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[RP] Vila Torre - Domicílio de Raquel Torre

Sir_anton


- Anton, você passou tanto tempo distante que pelo visto não sabe que Leonardo não é hóspede. Ele está morando aqui comigo.

A noticia acertou Anton como um soco.Sua irmã morando com um homem,que não era seu marido,quão absurdo aquilo poderia ser?Anton respirou fundo,tentand junto com o folêgo recuperar o sentido das coisas,pensando em uma hipotese que aquilo não fosse uma enorme mancha negra na honra da irmã.Levantou,e caminhou pelo cômodo como se o exercício o ajuda-se a pensar.Em sua mente ele levou bastante tempo,mas no tempo real,não foram mais que alguns segundos.Finalmente,ele não se conteve.

- Raquel Emilia Nasser Torre,estás brincando comigo,estás? Você perdeu seu senso de...Tudo?! Morando com um homem,que não é seu marido.Eu fico algum tempo longe e você joga sua honra no lixo.Isso não vai seguir.

Anton virou as costas para irmã e foi em direção ao quarto de Leonardo,Anton bateu com força na porta.
-Leonardo,abra a maldita porta!

Quando Leonardo abriu a porta,Anton entrou no quarto ja falando:
- Então estás morando com minha irmã? Estava esperando pelo quê para me dizer? Eu achei que tu terias bom senso o bastante para entender que isso é inaceitável.E isto não vai continuar.Você tem que ir embora!

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Leonardodavinci


Leonardo ficou algum tempo no quarto, refletindo se devia ou não voltar para a sala, sentia que devia pedir desculpas pela falta de modos que ele apresentou. Levantou-se e caminhou até a porta, até que ouviu os ânimos se agitarem do outro lado. Parecia que havia começado uma discussão, ele pousou a mão sobre a maçaneta, quando batidas fortes na porta o fizeram se sobressaltar. Todo umbral tremeu em reação.

Quote:
- Leonardo,abra a maldita porta!


Anton vociferava e o jovem toscano não teve tempo para discernir se era convocado por motivos de ira ou de necessidade e ingenuamente optou pela segunda hipótese. Abriu a porta lentamente até que ela foi empurrada de supetão pelo primo que o forçou a recuar para o interior do quarto.

Quote:
- Então estás morando com minha irmã? Estava esperando pelo quê para me dizer? Eu achei que tu terias bom senso o bastante para entender que isso é inaceitável.E isto não vai continuar.Você tem que ir embora!


Leonardo não sabia como reagir aquele súbito ataque de raiva. Era a primeira vez que via os ânimos de Anton, que tanto ajudava em combate, agora lançados contra ele. Pego de surpresa, ele tentou sondar da melhor forma possível as palavras ditas. Diante daquele ultimato, ele sentiu a intensa necessidade de reagir, ou seria forçado a se afastar de Raquel devido àquela oposição.

Seu sangue toscano ferveu em suas veias, os músculos se enrijeceram e ele sentiu forças para enfrentar a intimidadora figura de Anton em cólera. No momento em que reagira, Leonardo tinha plena consciência de que amava Raquel e que não podia ser afastado dela. Era o primeiro momento que tinha plena certeza de seus sentimentos quanto a ela.

- Ao inferno com você, Anton! Por que vai bancar o papel de irmão protetor agora? Já há quase um ano que eu vivo aqui e você nunca apareceu. Tão preocupado em suas andanças e em sua própria vida que nunca se interessou por qualquer outra coisa. Essa casa agora é tão minha quanto de Raquel, eu ajudei a reformá-la e tornar esse lugar habitável. Essa é minha casa agora também! Eu não sou um dos mercenários que você comanda, quem tem que sair é você!


Leonardo empurrou o primo com o antebraço e tentou fechar a porta novamente.

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Raquel_


Anton reagiu negativamente à notícia, ralhando com Raquel e depois se dirigiu até o quarto de Leonardo, e em tom agressivo mandou que Leonardo se retirasse da casa. Raquel seguiu Anton até o quarto do primo, e assistiu a ordem de Anton, e viu que Leonardo não se intimidava, respondendo de volta.

Com receio de que as coisas piorassem, conhecendo o temperamento do irmão, Raquel de imediato se colocou entre os dois, empurrando levemente Anton para que este não agredisse Leonardo, e disse:

- Anton! Você não pode exigir isso dele, você sequer veio me visitar. Esteve tão fora da cidade que eu tenho cuidado até do Solar, por causa da sua ausência! És tão descuidado que eu tive que trazer as coisas da família para esta casa, e ainda quer posar de dono ? Sinto muito, mas aqui não. Não quis deixar Leonardo vivendo sozinho no Solar no meio dos empregados depois da morte da nossa tia, e não deixarei que isso aconteça.

De frente para Anton, Raquel levou as duas mãos aos braços de Leonardo que estava atrás dela, e continuou a falar:

- Você não quis morar comigo, então ele vai ficar aqui! Às favas com a honra, não sou nobre para viver numa redoma de costumes. Eu não vou perder meu companheiro por sua causa, acho melhor você sentar, tomar um chá e aceitar as coisas como elas são.

Raquel se deu conta do peso das palavras da última frase que proferiu quase que instintivamente. Não era bem companheiro que queria dizer, mas falou sem pensar. Agora as palavras já tinham sido lançadas, e não sabia se podia piorar a situação.

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Sir_anton


- Ao inferno com você, Anton! Por que vai bancar o papel de irmão protetor agora? Já há quase um ano que eu vivo aqui e você nunca apareceu. Tão preocupado em suas andanças e em sua própria vida que nunca se interessou por qualquer outra coisa. Essa casa agora é tão minha quanto de Raquel, eu ajudei a reformá-la e tornar esse lugar habitável. Essa é minha casa agora também! Eu não sou um dos mercenários que você comanda, quem tem que sair é você!

Anton ficou furioso com a audácia de Leonardo.

- Como ousa? Você chegou ontem e acha que pode me dizer como devo agir com minha irmã? Você não é mais que um vira-lata que minha tia encontrou.E agora que ela está morta,não temos mais nenhum compromisso com você!

Para o desprazer de Anton sua irmã interviu.

- Anton! Você não pode exigir isso dele, você sequer veio me visitar. Esteve tão fora da cidade que eu tenho cuidado até do Solar, por causa da sua ausência! És tão descuidado que eu tive que trazer as coisas da família para esta casa, e ainda quer posar de dono ? Sinto muito, mas aqui não. Não quis deixar Leonardo vivendo sozinho no Solar no meio dos empregados depois da morte da nossa tia, e não deixarei que isso aconteça.Você não quis morar comigo, então ele vai ficar aqui! Às favas com a honra, não sou nobre para viver numa redoma de costumes. Eu não vou perder meu companheiro por sua causa, acho melhor você sentar, tomar um chá e aceitar as coisas como elas são.

Anton respirou tentando se acalmar

- Agora é assim que você fala com seu irmão Raquel?E,seu companheiro? Eu ouvi direito? Seu companheiro?! -[/b]Anton olhou para Leonardo - Eu tenho de resolver algumas coisas na cidade.Eu não sei onde você vai estar quando eu voltar.Se vai voltar para sua vida de bastardo,se vai procurar outra família para importunar,o que sei é que não irá estar aqui.

Anton deu as costas aos dois e se retirou.

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Leonardodavinci


As palavras de Anton atingiram Leonardo muito mais forte do que qualquer golpe que ele pudesse ter desferido. Durante mais de um ano, o rapaz havia lutado para a conquistar a confiança de seu primo e vira tudo aquilo ser jogado no lixo em curtas frases. Quando o primo atravessou a porta, deixando Leonardo novamente sozinho com Raquel, ele sentiu a raiva crescer.

- Que seja, então. Maldito! - disse o rapaz frustrado, mas o primo já não podia ouvir.

Ele entrou no seu quarto, ficou observando aquele ambiente onde ele estivera durante todo aquele ano. Pensou na paz que sentia ali e como tudo aquilo havia sido quebrado. Ele ficou alguns momentos estático, mas aos poucos e atrapalhado tentou reunir algumas coisas em uma bolsa de viagem. Alguns cadernos, algumas peças de roupa, mas nada estava coeso ali. Tudo estava fora de foco. Ele percebeu que Raquel o observava, ainda agitada pela discussão, mas tão confusa quanto ele.

Ele olhou nos olhos dela, talvez mais profundamente do que jamais tivesse feito. O olhar entre os dois dizia tantas coisas que Leonardo não podia distinguir o turbilhão de sentimentos que o invadiam. Ele então olhou para baixo, para a adaga cinzelada com a flor de lis de Florença. Olhou aquele símbolo gravado no metal, assim como seu passado estava gravado nele e ele jamais seria capaz de se livrar dele.

- Você não deve contrair uma divida que você não pode pagar, essa é a verdade. Isso que eu devia ter aprendido quando cheguei aqui. Essa minha dívida com os Torre, não pode ser paga.
- Leonardo dizia, tentando jogar mais coisas dentro da bolsa, mas não era possível. Desistindo, pegou a bolsa com uma das mãos. - É assim que as coisas são. Não tenho mais lugar aqui.

Ele então saiu do quarto e fechou a porta como se fechasse um capítulo de sua vida. Provavelmente, o capítulo mais feliz que vivera. Estava lúcido, ciente de tudo a sua volta, apesar de tudo que sentia. Se aproximou de Raquel desejando se despedir dela. Seu sangue toscano fervia em suas veias, mas dessa vez não era como antes, não fervia de raiva, era algo diferente. Ele largou a bolsa no chão.

- Se o Anton está certo. Se os Torre não tem mais nenhum compromisso comigo, então eu não tenho mais porquê me sentir culpado por isso...- Aquelas palavras saíram dele, teimosas, quase querendo retornar.

Ele se aproximou mais dela, olhando a nos olhos. Por algum motivo, sabia que ela não o repeliria. Colocando as mãos em torno da cintura dela, ele a abraçou com uma intenção que jamais o havia dominado de forma tão intensa. Ele a beijou, gentilmente, sentindo cada momento em que os lábios dela tocavam os dele. O coração dele batia violentamente no peito e apesar do inverno rigoroso, sentiu que jamais precisaria de uma lareira novamente em sua vida.

A mesma intensidade que o fez beijá-la, o fez soltá-la. Ele a olhou mais uma vez e dessa vez seus olhos diziam tudo.

- Me desculpe...
- ele disse, mas não sabia pelo quê pedia desculpas. Pegou a bolsa do chão e virou as costas. Não sabia para onde ia, mas tinha que ir.

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Raquel_


Raquel se viu no meio de um turbilhão de impropérios, ditos por Anton e por Leonardo, palavras duras que não acresciam em nada, a não ser ressentimentos. Sentiu vontade de sacudi-los, para terem ciência do que falavam, e de que aquilo não fazia o menor sentido, a não ser causar dores e feridas que demoram a serem cicatrizadas.

Leonardo não merecia passar por tal humilhação, porém Raquel não teve tempo de pedir para que ficasse: decidido, seu primo arrumava suas coisas enquanto se resignava inutilmente em palavras, como se fosse o culpado de ser adotado, como se fosse uma mazela. Aquilo a deixava impotente e furiosa, e tinha convicção de que Anton merecia um corretivo à altura. No fim das contas, os temperamentos estavam exageradamente alterados. Olhava-o com ternura, desejava cobri-lo com um manto invisível através do seu olhar, para que ficasse protegido das adversidades do mundo. Leonardo retribuía com um olhar incendiário, ali indicava um ponto de combustão.

Vencida pelos dizeres renitentes de Leonardo, este se aproximou mais do que o normal, e, com os pensamentos nublados (quieta e sem pensar, apenas sentindo) consentiu em ser abraçada, talvez cansada pela luta que havia travado em manter o mínimo de razão em uma situação que fugiu do controle. Leonardo abraçou de uma forma diferente, muito mais envolvente do que o seu talento italiano costumava divulgar. Aninhou o suficiente para que ajustassem os lábios docilmente, e Raquel ensaiou uma reação débil, sem sucesso. Seu primo respirava uma intensidade crescente tão grande que o beijo emanava um enclausuramento salutar, despertando possibilidades que nunca tinham sido exploradas e que fogem da monotonia da sua vida.

E quando Raquel já se sentia plenamente envolvida, Leonardo a soltou, interrompendo o efeito anestesiante que suspendia todos os problemas que os circundavam. Pediu desculpas, segurou sua bolsa e foi embora.

Raquel assistiu Leonardo se distanciar, e fechar o portão. Como um cervo abatido, sentou na soleira da porta, e, não suportando mais, deitou, cobriu seu rosto com os braços e chorou.

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Ladislau


Ladislau tinha procurado o que fazer no jardim traseiro da casa, enquanto Raquel recebia o irmão. Um tempo depois, Anton foi embora com uma fisionomia dura, e andava a passos largos até alcançar seu cavalo. O empregado retornou aos seus afazeres, no que percebeu a saída de Leonardo, carregando uma bolsa. De onde estava não dava para avistar sua patroa.

O empregado ainda não tinha achado nada estranho, até que Raquel saiu repentinamente em direção ao cavalo que Ladislau usava, que se encontrava dentro de um abrigo. Montou rapidamente, e saiu em disparada ao lado oposto da cidade. Seria mais um dia normal se Ladislau não tivesse reparado que sua patroa saiu sem proteção para o frio, o que ela não tem o hábito em fazer.

Parou por uns instantes, pensando se deveria ficar preocupado, e ir atrás do irmão. Não sabia se começava pela cidade ou pelo Solar. Por via das dúvidas, tomou a decisão de aguardar durante um tempo para ver se era necessário alertar.
Sir_anton


Anton retornou a casa da Raquel,esperando não encontrar mais Leonardo lá.
Quando Anton se dirigiu a porta,foi abordado pelo empregado da irmã,Ladislau:
- Perdão,senhor Anton??
- O que houve Ladislau?
- É a senhorita Raquel,ela saiu à cavalo há algum tempo,sem proteção para o frio e parecia agitada.
- E você não vai me contar?
- Perdão senhor eu achei que...
Para que lado ela foi?-Ladislau indicou a direção- Vá até o Solar!Diga para Jean Dubois enviar alguns homens à procura de minha irmã.E que eu ja estou fazendo o mesmo

Anton montou em seu cavalo,Hermes,e partiu rápidamente na direção indicada.
Anton adorava Hermes,mas nem por isso o poupou,encontrar sua irmã era o mais importante,Anton estava surpreso,Raquel geralmente era uma mulher sensata e não era de seu feitio sair de tal forma,de fato,ele estava preocupado.

Anton passou exaustivas e preocupantes horas procurando pela irmã.Raquel,era sua irmã caçula,e a única com quem realmente se preocupava.Ele não conseguia tirar o pior de sua mente.Outra coisa que não conseguia sair de sua mente,era já seu plano de vingança caso a irmã sofresse algum mal "Tudo culpa do maldito bastardo",Torre já pensava em como faria o maldito que havia desvirtuado sua irmã sofrer.
Em meio a seus devaneios e planos de vingança,Anton encontrou um corpo de uma jovem caído próximo a uma estrada,Anton saltou do cavalo na hora reconhecendo a irmã.Ela devia ter caído do cavalo e o mesmo fugido.Anton tirou a luva e pôs a mão no rosto da irmã,a mesma estava gélida,Anton então,rápidamente,pegou a irmã nos braços e a botou sobre Hermes,motando novamente e partindo para Vila,ainda mais rápido do que antes.

Anton chegou a Vila e foi direto ao Solar,entrou carregando a irmã para um quarto e mandando os empregados trazerem mais cobertores e chamarem o médico.

Talvez por sorte,assim que havia voltado à Chaves,Anton havia contratado um médico para ficar na Vila para cuidar dos ferimentos de seus mercenários.

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Ladislau


O empregado da Raquel tinha sido chamado para comparecer no Solar. Fora avisado que Anton a encontrou, e se apressou para encontrá-los na residência. Achou melhor levar algumas roupas de sua patroa, pois nada foi falado do seu estado. Ao chegar no Solar viu os empregados sobressaltados; uma mulher carregando água quente, outra levando pedaços de tecidos para um quarto. Um dos empregados o orientou que Raquel estava naquele lugar, e que seu irmão a vigiava. Ladislau caminhou até a porta.

Viu que um médico conversava com Anton. Este percebeu sua presença enquanto falava. Raquel parecia inconsciente, jazida na cama. Uma das empregadas trocava o tecido úmido que permanecia cobrindo de uma têmpora a outra. Não parecia nada promissor. Pediu para que Jah a vigiasse, mesmo sabendo de sua aversão ao altíssimo.
Sir_anton


Anton conversava atentamente com o médico.Ele ficava apreensivo a cada vez que o médico abria a boca para falar,aguardando por alguma notícia horrível,algo irrerversível.

- Bom,a boa noticía é que ela não quebrou nada.Mas,ela está com bastante febre e isso está me preocupando.Eu posso preparar alguns chás caso ele acorde,mas por hora,temos que mantê-la aquecida.

- Certo,diga para Ladislau qualquer erva ou outra coisa que você possar precisar.

Anton voltou ao quarto,parou próximo a cama e observou a irmã.Mesmo doente,ela parecia tão serena,tão em paz,em um instante ela era novamente uma garotinha.

Um frio subiu pela espinha de Anton,como uma nuvem de agulhas congelantes rasgando sua carne.Ele havia perdido sua mãe em uma situação semelhante,aquilo não podia estar acontecendo denovo.

Anton precisava de ar,saiu do quarto,pensando em fugir daquele pesadelo.

- Ela não fica sozinha nem um único instante!-Ainda teve tempo de dizer aos empregados enquanto saia.

Era uma noite de inverno,a neve caia e o vento frio estava cortante como a lâmina de uma navalha.Isto não foi um obstáculo para que um irmão preocupado saísse do abrigo de sua casa.
A verdade,é que Anton apreciava a neve e o vento frio,o inverno sempre fora sua estação preferida do ano.Talvez por nunca ter notado que as principais perdas da sua vida,haviam acontecido durante o frio.

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Ladislau


Passaram dois dias e meio, a febre permanecia implacável. A temperatura permanecia muito alta, e em pouquíssimos intervalos arrefecia. Anton revezava com os empregados e com Ladislau a vigilância e os cuidados. Raquel transpirava excessivamente, mas a febre não melhorava. Ao decorrer do segundo dia, Ladislau observou que Raquel começou a ter delírios intercalados com tosses: de início proferia coisas sem sentido, mas momentos depois começou a chamar por Leonardo repetidas vezes em tom baixo.

Por fim, parou.

Ladislau viu que a situação não melhorava, e foi de encontro a um dos empregados, pedindo que este fosse até a cidade avisar Leonardo do estado de saúde de sua prima, e que poderia apressar-se ao vê-la no Solar.
Leonardodavinci


Era a terceira vez naquele dia que voltava a nevar em Chaves. A neve caía, gentilmente, roçava na janela, como se implorasse para entrar, mas sendo impedida pelas vidraças, seguia seu rumo até o solo. Do outro lado da janela, estava o jovem lombardo, os olhos vidrados nas ruas flavienses, observando os transeuntes fugindo da neve e do frio. Estava em uma estalagem barata próximo ao centro da cidade, seu quarto era pequeno e rústico. No entanto, ele não se importava, estava a horas diante daquela janela, remoendo as lembranças e os pensamentos.

Leonardo não havia dormido ao longo de toda a noite, não se conformava que tivesse sido expulso de sua família. Não se conformava que tivesse sido forçado a se afastar de Raquel, justamente, quando entendia o que sentia por ela. Ele sabia que seria impossível de se conversar com Anton, conhecia o temperamento dele, a obstinação dele era uma característica marcante. A adaga cinzelada estava sobre o criado mudo, vez ou outra, ele a tomava em suas mãos, o brilho toscano de seus olhos se refletia na lâmina afiada. Talvez ele pudesse retirar seu primo de seu caminho, imaginava que se os papéis estivessem invertidos, Anton não hesitaria. Seu pensamentos estavam nublados, pela raiva e pelo ressentimento, mas sabia que o melhor a fazer era jamais retornar, causaria menos dor desta forma. Havia comunicado Duarte Villa para que fizesse os preparativos para uma viagem de volta a Florença

Foi exatamente a voz de Duarte que ouviu do outro lado da porta quando ela reverberou com as batidas apressadas dele.

- Senhor, Leonardo, abra a porta. Abra a porta!

Ouvindo aquelas palavras novamente, o jovem se encheu de raiva e abriu a porta, os punhos cerrados, sentia que devia socar Duarte no rosto por falar aquilo. Mas não o fez, o português parecia aflito e perturbado.

- Senhor, é a dama Raquel... - o homem hesitou por um instante - Um mensageiro chegou da Vila Torre, dizia que a dama está terrivelmente doente há dois dias.

Ele agarrou Duarte pelo colarinho de sua camisa.

- O que houve com ela? O que ela tem? Por que não me avisaram disso antes?


- Nós não sabíamos, senhor. Encerramos as atividades na Vila no dia que o senhor saiu de lá.
- ele tomou fôlego, após falhar em se desvencilhar, continuou - Dizem que a dama Raquel saiu à cavalo sem nenhuma proteção para o frio. Foi encontrada desacordada após horas perdida. Dizem que ela está padecendo de uma febre intensa e está delirando. Está no Solar e o empregado dela pediu para que o senhor se apresse.

Leonardo olhou para baixo consternado. Pediu desculpas a Duarte e ordenou que preparasse um cavalo para ele imediatamente. Retornando ao seu quarto, se vestiu pesadamente. Prendeu a adaga em sua cintura. Imaginava que Anton não devia estar ciente que ele fora chamado para lá, mas ele precisava vê-la, se ela estava tão doente, não podia ficar longe dela. Ainda era um mistério para ele o que poderia tê-la levado a sair tão imprudentemente para aquele frio. Temia pelo pior, temia que ela morresse ali, sem que ele pudesse se despedir dela.

Logo ele estava pronto, montou em seu cavalo e saiu a pleno galope em direção a Vila Torre. Chegando ao domicílio de Raquel, parou seu cavalo em frente ao pequeno portão e observou. Lembrou-se quando chegou ali pela primeira vez, após a morte de seu pai biológico, no dia que ela o convidou para morar com ela. Diferente daquele tempo, não havia um belo jardim na entrada, tudo estava coberto de neve e a algidez agora consumia aquele ambiente, substituindo o calor que outrora residia ali.

Leonardo então se dirigiu até o Solar, desceu de seu cavalo e removeu o capuz, os guardas diante da entrada principal se colocaram no caminho dele e um deles correu para o interior do edifício para alertar Anton.

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Sir_anton


Anton estava sentado no quarto em que Raquel estava,olhando pela janela,contemplando a neve cair e pintar Chaves de branco. Parecia que ia nevar para sempre. Como o cruel inverno do fim dos tempos na mitologia nordica.

Anton conhecia a história do "ragnarok" e conhecia outras história de deuses.

"Deuses...Que piada" era a frase que insistia em se repetir na mente de Anton sempre que cruzava com qualquer tipo de religião. Para ele, eram apenas mentiras que homens covardes acreditavam porque enfrentar o mundo sem nenhum tipo de ajuda divina era assustador demais para eles.

A rotina dos últimos dois dias havia sido dividida entre assistir a irmã delirando, procurar algum tipo de culpado em que pudesse descontar e se deixar levar por seus devaneios.

O frio do inverno parecia forte o suficiente para congelar até mesmo o tempo. Os dois dias que passaram pareciam mais dois anos, duas decádas, parecia que aquilo jamais acabaria. E se acabasse seria com a vida abandonando o corpo de Raquel e o médico dizendo as temidas palavras.

Com o mundo acabando do lado de fora e sua irmã morrendo do lado de dentro, Anton acreditava que aquele dia não pudesse piorar. Talvez ele ja devesse ter aprendido, que as coisas sempre podem piorar.

- Senhor Torre!- um guarda entrou rápidamente para falar com Anton - É Leonardo! Ele está lá na frente!

- Maldito seja!

Anton caminhou para fora do solar como um carrasco caminha até sua vitima, pensando em manerias diferentes de eliminar aquele incômodo.

- Leonardo!- Ao chegar a frente do Solar, Anton pode ver a linda cena de seu primo tentando entrar e um guarda o impedindo- Se esqueceu algo, diga a um dos empregados e ele lhe trará.

- Você pode não querer que eu more aqui.Tudo bem. Mas não pode me impedir de vê-la!

- Observe.- Anton deu as costas enquanto os guardas impediam Leonardo de passar.

-Eu estudei medicina! Você sabe que eu posso ajudá-la! Você a prejudicaria por uma bobagem?

Anton odiava dar o braço a torcer.Odiava de verdade, mas ele sabia que Leonardo estava certo e que ele poderia fazer mal a sua irmã.

- Maldição! Entre!

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Leonardodavinci


Anton permitira a entrada de Leonardo no Solar. O jovem lombardo seguiu seu antigo primo, observando as costas dele atentamente. Sabia que o segredo era sempre manter uma observação as mãos de um possível oponente, pois são elas que telegrafam um movimento repentino. Ele passou no andar de baixo pela figura de Charlie, que sorriu para ele, um sorriso sinistro que Leonardo interpretou como uma ameaça. Por mais que ele quisesse ver sua prima, não podia baixar a guarda para permitir um ataque repentino. Por mais que Anton não atacasse pelas costas normalmente, era pragmático o suficiente para fazê-lo se assim quisesse.

Todavia, nada acontecera. Anton o guiou até o quarto onde Raquel estava se recuperando. Ele sentiu um terrível pesar quando a viu deitada e semi-inconsciente ali ao lado dele. Ele a chamou, mas ela obviamente não o respondera. Ele então observou como ela estava sendo tratada. Verificou a temperatura da pele dela e notou que estava alta demais, a níveis alarmantes.

Leonardo então pediu para um dos criados trazerem água quente para ele. Anton observava tudo, descrente, esperando apenas uma oportunidade para expulsá-lo dali. Quando o criado trouxe o que pedira, ele logo retirou da bolsa que trazia um pequeno frasco. Tirou do frasco algumas pequenas sementes, triturou-as num pequeno recipiente de madeira e então fez uma infusão com a água quente. Fez com que Raquel bebesse o conteúdo, embora ela tenha engasgado e cuspido parte do preparo, havia engolido quantidade suficiente.

Após deixar os recipientes de lado, tomou as mãos dela entre as dele. Queria ter o alento de poder sentir o toque dela pelo menos um pouco mais. As sementes de coriondolo fariam efeito logo e ele queria estar ao lado dela quando acordasse. Sussurrava para ela um pequeno trecho da obra de Dante, mesmo sabendo que ela não o podia ouvir.


-"Tão longamente me reteve Amor
E acostumou-se à sua tirania,
Que, se a princípio parecia rude,
Suave agora me habita o coração.


Assim, quando me tira tanto as forças
Que os espíritos vejo me fugirem,
Então a minha frágil alma sinto
Tão doce, que o meu rosto empalidece,
Pois Amor tem em mim tanto poder
Que faz os meus suspiros me deixarem
E saírem chamando
A minha amada, para dar-me alento.


Onde quer que eu a veja, tal sucede,
E é coisa tão humilde que não se crê."

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Ladislau


Ladislau e o restante dos empregados andavam apreensivos. A tensão entre Leonardo e Anton era evidente, mas por causa da enfermidade de Raquel houve uma pausa nos desentendimentos. Com a medicação de Leonardo, a temperatura da febre reduziu um pouco, mas não o suficiente.

Leonardo continuou medicando, e os delírios por fim cessaram. Três dias passaram, e Anton observava Leonardo não sair de perto de Raquel. Ela já conseguia se alimentar um pouco melhor, a beber mais água e lentamente se recuperava. Os empregados acenderam velas em seus espaços reservados para agradecer o que podia ser dito como milagre. Orações eram proferidas a todo instante. Anton observava a movimentação e permanecia sem dizer uma palavra.

Do terceiro para o quarto dia, a melhora era mais visível. A febre tinha diminuído mais, e finalmente Raquel abriu os olhos. Leonardo se sobressaltou e aproximou-se da cama para verificar se estava tudo bem; Ladislau correu para chamar Anton e avisar que sua irmã tinha acordado. Em poucos instantes Anton entrou no quarto, e Raquel olhava como se não estivesse entendendo.

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