similitude campesina.

Leonardo se sentiu despreocupado e quase não percebeu quando chegaram diante dos estábulos do Solar. Ele então puxou as rédeas e parou o cavalo estalando os lábios num som conhecido ao animal. Após desmontar do cavalo, ele ajudou sua prima a descer segurando-a pela cintura. Adentraram os estábulos, uma grande estrutura de madeira, cujo a fetidez típica de esterco e dos cavalos fazia-se sentir logo ao abrir as portas. Leonardo logo viu o Enfant Terrible de Raquel, que se agitou assim que a viu se aproximando, era um cavalo magnífico de aspecto marcante.

Para fazer páreo ao cavalo de sua prima, Leonardo escolheu um dos Andaluzes do estábulo, um cavalo com o qual ele tinha certa familiaridade. Pediu aos cavalariços que o auxiliassem a recolher seu palafrém e que liberassem o Andaluz. Após os ajudantes terem preparado o cavalo, Leonardo conduziu o grande animal para fora dos estábulos, montou sobre ele e aguardou que sua prima se entendesse com sua montaria.

Assim que ela estava pronta, ele disse a ela:

- Que tal me mostrar do que seu Enfant Terrible é capaz? - ele debochou ao colocar enfâse num sotaque francês fajuto ao se referir ao cavalo e então desafiou - Uma corrida, que tal? Até os limites da propriedade...

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Raquel_


Fazia um bom tempo que Raquel não cavalgava com seu cavalo. As obrigações do dia-a-dia a impediam de cuidar com mais atenção do seu cavalo, mas depois que seu primo chegou de viagem, ela pôde se permitir esse momento para um passeio.
Os dois chegaram ao estábulo, e Raquel tratou de pedir ao cavalariço para que colocasse a sela no cavalo. Com um pouco de trabalho, dois cavalariços cuidaram do animal para que estivesse pronto a montar.

Raquel não teve muita dificuldade ao montar; saiu do estábulo em direção a Leonardo e o encontrou montado em outro cavalo, no que fez uma proposta para ver quem corria mais.

Raquel sorriu timidamente, fez um carinho na crina do animal e esporou, que saiu correndo em desatino em direção ao Tâmega, com Leonardo a seguindo logo atrás.

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Leonardodavinci


O cavalo de Raquel ganhou uma velocidade extraordinária, era realmente um animal digno da audácia de sua dona. Leonardo a seguiu como pôde, golpeando o cavalo com seus calcanhares. O mundo a sua volta se movia em grande velocidade e ele só pensava em alcançar Raquel, como numa caçada.

- Saiam da frente! - berrou o rapaz italiano.

Alguns camponeses que carregavam seus fardos de volta para casa no fim daquele dia se assustaram soltando exclamações de surpresa, xingamentos e até princípios de uma torcida. Leonardo pode ver dois jovens aldeões que se jogaram na lama para desviar do terrível cavalo negro montado por sua prima. Eles passaram pelas ruínas de algumas casas, viraram em algumas esquinas causando grande alvoroço e levantando poeira e lama atrás deles. Os soldados carrancudos que patrulhavam a entrada do assentamento da Vila Torre se viram em um breve dilema, mas assim que reconheceram os cavalos, ergueram suas lanças e endireitaram a postura.

Leonardo chegou a galopar em páreo com Raquel, mas não teve como ultrapassá-la. Ela chegou ao marco da propriedade antes dele, sorrindo animadamente. Ele sentiu o orgulho levemente ferido, mas acabou se deixando contagiar pela alegria dela.

- Vamos um pouco mais adiante, ainda dá tempo...- ele sugeriu.

Seguiu em frente, galopando tranquilamente, sua prima o acompanhou. Leonardo levou Raquel até diante de um bosque que circundava as margens do Tâmega. Ele tinha uma atração especial por ambientes bucólicos e sua chegada em Chaves pela primeira vez foi acompanhada de muitas visitas àquele lugar. Por conta disso, ele preferia galopar daquela maneira, cercado pelos sons do bosque, que nunca dormia e só se agitava mais com a proximidade da noite. Eles circundaram o arvoredo até chegarem na estrada que levava até a cidade de Chaves.

Foram adentrando a cidade, observando seus cidadãos e as tavernas que começavam a crescer em movimento. Por fim, quando o sol começava a se aproximar do horizonte, eles chegaram a ponte de Trajano, um dos mais belos pontos da cidade. Quando os cascos dos cavalos começaram a bater nas pedras mui antigas que formavam a composição magistral da ponte, Leonardo se dirigiu a sua prima.

- Pode imaginar, minha prima, que essa ponte sobre a qual você está agora tem mais de mil anos?

Era uma visão espetacular, ali do alto daqueles arcos de volta redonda. O sol tangenciou o horizonte, lançando uma luz alaranjada no céu, tons de roxo também se misturavam e um pouco do azul ainda resistia, como na paleta de um pintor habilidoso, brincando com as cores para produzir um quadro magnífico. O rio se deslocava em direção a eles, refletindo em sua superfície a beleza do céu, batia nas pedras antigas e continuava atrás deles.

Tudo naquela visão se associava ao legado, uma ponte de pedra de mil anos, o rio que vinha e prosseguia, mais antigo que Trajano ou o Império Românico e o sol que havia iluminado os grandes construtores e arquitetos romanos e agora iluminava os dois primos em seus cavalos, sorrindo como tolos. Leonardo olhou o rosto de Raquel, deslumbrada com a vista, ele então pensou que a alegria no rosto dela naquele momento, era um belo legado para ele mesmo.

Ficaram algum tempo ainda, esperando o sol descer completamente abaixo dos limites da terra. Então, quando a noite se fechou, o céu foi tomado por uma bela faixa de estrelas e Leonardo, bateu os calcanhares em seu cavalo mais uma vez.

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Raquel_


Leonardo conduzia Raquel, saindo da ponte e indo até os campos, mesmo após ter anoitecido. Foram se afastando do Tâmega e já não havia mais campesinos, todos tinham se recolhido. Cavalgaram até uma colina, de onde podia avistar as estrelas. Pararam no topo da colina, e passaram longos minutos em silêncio, observando o céu e sua infinitude, sem trocarem uma palavra. Raquel se sentia bem naquele momento, e deu um longo suspiro de satisfação.

Depois de passarem um longo tempo na colina, desceram a galope em direção à cidade e pararam em uma das tavernas. Leonardo gentilmente deu a mão a Raquel para descer do cavalo, e entraram no estabelecimento.

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Leonardodavinci


Quando Leonardo empurrou pela porta arqueada, entrou num mundo diferente. A calmaria que acabara de experimentar na colina e nas ruas da cidade foi subitamente substituída por uma cacofonia estonteante. O cheiro forte de cerveja impregnava o lugar, a luz fulva advinda das lareiras alimentadas constantemente por lenha seca e o calor fornecido pelo fogo e pela aglomeração forneciam um conjunto de sensações difíceis de se processar.

A música era alta e alegre e as risadas dos campônios enchiam o lugar de uma euforia desmedida. Ele teve que se desvencilhar de algumas mulheres de capuzes amarelos que ofereciam seus serviços escusos e que olhavam para Raquel com um certo desdém. Até que alcançou um dos poucos lugares no canto da parede e que apesar de não ser um dos mais aquecidos era o mais reservado que eles poderiam conseguir naquele lugar.
Uma vez sentados, ele se dirigiu a Raquel.

- Quer um pouco de bebida? Vou buscar para você...

Ele se sentiu um tanto quanto destrambelhado pelo excesso de gentileza, mas a música o contagiava e enquanto sorria, voltando para seu lugar com duas canecas de cerveja, topou direto contra um homem que já bêbedo dançava de forma desproporcional no meio da taverna.
A cerveja voou para todos os lados, molhando não só o bêbado, como também Leonardo que enfurecido, antes de conseguir ver quem havia ficado em sua frente já saiu a praguejar:

- Maledetto! De todos os lugares deste mundo e do próximo, tinha que haver um imbecil justamente na minha frente?!

Ele então viu o homem, era um dos soldados de folga naquela noite, os olhos opacos pela embriaguez o fitando ferozmente enquanto outros homens atrás dele se levantavam e se juntavam a ele para encarar Leonardo. Os bardos invés de pararem a música se alegraram ainda mais a vista do conflito e bateram ainda mais entusiasmados as mãos em seus bandolins.

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Raquel_


Raquel permanecia sentada quando percebeu que haveria um possível conflito entre Leonardo e vários homens. Sabendo que dali nada seria proveitoso, levantou-se e correu até Leonardo, ficando entre ele e o soldado que estava prestes a agredi-lo. Empurrou Leonardo pela cintura, que foi derramando cerveja pelo caminho, e escolheu um lugar mais afastado daquele grupo para não haver confusão.

Após se sentarem, Raquel falou em tom alto, devido ao barulho instalado na taverna:

- Não quero italiano de sangue quente aqui, hein? Agora vamos brindar ao seu retorno.


Raquel levanta sua caneca de cerveja.

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Leonardodavinci


Leonardo e Raquel brindaram e permaneceram na taverna por um bom tempo ainda, conversando e rindo, embalados pelo ambiente acolhedor e caloroso. O rapaz buscou continência para não exagerar na bebida, não queria constranger sua prima fazendo alguma cena bêbado.

As horas avançaram e sob o efeito do álcool, mesmo que levemente, a taverna se tornou barulhenta e agitada demais. Leonardo reparou que Raquel não devia ter saído muito nos últimos tempos, embora ela aparentasse estar se divertindo, ele reparou em alguns momentos que ela tentou esconder discretamente um bocejo com as mãos.

- Vamos pra casa, prima. Acho que já nos divertimos bastante por hoje - disse o rapaz sorrindo.

Uma vez na casa, Raquel logo se sentou em uma das cadeiras, ainda assim disfarçando o cansaço. Embora já estivessem em casa, Leonardo relutava em deixar aquele dia tão prazeroso acabar. Se propôs, então, a fazer a declamação de alguns poemas de Boccaccio, um poeta florentino, recente aquisição que ele fizera em Florença.

Apesar de seu engajamento em tornar a leitura o mais vívida possível, ele percebeu quando sua prima foi se deixando levar pelo sono, apoiando a cabeça nas mãos e suas pálpebras se fechando lentamente. O rapaz então, relutante, entendeu que aquele dia já havia se estendido demais. Ele encerrou um último poema e deixou o livro sobre a cadeira, partindo para a cozinha para preparar um chá.

Enquanto a água esquentava, ele passava o dia em revista, alegre pelos bons momentos que estava passando ali. Ficou se perguntando, como pode ter pensado um dia em abandonar tudo aquilo e querer condenar a si mesmo a vida de miséria que outros haviam planejado para ele. Sua mente rapidamente divagou por lugares obscuros e ele teve que se trazer de volta ao momento.

Assim que a água esquentou o suficiente, ele apagou as chamas e depositou algumas ervas na água. Uma vez que a infusão foi concluída, ele levou seu humilde chá de volta a sala de estar, apenas para encontrar sua prima já dormindo, mesmo que desconfortável, na cadeira em que estava.

Leonardo logo deixou a xícara de lado e não querendo acordar Raquel, ele a tomou em seus braços e a levou para o quarto dela. Deixou-a sobre a cama, decidindo que seria muito razoável não mexer em suas roupas. Permitiu-se a indiscrição de contemplá-la, os cabelos dela se distribuíam sobre os travesseiros de maneira jovial, direcionando a visão para seu belo rosto, que prendia os olhos do rapaz.

Ele fitou os lábios dela, entreabertos, quase como em um convite. Pensou em beijá-los, talvez se ele fosse sútil o suficiente, ela não acordaria, se acordasse, talvez retribuísse, talvez fosse o que ela desejava desde sempre, ou talvez o matasse com alguma adaga oculta sob um travesseiro. Leonardo espantou esses pensamentos, balançando a cabeça efusivamente como se os pudesse afastá-los de fato com os movimentos.

O rapaz se limitou a cobri-la com um fino cobertor e se retirar do quarto, antes que cometesse algum ato estúpido. Antes de sair, porém, arriscou olhá-la mais uma vez. O convite permanecia nos lábios dela, mas Leonardo sabia que não podia. De fato, não podia.

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